Avaliação: Mercedes-Benz EQB 250 é um bom SUV luxuoso, mas tem preço alto demais

Tal como o EQA 250, o Mercedes-Benz EQB 250 é também o lado elétrico da dupla de tração dianteira nativa da marca de luxo alemã.

Ele visa alcançar clientes que queiram fundir energia com luxo e tecnologia, ainda que tenham de pagar muito por isso…

O Mercedes-Benz EQB 250 é talvez o modelo mais versátil da marca, por levar sete pessoas num tamanho reduzido em comparação com SUVs de sete lugares, que normalmente são bem maiores.

Sem ser um compacto grande, o alemão também agrega tecnologia e a propulsão elétrica que virou moda no momento.

Mas, não se engane pelas aparências, este Mercedes-Benz pode decepcionar muita gente, especialmente ao ter em mente seu preço sugerido de nada menos que R$ 502.900.

Sim, nada menos que meio milhão de reais. Valor da marca? Tecnologia a bordo? Existem estas e outras questões fáceis de serem respondidas, mas de difícil compreensão.

Poderíamos começar a responder algumas, mas o melhor é continuar lendo para entender o EQB e a situação em que se encontra no mercado.

Antes que você possa questionar sobre isso, respondemos: não! Ele não saiu ou sairá do mercado. Pelo menos não a médio prazo.

Índice

Discrição que chama atenção

O Mercedes-Benz EQB 250, irmão elétrico do GLB, tem forma geral pouco charmosa, afinal, o mundo se acostumou com a fluidez dos carros com a estrela de três pontas, mas este é mais familiar.

Longe das vans e derivados de comerciais leves elevados ao luxo, o SUV pode até parecer uma minivan, mas a carroceria volumosa traz mais benefício prático.

A aparência atarracada não esconde a grade falsa em preto brilhante com a estrela “esportiva” da Mercedes, assim como os faróis full LED bem desenhados.

Na traseira truncada, as lanternas em LED fundidas num conjunto único seguem a moda dos elétricos e agora dos SUVs também. Os para-choques possuem spoiler na frente e difusores de ar atrás.

Com barras no teto e um teto “solar” panorâmico, o Mercedes-Benz EQB 250 apresenta rodas de liga leve aro 19 polegadas com pneus 235/50 R19. Elas têm desenho esportivo até, mas o aro raiado retrô junto aos raios diamantados não caiu bem. Fica muito estranha a mescla, mas enfim…

Numa pintura preta e com detalhes em Black Piano, criam até um ar esportivo e, somados aos vidros escurecidos, que geram maior discrição a bordo, o EQB acaba por chamar mais atenção do que realmente gostaria.

Para quem o vê, já logo imagina ser mais um SUV blindado a circular por aí.

Dentro, o ambiente do Mercedes-Benz EQB 250 explora a esportividade com o luxo obrigatório pelo preço cobrado, com muitos detalhes metalizados, iluminação em LED no console, portas e painel, assim como detalhe estético no lado do passageiro, devidamente iluminado.

A atenção nos detalhes chega ao extremo dos difusores de ar “turbinados” com luz, assim como os pedais esportivos.

Tudo isso mesclado com revestimento soft costurado em vermelho, que envolve painel e portas, com os bancos em camurça com couro e mesma costura.

Tendo bancos envolventes na frente com extensores de assento, o Mercedes-Benz EQB 250 conta ainda com três memórias e função de cinética do banco, que faz movimentos de ajustes do corpo dos ocupantes, ampliando o conforto em viagens.

O ambiente tem ainda dois tetos com persianas elétricas, mas o frontal só se eleva, não abre completamente.

No painel, as telas digitais de cluster e multimídia representam a modernidade, com o primeiro configurável e com estilos conforme os modos de condução ou preferência.

Já a MBUX tem temas que alteram o desempenho, como viagem, longe, padrão e elétrico, mas pode-se criar novos temas.

É uma enorme distração isso e deve ser configurado com o carro parado, dada a complexidade de manipulação da MBUX, uma das multimídias menos intuitivas do mercado.

A profusão de digitalização, aliás, já passou do ponto em muitos carros e a Mercedes-Benz já passou da linha faz tempo.

Em compensação, o volante é ótimo, sendo atraente, bem-acabado e bastante funcional, ainda que os comandos touch screen mereçam atenção na manipulação.

