O mercado americano está em um ritmo lento assim como o Brasil e por motivos semelhantes, com alta taxa de juros e baixa oferta de carros baratos, que afastam os consumidores dos carros novos.
Por lá, as vendas despencaram de 19 milhões em 2019 para 13,9 milhões em 2022, com a concentração crescente de oferta de carros mais caros, em especial SUVs e picapes.
Para carros mais caros, naturalmente as mensalidades de financiamento aumentaram com os juros do Federal Reserve na casa de 5,25% ao ano, passando de US$ 500 em 2015 para US$ 730 em março de 2023.
Isso afeta o consumidor médio, que diante de mensais maiores, prefere trocar seu usado por outro usado ou consertar seu automóvel, mantendo-o por mais tempo.
O número de americanos com carros quitados, que estão fazendo isso aumentou e percebe-se que mesmo com o ticket médio hoje de US$ 48.008, o carro novo já não é mais um produto popular e acessível nos EUA, conclui especialistas.
A oferta de carros abaixo de US$ 20.000 caiu de 11 modelos em 2017 para apenas dois em março de 2023, uma eliminação gigantesca de carros baratos.
Em contrapartida, os carros de luxo acima de US$ 60.000 subiu de 61 em 2017 para nada menos que 94 modelos em março deste ano.
Assim, existem menos carros novos no mercado, porém, com maior variedade de opções, centradas na maioria em SUVs e picapes, de maior valor agregado.
As montadoras, como aqui, fizeram a mudança para compensar a escassez de chips e isso elevou os preços, assim como os custos de produção, acelerados também pela mudança para carros elétricos nas plantas, que queimam mais investimentos.
Isso fez com que o mercado dos states, mesmo com menos carros vendidos, tivesse, em 2022, uma receita US$ 15 bilhões maior que a de 2019…
Enquanto isso, os consumidores tradicionais estão longe das lojas e os revendedores estão fazendo de tudo para queimar os carros caros, que poucos compram e que as montadoras empurram sem dó.
Lá não há novas entregas sem a venda de lotes já remetidos, por isso alguns chegam a vender sem lucro para limpar o pátio e não ficar com carros empatados, muitos dos quais chegam a custar US$ 115.000.
Para os EUA, infelizmente a tendência é a de que o mercado automotivo ficará mais seletivo à medida que mais carros elétricos entram na fila e mais luxuosos ganham espaço nas revendas.
Mesmo para quem não considera trocar ou comprar um novo carro, o custo para manter o automóvel usado subiu e alguns financiados estão renegociando para reduzir suas mensalidades, porém, esticando suas dívidas.
No mercado, para quem decide ir à luta, os planos foram espichados para 72 ou 73 meses para quem as mensalidades fiquem na casa de US$ 700, ainda muito alto para a maioria dos americanos.
[Fonte: The Washington Post]
Quer receber todas as nossas notícias em tempo real?Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!