A Fiat quer ser líder no mercado de picapes por aqui, algo que já faz com a dupla Strada e Toro. Agora, porém, o desafio será ainda maior com a Titano, que chega para enfrentar uma concorrência bem pesada.
A estratégia da marca passa diretamente pelo preço, pois seu lançamento chegou bem abaixo das rivais.
Mas será que apenas isso será o suficiente para alcançar os objetivos da marca?
Confira as principais vantagens e desvantagens da Fiat Titano!
Vantagem #1 – Medidas generosas
A Fiat Titano chegou por último em um segmento que é bastante procurado, talvez até mais do que deveria. Afinal, muitos brasileiros acabam comprando uma picape para o dia a dia, e não para trabalhar.
Mas ainda assim os vendedores da marca terão alguns argumentos de venda interessantes para convencer seus clientes. Por exemplo, algumas medidas e capacidades desse modelo, que superam as rivais mais tradicionais.
Mesmo com 5,33 metros de comprimento, o que fica na média do segmento, a Titano conta com 3,18 m de entre-eixos, superando S10 (3,09 m) e Hilux (3,08m). Ela também é mais larga (1,96 m) e mais alta (1,85 m) que quase todas as concorrentes.
A caçamba chega a 1.314 litros sem o protetor, bem acima do resto da turma no segmento, mas fica em 1.109 litros se o protetor estiver ali. Além disso, são 1.020 kg de capacidade de carga e 3,5 toneladas de reboque.
Outro dado importante, e vantajoso para a Fiat, é o ângulo de saída de 27 graus. Isso supera os 26 graus de Ranger e Hilux e fica bem acima dos 16,1 graus da S10. No ângulo de entrada, a Titano fica na média, com 29 graus.
Vantagem #2 – Preços competitivos
Ao conferir em detalhes o que a Titano oferece, você logo vai perceber que essa novidade não veio para brigar com as versões mais caras de suas rivais e fica bem longe da Ford Ranger, que atualmente é referência no segmento.
Na verdade, ela vai mirar no cliente que procura uma picape mais barata e que precisa economizar nessa compra. Isso inclui quem usa o veículo para trabalhar ou aquele consumidor que está entrando nesse mundo e não quer gastar tanto.
Dito tudo isso, a Fiat tem uma bela estratégia para convencer esse comprador. A tabela de preços, por exemplo, já está abaixo das rivais: R$ 219.990 na versão Endurance, R$ 239.990 na opção Volcano e R$ 259.990 na topo de linha Ranch.
Mas esses valores não incluem qualquer promoção ou descontos para CNPJ, produtor rural e assim por diante. Ou seja, na prática alguns vão conseguir levar a configuração Ranch pelo valor da Volcano, quem sabe até por menos.
A falta de refinamento e identidade própria que vemos na Titano comprova isso, pois a Fiat não quis gastar tanto (seja em tempo ou investimento) para tornar esse produto o melhor da categoria. Ela só quer vender bastante.
Vantagem #3 – Detalhes que podem convencer
Se você pisar em qualquer concessionária e demonstrar interesse numa picape 0km, se prepare para ouvir muitos motivos para comprar aquele carro. Mesmo que eles não sejam tão importantes, os vendedores estão preparados para citar cada detalhe.
No caso da Titano, isso vai incluir sua robustez. A Fiat sabe, como já citamos acima, que não vai concorrer com as picapes mais caras, então vai focar na capacidade da italiana de trabalhar em terrenos acidentados e também em quanto ela consegue levar em sua enorme caçamba.
Se o cliente disser que também vai usá-la no dia a dia, vai ouvir que a picape tem espaço para cinco ocupantes e que eles terão uma saída exclusiva de ar-condicionado, além de entrada USB e apoio central no banco traseiro.
Ao deitar o banco da segunda fileira, a Titano oferece um piso quase plano, sendo ideal para transportar o que você não quer jogar na caçamba. E mesmo com esse banco em uso, existem dois ganchos no encosto dos bancos dianteiros para levar sacolas ou algo do tipo.
Finalmente, vale lembrar que a Fiat oferece 5 anos de garantia, o que é muito bom para um veículo a diesel que poderá ser usado para o trabalho.
Desvantagem #1 – Motor mais fraco
Se fosse lançada como Peugeot Landtrek, essa picape viria com o motor 1.9 turbodiesel de 150 cv, algo que a Stellantis não queria. Por isso, o modelo foi para a Fiat e recebeu o propulsor 2.2 turbodiesel BlueHDI.
Ele já é conhecido por aqui, aparecendo na Fiat Ducato e em outros furgões. São 180 cv e 40,8 kgfm (câmbio AT6) ou 37,7 kgfm (MT6), chegando aos 100 km/h em 14,7s ou 12,4s, respectivamente. A velocidade máxima é sempre de 175 km/h.
