O mercado de carros híbridos no Brasil ainda é muito pequeno. Assim, a oferta de produtos também não poderia ser generosa. Uma das opções é o Lexus CT 200h.
Ele é um dos três carros com dupla motorização mais “baratos” encontrados no mercado nacional. Os outros dois são o “primo” Toyota Prius e o mexicano Ford Fusion Hybrid.
Apesar da grande oferta de versões híbridas no exterior, a Lexus tem no seu único hatchback a opção mais ecológica aqui no Brasil. O CT 200h só existe nessa configuração de propulsão e chega ao nosso mercado em desvantagem, já que não desfruta da mesma política fiscal aplicada aos demais veículos.
Só o IPI para elétricos e híbridos é de 25%, o que eleva ainda mais os custos de um carro que naturalmente nasce mais caro. No entanto, recentemente o governo concedeu um incentivo para os híbridos sem recarga externa de baterias (plug-in), reduzindo o imposto de importação de 35% para uma faixa entre 2% e 7%.
No caso do Lexus CT 200h, o percentual é de 4%. Assim, seu preço caiu de R$ 134.000 para R$ 127.000. Esse é o valor que se paga para ter acesso à tecnologia híbrida, que torna o carro mais eficiente e limpo. É um custo ainda muito alto para boa parte dos consumidores.
No caso do CT 200h pelo menos existe uma “compensação”, já que se trata de um carro de luxo. Mesmo assim, você verá poucos nas ruas, pois a Lexus tem apenas um concessionário com dois pontos de venda em São Paulo e somente 31 exemplares do modelo foram vendidos desde o ano passado. A marca de luxo promete expandir a rede, o que ajudará a melhorar as vendas.
Por fora…
O Lexus CT 200h não é exatamente bonito, mas tem personalidade forte, dotado de uma frente com grade em formato de “X”, que passa agressividade maior que sua disposição para andar. Os faróis têm projetores de LED (apenas no facho baixo) que parecem xênon e LEDs diurnos. Aliás, existem quatro lentes circulares, que dão a impressão de um conjunto antigo e desatualizado.
O para-choque apresenta faróis de neblina simples e spoiler integrado. Nas laterais, retrovisores com repetidores de direção e basculamento elétrico. Chama atenção as rodas de liga leve aro 16 com pneus 205/55 R16, pois parecem pequenas demais no desenho do CT 200h.
Este último, por sinal, se destaca pelo formato único das colunas C, tendo ainda vigias laterais que dão continuidade ao vidro traseiro, que é escurecido, assim como os demais.
A traseira é achatada, visto que o Lexus CT 200h é um carro baixo, não só em altura em relação ao solo, mas em sua estrutura também. Ele mede 4,32 m de comprimento e 1,44 de altura. As lanternas em LED são retangulares e pouco atraentes, sendo divididas pela tampa do bagageiro, que dispõe de câmera de ré. No teto, antena estilo barbatana e teto solar elétrico de tamanho padrão.
Por dentro…
O Lexus CT 200h tem um ambiente interno muito bem acabado e com materiais de boa qualidade. O estilo é bem conservador e sóbrio, mas ainda nos faz lembrar o Novo Corolla em alguns aspectos. Nada que desabone este hatch premium. Afinal, as duas marcas são irmãs. Há material emborrachado no painel e portas, bem como couro costurado.
Em preto e bege, o ambiente é agradável e tem como destaque a instrumentação. O cluster é análogo-digital e possui velocímetro em posição central com um display multifuncional no lado direito (com reprodução do uso de motor e bateria) e um econômetro no esquerdo.
Este último apresenta as faixas de condução “charge” (onde os freios regenerativos e o motor elétrico funcionam para recarregar a bateria), “eco” (o principal modo de condução) e “power” (onde o motor é mais exigido).
O econômetro – que é digital, embora não pareça – existe apenas nos modos de condução Eco e Normal, pois no Sport, o instrumento é substituído por um conta-giros. Aliás, a iluminação é azul quando em modo de eficiência, sendo substituída por uma tonalidade vermelha em condução esportiva. Uma luz de LED no teto – geralmente em azul – muda para vermelho nesse modo de melhor performance.
Ao centro, um display fixo de 8 polegadas e não sensível ao toque mostra gráficos de consumo e o esquema em 3D de funcionamento do sistema híbrido, bem como informações de mídia, telefonia, TV digital, DVD, serviço, climatização (ar condicionado dual zone), navegação, câmera de ré, entre outros. O interessante é que ele gera um histórico de economia e performance.
O console apresenta um interessante cursor para navegação na multimídia e comandos auxiliares. Junto dele há um botão giratório para ativação dos modos Eco e Sport, sendo o Normal acionado ao pressiona-lo.
Há também botão do travamento da transmissão, assim como do modo EV e do desligamento do TCS. Uma pequena alavanca apresenta as posições de marcha “D”, “N”, “R” e “B”. Esta última garante mais força do motor elétrico em determinadas situações.
