Carros elétricos e híbridos tem aumentado sua frota no Brasil, transporte por aplicativo já é um velho conhecido, carros por assinatura ainda engatinham, qual deve ser o futuro dos automóveis no curto e médio prazo da mobilidade no Brasil.
Elétricos, à combustão ou híbridos?
Nosso país tem proporções continentais, maior em área que boa parte dos países da Europa somados, por exemplo, e, quase tão grande quanto seu tamanho, é a diferença de infraestrutura e distribuição de renda pelo território, então qual deles vai “vingar”? Os três!
Carros puramente elétricos ainda são caros, não possuem uma autonomia que permita fazer viagens longas sem parar recarregar e aí entra o mais um problema, quando precisar de carga, boa sorte encontrando postos que possuem carregadores de alta potência, para fornecer carga rápida ao seu automóvel e você seguir viagem.
Por essas características, no futuro próximo, eles devem permanecer como carros de “nicho”, de um público com alto poder aquisitivo, que vive em grandes centros e possuem outro meio para viagens longas (avião ou outro automóvel).
Carros híbridos por sua vez já estão se “popularizando”, entre aspas pois o preço não é nada popular. De qualquer forma são mais baratos que os puramente elétricos, e possuem uma ótima autonomia (muitos na casa dos 1000km).
O maior impeditivo para sua ampla adoção é o custo de aquisição e o receio da população referente à manutenção e revenda, medo esse que deve ser atenuado com o passar do tempo, visto que não são nenhum bicho de sete cabeças. Sua adoção deve se dar pela classe média/alta e roubar uma fatia razoável dos carros 100% à combustão.
Carros à combustão no curto e médio prazo vão continuar sendo a maioria dos emplacados, menos eficientes, mais baratos e de manutenção mais conhecida, não devem perder o título de mais vendidos tão cedo, principalmente pelo preço.
Para uso pessoal ou profissional, é fato que a maioria da população busca carros que custem menos de R$100.000,00 e não existe híbrido nem elétrico sequer perto dessa categoria, ainda.
A longo prazo, creio que os híbridos irão substituir os puramente à combustão, devido à sua altíssima eficiência (atingem facilmente 25km/l de média na gasolina) e os puramente elétricos só vão ultrapassa-los se, ou melhor, quando, for desenvolvida uma bateria com custo de fabricação baixa, capacidade de armazenar energia e durabilidade altas, mas isso ainda não está muito perto de se tornar realidade.
Próprios, por assinatura, aplicativo ou transporte público?
Certo, os carros híbridos, elétricos e à combustão vão coexistir numa verdadeira salada automotiva, mas e quanto ao modelo? Também! Em grande parte, pelos mesmos motivos citados acima, de infraestrutura, tipos de público e amadurecimento da tecnologia.
Comprar o carro próprio talvez tenha sido o nosso grande sonho de adolescência (dos nossos pais e avós também), mas entre os mais jovens, isso já não é bem assim.
Com a expansão dos aplicativos de transporte, para se locomover com conforto e fugir do transporte público, ao menos nos grandes centros e arredores, já não é preciso ter seu carro, e, como boa parcela da população só o vê como um meio de transporte, não faz sentido comprar um carro.
Deixando a paixão e o gosto pessoal de lado, pensando friamente, muitas vezes não faz mesmo! Pense numa pessoa que mora numa capital, trabalha de home office, e só faz viagens de carro aos finais de semana, o custo da compra, seguro, combustível, IPVA e manutenções, ultrapassa em muito o custo de viajar somente por carros de aplicativo.
Então nesses grandes centros a tendência é de as vendas de carro para pessoas físicas reduzam e aumentem as vendas para empresas de transporte e pessoas físicas que atuam profissionalmente com o carro.
No interior, entretanto, em especial cidades pequenas, já não deve ser bem assim, a pouca quantidade de habitantes dificulta, por exemplo, alguém que não queira mais ter carro, mas não abre mão da sua liberdade, não é incomum simplesmente não ter motorista disponível de madrugada ou em bairros afastados, por exemplo.
O transporte público não tem sofrido grandes mudanças, infelizmente, ele é mais barato, desconfortável e pouco prático, então deve continuar como meio principal de transporte para horários comerciais, mas pouco escolhido para momentos de lazer, por exemplo.
Carros por assinatura ainda não foram amplamente adotados pela população, mas devem ver seu mercado aumentar, se tiverem o valor de suas assinaturas reduzidas e também conforme cresçam, por exemplo, as parcerias com empresas de transporte por aplicativos e de carros compartilhados.
Carros compartilhados ainda não são comuns no Brasil, mas, na minha opinião, são muito interessantes para quem não quer comprar um, não sabe muito bem do que estou falando?
Deixa eu te explicar, imagina um exemplo, você vai trabalhar de carro e ele fica diariamente parado 8h em um estacionamento (muitas vezes pago), e se outra pessoa utilizasse esse carro no momento que ele está parado?
O conceito é basicamente esse, mas em larga escala, diversos carros, diversas pessoas, e um carro sempre à disposição em algum ponto de troca, quase um transporte por aplicativo, a única diferença é que você é o motorista. Para funcionar, novamente, esse modelo precisa de demanda, coisa que talvez não exista em cidades pequenas.
Conclusão
Pode parecer que estou em cima do muro, eu sei, mas essa é a realidade do Brasil, não seguimos os moldes da Europa, países pequenos com renda per capta elevada, ou dos EUA, país grande, mas com renda per capta igualmente alta.
Somos grandes em tamanho e desigualdade.
Não haverá um modelo para todo o país, esse se dará pelo tamanho, densidade de habitantes e poder aquisitivo da população, provavelmente os carros elétricos e os compartilhados continuarão focados nos grandes centros, enquanto os híbridos, lentamente, roubarão o lugar dos carros puramente à combustão, esses últimos ainda devem seguir firmes e fortes por bons anos.
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