Com esses números, a Titano fica abaixo da maioria de suas rivais. A dupla S10 e Hilux, por exemplo, oferece mais de 200 cv e 50 kgfm, enquanto L200 e Triton tem 190 cv e e aproximadamente 45 kgfm.
Mesmo quando comparada com uma Ranger 2.0, que tem 170 cv e 41,3 kgfm, a Titano anda menos. E isso não apenas olhando a ficha técnica, mas também na prática, pois parece que a novidade da Fiat não tem a força normalmente encontrada em modelos diesel.
E o consumo? Na versão manual, a Titano faz 9,6 km/l na cidade ou estrada, mas chega a 8,5 km/l na cidade e 9,2 km/l na versão mais cara. Nisso ela também perde para as rivais, pois S10, Ranger e Hilux ficam em 11 km/l na estrada.
Desvantagem #2 – Falta refinamento
Se a Fiat foi a última a chegar nesse segmento, ela já sabia tudo que as rivais oferecem e poderia ter trabalhado para superá-las em diversos aspectos. Mas isso simplesmente não aconteceu.
O motivo é que a Titano é baseada na Peugeot Landtrek, que chegou em 2020, enquanto a francesa foi desenvolvida em parceria com a chinesa Changan, que lançou a picape Kaicheng F70 em 2019. Ou seja, o lançamento da Fiat tem muito de uma picape com 5 anos de mercado, e que já recebeu uma atualização lá fora.
Também vale lembrar que nosso mercado deveria ter recebido essa mesma picape bem antes, pois ela deveria ter sido lançada pela Peugeot. A mudança da Stellantis visou aproveitar a marca que tem mais força por aqui, que é a Fiat.
Com tudo isso, os brasileiros estão recebendo um produto que não apresenta grandes novidades tecnológicas, mas sim que procura economizar ao máximo para brigar no preço. E qual é o resultado disso na prática?
A Titano é uma picape mais desconfortável, pulando bastante até mesmo no asfalto e sendo mais “dura” em sua condução. Seu acabamento também deixa a desejar, com muito plástico nas portas e painel, além de algumas peças com rebarbas.
Em sua lista de equipamentos, temos sempre seis airbags, ar-condicionado, volante multifuncional com regulagem de altura e profundidade, direção hidráulica, piloto automático, controle de tração e estabilidade, entre outros.
A versão intermediária Volcano adiciona câmera 180º, multimídia de 10″, bancos em couro, rodas aro 17 diamantadas, sensor de estacionamento, protetor de caçamba e capota marítima.
Já a topo de linha Ranch ainda tem A/C dual zone, câmera 360º, bancos dianteiros elétricos, aviso de saída de faixa, chave presencial, luzes em LED, sensor de chuva e crepuscular, sensores dianteiros, GPS, santantônio cromado, estribos laterais e rodas aro 18 diamantadas.
Como deu pra ver, a picape não tem carregador por indução, pacote ADAS completo, piloto automático adaptativo e outros equipamentos que estão nas rivais, nem mesmo em sua versão topo de linha Ranch, que custa R$ 260 mil.
Desvantagem #3 – Parece mais antiga
Se você já leu bastante sobre a Titano, conseguiu perceber alguns detalhes curiosos sobre essa novidade que também a colocam em desvantagem contra as picapes que já estavam por aqui anteriormente.
Um deles é a falta de freios a disco na traseira, algo visto na Amarok e Frontier. Visualmente, suas maçanetas parecem exageradas, o que se destaca ainda mais se forem cromadas.
Por dentro, a Titano não parece ser uma picape Fiat, mas sim um modelo Peugeot. Isso é comprovado pelo volante, pelos botões estilo 3008 e pela multimídia. Aliás, essa central de 10″ é lenta e parece ter vindo de um carro chinês, quando eles ainda estavam bem mais atrasados do que atualmente.
O painel de instrumentos também se destaca negativamente, tendo apenas uma pequena tela digital ao centro e marcadores antiquados nas laterais (que lembra muito o painel de um Chevrolet Agile). A manopla do câmbio também é antiquada, sendo um aspecto do interior que remete ao começo dos anos 2000.
Voltando ao exterior, a tampa da caçamba também é muito pesada e não tem qualquer auxílio para uma abertura mais suave. O mesmo acontece com o capô, que é mais pesado do que deveria.
Ou seja, tudo isso mostra como a Fiat não perdeu muito tempo alterando detalhes que tornariam a Titano um carro mais chamativo.
Conclusão
Num segmento tão competitivo, a Titano terá muito trabalho para convencer seus clientes usando apenas o argumento do preço.
É verdade que nesse aspecto ela parece vantajosa, mas apenas com possíveis descontos que a marca possa oferecer na venda direta.
Por outro lado, o refinamento passou longe do modelo da Fiat, que seria um lançamento muito mais elogiado se tivesse chegado em 2015 por aqui. Desde então, suas rivais evoluíram muito, o que parece que a Titano não vai fazer.
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