O volante é multifuncional e revestido em couro. Os bancos são revestidos também em couro e possuem ajustes elétricos, inclusive lombar, bem como aquecimento. O do condutor tem três memórias de posição. O Lexus CT 200h conta com entradas USB/auxiliar/Bluetooth.
Teto e colunas são pretos, garantindo um ambiente mais sofisticado. Atrás, o espaço é pequeno e o acesso também, já que as portas traseiras são menores que o desejável para um hatch médio. O banco é bipartido e tem todos os apoios de cabeça e cintos de três pontos. Há fixadores de cadeiras infantis.
No teto, há luzes de leitura, retrovisor eletrocrômico, para-sóis com espelhos iluminados e os comandos do teto solar, bem como a já mencionada luz ambiente (azul ou vermelha, dependendo do modo de condução). Por fim, o porta-malas tem 375 litros, mas parece ter bem menos que isso.
O estepe é fino e fica junto da bateria de lítio. Entre este e a bagagem, existem pequenos porta-objetos.
Por ruas e estradas…
O Lexus CT 200h tem dois grandes objetivos. O primeiro é entregar luxo e sofisticação da marca premium da Toyota. Afinal, trata-se de um modelo de entrada, que tem a missão de fidelizar o cliente. A segunda é eficiência energética. Então, performance não será algo em destaque neste hatch japonês.
O sistema de propulsão híbrido é composto por um comedido motor 1.8 16V DVVT de ciclo Atkinson, tendo assim um quinto tempo gerado pelos comandos de válvulas para se alcançar uma faixa melhor de torque. Ele não tem a missão única de mover o veículo, apesar de executa-la quando necessário, mas a de trabalhar com o motor elétrico.
Ele entrega 99 cv a 5.200 rpm e 14,5 kgfm a 4.000 rpm, sendo movido por gasolina. Seu companheiro de trabalho, o propulsor elétrico, fornece 82 cv e 21 kgfm. Estes se apresentam em 0 rpm. Ou seja, ele vai despejar tudo o que possui de uma única vez. Mas essa dupla na verdade é um trio, pois ainda temos a caixa de transmissão CVT.
O Lexus CT 200h é “ativado” no botão de partida, mas não espere imediatamente pelo motor. Cluster e luzes internas se acendem, mas o propulsor não liga. No entanto, isso não significa que ele esteja desligado. Basta colocar a pequena alavanca de câmbio em Drive e soltar o freio de estacionamento, que é no pé. Pronto, ele já pode andar.
Ele começa sua jornada usando o motor elétrico, mas não demora muito a aparecer o 1.8. Isso vai depender muito do nível da bateria. Se ela estiver com carga bem baixa, ele funciona segundos depois de o carro ser ativado. Caso contrário, com o “life” próximo de cheio, é possível rodar alguns poucos quilômetros em modo EV, usando somente energia elétrica, mas desde que fique abaixo dos 50 km/h.
A transição entre os propulsores é suave como a transmissão CVT. Não há também presença de um forte ruído provocado pelo funcionamento do motor. O isolamento acústico é bom e nesse caso, ele bate forte no Ford Fusion Hybrid, cujo 2.0 “entra” com muito barulho, incomodando.
Modos de condução
No modo EV, o Lexus CT 200h desliza suavemente e em completo silêncio. No entanto, é uma pena que a pequena bateria não dê conta de leva-lo muito mais adiante, sendo que jamais conseguimos passar de uns 5 ou 6 km nessa condição, mesmo com a carga completa. Já no Eco, o hatch nipônico apresenta um desempenho um pouco melhor.
O “pouco” é devido ao fato de o carro ficar muito fraco diante dos modos Normal e Sport. As respostas ao acelerador são bem lentas e mesmo uma ladeira um pouco mais íngreme ou a subida de serra da Rodovia dos Imigrantes, por exemplo, parece algo impossível de vencer. O melhor uso é no plano e pode-se utiliza-lo até na estrada, desde que se evite retomadas ou ultrapassagens.
Foi nesse modo que conseguimos média de 18,5 km/litro na cidade e 17,5 km/litro na cidade. Mas tivemos variações de consumo de 11,5 km/litro e até 27,5 km/litro, dependendo sempre do modo de condução e das condições do trânsito. No modo Normal, ele se comporta bem, mas como um carro de motor pequeno.
As retomadas nesse modo, apesar disso, são boas por causa da entrada sempre bem-vinda do forte motor elétrico, que funciona em todas as condições de uso do veículo, mesmo no modo Eco. Para fazer valer a economia, é necessário aprender a usar o acelerador com moderação. Frenagens e desacelerações são recomendadas, ainda mais quando se observa o nível de carga subindo no display central ou no cluster.
O Lexus CT 200h aproveita qualquer situação para recuperar energia, mesmo no modo Sport. Estranhamente é nele que se consegue recarregar mais rápido a bateria. Também é com esta opção que o hatch mostra maior agilidade e disposição no dia a dia. O econômetro dá lugar ao conta-giros no painel, a luz ambiente vai do azul para vermelha e a brincadeira fica mais divertida.
