A economia brasileira tem seus altos e baixos, mas desde os anos 90, desde a abertura econômica do país, o crédito para se comprar um carro financiado aumentou muito.
Hoje em dia, são tantas facilidades para comprar um carro a prazo, que só mesmo quem tem a ficha muito suja para não conseguir o fazer.
Aí fica difícil saber qual é o melhor negócio a se fazer, com tantas opções diante dos olhos.
Vamos ver como o melhor negócio a prestações:
Se possível, compre o carro à vista
Essa dica é óbvia, mas não podemos começar a falar de compra de carro sem mencionar aquela que, verdadeiramente, é o melhor conselho que um amigo pode dar.
Uma das principais vantagens de comprar um carro à vista é evitar os juros e taxas cobrados pelos financiamentos.
Você não precisa se preocupar com o acréscimo desses encargos que podem aumentar consideravelmente o custo final do carro.
Outro ponto é que, ao comprar à vista, você tem a oportunidade de negociar um preço melhor com o vendedor.
E, por último, você vai se sentir melhor ao lembrar da liberdade financeira que essa decisão proporciona. Ao evitar o financiamento, você não fica preso a parcelas mensais longas e comprometedoras.
Não se iluda com a chamada “taxa zero”
As montadoras sempre fazem promoções, onde você dá 50% ou 60% do valor do carro de entrada, e o restante consegue pagar em 12 ou 24 parcelas “sem juros”.
Mas será que não existem juros mesmo? Se o preço de tabela de um veículo é de R$ 100.000, e ele está sendo vendido com taxa zero, será que até semana passada, quando não existia a taxa zero, ele estava sendo vendido com desconto?
Pode ser que ele estava sendo negociado a R$ 95.000, ou mesmo a R$ 90.000, com pagamento à vista.
Outro problema da taxa zero, é que ainda assim, se trata de um financiamento. Você vai ter que gastar um bom dinheiro com tarifas agregadas, encargos administrativos e outras cobranças.
Ou seja, quando a esmola é demais, até o santo desconfia. Ou, deveria desconfiar.
Peça a isenção de Taxa de Abertura de Crédito, ou Taxa de Cadastro
Essa taxa é proibida por lei desde 30 de abril de 2008, mas as empresas sempre usam outro nome para poder escapar da fiscalização e ainda assim lucrar mais nas operações de financiamento.
A TAC é uma remuneração à empresa que cedeu o crédito.
Fique atento se no contrato de financiamento, com a explicação de todas as taxas cobradas, se existe alguma coisa assim, ou mesmo uma taxa de cadastro.
Se você nunca foi cliente daquele banco, ele pode cobrar uma taxa de cadastro.
A tarifa de cadastro é permitida desde novembro de 2010 e sua função é financiar a realização de pesquisa em serviços de proteção ao crédito, base de dados e informações cadastrais necessárias no início de relacionamento.
É aí que entra a negociação, onde não custa nada bater e pé e pedir a isenção dessa taxa.
Se você já teve algum tipo de relacionamento com aquele banco e estão te cobrando a taxa de cadastro novamente, no financiamento, essa é uma cobrança indevida.
Taxa de boleto? Essa nem precisamos dizer que também é uma taxa indevida.
Procure não estender muito o prazo do financiamento
Sabemos que a maioria das pessoas faz financiamentos levando unicamente em conta o valor da parcela.
Mas optar por um prazo mais curto no financiamento de carros traz diversas vantagens financeiras significativas.
Uma delas é a redução dos juros pagos ao longo do tempo. Com um prazo mais curto, você pagará menos juros cumulativos e poderá economizar bem.
Além disso, um prazo mais curto permite quitar o carro mais rapidamente. Isso significa que você terá posse total do veículo em menos tempo, sem a necessidade de continuar pagando parcelas mensais por longos períodos.
Estender demais o prazo do financiamento lhe faz ficar “preso” ao veículo por mais tempo. Você pode se encontrar em uma situação em que ainda está pagando pelo carro enquanto ele já não atende às suas necessidades ou deseja adquirir um novo veículo.
Outro ponto é que se não sabemos como estará a nossa situação financeira daqui 1 ano, imagine daqui 4 ou 5 anos?
Qualquer pessoa pode se ver obrigada a devolver o carro, pois não está mais conseguindo pagar as parcelas.
A não ser que…
Uma exceção é quando você consegue pagar uma quantidade maior de parcelas por mês com facilidade. Aí o melhor é observar qual prazo oferece a menor taxa de juros mensal.
Por exemplo, você tem condições de pagar cerca de R$ 4.000 por mês de parcela do financiamento, e está decidido a financiar em 24 parcelas.
