Jeep Willys: a história do valente ex-combatente de guerra

Willys M38A1 Jeep 1952–57

Um dos modelos mais icônicos da Jeep, o Jeep Willys MB, ou simplesmente Jeep, começou sua carreira ajudando o exército norte-americano e depois ganhou as ruas mundo afora como o Jeep Wrangler.

Confira tudo sobre ele:

Jeep Willys na Primeira Guerra Mundial

Tudo começou quando o exército norte americano precisou trocar seus sidecars – carrinhos fixados nas laterais de motocicletas – por outro tipo de veículo mais potente, leve e que desse conta do recado.

Mesmo já tendo um grande portfolio disponível eles ainda queriam algo mais prático e que fosse legitimamente americano, o que viria a ser o Jeep Willys.

Foi assim que eles tiveram a ideia de pedir a inúmeras fabricantes automotivas que fabricassem um modelo robusto e potente que fosse de fácil fabricação e de fácil manutenção quando estivessem em campo ou em terras estrangeiras.

As exigências do governo americano

Antes de decidir pelo Jeep Willys, o exército norte americano apresentou várias exigências.

Dentre elas, o veículo teria que ter tração nas quatro rodas, levar uma tripulação de três soldados, uma distância entre eixos de não mais que 191 cm (que depois seria aumentado para 203 cm), ter um para-brisa rebatível, levar uma carga útil de 300 kg e ser movido por um motor com 11,7 kgfm de torque.

Fora que o veículo vazio não poderia pesar mais que 590 kg.

Willys Jeep 1943

O prazo destinado para apresentar o tal modelo era também bem apertado.

O exército americano mostrou as exigências em julho de 1940 e estabeleceu um prazo de 49 dias para que as fabricantes apresentassem seus protótipos e apenas 75 dias para a fabricação de 70 veículos funcionais para testes.

Com esses dados, cerca de 135 marcas foram consultadas, mas apenas três deram um retorno para o órgão americano, a American Bantam, a Willys-Overland e a Ford.

Interior Willys M38 Jeep MC 1950–52

A primeira a entregar um protótipo dentro do prazo estipulado foi a American Bantam, com o Bantam N°1 Blitz Buggy, no entanto depois de alguns testes feitos pelo exército americano ficou claro que o modelo não tinha todos os atributos necessários para ser o carro oficial do exército.

Isso segundo alguns relatos, já que outros dizem que a empresa foi deixada de lado por motivos suspeitos.

Com a Bantam fora do jogo a Willys-Overland e a Ford tiveram um pouco mais de tempo para entregar seus protótipos e acertar quaisquer tipos de inconvenientes possíveis.

Willys M38 Jeep MC 1950–52

As duas empresas restantes correram com o tempo que lhes fora dado e apresentaram seus projetos ao exército.

Segundo alguns dados a Willys-Overland, apresentando o Jeep Willys, foi a que teve o melhor resultado na entrega e na fabricação dos modelos exigidos.

Então foi assim que depois de algumas unidades enviadas para o Governo norte americano que a Willys-Overland assinou o contrato em 15 de julho de 1941 e passou a fabricar o Jeep Willys MB.

Ele vinha com motor 2.2 litros de quatro cilindros e 60 cavalos e torque de 14,5 kgfm. Fora que o modelo era bem mais barato e fácil de fabricar e consertar mesmo em locais mais longínquos.

Willys M38 Jeep MC 1950–52 2

Apesar da vitória do modelo feito pela Willys-Overland ela não estava dando conta da alta demanda de pedidos.

Por isso para que ela continuasse com seu contrato com o governo ela solicitou à Ford – que estava concorrendo com ela antes – para que ajudasse a fabricar mais modelos, tanto é que os modelos fabricados pela Ford se chamavam Ford GPW, o W era do Jeep Willys.

A origem do nome Jeep

Existem inúmeras versões dessa mesma história, mas a mais dita é que o termo “Jeep” veio da pronúncia diferenciada das letras G e P, usadas para designar estes veículos de uso geral (General Purpose).

Também se diz que Jeep era uma gíria militar para designar qualquer coisa que era insignificante, boba ou esquisita.

Os mecânicos também utilizavam essa gíria para qualquer tipo de veículo motorizado, não só o Jeep Willys, mas também motocicletas e carros preparados para rodas nas condições extremas pelas quais os modelos do exército passavam diariamente.

