A Brancilene Araújo, cujo perfil no Intense Debate é Cil, comprou recentemente um Kia Picanto.
Ela relata nessa entrevista os principais pontos de seu novo veículo. Acompanhe:
(entrevista feita em março de 2011)
NA: A quanto tempo você possui esse veículo?
B.A: Sou dona de um Kia Picanto 2010/2011 automático a 3 meses (leia também sobre o Picanto 2012).
NA: O que o motivou a aquisição?
B.A: Queria ter o conforto de um carro com câmbio automático (CAT). Analisei os candidatos abaixo dos 50 mil e, levando em consideração a manutenção, seguro e a segurança oferecida, principalmente com relação aos resultados de crash-test acabei optando pelo Picanto.
NA: Qual o foi fator predominante para a compra desse carro?
B.A: Os resultados do carro em crash-test, que dentre os modelos analisados foi o melhor.
NA: Quais outros veículos que você já teve?
B.A: Um Ford KA G2 por um ano em meio.
NA: Como você enfrentou o preconceito de adquirir um veículo coreano?
B.A: O preconceito inicial foi meu mesmo. Dois anos atrás quando comprei meu primeiro carro (Ford KA), considerei o Picanto, pois gosto de carros pequenos e fáceis de estacionar. Como todo mundo, preferi comprar um carro nacional por ser mais fácil a manutenção, seguro mais barato e, principalmente, a disponibilidade de peças.
À medida que fui me atualizando sobre a indústria automotiva e fui vendo que ela não é tudo aquilo, juntamente com a vontade ter um carro mais confortável, isto é, sem embreagem, além de seguro, comecei a reconsiderar o Picanto.
Ainda sim, havia me decidido por outro modelo, mas como o resultado do Latin NCAP do mesmo foi muito ruim, ou pelo menos, bem pior do que o do Picanto, por isso acabei reconsiderando de novo. Um teste drive acabou me convencendo a comprar o carro.
NA: Qual foi a reação das pessoas ao verem seu veículo (familiares, amigos e as pessoas no trânsito)?
B.A: No trânsito vi muita gente virar a cabeça para dar uma olhadinha. Motoristas que vinham no sentindo contrário sempre davam uma olhadinha. E até mesmo, nós, usuários de Picanto, ao nos encontrarmos olhamos.
Uma coisa curiosa é a exclusividade. Outro dia, estava parada em um semáforo e um motorista ao lado fez sinal para que eu baixasse o vidro. Quando o fiz, ele se desculpou porque achou que era uma amiga dele que também tinha um Picanto vermelho modelo atual.
Os amigos ficaram encantados com o carrinho e alguns até cogitaram a compra de um. Uma amiga, que comprou meu antigo KA, também já disse que no dia que eu quiser vender o Picanto, ela compra. Frentistas dos postos onde já fui sempre perguntam alguma coisa sobre o carrinho. Claro que a gente enfrenta as boas e velhas piadinhas por causa do nome do carro, mas invariavelmente me divirto com elas.
NA: Qual a imagem que seu carro passa nas ruas?
B.A: Hoje, sinceramente já nem olho muito para ver a reação das pessoas.
NA: Qual o principal tipo de uso do seu veículo?
B.A: Transporte pessoal na cidade (trabalho, academia, supermercado, etc.).
NA: O que você achou do espaço interno? O porta-malas é suficiente?
B.A: Como na maior parte do tempo dirijo sozinha, não tenho do que reclamar. Entretanto, já levei cinco passageiros no carrinho e cheguei à conclusão que quem tem mais de 1,7 m não deve ir muito confortável na traseira. Da mesma forma, três pessoas no banco traseiro, só se forem magras e de ombros estreitos, se não complica.
O porta-malas, que chamo de porta-mochila, é mais do que suficiente para o meu uso diário, e até já virou guarda-ração e guarda-areia higiênica. Certamente, para uma família talvez não seja o ideal. Uma coisa chata do modelo é que os para-sóis são péssimos, o do motorista quando baixado retira boa parte da visão pelo retrovisor interno do motorista.
Considero que a KIA poderia ter feito para sóis com comprimento menor. Os bancos são feitos de uma espuma dura, mas gosto muito justamente pela sensação de conforto e de suporte ao meu peso.
NA: O ar-condicionado gela bem o interior da cabine?
B.A: Muito bem. Este é um quesito que não tenho do reclamar nem do meu carro atual e nem do antigo. E morando no Nordeste, isto quer dizer muito. Basta seguir as instruções do fabricante para deixar as janelas abertas nos primeiros metros de movimentação com o carro, que ao fechá-las o carro refrigera rapidinho.
Todo mundo gosta de couro, mas volante de couro no calor do nordeste é quase um castigo… Esquenta demais. Aliás, considero que a cabine do Picanto esquenta mais que do meu antigo carro.
NA: O que você achou da ergonomia?
B.A: O Picanto só tem ajuste de altura do volante e os bancos são mais altos que o KA, que como todo mundo diz lembra um kart.
