Ele já teve várias motorizações, inclusive até V6 3.5, mas nas duas últimas gerações, veio hibridizado e assim o cliente fiel aceitou sua nova composição técnica. Quem? O Honda Accord.

Nesse caso, o modelo recente é denominado e:HEV, dando assim continuidade à eletrificação.

O Novo Honda Accord 2024 surge com um visual realmente muito mais atraente que o anterior, que parecia um Civic grandalhão, numa carroceria fastback com elementos exagerados.

Mantendo o conjunto híbrido do anterior, o Novo Honda Accord 2024 ajustou alguns números, obtendo mais torque e garantindo a economia já apurada na geração antiga, preservando esse ótimo atributo do sedã.

Todavia, a japonesa cobra bem pelo que oferece: R$ 332.400.

Mesmo assim, o Novo Honda Accord 2024 vem seguindo seu curso com volumes pequenos, assim como o Novo Civic, estando aqui mais para manter os clientes fiéis que conquistar novos.

O preço alto é um estorvo, mas vale a pena este sedã como um carro?

Índice

Elegante e atraente

O Novo Honda Accord 2024 adota um estilo fluido e com certa dose de saudosismo em alguns elementos, que nos faz retornar até os anos 80, mas são detalhes sutis, sem ser um remake exagerado do passado, como alguns carros da Hyundai.

Bem limpo, vem com faróis full LED triplos e afilados, conectados a uma grade hexagonal com dois estilos de frisos, mais uma grade horizontalizada na parte inferior.

Com essa frente larga e baixa, que parece achatada em relação ao modelo anterior, o Novo Honda Accord 2024 ficou mais equilibrado e tem sua carroceria fastback com linhas mais suaves.

Na traseira, o sedã executivo da Honda traz lanternas em LED com frisos pretos e com luzes de posição integradas, recordando alguns sedãs dos anos 80.

No porta-malas, a tampa incorpora um pequeno defletor de ar, com uma moldura preta com logo da Honda na parte central, conectando o conjunto ótico traseiro. Tendo rodas aro 18 polegadas de design esportivo, o Novo Honda Accord 2024 conta ainda com pneus 235/45 R18.

Medindo 4,971 m de comprimento, 1,862 m de largura, 1,459 m de altura e 2,830 m de entre eixos, o Novo Honda Accord 2024 continua tendo um bom porte para sua proposta, com ótimo espaço interno, especialmente atrás, assim como porta-malas com nada menos que 574 litros.

Mudando de geração, o Novo Honda Accord 2024 mantém seus atributos volumétricos, mas o acabamento interno melhorou em comparação ao antigo, não lembrando mais um táxi enorme. Com detalhes macios, o sedã emprega muitos detalhes em preto brilhante.

Nada de metais a bordo, exceto no acabamento dos pedais, escurecendo o ambiente não só os com os bancos em couro preto, mas também nos revestimentos de portas, colunas e teto. Fico bom, mesmo parecendo esportivo. Com teto solar elétrico padrão, ao Accord não foge à regra nipônica.

O painel segue com influência do Civic, mas nesse caso, uma algo realmente bom, o acabamento de difusores de ar contínuos, ajustados por hastes longas e com uma distribuição de ar boa.

O cluster digital tem ótima visibilidade e a configuração é simples, sem firulas, com exceção da imagem 3D do Accord para o ACC, que lembra o Pilot Assist da Tesla.

Tendo volante em couro e multifuncional com comandos fáceis e boa empunhadura, além de paddle shifts, que funcionam de outra forma, o Accord é um convite para dirigir.

No painel, o ar condicionado dual zone é descomplicado, enquanto a multimídia tem gestão de energia, Lane Watch, câmera de ré e projeção sem fio para Android Auto e CarPlay. Ótima em sua missão.

Já o console apresenta um retorno ao passado, pois a geração anterior apostou nos botões do Insight, mas parece que os clientes não gostaram e a boa e velha alavanca voltou. Gostamos também.

