Avaliação: BYD Dolphin Mini aponta futuro e não decepciona em sua proposta

byd dolphin mini avaliação na (1)
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Novos tempos estão chegando com os carros elétricos chineses? Ainda não sabemos, mas se para os conservadores isso pode ser moda, para quem quer mudança, pode significar o futuro.

O BYD Dolphin Mini já está aí e, apesar da “decepção” inicial de alguns, parece pronto para ir muito longe aqui.

Possível “carro do ano” pela expectativa do mercado, o Dolphin Mini é a uma nova onda vinda do oriente, mas desta vez sem “medo” daqueles que podem mudar as regras e isso assusta a concorrência.

Por R$ 115.800, pareceu fora da proposta aventada pelo mercado e certamente pela própria marca, mas em nossa conta de padaria, surpreende por ser mais “barato”.

byd dolphin mini avaliação na (2)
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Pequeno, ágil, eficiente e espaçoso, o Dolphin Mini a princípio lembra outras propostas chinesas do passado, mas essa impressão inicial se desfaz com o contexto completo.

Isso inclui até mesmo a desvantagem aparente agregada na proposta, que nos remete ao que o mercado nacional pratica. Isso é péssimo, mas revela que a BYD veio para se inserir no meio, mesmo que não pareça.

Cara do futuro

O BYD Dolphin Mini chama atenção nas ruas, notadamente por conta do marketing “global” promovido pela marca, numa repetição do que vimos há mais de uma década, mas com implicações atuais bem maiores.

A frente com estilo que lembra a Lamborghini, com seus diminutos faróis de LED que não remetem a baixo custo, o “CYE” não passa despercebido nem para o motorista da frente.

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Volumoso, parece mais estreito que realmente é, bem como mais alto do que se esperava. Linha de cintura alta e maçanetas embutidas, dão mais fluidez ao pequeno, tal como os retrovisores arredondados.

As rodas de liga leve têm boa aparência e expõe bem os discos traseiros, mas a lembrança do pneu inexistente no Brasil se faz. Molduras interiores também se destacam e a antena no teto, em estilo barbatana, é um capricho.

Atrás, as lanternas em LED horizontalizadas num conjunto único, contribuem para o visual modernoso do Dolphin Mini, cuja vigia traseira é diminuta e sem limpador, enquanto o para-choque volumoso remete ao frontal.

Para quem não decorou, há um aviso na tampa para abri-la, mas o que se sente falta nele é do nome. Sem isso, resta somente a indicação desnecessária de “EV” e recado da BYD: “Build Your Dreams”.

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Dentro, o Dolphin Mini remete aos irmãos maiores e reproduz em seu espaço menor, tanto acabamento quanto a proposta digital já conhecida.

Não é difícil ver a ligação entre ele e o irmão maior, o Dolphin, o que salvou sua nova designação no país e reforçou a padronização positiva da marca. É fácil reconhecer os elementos estéticos de um BYD e isso é bom, pois, a marca deixa seu “DNA”, algo bem distinto de algumas marcas chinesas que chegaram antes.

O volante estiloso é o mesmo dos outros, com couro em dois tons, tendo ainda sua coluna a sustentar o pequeno cluster digital mais limpo de detalhes que o do Dolphin Mini, o que é bom.

O painel tem detalhes estilizados e acabamento soft ao centro, que se estende até as portas, chamando atenção pela textura.

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Nota-se a preocupação da BYD em mostrar algo mais refinado que as propostas nitidamente de baixo custo até agora vistas.

Isso pode ser visto nas maçanetas, assim como no revestimento em couro das quatro portas, do console em “X” e dos bancos de desenho esportivo com direito a elemento vazado e dois tons. Nesse ponto, até o assento do motorista é elétrico.

De volta ao painel, a tela da multimídia Di-Link gira ao sabor dos comandos no volante e na própria tela, tendo navegador GPS nativo que mostra até onde você vai com a carga atual e os pontos de recarga, ainda que destaque os dos parceiros da BYD.

Também permite adicionar aplicativos, além de oferecer karaokê com adição de um microfone com USB.

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Com telas de cores diferentes, fundo branco ou escuro, entre outros, o sistema é bem completo e intuitivo, tendo ainda câmera de ré e Android Auto ou CarPlay, porém, estes não funcionam na vertical.

Todavia, no carro testado, o comando de voz da assistente da BYD não funcionou. Falta de atualização? Pode ser.

No grupo cilíndrico abaixo, os mesmos comandos do Dolphin, mas sem ajuste de regeneração de energia, já que o Mini tem três modos de condução (Eco, Normal e Sport).

Ali ficam as marchas, comando físico do ar condicionado digital, pisca-alerta, auto-hold e volume.

