Sem preço revelado, o Novo BYD Seal foi apresentado pela marca chinesa no Festival Interlagos 2023, causando boa impressão na imprensa especializada e expectativa de outras marcas, afinal, o fabricante de Xian, está vindo com tudo ao mercado brasileiro.
Bem diferente do panorama nacional há 10 anos, a BYD encontra um mercado brasileiro hoje aberto a quem realmente quer investir e o Seal é um dos elementos que podem mudar a curva, assim como o Dolphin já está fazendo com seus mais de 2,5 mil unidades vendidas desde 28 de junho…
Com 530 cavalos, um visual expressivo com aerodinâmica eficiente e detalhes que o tornam um estranho e, ao mesmo tempo, atraente sleeper car, o BYD Seal surge com uma grande questão: até onde irão os carros elétricos num país onde a ordem é hibridizar?
Ainda que o valor não tenho sido revelado, algumas fontes da marca nos contaram sobre algo possível abaixo de R$ 300 mil, mas só saberemos de fato o quanto de impacto terá o Seal no mercado de carros elétricos muito em breve.
Pelo que foi apresentado em Interlagos, não existe tanto motivo de preocupação para alguns alvos possíveis do Seal, como JAC e-J7, Honda Civic Hybrid e Toyota Corolla Hybrid, ainda que os dois primeiros possam sim ser atingidos pelo novo carro da BYD.
Sem importador local, limitado em dinheiro, a BYD pode literalmente fazer o que quiser com o Seal e até mesmo o impensável para alguns, mas uma coisa é certa: não existe almoço grátis e a versão AWD dá uma ideia disso.
BYD Seal – Primeiras impressões
Com carroceria fastback, o BYD Seal faz duas coisas boas para um carro chinês, sendo que a primeira é não se “inspirar” em outros, enquanto a segunda é não exagerar nas linhas.
Dentro disso, o Seal impressiona pelo visual fluido, com perfil aerodinâmico de 0,219 de cx, tendo uma frente em cunha com faróis duplos devidamente full LED e assinatura iluminada em frisos nas laterais do para-choque.
Tendo “BYD” estampado no nariz, o Seal parece assim mais um caro esportivo que um sedã com pretensões mais joviais. Na frente, chama atenção a pequena câmera do monitoramento em 360 graus, enquanto o radar do controle de cruzeiro adaptativo não vimos, mas certamente está por lá.
As rodas aro 19 polegadas são bonitas, mas não chamam mais atenção que os discos perfurados com pinças robustas na frente, algo que pode parecer exagerado até se recordar da potência oferecida. Olhando por esse lado, parecem até menos que o necessário.
Apliques laterais, maçanetas retráteis automaticamente, teto de vidro panorâmico (sem persiana interna) e retrovisores estilizados marcam a aparência do Seal, que apresenta um porta-malas com tampa curta e acionada eletricamente, reforçando a impressão de que “não pode vir assim tão barato”.
Já as lanternas traseiras mantém parte da agressividade do grande dragão chinês (coincidentemente de Xian), assim como para-choque com necessários difusores de ar e saídas de ar laterais.
Dentro, o BYD Seal AWD não aparenta ser uma versão esportiva de alta performance do modelo, ainda que os belos bancos com design envolvente e acabamento de aspecto premium queiram dizer o contrário.
Painel e portas dianteiras têm boa impressão de qualidade com camurça e revestimentos soft no topo e centro das entradas do carro, mas observamos dobras no revestimento traseiro.
De resto, tudo aparentemente bem encaixado e de qualidade boa, enquanto o design mais comportado e focado no luxo se sobressaia em relação ao irmão Yuan Plus, com sua temática altamente musical.
Com um ambiente mais sóbrio nesse aspecto, com volante de fundo chato e melhor ajustável que o do SUV menor, o Seal até nos faz esquecer da multimídia giratória, enquanto o cluster digital e o HUD é que pedem mais atenção.
O console segue o mesmo padrão do Yuan Plus, com o qual compartilha a base e-Plaftorm 3.0, mas com layout diferente e mais espaço para dois smartphones indutivamente carregando.
Os bancos possuem ajustes elétricos e com encostos largos, conferem conforto, mas não abraçam tanto quanto numa proposta realmente esportiva de carro tradicional.
