MINHA HISTÓRIA AUTOMOTIVA
Meu nome é Marcelo, sou de Porto Alegre, tenho 36 anos de idade. Começo pelo meu histórico de carros.
Aos 20 e poucos anos comprei, com a ajuda dos meus pais, um Ford/Escort XR4 2.0i, 1994, azul, com teto solar, bancos Recaro, o mais completo possível. Um excelente carro esportivo, para sua época.
Após alguns perrengues e alguns anos com o Escort e, novamente com o valoroso auxílio dos meus pais, consegui adquirir um Fiat/Palio Fire 1.0, 2001, que era o mais básico possível. Como nessa época ainda era estudante e estagiário, me servia muito bem. Afinal, era um carro que já tinha sido do meu pai e tinha um bom histórico, com baixa manutenção.
Contudo, após conseguir um bom emprego, em 2012 adquiri um Kia/Cerato SX3, preto, câmbio manual, com baixa quilometragem, o qual fiquei por 4 anos, dos 18.000km até seus 70.000km. Foi um excelente carro. Depois de cumprir com seu compromisso, entrei pro mundo dos turbos.
Troquei o Kia por um Renault/Fluence GT 2012/2013, branco, 2.0 turbo, câmbio manual, que peguei com 17.000km e o vendi com 50.000km. O Renault era um carro forte e muito completo, mas, depois de 3 anos, apesar de ainda gostar, queria algo melhor e mais novo.
Foi então que, em 2018, vendi o Fluence GT com 50.000km e adquiri um Civic Touring 0km, na cor branco pérola. Foi um excelente substituto para o Renault, pois, mesmo sendo 1.5T, o turbo aliado ao câmbio CVT trazia uma grande eficiência para o conjunto. Assim, fiquei felizes 4 anos com o Honda, rodei exatos 35.000km e, durante a pandemia, consegui vendê-lo R$ 20.000 acima do que paguei 0km (e com 4 anos de uso).
Estava querendo um outro carro turbo mais forte ou SUV 4×4 e diesel. Quase fechei negócio numa Jeep/Compass TrailHawk 2019 e com baixa km, somente não deu negócio porque a concessionária não quis baixar o valor. Mas navegando por sites de vendas me deparei com a oportunidade de comprar um VW/Jetta GLi 2021, branco, de único dono, com 30.000km rodados, por cerca de R$ 15.000 abaixo da FIPE, que no momento era R$ 203.000.
Após uma boa negociação, que dependia antes da venda do Civic Touring, e de realizar uma vistoria cautelar, consegui fechar negócio à vista por R$ 183.000 (R$ 20.000 abaixo da FIPE da época). Um Jetta GLI branco, e eu desejava nas cores prata, vermelho ou o cinza puro, mas pelo negócio/destino teve ser novamente um carro branco mesmo. Como me acostumei com carros turbos nos últimos anos, é muito difícil voltar para aspirados. Então o GLI, no final das contas, me pareceu a escolha mais acertada para o momento.
Desde o lançamento eu acompanhei o GLI (sigla de Gran Luxury Injection). Sempre gostei muito de sedans médios e principalmente aqueles com pegadas mais esportivas. Mas, para substituir a altura o Civic Touring (e efetivamente valer essa troca), precisava ser o “carro certo”.
Tinha dúvidas se o GLi seria o substituto certo, porém, dado o negócio que consegui fazer na venda do Honda e na compra do VW, não pude deixar passar.
Então, retomando a ideia do “usado da semana”, trata-se de um VW/Jetta GLI 2021, que comprei de único dono, com 30.000km rodados e 11 meses de vida, com todas revisões em concessionaria. Já conhecia o carro por tê-lo estudado e por já ter feito teste drive no lançamento numa concessionária.
Meu padrão de carros se limita nos que já possui, andei ou dirigi (dos mais atuais: Cruze LT, Equinox, Jetta 2.0 TSI, Civic Touring, BMW 120i, etc). Vou, dentro do possível, avaliar o Jetta e fazer uma contrapartida com o Civic Touring, meu último carro, por serem quase concorrentes.