Neste prazo, a taxa está 1,8% ao mês. Mas aí você acaba notando que a menor taxa de juros mensal está no financiamento em 48 parcelas, com valor mensal de R$ 1.500 e juro de 1,4% ao mês.
Nessa situação, vale mais a pena entrar neste financiamento de R$ 1.500 ao mês, e ir quitando várias parcelas todo mês, consumindo todos os R$ 4.000 planejados inicialmente.
Mas isso exige muita disciplina financeira. Se você não é 100% disciplinado, deixe pra lá.
Pesquise as taxas em vários bancos, elas variam muito
Se você vai comprar o carro em uma loja de carros usados, ou em uma concessionária, essas empresas já pesquisam as taxas em várias bancos e instituições financeiras, procurando lhe oferece o financiamento no local que vai cobrar um juro menor.
Afinal, eles vão ganhar comissão em cima do financiamento de qualquer maneira, em qual banco isso será feito, para eles não importa muito.
Mas, se você é um cliente de longa data de algum banco, preferencialmente um tipo de cliente mais elevado, com maiores facilidades, muitas vezes também vale a pena ligar para o seu gerente.
Você pode dizer para ele que a loja X está oferecendo a seguinte taxa, se ele consegue cobrir a oferta. Quem sabe ele consegue uma taxa mais atrativa para você?
Carro novo vs carro usado
Já notou que no mercado de financiamento, as taxas para um carro novo, zero quilômetro, sempre são menores do que as taxas para se financiar um carro usado?
Por que será que isso acontece?
Os carros mais novos, especialmente os zero quilômetro, têm menores taxas porque representam menor risco de inadimplência para os bancos e financeiras, pois os riscos do veículo ter algum problema mais sério de mecânica, e o cliente deixar de pagar o financiamento, é menor em relação a modelos mais antigos.
Mas no final das contas, essa diferença acaba sendo nula, pois o carro novo tem uma desvalorização muito maior do que um usado.
Se você compra um Fiat Mobi 0km por R$ 69.990, depois de um ano vai vender ele, digamos, por R$ 56.000. Sim, a Tabela Fipe de um Mobi 2023 é R$ 56.000. Perdeu nada menos que R$ 14.000 (se comprou o Mobi no preço cheio, claro).
Ao passo que um modelo idêntico, mas usado, ano 2022, por exemplo, custa apenas R$ 4.000 a menos do que o modelo 2023, uma desvalorização muito mais fácil de se aceitar.
Dívida total escondida
Quando vamos assinar o contrato do financiamento, a ansiedade de levar o carro logo para casa nos faz pensar apenas no valor da parcela.
Mas, uma compra mais racional deve ter todos os detalhes bem expostos, sem nada que fique escondido.
Desconfie de lojas que se recusam a lhe mostrar todos os detalhes, preferindo citar apenas o valor da parcela.
Em financiamentos mesmo de valores não tão grandes, existem cobranças ali que não irão embora, mesmo se você quitar a dívida toda no dia seguinte.
Por exemplo, no financiamento de um valor de R$ 40.000 a ser pago em parcelas, o governo vai cobrar mais de R$ 2.000 de IOF, e esse valor não é reduzido caso você venda o carro antecipadamente, transfira a dívida ou quite o contrato.
Não se esqueça das despesas adicionais de um carro
Digamos que o comprador de um carro tenha uma renda mensal de R$ 3.000.
Ele sabe que pode ter um financiamento aprovado com parcela de até R$ 900 por mês, já que a regra é que no máximo 30% da renda seja comprometida.
Mas aí vamos supor que o carro comprado tem valor de R$ 100.000.
Um carro desse nível vai consumir R$ 4.000 por ano de IPVA, no caso dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
O seguro será de uns R$ 3.000 por ano, ou ainda mais. Já notou onde estamos querendo chegar?
Mesmo que se divida o valor do IPVA e do seguro em 12 parcelas milagrosas sem juros, ainda estamos falando de R$ 333 por mês de IPVA e R$ 250 por mês de seguro.
Só aí o custo desse carro por mês vai para R$ 1.483, sem contar gasolina e manutenção! Pode virar um buraco sem fim que leve à sua ruína financeira.
A desvalorização avança, impiedosa
Lembra do Mobi que citamos ali acima? Em apenas um ano, a pessoa perdeu R$ 14.000 em desvalorização.
Além desse valor, digamos que ela tenha perdido outros R$ 14.000 por ano em juros para o banco.
Aí depois podemos adicionar mais uns R$ 7.000 por ano com IPVA, seguro, manutenção, etc. E ainda nem estamos falando de gasolina.
Tudo isso para te lembrar de que o valor que perdemos com um carro também inclui sua desvalorização, o que muita gente não se lembra ao pensar no carro que tem na garagem.
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