A Autobahn é um dos maiores exercícios de responsabilidade e segurança viária que existem, um templo para a peregrinação de fiéis entusiastas de velocidade de todo mundo e uma das marcas quase indivisíveis da cultura da Alemanha.
Todavia, enquanto muitos de nós (não alemães, é claro) sonhamos com impossíveis filiais da Autobahn, na terra da velocidade sem limite, alguns não querem que as autoestradas germânicas sejam o que são, impondo-lhes um limite como em todo o mundo.
Ainda que a Autobahn não seja “todo mundo”, a Deutsche Umwelthilfe e a BUND, querem impor um limite para as vias sem placas de velocidade máxima, um recurso que fará os carros alemães rodarem até 130 km/h.
Recentemente, o Tribunal Administrativo Superior de Berlim-Brandemburgo, deu um veredito em que obriga o governo alemão a tomar medidas para cortar as emissões de poluentes e o limite de velocidade na Autobahn é uma dessas ações.
Para quem roda regularmente na Autobahn em velocidades bem elevadas, 130 km/h é como entrar nos boxes durante um GP de F-1. Bem, nem tanto, mas digamos que é andar com os ônibus e caminhões.
Nascidas a partir do circuito AVUS, as Autobahns foram impulsionadas nos anos 30 e no pós-guerra, essas estradas sem limite de velocidade se tornaram um marco para o transporte rodoviário com elevada segurança.
Projetadas para um tráfego de altas velocidades, as Autobahn são complexas em infraestrutura e suportam mesmo o pouso e a decolagem de aeronaves, sendo parte do sistema de defesa da OTAN e compondo hoje 13 mil km.
Ainda que não estejam isentas de acidentes, o problema do limite de velocidade na Autobahn não tem relação com a segurança viária, mas com a poluição, segundo a associação de defesa dos consumidores Deutsche Umwelthilfe e a fundação ambiental BUND.
Num país altamente rígido em suas leis, especialmente no que concerne à condução, as Autobahns são um exemplo de liberdade, porém, os que são contrários à tradição alemã contemporânea, dizem que o limite de 130 km/h cortaria mais de 11 milhões de toneladas de CO₂ por ano.
Além disso, Deutsche Umwelthilfe e a BUND defendem o desejo do cidadão alemão, que numa pesquisa em 2021, apontou em 57% das respostas, a concordância em ter limites na Autobahn.
Com essa decisão do tribunal de Berlim, especialistas dizem que entre 2025 e 2026, o Bundestag (parlamento alemão) deverá aprovar o limite para a Autobahn e, assim, quem quiser andar sem limite, terá de ir para Líbia, Haiti ou partes rurais da Índia…
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