Os paddle shifts metalizados estão lá, mais para ampliar o alcance da bateria com níveis de regeneração de energia. A alavanca de marchas fica na posição padrão da marca, ou seja, na coluna de direção.

No túnel, um touchpad com comandos físicos para funções da MBUX que não te deixam na mão se coisas sensíveis ao toque lhe incomodam.

Como um bom carro alemão, os botões continuam presentes em várias partes do painel e portas para os conservadores. Isso é ótimo quando a modernidade se torna exagerada.

O ar condicionado dual zone segue o mesmo padrão com botões metalizados, enquanto o porta-copos com cobertura esconde um carregador indutivo de smartphone.

Entradas USB-C estão por todos os lados e o apoio de braço central dividido é outra marca da Mercedes.

Com bom espaço para seus 4,684 m de comprimento, 1,834 m de largura, 1,667 m de altura e 2,829 m de entre eixos, sendo essa base importante para facilitar o acesso à terceira fileira, porém, ajustar os assentos não é muito prático.

Este espaço leva com tranquilidade pessoas com até 1,70 m com joelhos altos, mas desde que o ajuste da segunda fileira seja para a mais curta, remanejando os assentos.

Já o espaço no meio é ótimo, podendo sem bem ampliado e com encostos reclináveis, ampliando o conforto. Há saídas de ar na segunda fileira, assim como porta-copos escamoteáveis no apoio de braço e fixos entre os bancos da terceira fileira.

Para bagagens, 130 litros com sete assentos postos ou 495 litros com cinco lugares, tendo ainda tampa do bagageiro com tampa de abertura e fechamento elétrico, podendo usar sensor de pé, interno ou na chave.

Luxo esportivado

Lembra do não se engane com o EQB 250? Então, o SUV elétrico de sete lugares da Mercedes-Benz não é exatamente mostrando seu visual, proposta e ainda mais o preço.

Antes de mais nada, ele tem tração somente dianteira, ainda que a suspensão traseira seja multilink. Trata-se de uma reprodução fiel do irmão GLB.

Com motor elétrico dianteiro, contido em um cofre aberto (sem cobertura sobre o dispositivo e sem bagageiro dianteiro), o Mercedes-Benz EQB 250 entrega 190 cavalos e 38,2 kgfm.

Ele é alimentado por uma bateria de lítio de 66,5 kWh, cuja autonomia no Inmetro é de 291 km, porém, tecnicamente, a célula tem alcance de 383 km.

Em números, o EQB tem desempenho muito abaixo de seu valor, indo de 0 a 100 km/h em 9,1 segundos com máxima limitada em 160 km/h.

Na prática, andando, até que ele não é tão ruim, dado o torque imediato, mas mesmo no modo Sport, o SUV elétrico da Mercedes fica devendo.

As saídas são ágeis, contudo, tendo boa disposição em trânsito urbano, o EQB não parece ter somente os 190 cavalos descritos, mas um pouco mais.

A bordo, três modos de condução, sendo eles Eco, Comfort, Sport e Individual, porém, o primeiro mantém uma boa força e garante uma condução sem lerdeza. Com ele, se busca mais eficiência e autonomia.

No modo Comfort, o EQB tem boa agilidade, sendo a melhor opção para o uso diário, entregando a força esperada pelos números apresentados.

Agora, o modo Sport, quando usado como se deve, mostra realmente que este Mercedes-Benz, pelo preço, deveria ter muito mais cavalos.

Ao pressionar o pedal, nota-se um bom arranque inicial, mas logo a progressão é atenuada pela potência disponível.

Mesmo não sendo pouca coisa em comparação a um SUV compacto ou médio a combustão, o desempenho do EQB deveria ser maior. De qualquer forma, para ultrapassagens, retomadas e saídas de semáforo, o SUV elétrico da Mercedes atende bem.

Vale ressaltar aqui que, em termos gerais, o EQB não tem um desempenho ruim, apenas a configuração para essa proposta de preço é que não se encaixa.

No consumo, o Mercedes-Benz é o único que apresenta dados em km/kWh, uma medida que só está sendo usada aqui no Brasil, uma associação com o antigo km/l.

No consumo, o Mercedes-Benz EQB 250 fez 6,5 km/kWh na cidade, com 4,5 km/kWh a 120 km/h, 5,4 km/kWh a 100 km/h e 5,9 km/kWh a 80 km/h.