DESIGN
Como todos sabem e concordam, gostar (ou não) do desenho de um carro é uma questão subjetiva. O Jetta é bem mais sóbrio que o Civic, mas isso me agrada atualmente, pois estando 4 anos com o Honda, seus traços já me estavam bem marcantes (ou quase datados).
Gosto do design mais limpo, mas o GLI traz alguns detalhes adicionais que o deixam mais esportivo, robusto e diferenciado das demais versões, como spoilers laterais, difusor traseiro com saída dupla de escapamento, friso vermelho na grade frontal em colmeia, faróis exclusivos, antena tubarão preta e um pequeno aerofólio.
Com o teto solar preto grande e algumas peças em black piano (grandes e retrovisores, que eu troquei a capa), achei que ficou um contraste bem legal. Poderia ser um pouco mais baixo, mas a tropicalização acontece com quase todos carros.
O Jetta, nos EUA, usa outras molas, que o deixam mais harmônico, pois diminuem o vão entre o pneu e o paralama. Fora isso, que parcialmente resolvi instalando pneus um pouquinho mais altos, o design geral é bom. Penso somente que poderia ter as colunas em black piano, o que daria um ar mais refinado.
ITENS DE SEGURANÇA, CONFORTO E TECNOLOGIA
O GLI tem de opcional somente o teto solar panorâmico. Vem completo, com 6 air bags, ABS, ESC, frenagem autônoma de emergência (AEB), painel digital Active Info Display, faróis em LED, lanterna em LED, piloto automático adaptativo (ACC), controle de largada, sistema de frenagem pós colisão, detector de fadiga, freio de estacionamento elétrico, bancos em couro, multimídia Discover Media com 8 polegadas e Android Auto sem fio e Apple Car Play sem fio (apenas modelo 2021), chave presencial com sensores nas maçanetas, comutação automática de faróis, frenagem automática de emergência, sensor crepuscular, ar condicionado digital bizona, start/stop desligável, banco do motorista e espelhos retrovisores elétricos e com memórias, bancos dianteiros com aquecimento e ventilação, carregador por indução (apenas modelo 2021), etc. São muitos itens para listar, o carro é muito completo.
DIMENSÕES E ERGONOMIA
Precisava de um sedan médio, por questões de vaga de garagens. O GLI parece ser um pouco mais estreito, de espelho a espelho, que meu antigo Civic Touring (mas este, em contrapartida, tinha espelhos enormes, o que pode me passar essa impressão).
No comprimento, acredito que se equivalem, tal como no espaço interno. Ambos são semelhantes e bons. Para entrar e sair, acho mais fácil no Jetta GLI, cuja posição de sentar é um pouco mais alta que no Honda. Pra mim, que sou alto, é ótimo nesse quesito. Me sinto melhor acomodado ergonomicamente no VW.
COMPORTAMENTO DINÂMICO
Quem compra um GLI busca um carro com um comportamento dinâmico afiado. É um carro de nicho, pois não entrega o melhor acabamento e pode custar o mesmo que um carro alemão premium de entrada, e sem o mesmo prestigio.
Então, o seu diferencial está no motor (EA888 de 3ª geração, o mesmo que equipa Passat, Tiguan R-line, Golf GTI, alguns Audi e até mesmo Porsche Macan) e no câmbio. São 230cv, 35,7 kgfm de torque máximo a 1.500 rpm, que, aliados ao câmbio robotizado DSG de 6 marchas (DQ250), fazem o 0-100km/h do GLI na faixa dos 6,5s (ou menos).
Mas o grande feito desse conjunto não são os tempos curtos saindo da imobilidade, mas sim suas retomadas (ou, leia-se, no mundo real, em ultrapassagens). O carro realmente te faz grudar no banco, principalmente quando o câmbio está no S e o modo de condução no Sport, quando a programação faz a direção ficar mais direta e pesada, além de transmitir o som do motor por alto falantes para dentro da cabine (o que é algo de gosto duvidoso, mas eu curto).
