Há sempre uma pergunta que fazemos em relação a GM no Brasil, no que tange os carros elétricos, visto que a proposta global da montadora é ser 100% elétrica até 2035.
Fora do foco, as operações do Brasil ficam à margem das decisões da empresa para EUA e China, com o primeiro gerando bilhões de dólares em prejuízos com a greve da UAW e o segundo com queda de 25% nas vendas.
Nesse ambiente, a GM demitiu empregados alegando queda nas vendas e nas exportações, porém, mesmo com a reversão da decisão pelo TST, as nuvens negras continuam sobre as plantas da empresa e especialistas do setor estão preocupados.
O medo vem de outra americana, a Ford, que fechou suas operações no país para socorrer a crise que estava passando na China. Aliás, ela saiu da Índia, Sudeste Asiático e Rússia para centrar-se onde a grana está, ou seja, nos dois países citados.
A GM também fez o mesmo e, para não ficar igual a Ford, “trocou” o Brasil pela Europa inteira, incluindo Opel e Vauxhall, não apenas a Chevrolet.
Agora, a China preocupa a GM, que já está em alerta em sua própria terra, onde cedeu na disputa com o UAW, o que, na visão de alguns, pode complicar seu plano de eletrificação no país, devido aos custos, maiores a partir daqui.
Por aqui, a GM está com “a corda está extremamente esticada”, na visão de Ricardo Barcellar, da consultoria Bacellar Advisory Boards. Ele comenta que os custos para a empresa aqui, ficaram bem mais altos que em 2021, quando a Ford saiu e que o “viés político” do atual governo em relação aos sindicatos, reforça o sinal de alerta.
Isso sem contar a prorrogação até 2032 do Regime Automotivo do Nordeste e a volta do imposto de importação para carros elétricos, assuntos que a GM é abertamente contra.
Não gerar novas gerações de Spin e S10, renovando somente o portfólio atual, reforça a ideia de demissões na visão de Cássio Pagliarini, sócio da consultora Bright Consulting.
Pagliarini, ex-Ford, Renault e Hyundai, comenta: “É difícil dizer que há um risco [de encerramento da produção local], mas dá para desconfiar”.
Lembra de nossa questão de sempre? Pois bem, Pagliarini assinala que os planos globais da GM são de carros elétricos e o Brasil orienta-se nos híbridos, veículos que a empresa não irá produzir aqui.
Então, como a GM irá eletrificar seu portfólio no Brasil? Essa questão permanece sem resposta, quando se observa o tamanho, a complexidade e os tais custos envolvidos na operação brasileira.
Na China, o foco continua como aqui, nos carros a combustão sob a Chevrolet, com Baojun e Wuling assumindo praticamente as mudanças elétricas e a devida atenção da empresa na Buick.
Milad Kalume, diretor da consultoria Jato do Brasil, por outro lado, não acredita que a GM deixe de produzir aqui, sendo que a situação atual vem dos últimos anos da empresa por aqui.
Deve-se lembrar que, na gestão de Carlos Zarlenga, o CEO chegou a declarar, em 2019, que a GM poderia sair do Brasil se continuasse a dar prejuízo.
Parece que a Ford tomou a lição para si e a executou com maestria em 11 de janeiro de 2021. Então, teremos outro “11 de janeiro”?
[Fonte: UOL]
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