A vida do Honda City estava tranquila em 2011. O modelo continuava o seu bom desempenho no mercado brasileiro alavancado pela introdução da versão de entrada DX, em agosto do ano passado.
Mas o tsunami que atingiu o território japonês em março fez essa história mudar drasticamente. A princípio, a marca nipônica disse que o mercado brasileiro não seria afetado pelo desastre natural.
Entretanto, em maio, a Honda demitiu 400 funcionários de sua fábrica em Sumaré, no estado de São Paulo, e diminuiu a produção nacional alegando falta de peças provenientes de seus fornecedores.
E, dentro da gama da fabricante, quem “pagou o pato” foi o City. O sedã compacto caiu de uma média de 2.700 unidades mensais para 1.700 – um decréscimo de 37%. Foi o carro da Honda que mais perdeu vendas com a crise.
Mesmo assim, apesar das adversidades, o City continua na frente do seu principal rival no acumulado do ano. Enquanto o Honda já conta com 17 mil exemplares vendidos, o Kia Cerato beira as 16 mil unidades.
Entretanto, desde maio o sedã sul-coreano vence a disputa mensal com o carro japonês. Ainda na mesmo segmento, Volkswagen Polo sedã e Fiat Linea ficam distantes, ambos com uma média de pouco mais de mil carros comercializados por mês.
A queda na comercialização do City foi expressiva, mas quem puxa as vendas continua sendo a versão DX. O modelo de entrada responde por 60% do mix de vendas do City (veja aqui Honda City – defeitos e problemas) e cumpre a proposta de ser a opção mais em conta dentre os sedãs da Honda.
Vendido por R$ 53.620, ele vem com ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, computador de bordo, trio elétrico e airbag duplo.
Portanto, em relação à configuração intermediária LX, o City DX perde o rádio/CD/MP3 integrado ao painel e as bandejas sob o banco traseiro e fica R$ 2 mil mais barato.
De resto, a linha 2012 do sedã está igual à do ano passado. O visual se mantém inalterado, com os seus faróis angulados e grade pronunciada. O perfil não conta com grandes surpresas. Apenas um vinco forte na altura das maçanetas dá um aspecto mais encorpado para o sedã. A traseira é “altinha” e as lanternas com formato poligonal se encaixam bem no desenho do modelo.
Na parte mecânica, o City continua com o mesmo conjunto desde o seu lançamento no Brasil, em 2009. Portanto, está lá o motor 1.5 16V com comando simples no cabeçote e abertura variável das válvulas.
Com etanol no tanque, ele desenvolve 116 cv de potência a 6 mil rpm e 14,8 kgfm de torque a 4.800 rotações. A transmissão pode ser manual de cinco marchas ou automática também com cinco velocidades – o que adiciona R$ 3.800 ao preço final.
Ponto a ponto
Desempenho – Mesmo não tendo um motor muito grande – 1.5 litro –, o City tem um desempenho aceitável. O sistema i-Vtec, com abertura variável das válvulas, permite que ele desenvolva uma boa potência, de 116 cv.
Com isso, o City se mostra um carro bem adaptado para o uso na cidade. As acelerações e retomadas ficam dentro do normal – o zero a 100 km/h é feito em pouco menos de 11 segundos. O câmbio automático de cinco marchas mostra um bom entrosamento com o motor, fazendo as trocas nas horas certas e com poucos solavancos. Nota 8.
Estabilidade – A Honda optou por um acerto mais rígido na suspensão de seu sedã compacto. Com isso, o City se comporta bem nas curvas, com pouca tendência de rolar. O lado negativo fica por conta da direção elétrica.
Ela se mostra precisa em baixas velocidades, mas em altas ela fica muito leve, deixando o volante meio “bobo”. Nada, no entanto, que comprometa muito a segurança dos ocupantes. Nota 7.
Interatividade – A versão DX se mostra apenas correta neste aspecto. O painel de instrumentos é de boa visualização e os comandos são intuitivos. O ponto negativo fica para a transmissão automática, que não conta com opção de trocas manuais – apenas de limitar até a terceira, segunda ou primeira marcha.
À noite, o City também peca por não ter iluminação nos comandos dos vidros elétricos. Nota 6.
Consumo – De acordo com o Inmetro, o Honda City DX tem um consumo de 8 km/l com etanol em uso misto. Nota 7.
Conforto – Um dos bons atributos do City. A direção leve deixa a tarefa de manobrar o carro muito mais fácil, sendo possível virar o volante apenas com os dedos. A suspensão é bem calibrada. Apesar de ter acerto rígido e não ter nenhum grande arroubo tecnológico – McPherson na frente e eixo de torção atrás –, ela consegue absorver com eficiência as imperfeições das ruas. Nota 8.