Claro que não sou de ficar acelerando forte em vias públicas, mas o Jetta GLI te instiga a “tiros rápidos” a todo instante. Todos parecem estar lentos e indispostos a seu redor. E fôlego é o que não falta. É limitado eletronicamente a 265km/h pelo que vi em vídeos, mas nunca passei muitos das velocidades permitidas. Gosto mesmo é mais da sensação de aceleração forte do que de velocidades altas.
O GLI se sai melhor inclusive que o VW/Golf GTI em circuitos, mas porque, apesar de terem o mesmo motor e câmbio, e pesar em favor do GTI o seu peso menor, o GLI vem importado com diferencial autoblocante VAQ (eLSD), indisponível nos GTIs vendidos no Brasil. E é por essas e outras que o GLI é um caro forte e praticamente sem concorrentes na faixa de preço.
Único ponto que poderia ser melhor seria a atuação dos controles de tração e estabilidade, os quais podem ser parcialmente desligados, mas ainda assim atrapalham um pouco, cortando um pouco a força do carro em acelerações mais brutas, em especial aquelas saindo parado.
O meu GLI é original e não tenho planos para modificações, apesar de saber que com simples reprogramações a potência aumenta consideravelmente.
ESTABILIDADE E DIRIGIBILIDADE
Sou um consumidor comum e, no meu entender, o GLI tem excelente estabilidade. Possui suspensão traseira multibraço e é um carro mais firme que o Honda Civic G10.
E isso me dá a sensação de tê-lo mais na mão. Mas claro que, em moeda de troca, vai acabar sendo um pouco menos confortável. Aqui, nada a reclamar. A direção é direta e para esterçar tudo, o volante dá uma volta completa apenas.
PNEUS
O carro estava com os pneus 225/45R18 originais em meia vida, da marca Hankook, modelo Ventus S1 Evo3, nos quais fiz 2 bolhas gigantes ao passar por um buraco (ou cratera) em Porto Alegre.
Como considero que os pneus são uns dos itens mais importantes do carro, logo o os troquei por pneus 235/45R18 Continental PremiumContact 6, linha concorrente dos pneus Primacy 4 da Michelin. Até o momento estou gostando bastante, pois, além de ter um “grip” bom e ser macio, é um pouco mais largo e pouco mais alto que o anterior. Acho que foi um bom upgrade pro GLI.
ACABAMENTO GERAL
Gosto de carros bem acabados e produzidos, como todo entusiasta. Mas não existe carro perfeito. Os que mais beiram à perfeição cobram muito por isso.
E, no caso do Jetta, por ser o GLI um carro com projeto americano (ou seja, não alemão) e produzido no México, e focado em esportividade, o acabamento não é dos melhores, pelo menos não aquele esperando num carro que hoje custa em média mais de R$ 200.000.
Na frente o acabamento é legal, agrada o motorista e o passageiro. Volante lindo, em couro natural, manopla do câmbio também, painel em borracha macia. Portas com soft touch e couro. Bancos são em couro de boa qualidade. Não vejo rebarbas ou encaixes imperfeitos.
Nesse ponto, diria que está um degrau acima do que tinha no Civic Touring, que já era bom. Mas, nos bancos de trás, o VW perde para o Honda, pois as portas não tem soft touch e falta tomadas 12V, USB e o principal, saída de ar condicionado para os passageiros (meu Civic também não tinha, mas nos mais atuais passou a ter).
É o maior calcanhar de Aquiles do Jetta, pois é um carro forte e bem completo, mas essa falta de acabamento, essa economia desnecessária, me parece incompreensível. Não é algo que me abala, contudo, pois nunca ando na carona. Quem esporadicamente vai atrás, não reclama pelo menos.
Agora, que poderia ser menor, isso é induvidoso. Mas acaba sendo uma nova tendência (vice novos Audi A3 com portas traseiras com acabamento full plástico). Dentro do porta-malas o acabamento do Jetta é inferior ao Honda Civic também. No Honda, todavia, eu tinha bastante “grilos” e ruídos, o que no VW é bem menor, quase que inexistente (vale registrar que já aluguei BMW 120i nova, com 3.000km, com “grilo” no Chile).
