Carro da semana, opinião de dono: Palio ELX 1.3 2004/2005

Fala aí galera! Meu nome é Luiz Cláudio, tenho 25 anos, sou Analista de Sistemas e vou falar um pouco sobre o meu Fiat Palio ELX 1.3 8v Fire Flex 2004/2005 que possuo há 5 anos e que está com pouco mais de 120 mil km.

Em meia década acredito que consegui identificar bem os pontos fortes e fracos do veículo, que até hoje me atende extremamente bem. Atualmente ele está segurado pela Azul, no valor total de R$ 1.550, sendo a franquia de salgados R$ 2.857.

Ele foi adquirido em fevereiro de 2011 por R$ 22.500 com pouco mais de 79 mil km, com o IPVA e as demais taxas “grátis”, sendo o valor de tabela na época de R$ 22.656, acredito que foi um bom preço.

Pensei em adquirir a versão HLX, que é um pouco mais requintada e possui o motor 1.8 8V de origem GM (não cheguei a fazer test drive, mas sei que é bem mais esperto), a diferença de preço não era tão significativa, porém o elevado consumo e alguns problemas crônicos desse motor (como o potenciômetro do corpo de borboleta), além de peças de manutenção um pouco mais caras, me fizeram ficar com o ELX Fire 1.3 8V mesmo.

Na época eu havia pesquisado bastante por uns meses e estava decidindo se pegava este Palio ou outros modelos: Corsa Hatch 1.0, Gol G3 1.0 8V, Fox 1.0 e 206 Feline 1.4, no fim das contas considerei o Palio o melhor para o que eu queria.

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CONSUMO

Antes dos números, vou relatar o meu tipo de percurso: 95% do tempo em trânsito de cidade, engarrafamentos, ruas urbanas com postes caídos ao chão (que os moradores chamam de quebra-molas, ou lombadas), etc. A velocidade média sempre fica em cerca de 20-25 km/h.

Seguem os números obtidos por mim (todos em cidade):
– Etanol: 9 km/l sem ar; pouco mais de 7 km/l com ar
– Gasolina: 12 km/l sem ar; 10 km/l com ar

Como ando pouquíssimo na estrada, replico números encontrados em uma análise jornalística:
– Etanol: 12,8 km/l
– Gasolina: 17,2 km/l

Acredito que o consumo é bom, visto que é um motor pequeno de concepção antiga que não possui tecnologias que ajudem a reduzir o consumo (turbo, injeção direta, comando de válvulas variável etc.).

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DESEMPENHO

Primeiramente os dados do motor: 71 cv a 5.500 rpm e 11,6 kgfm a 2.250 rpm, ambos com etanol. Para o meu tipo de uso, praticamente 100% do tempo urbano, o desempenho do carro é mais do que suficiente.

A aceleração 0-100 km/h é feita em cerca de 14 segundos e a velocidade máxima é pouco mais de 160 km/h (180 km/h no velocímetro), ambos medidos por mim com etanol. É um veículo urbano, bem esperto na cidade devido ao torque máximo em baixo giro, mas que deixa um pouco a desejar na estrada pela baixa potência.

Já fiz viagens com o veículo carregado de bagagens, eu mais quatro adultos e com o ar ligado, passando inclusive por um trecho de subida de serra, sem problemas.

Com o ar-condicionado ligado a perda de desempenho é bem perceptível em giros mais elevados (próximo dos 4.000 rpm), em giro baixo a perda não é tão significativa.

Em relação ao câmbio, tem engates precisos, mas um pouco duros, além do curso da alavanca ser um pouco exagerado (se o passageiro for um pouco gordinho, ao passar a quinta costuma acontecer uma situação desagradável hahaha).

A 100 km/h o motor está a 3.000 RPM, o que eu considero uma rotação já um pouco elevada, porém necessária em virtude da pouca potência do motor. Veículos mais novos e mais potentes, nos mesmos 100 km/h, ficam em rotações ainda mais elevadas, como o Onix 1.0 e up! que ficam na casa de 3.300 RPM.

Com o tempo o trambulador começa a ficar com folga e fazer barulho (desgaste normal), porém há um detalhe ruim: não há reparos, todo o sistema tem que ser trocado inteiro, algo que definitivamente não compensa financeiramente, a menos que a situação esteja muito severa.

