Depois da decepção com o Effa M100 os brasileiros se tornaram receosos em relação à procedência dos chineses.
Acabamento mal feito e medo de que a marca saia do Brasil, como ocorreu nos anos 90 com Daewoo e Hyundai, mas todo chines é igual?
Nessa hora o ceticismo é bem vindo, “só acredito vendo”, por isso fui à mais nova concessionária Chery na minha cidade para realizar o “Teste do Consumidor”- visualmente o Chery Tiggo não apresenta aquela fragilidade do Effa, mostrando que é um carro de nível semelhante ao nacional.
Chery Tiggo – interior
Como o Effa M100 era o único carro de passeio chinês à venda no Brasil ele acabou se tornando a comparação com o Tiggo, e no ponto que mais assusta no Effa o Tiggo se destaca, o interior do Effa chega a ser nojento e mal acabado com presença de plásticos frágeis, sendo que até a trava de direção faz batidas secas demonstrando a má qualidade.
No caso do Tiggo é o contrario, o acabamento interno apesar de aparência simples é bem feito, confesso que cheguei a socar o painel para ver sua resistência, percebi que há um revestimento macio por trás desse plástico mostrando que seu acabamento é mais refinado, não terá problemas com barulhos “de escola de samba” por causa da má qualidade, mas isso é questão de tempo.
Tecidos são bons e macios, uma pequena faixa de tecido nas portas é simples porem não é um tecido em cima de plástico, da para perceber uma camada fina de espuma por baixo, já a maçaneta tem aparência simples e quando puxada dá a impressão que se quebrará ao meio.
Um ponto interessante no Tiggo são os bancos traseiros, eles reclinam e correm sobre trilhos como os bancos da frente, podem tanto proporcionar mais conforto para os passageiros de trás numa viagem quanto aumentar a carga do porta-malas (520L segundo a Chery), aliás a tampa não é removível, ou seja cargas altas, nem pensar.
Porém os bancos bipartidos podem incomodar já que ao invés da típica divisão 1 banco 2, ele é dividido em 1 banco + meio e 1 banco + meio, sendo desconfortável para o passageiro central.
Muitos dos comandos do carro estão bem posicionados devido a relativa altura de seu console porém por causa desta mesma altura alguns comandos ficam escondidos e mal posicionados, no geral os comandos são bons, não excelentes. Senti falta de tapetes de série no carro, mas qualquer um compra um tapete automotivo em qualquer supermercado.
Espaço traseiro é relativamente bom, eu com mais de 1,80m consigo sentar atrás de alguém com a mesma altura porém com nenhum conforto porque ficaria espremido. Detalhe, o piso não é plano apesar do túnel central ser baixo.
Chery Tiggo – exterior
Ao bater a porta do jipinho chinês sinto algo de Honda, borrachas de qualidade são aquela batida abafada na porta denunciando uma qualidade das borrachas melhor que seu concorrente direto o EcoSport (falaremos sobre ele mais tarde).
Seu design, como sabemos, é a copia da RAV4 mas apesar disso, ele é um carro mais jovial e diferente da sua “inspiração” japonesa, um farol bi-parábola seria bem vindo, assim como um novo parachoque traseiro, reto demais para as linhas do carro.
A cobertura do estepe traz mais segurança mas é realmente estranha, sinceramente prefiro sem tampa ao estilo EcoSport.
Ainda sobre a tampa traseira, o que as revistas estão criticando é o fato da tampa abrir “contra a calçada, mas isso é relativo de onde você para o carro, ou seja não incomoda, só é ruim ter que abri-la em espaços apertados como garagens de shopping e vagas nas ruas.
Um coisa vista na traseira do Tiggo, mas especificamente com a tampa aberta é a quantidade enorme de soldas aparentes, mas como estão onde a tampa fica fechada, desta vez passa.
Assim como as soldas aparentes, embaixo do carro não há aquele acabamento que esconde as rebarbas o que dá um receio ao ver as chapas aparentes, uma pequena saia lateral já resolveria o problema.
A nova grade é realmente mais bonita que a antiga, mas elas poderiam ser usadas para diferenciar versões, mais cara (antiga) e mais barata (nova). Uma coisa decepcionante é o rack de plástico!! Sim de plástico.
Chery Tiggo – motorização
Um destaque é a motorização, o motor é um ex-Mercedes-Benz com potência de 135 cv a 5750 rpm e 18,8 Kgmf de torque num motor 2.0 podemos ver que o motor não é ruim.
Com excelente consumo de 9km/l na cidade e 13km/l na estrada ele consome muito menos que muitos 1.0 flex que são extremamente beberrões.
Uma observação em relação ao motor é o cuidado, ao contrario do típico ferro para segurar o capô do motor o Tiggo usa amortecedores de gás, os mesmos encontrados na tampa do porta-malas da maioria dos carros, assim não é necessário segurar a tampa do motor ou pegar na haste quente de ferro.
Detalhes sobre a Chery no Brasil
A aceitação do Tiggo está sendo muito melhor do que a própria montadora chinesa esperava. Além disso, o brasileiro esta aceitando de braços abertos esta marca, na concessionária que fui, já havia sido vendido um Face antes de desembarcar no Brasil, em regime de pré-venda, sendo que o compacto não estava na concessionária.
A fábrica no Brasil deverá ser instalada em Brasília/DF, onde será produzido o Cielo, ou seja, a Chery não sairá das nossas terras.
Informações úteis sobre o Tiggo
Garantia: 3 Anos
Motor: 2.0 135cv a 5750rpm
Torque: 18,8Kgmf de torque
Dimensões :
Comprimento: 4,285m
Largura: 1,765m
Altura: 1,705m
E o EcoSport? Segundo a revendedora Chery de Campinas, o modelo que está dando mais entrada na troca por um Tiggo é o próprio Eco! Mostrando que daqui pra frente a Ford vai ter dor de cabeça.
Texto de João Vitor Brigato (http://www.brigatodesign.blogspot.com/)
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