O verniz de pintura do Jetta é aparentemente forte e lataria em geral é mais ajustada e mais robusta que no Honda, que, por sua vez, tem o verniz que é mais macio e, assim, riscava com facilidade. E são por esses motivos que, no meu entender, são carros equivalentes em acabamento, cada um com seus pontos positivos e negativos.
ILUMINACÃO INTERNA
Tem iluminação em LED nas portas e painel, são 10 cores e podem ser trocadas na multimídia. Possui iluminação para o assoalho em LED, mas a iluminação de teto (leitura) é halógena, na cor amarela (poderia ser LED também).
CONSUMO
Meu antigo Civic Touring era muito eficiente e fazia em torno de 11km/l na cidade e cerca de 14-17km/l na estrada em diversas condições. O Jetta possui números próximos, pois nos mesmos trajetos e condições faço entre 9-10 km/l na cidade e entre 13-16 km/l na estrada.
Nada mal para a força extra que tem. Claro que o start/stop ajuda nessa economia e, ao contrário de muitos outros, gosto bastante desse sistema, que no GLI é rápido e inteligente (da partida assim que o carro da frente se movimenta).
Mas se pisar fundo, é óbvio que vai gastar bem mais. Esses dados de consumo são aferições em uso cotidiano normal, sem grandes acelerações.
SISTEMA DE SOM
Vem com som assinado pela Beats de 300W. São 6 alto-falantes, tweeters e um subwoofer no porta-malas, em cima do estepe. Não é um som de alta fidelidade ou qualidade premium, mas é superior a muitos sistemas de sons padrão que vemos por aí em carros da categoria.
Como exemplo, comparo-o com o som que montei no Civic, no qual instalei kit 2 vias e falantes da Hertz (linha de entrada) e um subwoofer slim JBL sob o banco. É semelhante em qualidade e bem agradável para um uso comum.
PREÇOS DE SEGURO E MANUTENÇÃO
As revisões são tabeladas na concessionária e não assustam, são aproximadamente os valores de manutenção de qualquer outro sedan médio equivalente (menos Corolla, que sempre é mais barato). Mas há itens adicionais que demandam manutenção mais especializada e cara, como troca do óleo do blocante e do câmbio DSG.
Já o seguro, pode pegar alguns desprevenidos, em especial aqueles mais jovens e sem bônus. Tenho 36 anos, bônus 10, uso carro para trabalhar, moro na Capital e ficou em R$ 4.500,00 com franquia reduzida (sem franquia reduzida, beirava os R$ 4.000,00).
No Civic, que era uns 35% mais barato de tabela (leia-se: R$ 60.000,00 a menos), pagava R$ 3.500,00. Sem sustos pra mim, pois aparentemente são equivalentes em valor de seguro.
CONCLUSÕES FINAIS
Possuo o carro há aproximadamente 6 meses, andei pouco mais de 7.000km e estou gostando bastante. Desempenho tem de sobra e esse é o ponto mais positivo, seguido da tecnologia embarcada. É um carro confortável e muito estável, também. Trasmite muita segurança.
O ruído ao rodar é bom. Mas nem tudo são flores. Há falhas imperdoáveis, principalmente no acabamento. Mas isso vem se repetindo a cada geração e já está alcançando os carros premiuns de entrada. Infelizmente será a tendência.
Também poderia/deveria ter mais sistemas semiautônomos de condução (correção de faixa, leitura de placas), faróis full LED (só o pisca é halógeno), saída de ar condicionado para os passageiros de trás (as saídas abaixo dos bancos não fazem bem o trabalho), tomadas 12V e USB atrás e rebatimento de retrovisores.
No geral, é um carro que me agrada bastante, pois entrega tudo o que busco. Zero arrependimento na venda do Civic Touring, que possui ótimos predicados, e na compra/troca do Jetta GLI. Como possíveis futuros substitutos, penso em BMW 320i G20, Tiguan R-line ou até mesmo o Novo Civic 2023 (a depender da motorização).
Por Marcelo B. C.
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