Por ter um desenho peculiar para a época e uma alta funcionalidade o Jeep Willys vendeu bem mais que os da Ford, para se ter uma ideia durante a Segunda Guerra Mundial, foram vendidas cerca de 363 mil unidades do Jeep Willys e 280 mil unidades do jipe da Ford.

Fora que esse projeto foi um dos poucos onde a Ford e outra marca, no caso aqui da Willys trabalharam juntas, em prol de um bem maior – não tão bom assim – mas isso acabou por gerar uma certa briga entre as duas empresas depois.

Como alguns elementos de design dos Ford foram incluídos no Jeep, a Willys fez algumas modificações simples para não ter problemas judiciais.

Por exemplo no modelo fabricado pela Ford a grade dianteira tinha 9 fendas e no modelo da Willys tinham apenas sete – como estamos acostumados atualmente – e a Willys passou a fabricar uma versão civil do Jeep em 1945 com tais características.

Jeep Willys também nas ruas

Depois que a Willys começou a vender a versão de rua do Jeep Willys, ela o rebatizou de Jeep Willys CJ – no caso Civilian Jeep – e mesmo assim teve que enfrentar a Ford nos tribunais pois a pronuncia de GP era similar a de “Jeep”.

Como as duas marcas começaram de certa forma a linhagem do Jeep Willys, elas se viam como detentoras do modelo, mas segundo dados históricos o projeto original tinha sido elaborado pela American Bantam e pelo exército norte americano.

Mas em 1950 a American Bantam pediu falência e a Willys adquiriu todas patentes de propriedade intelectual do Jeep Willys e passou a ser dona do nome e da escrita da forma que conhecemos atualmente.

Jeep Willys no Brasil

Fora as mais de 600 unidades do Jeep Willys que o exército brasileiro recebeu do governo americano para sua participação na Segunda Guerra Mundial, o modelo também chegou às ruas bem rápido.

A subsidiária da Willys Overland do Brasil foi fundada na cidade de São Bernardo do Campo em 26 de agosto de 1952. Dois anos mais tarde a marca começa a vender o Jeep Willys ainda fabricado com peças vindas dos Estados Unidos.

O Jeep Willys vendido por aqui tinha tração nas quatro ou apenas nas duas rodas, câmbio de 3 velocidades com opção de redução para o acionamento da tração e outros itens que fizeram dele um carro valente e extremamente prático para o dia a dia.

A versão Rural Willys veio em 1956 e no ano seguinte o modelo começa a ter várias de suas peças fabricadas por aqui. A nacionalização total do Jeep Willys se deu em 1959, e contava com um motor 2.6 litros com 90 cavalos.

RURAL

O modelo derivado do Jeep Willys original, a Rural Willys, teve seus dias de glória entre 1958 e 1977 no país. Ele teve versões com tração 4×4 e 4×2 e motores 2.6 e 3.0.

O modelo é considerado por muitos como a avó dos utilitários esportivos e SUVs vendidos hoje no país, por trazer os conceitos de veículo com altura elevada em relação ao solo e opções de tração dianteira ou integral.

Em 1961 a Rural Willys ganhou uma versão picape que ficou conhecida como Pick-up Willys ou Jeep Willys e depois ficou conhecida também como F85 – para uso do exército nacional.

Ainda em 1959 a Willys começa a produzir sob licença da Renault o Dauphine, um modelo compacto que tinha como principal concorrente o Volkswagen Fusca. No ano seguinte surgiu o Aero-Willys, um modelo de carroceria mais arredondada que tinha uma forte inspiração no modelo norte-americano e usava a mesma mecânica e base do Jeep nacional.

Alpine 108 1

Em 1961 a Willys lança outro modelo sob licença da Renault, o Alpine 108 que por aqui ficou conhecido como Willys Interlagos e também ficou conhecido como o primeiro esportivo do país.

Depois disso outros modelos foram produzidos e alguns deles deram origem a modelos como o Ford Corcel.

Posteriormente a Willys acabou por se fundir com a Ford nacional e a linha Jeep continuou a ser fabricada no país até 1983.

Ela só voltou a fabricar modelos no país em 2014, quando a Jeep agora sob o comando da FCA – Fiat Chrysler Automobiles – começou a fabricar o Renegade.

Rural pick up

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Autor: Kleber Silva

Kleber, 28 anos, designer e apaixonado por carros desde pequeno. Formado em design gráfico pela UNIP, ouvinte assíduo de música pop e master chef nas horas vagas.