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EQUIPAMENTOS

Se não me engano os únicos itens que são de série na versão ELX são o computador de bordo, limpador e lavador traseiro e a abertura interna do bocal de combustível e porta malas, o resto todo é opcional (ruim, pois o valor de tabela não contempla opcionais).

Veja também: Opinião de dono sobre Fiat Palio ELX 1.4 Série 30 Anos

O meu tem os seguintes opcionais: ar-condicionado com aquecedor, desembaçador traseiro, vidros elétricos nas portas dianteiras, travas elétricas, direção hidráulica e faróis de neblina (muito úteis no Brasil né).

Há outros opcionais que o meu não possui como retrovisores elétricos, retrovisor central fotocrômico, airbag duplo, freios ABS, sensor de chuva e crepuscular e regulagem de altura da coluna de direção.

Instalei por fora itens como alarme, vidros elétricos traseiros (com kit de acabamento original), sensor de estacionamento, central multimídia, câmera frontal de monitoramento, rodas de liga leve aro 14.

O computador de bordo tem funções bem interessantes, como aviso de lâmpadas queimadas e portas abertas, consumo instantâneo e de viagem, alerta sonoro e visual de limite de velocidade excedido, velocidade média, função Follow Me Home (deixa os faróis acesos por um período programável de tempo).

Tem travamento automático das portas a 20 km/h, ativação automática do limpador traseiro caso se engate a ré com o limpador dianteiro ligado.

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MANUTENÇÃO

Com mecânica simples, tanto as peças quanto a mão de obra são muito baratas, por isso digo com convicção: quem tem um veículo desse e não faz a manutenção corretamente ou é muito mão de vaca ou é completamente desleixado.

Uma troca de óleo sai por menos de R$ 100 utilizando o óleo recomendado (2,7 litros de Selenia K 15w40) e filtro, já contando com a mão de obra.

Não vou especificar detalhadamente todas as peças que troquei porque isso é algo muito subjetivo, existem pessoas (me incluo aqui) que trocam um radiador inteiro por um simples gotejamento, outros já deixam a situação se arrastar enquanto der para andar com uma garrafa d’água na mala.

Sem falar que o texto ficaria (ainda mais) volumoso. O que posso dizer é que sigo à risca as quilometragens e prazos de manutenção, e em qualquer sinal de problemas eu já fico atento. Durante estes cinco anos, esse carro me deixou na mão uma única vez: quando a bateria (na época uma Zetta de 60Ah) morreu. Cito abaixo os problemas menos comuns que tive:

  • A válvula da tampa do reservatório de expansão travou fechada e causou vazamento no radiador + trinca no reservatório;
  • Um dos bicos injetores morreu repentinamente com cerca de 90 mil km;
  • Defeito nos atuadores da embreagem estragou o rolamento desta e causou chiados;

De resto, apenas a troca de peças de desgaste natural.

Aproveito e deixo umas dicas:

  • Os selos d’água com o tempo apresentam vazamentos, um deles fica próximo ao volante do motor e é interessante trocá-lo quando se troca a embreagem para aproveitar a mão de obra.
  • É interessante verificar em cada troca de óleo o estado da peneira anti-chama (blow-by), pois caso ela fique entupida o prejuízo pode ser grande, a troca é fácil e a peça custa cerca de R$ 10.
  • O ideal é que a troca do filtro de combustível seja feita em um local especializado, pois a conexão é feita por um tal de engate rápido que com o tempo e sujeira fica emperrado e, caso seja quebrado (é bem frágil), não é facilmente encontrado e talvez exija alguma adaptação.
  • Ao trocar a correia dentada é bom trocar também a guarnição que fica no suporte das bobinas, assim se aproveita a mão de obra e evita-se vazamento de óleo.

Mecanicamente ele está em bom estado, apenas está deixando a desejar na parte estética pois a pintura está com muitos riscos, mossas (muito visíveis nessa cor vermelha) e o capô apresenta pequenas marcas de queimadura, além de os para choques serem originais e com isso já não apresentarem mais perfeito alinhamento (em virtude de pequenos impactos e exposição ao sol).

Particularmente me atento mais na parte mecânica do que na estética, até gostaria de efetuar um banho de tinta, trocar os para choques e dar um trato nos faróis/rodas, porém sou servidor do RJ e a crise econômica afetou drasticamente o pagamento de salários, o que me obriga a liberar verba apenas em caso de problemas mecânicos, mas isso é assunto para outra conversa.