Notamos – e isso foi a primeira coisa que olhamos dentro dele – a ausência de câmeras na coluna A e perto do retrovisor interno, apresentadas na versão do Seal vendida na Europa. Então, a privacidade está garantida nesse caso.
Com tecido nas colunas e teto, o BYD Seal tem um habitáculo bom, mesmo para quem vai atrás, com boa altura para cabeça e espaço de sobra para as pernas num assoalho plano.
É dessa posição que se aprecia melhor os elementos vazados em preto brilhante dos assentos expressivos da BYD, vistos aqui até no Dolphin.
No porta-malas, o espaço é longo e raso, tendo um compartimento sob o assoalho, mas sem o esperado estepe. Lá fora são 405 litros no bagageiro traseiro e outros 53 litros no dianteiro.
Visualmente, a primeira impressão foi boa e dentro do esperado por quem já havia visto o BYD Seal por fotos e avaliado o Yuan Plus (confira aqui).
BYD Seal – Impressões ao dirigir
Quase não conseguimos, mas deu certo ao final. Andamos no circuito de Interlagos na versão mais forte do Seal, lembrando que ele tem variantes de 204 e 313 cavalos na China.
É tudo muito novo no Seal e, pelo que sabemos até agora, apenas a versão AWD “3.8s” está garantida para cá, ainda que a expectativa possa ser de fato a versão de 204 cavalos, não pelo que é e assim pelo que pode fazer em termos de mercado.
Ainda assim, o “3.8s” mostra o poder que o BYD Seal tem, literalmente, já que a sigla se refere ao tempo de aceleração de 0 a 100 km/h, menor que o do Audi e-tron GT, que andamos no dia anterior ao test drive em Interlagos.
Não faremos comparação além disso por serem de mundos diferentes, mas chamarmos o BYD Seal de sleeper car não é exagero, pois ele tem mais que precisa para convencer e vimos isso claramente na pista.
Tendo boa posição de dirigir, longe de um esportivo de jure, o Seal no modo Sport acelera frote com seus dois motores elétricos, cujo traseiro tem 313 cavalos e totaliza 530 cavalos com o dianteiro.
Permanente, a enorme cavalaria do Seal garante aceleração vigorosa com um ruído de motor elétrico comum, sem pretensões de impressionar também de forma audível.
Na frenagem ao fim da reta, os freios potentes garantem uma redução de velocidade ótima e equilibrada, permitindo assim uma entrada de curva limpa.
Com o pé dosado, percebe-se um comportamento bem neutro na curva e melhor que a maioria dos carros comuns, graças ao bom conjunto com rodas aro 19 e pneus 235/45 R19. também ao centro de gravidade baixo e à estrutura altamente rígida Cell-to-Body.
O comportamento da suspensão, todavia, não é a de um esportivo europeu de igual ou menor cavalaria, mas aceitável para a proposta do Seal que não é nenhum AMG, M ou RS da vida.
Por mais rígida que seja a base do Seal ou melhor que os 530 cavalos tornem a coisa toda, emocionante, a BYD ainda não tem uma divisão de performance para extrair mais dessa cavalaria.
Tendo um comportamento dinâmico bom, o BYD Seal garante mudanças de trajetória e retomadas de velocidade impressionantes para sua missão, sendo o suficiente para percebermos que ele tem realmente mais que precisa para andar bem.
Como os carros elétricos de motor duplo estão fadados (não tristemente, é claro), a ter bem mais poder que o normal, considerando os carros a combustão, a equação os leva mover um peso maior.
Mesmo assim, a força instantânea e o altíssimo torque, no final das contas, faz um despretensioso BYD Seal AWD ser mais rápido em linha reta que um carro de pista feito para as ruas…
Com um misto de sentimentos ao final do teste, saímos do BYD Seal com uma boa sensação, daquela de que no trânsito, ele surpreenderá muita gente em carros tidos como exemplos de performance.
Agora, é esperar pela oportunidade de dirigir fora da zona de conforto de uma pista fechada, de modo a fecharmos essa conta para dizer como realmente é o BYD Seal e o que ele pode ou não fazer por você.
BYD Seal – Galeria de fotos
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