O Accord 2024 tem bancos confortáveis e revestidos em couro, com ajustes elétricos e duas memórias para o condutor. Há também um importante carregador indutivo para smartphone.

Atrás, nada de especial além do bom espaço para pernas, saídas de ar e entradas USB-C, que virou uma moda ainda impopular, afinal, pouca gente usa carregadores com esse plugue, mas a indústria tem que empurrar isso.

Com bom acabamento nas portas, o Accord não precisa passar a ideia de luxo, nunca foi sua pegada, mas tem sistema de som Bose que é ótimo.

Com 574 litros no porta-malas, que ainda se beneficia de banco traseiro bipartido com apoio de braço central, o Accord 2024 leva a bagagem de férias ou aquela despedida de família ao aeroporto sem problemas.

Em resumo, o ambiente não surpreende quando se conhece a reputação do carro.

Como sempre, bom ao andar e melhor ao beber

Ele mudou de geração, mas não precisa mudar o que já está bom, não é mesmo?

Tendo a Honda visto a rejeição dos botões do câmbio, novamente, sabe que os clientes do Accord são tradicionalistas, porém, em tempos de eletrificação, não dá mais para manter coisas como V6 3.5 ou quem sabe até uma insana ideia de botar o V8 5.0 náutico da Honda nele…

Bom, voltemos aos pés no chão e, quando se fala de Honda, isso é algo natural na marca japonesa, que sempre demora para tomar certas atitudes lógicas, mas enfim, o Novo Accord e:HEV já tem sigla que indica sua proposta e ela é a mesma do anterior, literalmente, com tudo (do mesmo) dentro.

O motor é o conhecido R 2.0, chamado LFB1 quando num conjunto híbrido, tendo duplo comando de válvulas (o antigo nacional sempre teve um, por exemplo), com injeção multiponto e aspiração natural, entregando 146 cavalos a 6.100 rpm e 19,2 kgfm a 4.500 rpm.

Como se lê, os números não impressionam, mas ele é apenas uma parte da equação.

A outra é o motor elétrico de 184 cavalos e 34,1 kgfm, um pouco mais forte nesse último que o anterior, trabalhando em conjunto com o R e também com uma caixa CVT, oferecendo os modos Econ, Normal, Sport e Individual, além do EV.

A bateria de lítio tem 1,05 kWh e garante a coisa toda. No total, 207 cavalos estão disponíveis. Ok, é menos que o antigo, mas isso não incomoda na missão dele.

Pesando 1.625 kg, o Honda Accord e:HEV 2024 é um carro esperto, indo de 0 a 100 km/h em 8,8 segundos e com final de 188 km/h.

Não precisando provar nada a ninguém, o sedã grande da japonesa é o conforto ao dirigir em seu estado (quase) natural, visto que por momentos, a energia assume e a sensação do motor agindo desaparece.

Bem, lembremos haver um singelo 2.0 aspirado ali, então, com isso em mente, a sensação passa e o conjunto híbrido te deixa esquecer do Accord raiz para um que te entrega o que precisa.

Nas saídas com energia, é como um elétrico puro, vai rápido e sem pedir licença. Após os 45 (não do segundo tempo) km/h, o 2.0 entra, mas sem ser barulhento como o 2.5 do antigo rival, o Ford Fusion Hybrid.

No modo Normal, ele é aceitável e você compreende que precisa dele para manter o sistema híbrido carregado para qualquer eventualidade, como uma retomada rápida, feita exemplarmente, seja na cidade, seja na estrada.

No modo Econ, a energia fica mais tempo em uso e o silêncio no anda-e-para é gratificante. Agora, no modo EV, dá para explorar apenas por uns 4 km e depois o 2.0 entra, desligando o modo, que também desativa após 45 km/h.

Se a condução começar a ficar chata, o que é bem difícil num Accord, pode-se optar pelo modo Sport e é aí que vem o destaque do conjunto. Subindo o “giro” acima de 25% (sim, ele não tem conta-giros), o conjunto híbrido começa a roncar como se houvesse um 2.0 Turbo (lembra dele com 10 marchas?) ou um V6 despretensioso.

