Remap, Piggyback, Stage: o que são, qual é melhor pra seu carro?

laptop remap

Remap, Stage 1, Stage 2, chip… Certamente você já ouviu alguém falar sobre eles e suas vantagens, mas afinal o que realmente são? Valem a pena? Vou elencar algumas características, vantagens e desvantagens pra te ajudar a decidir qual escolher.

Não é de hoje que nós entusiastas queremos melhorar o desempenho dos nossos automóveis. Pode perguntar para o seu avô, pai ou tio como eles “apimentavam” o motor dos carros antigamente e, provavelmente, vai ouvir alguma resposta como “eu abri o giclê do meu Corcel” ou “coloquei outro carburador no Opala”.

Fato é que receitas para performance não faltam e agora nós estamos na moda dos “stages” e “chips”, os quais vou te explicar o que são.

O que é Stage?

Stage nada mais é do que um termo que se popularizou e que descreve alterações mecânicas e na programação da ECU (módulo responsável pelo controle eletrônico do motor) dos carros para ganho de potência, alterando, basicamente, quantidade de combustível injetado, pressão de turbina (em carros turbo, é claro) e ponto de ignição (momento que a vela joga a centelha na câmara de combustão).

Os detalhes variam, mas o princípio é basicamente o mesmo:

  • Stage 1 – Reprogramação da ECU sem alterações mecânicas;
  • Stage 2 – Reprogramação da ECU + Instalação de filtro de ar esportivo (menos restritivo) + remoção do catalizador (downpipe ou catdelete) e outras pequenas alterações mecânicas;
  • Stage 3 – Reprogramação da ECU + Instalação de filtro de ar esportivo + remoção do catalizador + troca da turbina (normalmente por uma maior) e alterações mecânicas maiores.

ECU aberta

A grande verdade é que muitos preparadores ou oficinas “especializadas” em reprogramação não fazem realmente a configuração da ECU do carro.

Eles pagam para um “master” – termo que descreve um profissional que edita o mapa remotamente, possivelmente, de algum país no leste europeu – e recebem um arquivo pronto que eles carregam na central do seu carro através de um aparelho chamado “slave”.

Isso não é um problema por si só, é somente um fato que muitos omitem dos clientes.

O que é Remap?

Esse processo de reprogramação que descrevi acima é o que se popularizou como Remap.

O Remap, aliado às modificações mecânicas, pode trazer um ganho expressivo de potência – em carros turbo podemos ter uma base de 10% no Stage 1, 10-20% no Stage 2 e mais de 30% no Stage 3, porém nem tudo são flores!

A programação da ECU original passa por inúmeros testes e validações dentro da montadora por grupos multifuncionais de engenheiros, técnicos e especialistas antes de sair para o consumidor final, além de ter que aliar economia de combustível, desempenho e confiabilidade.

É um pouco difícil de acreditar que alguém com um computador do outro lado do mundo vai fazer melhor que profissionais especializados e com todos os recursos de uma montadora disponíveis, não é mesmo?

O que realmente acontece é que as montadoras trabalham com grandes margens de segurança nos seus projetos, para garantir a durabilidade de seus produtos.

É aí que os reprogramadores trabalham, alterando os parâmetros da ECU, mas com menos margem de segurança. E o que isso acarreta? Você pode estar se perguntando.

A verdade é que, até o Stage 2, quando bem feito, nada irá mudar no curto ou médio prazo. Provavelmente a sua turbina, embreagem, velas e bicos injetores irão ter sua vida útil reduzida e é prudente reduzir o intervalo da manutenção preventiva do seu carro, diminuindo um pouco o intervalo da troca de óleo e de alguns componentes do motor e transmissão.

Já para o Stage 3 o buraco é mais embaixo. A potência adicional extraída do seu motor pode fraturar bielas, danificar a transmissão e reduzir, infinitamente, a vida útil do seu motor, por isso recomendo cautela, visto que muitas vezes, para ter confiabilidade mecânica, vai ser necessário trocar estes componentes originais por outros de performance (bielas e pistões forjados, embreagem cerâmica, entre outros). Caros? Sim, mas não devem ser negligenciados.

Note que no parágrafo acima eu disse que “quando bem feito” o procedimento não implica em muitos riscos. Pois é… Num breve passeio por fóruns e por grupos de entusiastas nas redes sociais, você vai se deparar com relatos de carros que, logo quando saíram dessas oficinas “especializadas”, a turbina explodiu na esquina seguinte.

Detalhe: quase todas as oficinas, antes de realizar o serviço, pedem para você assinar um termo que a isenta de qualquer dano causado ao seu automóvel, provavelmente vão alegar que seu carro já estava com algum componente no fim da vida e que isso causou o dano (o que pode ou não ser verdade).

Dependendo do preparador e da característica do mapa utilizado, algumas proteções da ECU original são removidas, a fim de aumentar a performance, e evitar de ficar aparecendo aquela luz chata da injeção no painel, porém algumas dessas proteções existem com a função de evitar a quebra do motor em situações extremas.

Portanto, escolha bem seu preparador caso opte por fazer o serviço e não se deixe enganar pelo tamanho, afinal, algumas redes grandes e com diversas unidades pelo Brasil prestam um péssimo serviço.

O que é Chip ou Piggyback?

Unichip Q

Falei muito sobre Remap e Stage.. Mas, e o chip? Ou piggyback? Este é um produto (composto por cabos, conectores e um controlador) que faz, basicamente, o mesmo que a reprogramação da ECU, porém de uma forma diferente.

Enquanto a reprogramação altera os parâmetros da injeção, o piggyback mantém os parâmetros originais, mas ele engana a central do seu carro.

Trocando por míudos, ele altera o sinal, por exemplo, do sensor de pressão do turbo que está marcando 1 bar e informa à ECU que a pressão é de 0,7 bar, fazendo com que ela envie um sinal para a turbina aumentar a pressão, que vai para 1,3 bar.

Esse é um procedimento simples e menos arriscado, na minha opinião, além de mais facilmente reversível (é só tirar ele do carro) pois mantém boa parte da ECU intacta.

Porém, não é isento de riscos, que são basicamente os mesmos da reprogramação. Da mesma forma que os riscos são menores, os resultados também costumam ser, ou seja, não espere que seu carro mude da água pro vinho com um chip de potência.

E, antes que eu me esqueça, quando falo de chip de potência, me refiro àqueles componentes que vão ligados diretamente na ECU do seu carro e que costumam custar mais de R$ 1.000,00, e não àquelas aberrações que se dizem chips e são ligadas na porta OBD do carro, que custam R$90,00 e prometem aumentar 20% da potência e reduzir 15% do consumo – essas não funcionam, não desperdice seu dinheiro.

Não sou contrário ao remapeamento ou ao chip, inclusive sou um adepto.

O intuito desse texto é mostrar os riscos e as características desses processos para te ajudar a fazer uma escolha firme e segura sobre o que fazer para não se arrepender.

Um ganho de 10 a 15 cv no carro, muitas vezes, é imperceptível e não vale o risco. Nesses casos, talvez valha a compra de um “gas pedal”: um componente que não traz ganho algum de potência, porém altera, totalmente, o comportamento do carro, deixando o pedal do acelerador mais sensível e o veículo arisco.

Espero que tenha gostado do conteúdo e nos próximos texto falarei mais a fundo sobre alguns termos como ponto de ignição, tempo de injeção e pressão de turbo!

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Autor: Luca Magnani

Engenheiro mecânico na indústria automotiva, pós graduado pela Universidade da Indústria do Paraná em Engenharia de veículos elétricos e híbridos.