Tecnologia – É um carro relativamente novo, tanto no mercado nacional – onde foi lançado em 2009 –, quanto no exterior, apresentado no ano anterior. Ele conta com um trem de força moderno, com destaque para o motor com comando variável de válvulas. Nota 7.
Habitabilidade – É um aspecto que o City se dá bem. O espaço interno é bom, também para os ocupantes dos bancos traseiros, graças ao bom entre-eixos de 2,55 metros. O porta-malas é outro destaque.
Ele conta com 506 litros – é o maior bagageiro dos sedãs da Honda disponíveis no Brasil. A ergonomia é boa para o motorista, mas o apoio do pé poderia ser maior, principalmente para um carro que conta com transmissão automática. Nota 8.
Acabamento – É um dos pontos baixos do City. Com preços partindo de R$ 57.500 para a versão automática, é um carro que merecia ter um acabamento mais caprichado. O interior é todo revestido de plásticos rígidos e os revestimentos internos do porta-malas são bastante toscos. Na versão DX, os bancos são de tecido. Nota 5.
Design – Mesmo com algum tempo de mercado brasileiro, é um visual que agrada aos olhos. O desenho moderno da dianteira, com os faróis angulados e a grade com três frisos se destaca e ajuda a dar uma ideia de requinte para o compacto. Não é um arroubo de design, mas fica longe de fazer feio. Nota 7.
Custo/Benefício – A Honda cobra R$ 53.620 pelo City na configuração DX com câmbio automático. Isso o deixa na média de rivais como Kia Cerato, por R$ 53.400, Volkswagen Polo sedã Comfortline 2.0, que sai de R$ 57.330 e Fiat Linea Essence, que parte de R$ 56.700 – todos com uma lista de equipamentos semelhante.
O preço de R$ 3.880 para o câmbio automático também está na média da concorrência. Nota 7.
Total – O Honda City DX automático somou 70 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir – Além do primeiro olhar
Olhando de fora, o Honda City até consegue transmitir uma ideia de requinte. Mas só para quem está do lado de fora. O visual moderno é bastante atual e agrada bastante.
Mas, na parte interna do carro, a Honda usa materiais pouco nobres para um carro que supera os R$ 50 mil – e que pode passar os R$ 70 mil na configuração mais completa. Os plásticos são todos rígidos e passam uma impressão de falta de esmero – lembra o acabamento de carros de segmentos mais baratos.
O espaço, no entanto, é bom. Tanto os ocupantes dos bancos dianteiros como dos traseiros se acomodam sem maiores problemas. Mesmo um quinto ocupante pode viajar de maneira confortável. O apelo para as famílias do City também fica claro na hora de abrir o porta-malas. Com 506 litros, ele é o maior que a Honda oferece entre seus sedãs.
Na hora de se movimentar, o City se mostra um carro adequado para a cidade. O motor 1.5 com comando variável de válvulas é valente e move o compacto com boa agilidade. As acelerações e as retomadas são feitas com competência.
Ponto também para a transmissão automática de cinco marchas. Ela é bem entrosada com o propulsor e muito bem escalonada. As trocas são feitas rapidamente, sem passar muitos trancos para os ocupantes.
A suspensão é outro ponto que agrada no compacto da marca japonesa. Com acerto mais duro, ela deixa o carro bastante esperto em curvas. Com isso, mesmo em curvas mais acentuadas, a carroceria pouco rola e o carro quase não tende a desgarrar. Nas retas, a direção elétrica muito leve acaba comprometendo a precisão, mas não chega a afetar a segurança.
Ficha técnica – Honda City DX 1.5 16V i-VTEC
Motor: Etanol e gasolina, transversal, 1.496 cm³, quatro cilindros em linha, 16 válvulas e comando simples no cabeçote e comando variável de válvulas. Injeção eletrônica a multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Automática com cinco marchas à frente e uma a ré. Não oferece controle de tração.
Potência: 115 cv com gasolina e 116 cv com etanol a 6 mil rpm.
Torque: 14,8 kgfm com gasolina e etanol a 4.800 rpm.
Diâmetro e curso: 73 mm x 89,4 mm. Taxa de compressão: 10,4:1.
Freios: Dianteiros e traseiros a discos sólidos. Não oferece ABS na versão.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Traseira por eixo de torção, com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Não oferece controle de estabilidade.
Carroceria: Sedã em monobloco quatro portas com 4,40 metros de comprimento, 1,69 metro de largura, 1,48 metro de altura e 2,55 metros de entre-eixos. Oferece duplo airbag frontal de série.
Peso: 1.137 kg.
Porta-malas: 506 litros.
Tanque: 42 litros.
Lançamento mundial: 2008
Lançamento no Brasil: 2009
Produção: Sumaré, São Paulo.
Por Auto Press
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