Como já dissemos, em carro elétrico, o fator principal é de fato a autonomia, dadas as dificuldades em recarga rápida no país. Se você tem alcance na bateria, então calcule até onde irá.

Caso contrário, não adiantará números como este, pois no máximo, você coloca no modo Eco, desliga tudo e busca um ponto de recarga. Ok.

Não sejamos alarmistas, isso seria em último caso, por exemplo, uma subida de serra com nível de bateria muito baixo. Todavia, a bordo do Mercedes-Benz EQB 250 isso não será problema.

O SUV alemão carrega “lindamente” em casa, mesmo com tomada não aterrada, garantindo assim uma boa reposição diária de energia, deixando de lado a chamada “ansiedade de alcance”.

Apenas em viagens de média ou longa distância é necessário planejar o “voo” como um piloto de avião comercial.

Para quem reside em casa, ter o wallbox da Mercedes-Benz é ainda melhor, pois o tempo de recarga é várias vezes menor que na tomada comum, mas isso é para quem roda muito diariamente e não tem acesso a pontos de recarga no caminho ou no destino.

Ainda que não ande como seu preço poderia sugerir, o Mercedes-Benz EQB 250 não decepcionará em alcance diário, mesmo que o número do Inmetro seja sempre desanimador.

Então, nessa condição, o SUV elétrico alemão entrega uma dinâmica de condução agradável.

No entanto, notamos uma certa vibração em aceleração mais forte, fato este também já observado em outro SUV elétrico alemão, que logo publicaremos aqui. Aparentemente pelo notado nos pneus, que a calibração para nossas estradas não parece a mais adequada.

De resto, uma direção dinâmica e responsiva, freios adequados para sua proposta e uma suspensão bem equilibrada, que filtra bem algumas irregularidades do nosso pavimento, garantindo conforto.

Estável, o conjunto do EQB contorna bem as curvas, apesar de sua altura ligeiramente maior que a média dos carros da Mercedes.

Com boa área envidraçada, o EQB 250 é fácil de manobrar, ainda que só tenha câmera de ré, outro pecado num carro de meio milhão de reais.

Tendo um pacote ADAS completo, o Mercedes-Benz mantém com segurança a direção alinhada com as faixas, ajustando também a distância para o carro da frente.

Oferecendo cinética do banco, teto quase panorâmico suficiente, assento confortável e boa empunhadura do volante, o Mercedes-Benz EQB 250 é um convite para pegar a estrada e, quem vai atrás, também irá concordar com isso.

O único detalhe é o que existe (ou não) ao longo da estrada. Mas, nesse caso, parte da culpa não está no carro.

Além da conta

Como se pode notar, o Mercedes-Benz EQB 250 não tem um desempenho esportivo, mas por conta do conjunto, especialmente visual, ele está mais para esportivado e isso não seria um demérito.

A AMG Line é ótima em tornar as coisas mais atraentes, mas esse SUV — nessa versão 250 — poderia ter pelo menos perto de 300 cavalos e tração nas quatro rodas.

Pelo menos assim ele justificaria custar R$ 502.900, por mais que para muitos seja um “Mercedes”.

Pelo conjunto oferecido, estar na faixa dos R$ 400 mil já seria um convite interessante ao se recordar que ele leva sete pessoas e tem um pacote generoso de itens de conforto e tecnologia.

Num mercado premium onde a eletrificação virou a mesa diante e desempenhos estonteantes a preços competitivos, meio milhão para ter o pacote de acesso não é nada interessante.

A rival BMW, por exemplo, decidiu por seu iX1 a partir de R$ 359.950, enquanto o iX3 custa R$ 500.950.

No primeiro caso, tirando-se os lugares extras, a proposta é muito mais atraente, enquanto o segundo tem mais autonomia (381 km no PBEV) e desempenho que o EQB, já que são 286 cavalos.

Essa configuração do iX3 deveria ser a deste Mercedes-Benz e, ter sete lugares, não é argumento para uma família que terá outros carros na garagem.

Assim, tendo isso em mente, com exceção de que você tenha uma família de seis ou sete pessoas e queira ter todos juntos, não vale a pena considerar o Mercedes-Benz EQB 250. Ressaltando: não pelo carro em si, mas pelo preço.