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SUSPENSÃO

Muita gente reclama que a suspensão do Palio é molenga demais, inclina muito e etc. De fato ela é bem macia, filtra muito bem as imperfeições do asfalto e é muito confortável, o que eu acho muito positivo no contexto (leia-se estradas) em que vivemos.

Apesar de não ser instável, como muitos acreditam, ele acaba inclinando um pouco em curvas mais fechadas ou de maior velocidade, transmitindo insegurança. Muitos acreditam que suspensão dura = estabilidade, como se aquele Gol quadrado socado no chão que “desfila” quicando fosse tão estável quanto um Golf TSI alemão.

Em relação à manutenção, a suspensão é muito resistente, há pouco tempo troquei o último pivô (que ainda era original), pois estava fazendo ruído. As bandejas ainda são originais. Já caí em alguns buracos grandes (quem nunca) e jamais tive grandes problemas, apenas alinhamento mesmo, em oficinas confiáveis nunca tive problemas com câmber/cáster.

CONFORTO

Para um veículo popular de dez anos atrás, esse Palio até que é bem confortável. Os painéis de porta são feitos de uma espécie de MDF totalmente cobertos de tecido (um tanto áspero), com uma parte macia ao toque no topo, e a parte de apoio/puxador é feita de um plástico de boa qualidade.

Há bons porta-objetos na parte dianteira, na parte traseira há apenas um meio porta-copo e um pequeno compartimento, ambos no túnel central. O painel de instrumentos é de fácil leitura e conta com iluminação indireta de cor laranja, bem interessante.

Os comandos tem boa ergonomia, sendo de fácil acesso, o único contra vai para os ajustes do ar condicionado que, para manipulação, exige deslocamento do tronco. Apenas os cintos dianteiros tem regulagem de altura. Os bancos não possuem ajuste de altura, porém a posição de dirigir é decente.

Apesar do entre eixos curto, quatro adultos viajam com certo conforto, desde que não tenham ligação genética com o Tropeço, claro. Na traseira existem apenas dois apoios de cabeça e somente os cintos dos cantos são de três pontos.

O ar condicionado gela bem, porém nota-se que sua eficiência é nitidamente superior em giros mais altos. O compressor do modelo 1.3 (acredito que do 1.0 e 1.4 também) é do tipo tudo ou nada, ligado ou desligado, o que acaba gerando um comportamento peculiar: quando você regula a temperatura para um frio não tão frio, o compressor continua funcionando no máximo e o aquecimento é aberto, ficando os dois em briga.

O compressor do HLX 1.8 tem o funcionamento mais moderno e não possui este comportamento

Uma fonte comum de ruídos é o tampão do porta-malas, pois ele é feito de uma espécie de fibra de madeira (tipo MDF), que com o tempo acaba quebrando onde há impacto com o batente, mas nada que uma solução do tipo DIY bem-feita não resolva.

Os porta objetos também causam ruídos, pois estes não são acolchoados, então aquele chaveiro ou óculos colocado lá irá fazer barulho.

Na parte superior do painel há um ótimo espaço para a instalação de CMM 2Din (usando moldura), ficando em um ótimo local de visualização pois é no mesmo nível de altura do painel de instrumentos.

Por falar nesta parte do painel, todo o acabamento da parte central (de cor preta ou prata) é feita de um plástico de baixa qualidade, do tipo casca de ovo, que faz ruído quando pressionado, risca e quebra facilmente.

O restante do painel (de cor mais clara) é de melhor qualidade e somente costuma fazer ruídos quando há objetos batendo nele, além de não quebrar (ele rasga, pois é maleável).

O capô possui forração térmica (que também ajuda a abafar o ruído do motor), coisa que alguns carros mais modernos ficam devendo. Também há forração semelhante na parede corta fogo (por dentro e por fora) e no assoalho.

CONCLUSÃO

Apesar da idade, este Palio é um veículo honesto, possui um certo nível de conforto e agrega todos os itens do chamado “kit dignidade” por um valor de mercado razoável (pouco menos de R$ 17 mil na tabela FIPE), o que faz com que eu o considere um bom veículo no mercado de usados.

É verdade que há veículos superiores de mesmo ano e valor próximo, como Golf e Civic, porém devemos lembrar que estamos falando de veículos com mais de uma década de fabricação e que, portanto, poderão ocorrer sustos com eventuais defeitos em peças caras e de manutenção incomum.

Por Luiz Claudio Duarte

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.