Como tenho 1,66 m não tive problemas com relação a ergonomia. O volante tem ótima empunhadura para mim e as alavancas de comandos de limpadores e faróis estão na posição padrão. Uma das coisas que não gostei é o lavador do vidro traseiro, onde o acionamento depende de você ficar segurando a alavanca (não precisa ficar segurando caso vá usar a função limpador em dia de chuva, pois há uma posição para a mesma). Além disso, as palhetas são acionadas antes que a água escorra pelo vidro, o que pode danificá-lo.
É muito mais uma questão de se acostumar, mas o acionamento dos limpadores dianteiros é feito no sentido contrário ao do KA, isto é, puxando a alavanca para baixo. Falando das palhetas, outro dia estive observando o tamanho das mesmas. Até nisso, nossos fabricantes economizam.
Se encontrarem um Picanto na rua, comparem. Elas são mais parrudas que aquelas presentes nos carros nacionais. Os limpadores do vidro dianteiro tem controle de velocidade melhor que o do KA (muito lento, lento e rápido), o que é muito bom, pois dá pra definir a velocidade de acordo com a quantidade de chuva caindo.
NA: Qual sua opinião em relação ao desempenho do motor?
B.A: O motor é muito silencioso. Nos primeiros dias, por várias vezes desliguei e liguei o mesmo achando que não tinha ligado.
Considerando que minha experiência se resume a carros 1.0, o motor do Picanto é tão bom quanto o do KA para direção na cidade, com o adicional de que em combinação com o câmbio AT ele arranca bem melhor. Nos primeiros dias tive que dosar o pé até pegar o jeito. Recentemente, coloquei o carro na estrada.
Foram 300 km totais a 2000-3000 rpm e velocidades variando de 60 a 120 km/h na BR235, que liga Aracaju a Itabaiana, e é muito movimentada, principalmente com caminhões. Para comparar, o Picanto a 3000 rpm, 110 km/h em 4ª marcha é mais silencioso que o KA a 60 km/h e 3º marcha.
Claro que aí devemos considerar o isolamento acústico dos dois carros.
NA: A mudança de marchas do câmbio são macios? Podemos comparar com algum outro veículo?
B.A: Não se sente a troca de marchas, não tem engasgos e não treme a baixas velocidades.
Mas sim, ele sofre um pouco em retomadas. Meu antigo KA também sofria não sei se pelo meu modo de dirigir, então nem perdi nem ganhei nesse quesito. Eu o joguei numa ladeira aqui em Aracaju que é o terror dos alunos de autoescola por ser muito íngreme e ele se comportou razoavelmente, um pouco pior que o KA, mas considerando que eu subi a ladeira com o ar condicionado ligado (ando 100% com AC ligado) e que o câmbio é automático, nada de tão ruim.
O câmbio automático do Picanto é comparável com o do Toyota Corolla que um amigo tem. Na estrada, dá pra fazer ultrapassagens desde que haja uma boa margem de segurança. O Kick-down é imediato no carrinho, mas o motor demora a encher.
Meu conselho: só faça se tiver um bom espaço à frente. Claro que este conselho se aplica ao modelo com câmbio automático; o modelo manual deve ter uma dinâmica diferente. O carrinho não balançou com ventos laterais nessa viagem que fiz, mesmo na velocidade mais alta que consegui atingir a 120 km/h.
NA: Qual a autonomia cidade/estrada?
B.A: Consumo entre 11,5 e 10 km/L (gasolina Podium) com 40% do tempo em estrada e ar 100% do tempo ligado. Na cidade está girando em torno de 9-10 km/L.
O carro ainda está amaciando (apenas 1700 km rodados), então acho que as médias foram bem razoáveis. Na cidade, considerando o tanque atual com gasolina comum, o carrinho deve bater próximo dos 12 km/L, o que é bem próximo do que tá lá na tabela do INMETRO.
O vendedor falou em 14 km/L, eu não acreditei, achei que era conversa de vendedor, mas agora considero que o carrinho pode mesmo chegar nesse valor, principalmente porque Aracaju ainda não tem um trânsito tão pesado, com exceção dos horários de pico.
NA: Destaque os principais pontos positivos.
B.A: Airbags (pena não ter o ABS), freios, câmbio automático, rádio iPod/mp3, bancos confortáveis, tamanho compacto, manual muito explicativo e bem ilustrado, duas chaves canivete e ambas com controle remoto, iluminação laranja interna, direção elétrica levíssima e progressiva.
NA: O que poderia melhorar no seu veículo?
B.A: O modelo precisaria melhorar, e espero que isso seja resolvido na nova versão, os para-sóis, a falta do ABS, os pneus, que não são adequados a nosso solo lunar e são de uma medida pouco comum (que tal vender aqui com 175/65?).
A questão da bateria que não é encontrada facilmente (pode-se adaptar a do Fit). Tabelar preços de revisão nos moldes da Hyundai, com pelo menos a mão de obra grátis nas duas primeiras, e também tabelar o frete, como fazem a maior parte das montadoras nacionais e como recentemente passou a fazer a Chery.