Nesse caso, os 207 cavalos e o ótimo torque atuam firmemente no Accord “esportivo”, deixando até a direção mais firme e a pegada bem mais agradável.

Os paddle shifts não atuam nessa história, mas fazem bem na redução para regeneração da bateria, não disponível nos outros dois modos. No modo Individual, se ajusta as respostas conforme a preferência pessoal.

Falando em eficiência, o Honda Accord 2024 tem consumo urbano bom, fazendo 18 km/l, ambiente em que é mais eficaz em sua proposta por ser HEV, mas na estrada ele faz bem menos, ainda que seja ótimo por ser um carro grande, pesado e com motor 2.0.

Rodando a 120 km/h, fez 11,8 km/l, elevado para 14,2 km/l a 100 km/h e 17,1 km/l a 80 km/h.

Ainda assim, com tanque de 48 litros, ele garante uma boa autonomia, mas tudo isso muda conforme o modo de direção e, acredite, parecem números irreais quando se roda diariamente com ele e o nível de combustível teima em descer.

Só o faz se andarmos no modo Sport e mesmo assim mais lento do que se imagina. Em uma semana de uso diário, devolvemos com metade do tanque.

Confortável ao dirigir na cidade, prazeroso na estrada, com toda a arquitetura pensada para as longas estradas americanas, planas e bem retas, o Accord também é ótimo na sinuosidade de nossas rodovias, encarando as curvas com maestria e deslizando suavemente mesmo sobre asfalto áspero.

Isso tudo ainda auxiliado pelo Honda Sensing, que garante a centralização ao carro na faixa e toda a assistência que se precisa para manter a segurança em dia. Destaque também para o HUD.

Mesmo na cidade, até estacionar não assim um problema para um carro com outros recursos do pacote, bem como no anda-e-para diário.

Com suspensão tendo um compromisso de conforto com firmeza, o Accord vai bem mesmo em pisos bem ruins, como bloquetes e paralelepípedos. Como é longo, requer atenção nas lombadas mais monstruosas, fruto da péssima “engenharia” de tráfego de muitas cidades do país.

Bem, se ele está aqui desde os anos 90 e continua a rodar mesmo assim (sim, felizmente ainda vemos vários Accords antigos), o sedã da Honda já sabe onde está pisando.

Mesmo não acrescentando nada em técnica, mas garantindo a boa dirigibilidade de sempre, o japonês continua referência entre os grandes tradicionais.

É para casar, mas preço da noiva é alto

Não é à toa que o Honda Accord é um dos carros mais vendidos dos EUA e rivaliza com seu eterno concorrente, o Toyota Camry. Bem equilibrado em sua proposta, é o médio dos americanos que não querem saber de SUVs, mas que precisam agora engolir a eletrificação.

Nunca foi tão difícil envelhecer, podem pensar alguns, mas este sedã mostra boa adaptabilidade.

Na versão Touring, vem com tudo dentro, não buscando exagerar nos detalhes e nem querendo ser um Acura.

Ele passa a mensagem de sempre, um carro grande que você paga o preço da noiva, e casa de papel passado e tudo, firmando um relacionamento que pode durar décadas, se o noivo tratar apenas como manda o manual.

O problema, como em todo Honda, é o preço da noiva e ele é sempre alto, seja nacional ou importado. Bem, nesse aspecto, há mais de uma interpretação, afinal, o bom valor de revenda da marca ainda é um argumento, mas o longo prazo de casamento é o ponto aqui, dada a confiabilidade da marca. Por ser quem é, o Accord não precisa de mais explicações.

Tendo alto valor para aqueles que confiam nele, o Honda Accord 2024 é para quem realmente sabe o que ele oferece e não para quem está pensando no dia da revenda ou em busca de status.

Nesse caso, como híbrido mais próximo e plug-in, temos o BMW 330e por “apenas” R$ 322.950. Se quiser entrar na moda dos chineses, tem o BYD Seal por R$ 296.800. Então, só paga R$ 332.400 quem sabe que terá prazer nele e nós apoiamos isso.