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Com freio de estacionamento eletrônico, o Dolphin Mini tem um pacote generoso, que inclui carregador indutivo no console e luzes de leitura em LED touchscreen no teto. Pena ter somente duas. Ele também tem NFC (cartão ou anel) e chave presencial com partida remota.

Mas, peca por não ter todos os vidros one touch e nem comando remoto para os mesmos. Nada como os modelos 2025, 2026… Sim, a BYD deve ter aprendido com a velha ordem automotiva.

Com pouco espaço no porta-luvas, o Dolphin Mini tem áreas para se colocar coisas em dois pontos do console, na frente e atrás, além das portas. Protegido por seis airbags, o habitáculo tem bom espaço, especialmente para quem vai atrás.

Num banco para dois, quem vai atrás tem ainda janelas amplas, cujos vidros descem completamente, além da reprodução do acabamento e até ganchos para sacolas ou cabides.

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Ruim é não haver entradas USB num carro que evoca a tecnologia, nem tampouco luzes de leitura em LED como na frente.

Já no compartimento de bagagem, os 230 litros são poucos para uma proposta que aqui no Brasil é ser o único carro da família para muita gente.

Para piorar, não há luz interna, nem cobertura do espaço e o banco é inteiriço. Como a BYD prometeu uma versão de cinco lugares, pode ser que a mesma corrija esses problemas.

Desempenho aterrado

O BYD Dolphin Mini chega numa proposta de desempenho adequada, ainda que exista na China, uma versão com 102 cavalos.

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Aqui, por ora, são 75 cavalos e 13,8 kgfm. Parece um 1.3 ou 1.4 das antigas, com boa força imediata, o que lhe garante agilidade. Com saídas vigorosas, o pequeno chinês começa a morrer após 60 km/h, se tornando um 1.0 de hoje e assim indo lentamente até os 100 km/h.

Indo até essa velocidade em 14,9 segundos, é realmente um 1.0, mas dá para ser usado na estrada da mesma forma e com vantagem de ter mais torque nas subidas, tendo como limite 130 km/h.

Não é o melhor ambiente para o Dolphin Mini, notadamente urbano, mas se você não tem pressa, ele tem leva do ponto A ou ponto B, mesmo que seja longe.

No modo Eco, ele corta bem a força, parecendo um Renault Kwid antigo, mas ainda assim é ágil devido ao torque, embora os 1.239 kg de seus 3,78 m de comprimento, 1,71 m de largura, 1,58 m de altura e 2,50 m de entre eixos, sejam mesmo um empecilho.

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No modo Normal, ele se comporta melhor e é mais gostoso de dirigir, saindo na frente nos semáforos e revelando a quem não conhece, a agilidade nata dos carros elétricos.

O modo Sport dá mais “gás” ao pequenino asiático, mas não tanto quanto esperávamos, mas ainda assim dá para ouvir um leve cantar de pneus, nada, além disso.

Nesse pacote do Dolphin Mini, as opções são válidas e o modelo cumpre o que se espera de um carro urbano sem “pegadinhas”.

Com boa posição para dirigir, destacada pelo assento elétrico e coluna de direção ajustável em altura e profundidade, o Dolphin Mini tem direção leve e responsiva, que combinada com seu porte e agilidade.

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Já a suspensão macia adere bem a pisos irregulares e asfalto ruim, mas expõe o curso curto diante de depressões infelizmente comuns em nosso pavimento.

Nas curvas, por conta disso, inclina um pouco mais que o desejável, mas nada que comprometa a condução.

Os freios estão em dia com a proposta do Dolphin Mini, enquanto a dirigibilidade é completada pela boa visibilidade, facilidade de estacionamento e controle de cruzeiro com limitador.

O Dolphin Mini tem sua bateria Blade com 38,88 kWh, que garante um pouco mais de 380 km quando com 100% de carga.

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Usando o modo Eco, o pequeno tem baixo consumo de energia, com 10,4 km/kWh de média na cidade, com 7,1 km/kWh a 120 km/h, 8,1 km/kWh a 100 km/h e 8,8 km/kWh a 80 km/h.

Vale ressaltar que, para quem dirige um carro elétrico, esses números são importam aos “matemáticos”, haja visto que o olho sempre está na autonomia.

Não é como andar de carro a combustão, onde quase ninguém se importa com a autonomia e sim com o que o carro está fazendo naquele momento. Já existe marca indicando essa métrica de consumo no painel e logo você saberá qual é.

Vale ressaltar, contudo, que são mundos diferentes, onde a reclamação do primeiro é pela falta ou baixa potência de recarga pública, enquanto o segundo só está preocupado em pagar menos pelo litro do combustível.