Não faço questão de levantamento de vidros no controle do alarme (o Picanto não tem) e o one touch só é down e para o motorista. Acho que pelo menos para o motorista, o one touch deveria ser para subir os vidros também. Além disso, deveria ter trava por velocidade ao invés de ser manual.
Os retrovisores externos poderiam ter um campo de visão melhor, pois é muito chato ter que ficar mudando-os de lugar (quando dá) na hora de estacionar (visibilidade de meio-fio prejudicada).
NA: Seu veículo já apresentou algum defeito? Destaque.
B.A: Pois bem, meu Picanto apresentou um problema muito estranho. Basicamente, a dianteira esquerda arriou do nada (deve estar de 2-3 cm mais baixa que o lado do passageiro). O curioso é que é só enquanto dirijo que o desnível aparece.
Parado, o carro fica nivelado, em movimento os freios funcionam perfeitamente e não há barulhos, nada de tremedeira na caixa/volante. Não é impressão, porque como sou baixinha, sentada na posição que eu dirijo não da pra ver o capô do carro e desde que esse problema apareceu, o lado do motorista do capô fica bem visível.
O carro ficou parado na garagem desde a última sexta e ontem ao sair notei o desnível. Na próxima quarta levarei o carro lá na concessionária para eles olharem. Então vou ter um parecer geral sobre o atendimento e resolução do problema.
NA: O que você achou do valor das revisões?
B.A: Liguei na concessionária aqui e disseram que eram R$ 320. Como esse valor será para a revisão anual praticamente, já que os 10 mil km necessários para a mesma deverão ser atingidos próximo disso, acho que o valor é irrelevante, uma vez que gastei 296 reais nas duas revisões do KA durante o primeiro ano, e passando longe dos 20 mil km para a segunda delas.
De todo jeito, já passou da hora da KIA tabelar seus preços.
NA: Como você avalia a pós-venda da concessionária?
B.A: Como não usei, ainda não posso afirmar. Mas espero ser bem atendida quando precisar, senão Procon e Justiça neles. Posso dizer que quando comprei o carro, já fui até a concessionária sabendo dos prós e contras do mesmo.
Deixei o vendedor falar por uma questão de educação, mas também fiz perguntas de coisas que eu sabia para ver qual a resposta que ele daria. Em momento nenhum, me foi passada qualquer informação errada sobre o carro. Ponto para o vendedor.
NA: Você recomendaria esse veículo?
B.A: Sim, com todo certeza, desde que a pessoa tenha consciência do que ela está procurando. Se porta-malas é importante, o Picanto não é ideal. Com conforto, só recomendo transportar no máximo duas pessoas no banco traseiro.
NA: Qual é o valor do seguro no seu perfil?
B.A: Meu seguro foi transferido do KA, que no primeiro ano custou 1150 reais e foi renovado por 950 reais. Paguei a mais desses 950 reais apenas 175 reais, então o custo total do seguro foi de 1125 reais. A franquia subiu de 920 para 1020 reais.
Sem cobertura dos famosos retrovisores importados e com setas, mas cobertura total para vidros. Meu perfil não é fácil (36 anos, menos de um ano de CNH, ou seja, ainda na PPD, mas com garagem em casa e no trabalho).
A cidade ajuda afinal quem vai deixar de roubar um Uno ou Gol para levar um Picanto em Aracaju, onde são vendidas entre 5-8 unidades/mês? Ladrão pode ser tudo, menos burro.
NA: Qual é o valor do seu carro no mercado?
B.A: Segundo a Fipe ele está valendo R$ 36.054.
NA: Você compraria outro carro coreano, mesmo que de outra marca?
B.A: Sim. Acredito que os coreanos aliam, de forma geral, segurança, design e mecânica a um preço que qualquer mortal pode pagar desde que, é claro, o representante nacional não decida explorar (mais ainda) o brasileiro.
NA: Esse modelo enfrenta bem nossas ruas?
B.A: Em asfalto decente, o carro é silêncio total, seja com as rodas originais, seja com novas (no meu caso 175/65). Entretanto, em piso irregular bate um bocado, e quanto mais irregular o piso pior, mas claro que depende da velocidade que se anda (20 km/h são recomendáveis).
Os barulhos foram reduzidos pela troca dos pneus originais por medidas 175/65 R14, sendo que os mesmos adicionaram 3 cm a mais na altura do carrinho, uma benção para quem dirige em uma cidade cheia de lombadas que mais parecem viadutos como Aracaju.
NA: O Notícias Automotivas agradece a sua participação. Há algo a mais que você queira relatar sobre o veículo?
B.A: Confesso que estou apaixonada pelo carrinho e aqui são apenas as minhas primeiras impressões do carro já que ele está ainda no período de amaciamento e não tem 2 mil km rodados.
Eu tenho um diário de bordo do carrinho que sempre vou atualizando no endereço , caso alguém tenha interesse em saber mais sobre o mesmo.
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