Até pouco tempo atrás, os motores a diesel eram uma realidade somente entre as picapes e os SUVs maiores no mercado brasileiro. No entanto, hoje em dia é possível adquirir automóveis mais em conta equipados com motorização a diesel.
Para se ter uma noção, o carro a diesel mais em conta oferecido em nosso mercado é a Fiat Toro Freedom, com motor 2.0 turbodiesel, transmissão automática de nove velocidades e tração nas quatro rodas, que é ofertada por R$ 193.900.
Entre a versão mais barata Flex da Toro, e sua versão mais barata movida a diesel, há uma diferença de R$ 50.000, valor suficiente para encostar na garagem um carro compacto seminovo bem equipado.
Essa mesma situação acontece com uma série de outros SUVs e picapes em versões flex/gasolina e diesel no mercado brasileiro.
Porém, será que vale a pena desembolsar uma boa grana a mais para levar a versão diesel ou abrir mão de um modelo flex mais equipado?
Comprar um carro a diesel é vantajoso?
Há uma série de vantagens ao comprar um carro diesel ao invés de um modelo flex equivalente.
Grande parte desses propulsores são mais modernos, dotados de turbocompressor, sistema de injeção direta de combustível e taxa de compressão mais elevada. Fora isso, eles têm uma durabilidade maior, por conta da concepção mais robusta, influenciando diretamente na confiabilidade do conjunto.
O principal benefício, porém, fica por conta da eficiência. De acordo com dados, um carro a diesel consegue entregar um consumo de combustível de 15 a 20% menor que um modelo movido somente a gasolina.
No entanto, isso pode não ser uma vantagem tão boa para aqueles que utilizem pouco o carro no dia a dia e também para aqueles que trocam de veículo num curto intervalo de tempo.
No mercado, os carros a diesel costumam ter uma desvalorização menor que um modelo flex ou a gasolina, ainda mais se tratando de SUVs maiores e de picapes.
É possível recuperar o “investimento” feito num modelo a diesel?
Sim, é possível – embora neste caso não seja investimento, pois um automóvel é um bem que apresenta depreciação com o passar do tempo e, consequentemente, gera perda de dinheiro ao bolso do proprietário.
Como citamos no tópico anterior, um automóvel a diesel tem menor consumo de combustível que um modelo flex ou a gasolina. No entanto, o preço destes modelos costuma ser de 20 a 30 por cento maior.
Vamos às contas. Neste caso, iremos considerar a Toyota Hilux, que hoje é vendida apenas com motor diesel.
Mas, até pouco tempo atrás, em 2021, ela tinha modelos Flex e diesel.
Quando as duas eram zero km, existia uma diferença de preço entre elas de R$ 53,1 mil. Desconsideramos gastos com manutenção, depreciação, IPVA e seguro, levando em conta somente o consumo de combustível.
Segundo dados do Inmetro, uma Toyota Hilux SRV 2.7 Flex AT 4×4 apresenta consumo de 6,9 km/l na cidade e 8,1 km/l na estrada com gasolina, enquanto uma Toyota Hilux SRV 2.8 Diesel AT 4×4 faz 9 km/l e 10,5 km/l, respectivamente, com diesel.
Considerando um motorista que rode 15 mil km por ano, sendo 70% do tempo na cidade e 30% na estrada, confira os números:
Este motorista iria gastar R$ 9.726,63 de combustível com a Hilux Flex e R$ 5.798,69 com a Hilux Diesel.
Ou seja, uma diferença de R$ 3.927,94 por ano. Sendo assim, tal proprietário precisaria ficar 13,5 anos com a Toyota Hilux Diesel na garagem para compensar a diferença de preço para a Toyota Hilux Flex.
No entanto, para um condutor que percorre 30 mil km por ano, também 70% na cidade e 30% na estrada, o desembolso seria de R$ 19.453,26 com combustível na Hilux Flex e R$ 11.597,38 na Hilux Diesel.
Esses valores têm uma diferença de R$ 7.855,88, fazendo com que sejam necessários 6,7 anos de uso para compensar o gasto extra na aquisição do veículo.
Quais as diferenças entre um motor a gasolina e um turbodiesel?
Há boas diferenças entre um motor flex ou a gasolina e um propulsor turbodiesel. O motor a gasolina opera sob o sistema Otto, em quatro tempos. Nele, a válvula de admissão recebe a mistura ar-combustível, que é comprimida pelo pistão, chega a 450 ºC e recebe a agulha da vela para a queima.
Com a explosão, o pistão é empurrado novamente para baixo e, ao voltar para cima, elimina os resíduos através da válvula de escape, fechando o ciclo.
No caso de um motor a diesel, a admissão contém apenas ar, que é comprimido para atingir uma temperatura de cerca de 800 ºC. Então, o diesel é injetado a cerca de 200 bar de pressão. Como resultado, há a queima do combustível e, assim, a combustão, empurrando o pistão para baixo. Ao voltar para cima, o pistão elimina os resíduos por meio da válvula de escape.
Além disso, a taxa de compressão de um motor a diesel é maior (normalmente de 16:1 a 24:1, contra 8:1 a 11:1 num a gasolina), resultando numa queima de combustível mais rápida e, consequentemente, maior aproveitamento de tempo trabalho em cada curso e maior eficiência energética.
Há ainda diferenças no tempo de expansão (mais lenta no motor a diesel, de acordo com o tempo que o combustível leva para entrar em contato com o ar) e também na força de explosão (maior no propulsor flex, devido aos pistões de curso menor).
Carro de passeio a diesel não é proibido no Brasil?
Realmente, o governo brasileiro não permite a comercialização de carros de passeio a diesel no País.
Aliás, somos o único país do mundo que proíbe os carros a diesel nas concessionárias de 0 km. Somente caminhões, ônibus, picapes com capacidade de carga superior a 1.000 kg e utilitários com sistema de tração 4×4 e reduzida podem ser equipados com motores diesel por aqui.
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