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Num carro elétrico, a autonomia é sempre o alvo. Assim, se sua carga é suficiente para chegar ao destino, fique feliz, caso contrário, procure no Di-Link um ponto de recarga, nunca vá para regiões “escuras” do mapa.

O problema da infraestrutura de recarga no país ainda é preocupante para carros elétricos com proposta que vão além das cidades, o que não é o caso do Dolphin Mini, mesmo que quem raramente pega a estrada, comente sobre onde recarregar numa viagem.

Parece um mantra, mas é a realidade. Ainda existem lugares apagados do mapa do carro elétrico e ainda tem um detalhe que compromete numa emergência.

Como se sabe, o BYD Dolphin Mini tem um carregador portátil para uso doméstico e com plugue de 20 amperes, mas ele só funciona me tomadas aterradas.

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Digo: tomadas aterradas e não casas aterradas. Normalmente encontradas em prédios residenciais e comerciais, só nelas o dispositivo funciona. Sem isso, o único recurso será encontrar um eletroposto ou ponto de recarga pública que funcione.

Isso não é regra para carros elétricos, já que até carros bem mais caros, poderosos, com baterias de 800 volts e tudo o que você puder imaginar, conectam-se perfeitamente em tomadas não aterradas.

Então, se você quer um BYD Dolphin Mini, antes procure seu eletricista para saber se sua tomada é aterrada ou pague os R$ 7.000 pelo wallbox da BYD e seja feliz. Ter o futuro em casa exige certo investimento a depender do caso.

Num ponto de recarga de 7,4 kW, os 74% da bateria foram para 95% em exatas duas horas, com a carga completada em 2h20m.

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Deu para resolver a questão da reposição, mas não dá para viver sem recarga doméstica se não houver pontos de 100 kW ou mais. Eles são raros e se você der sorte de encontrá-los, terá uma viagem ou vida diária, mesmo em prédios, muito boa.

É sempre assim, as inovações começam com desafios, sejam da própria tecnologia ou da infraestrutura para sustentá-las.

Custo Brasil atrapalha

O BYD Dolphin Mini chega num momento em que a última resistência do sistema se traduz no fim da isenção de imposto de importação para carros elétricos, mas a montadora chinesa não veio para brincar e precisa, como as demais, de nacionalizar o carrinho tão logo seja possível. Mas, vamos ao preço logo.

Os R$ 115.800 decepcionaram diante dos rumores de R$ 100 mil, mas quem reservou pagou (com o brinde do wallbox) R$ 98.800 para resolver sua vida em casa. Ficou mais caro que o esperado? Não.

Basta recordar nossos cálculos (de padaria) no lançamento do Dolphin, quando falamos no então Seagull entre R$ 100 mil e R$ 120 mil.

Estávamos certos e não apenas isso, a BYD reduziu em quase R$ 5.000 a proposta da versão Blade do Seagull, que para nós seria de R$ 120 mil.

Na conta, a versão LFP de 30,08 kWh e 300 km de autonomia (esta era de 405 km) sairia por R$ 100 mil ou R$ 99.800, com menos equipamentos ainda. Rumores diziam, até pouco antes do lançamento nacional, que ele teria as duas versões aqui.

Assim, se este Dolphin Mini “básico” vier, seu preço certamente ficará abaixo do que todo mundo quer ver.

Todavia, não existe almoço grátis, vide polêmicas de garantia e o custo “Brasil” de revisões, com pausas a cada 20.000 km com valores de R$ 370 ou R$ 1.000, simples assim… Pois é, a BYD aprendeu com os revendedores como se ganha dinheiro no pós-venda.

Para quem já está acostumado com a velha ordem, o custo menor da revisão de um elétrico simplesmente é ignorado quando se considera a economia de combustível.

Aliás, é a única que você terá de fato nessa história, caso não more em São Paulo, capital (50% de IPVA) e não tenha isenções como para PCD, por exemplo. O resto é como de qualquer outro carro.

No mercado? O BYD Dolphin Mini é mais barato que um Chevrolet Onix Premier (R$ 117.480), Hyundai HB20 Platinum Plus (R$ 121.690), VW Polo Highline (R$ 118.990) e Peugeot 208 Griffe (R$ 116.490). Todavia, são carros de segmentos e propostas diferentes.

O Dolphin Mini tem a sua e difere muito dos carros comuns. É outra pegada e, para quem quer mudar, ele é um bom começo. Nesse pensamento, vale?

Analisando o contexto em que se insere, em termos de produto, sim, mas o “custo Brasil” atrapalha a fomentação da tecnologia. Ainda assim, a ousadia da BYD é bem-vinda e esperamos que outros façam o mesmo.

 

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Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 27 anos, há 16 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X