As saídas são muito agradáveis no modo Sport e dá para deixar alguns carros com motorização bem mais potente para trás. Forte nas arrancadas, o Lexus CT200h acelera com disposição, mas infelizmente por um tempo muito curto.
Em velocidade, o condutor sente a falta de potência (são 136 cv de forma combinada) e as retomadas passam a ser apenas medianas para quem busca um desempenho esportivo. O CT 200h vai de 0 a 100 km/h em 10,3 segundos e tem máxima de 180 km/h.
Ou seja, é equivalente a um compacto com motor 1.6. Rodando a 110 km/h, o giro do motor fica em 1.700 rpm, garantindo conforto ao dirigir e economia.
No dia a dia, o hatch de luxo agrada pela boa dirigibilidade. A direção elétrica é leve e apresenta boas respostas, enquanto os freios são mais do que suficientes para o modelo. A posição de dirigir é correta e, apesar de ser baixo, não incomoda motoristas altos.
A suspensão tem ajuste para o conforto, mas curso pequeno. Assim, os buracos passam a ser inimigos mais temíveis do que em outros carros.
Mas o pior, tratando-se da nossa realidade, é a baixa altura livre do solo.
O Lexus CT200h não tolera lombadas muito altas e nem valetas ou canaletas para escoamento de água. Ele é tão baixo que requer atenção até para estacionar, já que as portas dianteiras raspam facilmente sobre o piso da calçada.
Em vias de asfalto muito ondulado, a frente ou mesmo os defletores de ar para os pneus raspam sem cerimônia no piso. Realmente é triste ver um carro feito para ruas e estradas boas, apanhando tanto aqui no Brasil.
Então, se você desejar ter um Lexus CT 200h na garagem, é bom preocupar-se com os caminhos que faz no dia a dia.
Por você…
Como comentamos no início desta matéria, o Lexus CT 200h não tem um preço competitivo, mas ao contrário de seu “primo” Prius, ele apresenta acabamento e qualidade superiores. O conforto geral é maior e a quantidade de equipamentos é mais generosa.
No entanto, em comparação com outros hatches de luxo, o Lexus CT 200h fica devendo mais em performance do que realmente em preço.
O que compensa em parte o valor desse híbrido é justamente o fato dele ser um carro de luxo, apesar de ter desempenho comportado, embora isso não seja um demérito, pois temos exemplos parecidos nas rivais alemãs, por exemplo.
Ar condicionado dual zone, acabamento completo em couro, multimídia com navegador, retrovisores com basculamento elétrico e aquecimento, bancos elétricos com aquecimento e memória, teto solar elétrico, controle de cruzeiro, câmera de ré, sistema de som com 12 alto-falantes, oito airbags (joelhos de motorista e passageiro), TCS, ESP, entre outros, fazem parte do pacote.
Com poucos nas ruas, o CT 200h até poderia vender mais, mas o que não ajuda em nada é a Lexus ter somente duas lojas em São Paulo, embora com 15 pontos de serviço em outras regiões.
Interessados de fora da capital paulista podem ficar desestimulados em procurar um carro da marca, mas a empresa pretende usar novamente concessionárias Toyota para ampliar seus horizontes no Brasil, além de ter pontos de venda avançados em algumas localidades.
Vale a pena? Considerando o valor, não. Afinal, temos equivalentes das rivais com melhor performance e alguma eficiência energética, especialmente na estrada, igualando as coisas.
No entanto, se o desejo for ter um carro com nível tecnológico mais avançado (no caso da propulsão) e poder comentar com os amigos que gasta muito menos com combustível, então o Lexus CT 200h torna-se uma opção aceitável.
Medidas e números…
Ficha Técnica do Lexus CT200h
Motor/Transmissão/Elétrico
Número de cilindros – 4 em linha Atkinson
Cilindrada – 1798 cm³
Potência – 99 cv a 5.200 rpm (gasolina)
Torque – 14,5 kgfm a 4.000 rpm
Transmissão – Automática CVT
Elétrico potência – 82 cv a 0 rpm
Elétrico torque – 21 kgfm a 0 rpm
Motor + Elétrico – 136 cv
Desempenho
Aceleração de 0 a 100 km/h – 10,3 segundos
Velocidade máxima – 180 km/h
Rotação a 110 km/h – 1.700 rpm (Modo Sport)
Consumo urbano – 18,5 km/litro
Consumo rodoviário – 17,5 km/litro
Suspensão/Direção
Dianteira – Independente McPherson/Traseira – Multilink
Elétrica
Freios
Discos nas quatro rodas com ABS e EDB
Rodas/Pneus
Liga leve aro 16 com pneus 205/55 R16
Dimensões/Pesos/Capacidades
Comprimento – 4.320 mm
Largura – 1.765 mm
Altura – 1.440 mm
Entre-eixos – 2.600 mm
Peso em ordem de marcha – 1.465 kg
Tanque – 45 litros
Porta-malas – 375 litros
Preço: R$ 127.000
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