Opinião de dono: Volkswagen Amarok SE 4×4 2015

 

Começo esse artigo informando que sou o mesmo que já escreveu sobre o novo Golf Highline para este site.

Naquela mesma oportunidade informei que o havia trocado por uma Amarok, e fui muito criticado pelos defensores do carro, devido às observações que fiz. A maioria dizia que escolhi, de início, o carro errado.

No entanto, se pudesse ainda teria o Golf, e não são poucas as vezes que sinto saudades dele. Porém não era um carro adaptado ao Brasil, como lá disse, pelo menos não para esta parte do Brasil onde vivo, interior do Rio Grande do Sul.

Quem critica é porque mora em cidades médias ou grandes e não sabe, ou nunca teve que trocar um carro por causa das péssimas condições das estradas. Sobre as fotos, um esclarecimento, foram tiradas em San Carlos de Bariloche, assim como a maior parte das que ilustram esta reportagem, pois fui para lá com os dois veículos.

Não vou entrar no mérito dos demais comentários, mas esclarecida esta questão, passemos à análise do carro: uma Amarok SE 4×4 cabine dupla, com câmbio manual, 2014/2015.

Vendi o Golf por R$ 76.000,00, um bom preço, levando em consideração que o adquiri um ano antes por R$ 82.000,00, e comprei a Amarok por R$ 97.000,00, em março de 2015, na Concessionária Pampa de Passo Fundo, com 17% de desconto de produtor rural, e ainda ganhei de cortesia o protetor de caçamba.

Este desconto foi um dos fatores que me fizeram decidir pela compra, pois pretendia adquirir um carro seminovo, eis que a desvalorização do 0km é alta e não queria me sujeitar a ela. Porém, levando em consideração que o desconto abarcava parte desta desvalorização inicial, achei compensadora a compra de um novo. Hoje ela tem o praticamente o mesmo preço de acordo com a FIPE.

Esperei a chegada do modelo 2015 antes de comprar a Amarok, pois a partir deste ano o modelo SE, lançado originalmente para frotistas e produtores rurais, passaria a contar com controle de tração e estabilidade de série. Sobre o assunto, cabe fazer uma consideração, que primo pela segurança acima de qualquer outro quesito em um carro.

Além disto, a caminhonete conta com airbag duplo, ABS normal e offroad, EBD, BAS, EDL, cinto de três pontos e apoios de cabeça para todos os ocupantes, Isofix, controle de partida em rampa (HSA), controle de descida e tração nas quatro rodas.

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Tenho ciência da falta de airbags laterais, que as picapes começaram agora a implantar (quando comprei a Amarok, somente o modelo Highline dela e a Ranger Limited possuíam quatro) e que o Golf tinha sete, mas acredito que o tamanho dela influencie bastante nesse quesito, e compense algumas desvantagens de equipamento em relação ao meu carro anterior.

Logo após a compra instalei películas nos vidros, na porcentagem permitida por lei, capota marítima, faróis de neblina (estranhamente ela vem de série com farol de neblina traseiro, mas sem dianteiros), pintei as rodas de preto fosco e troquei os pneus originais, Pirelli Scorpion 245/70 R16 pelos atuais BF Goodrich 265/70 R16.

Os faróis de neblina foram por questão estética, pois as coberturas de plástico no local eram terríveis.

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Os pneus, apesar de terem deixado ela mais bonita, tiveram como intuito inicial torná-la mais macia, decorrente da medida maior, e atender o uso, que seria parte em estradas de terra.

Tempos depois, achando os faróis altos fracos (apesar de serem de dupla parábola), instalei dois faróis de longo alcance da Hella, modelo Black, como permite a resolução 227/2007 do DENATRAN, pois prefiro viajar à noite.

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Com ela, transito tranquilamente nas piores estradas de asfalto e terra que qualquer morador da cidade pode imaginar (basta pesquisar por RS-168 e irão entender), sem preocupação. A suspensão é robusta e os pneus nunca sofreram danos.

Dou valor a esta despreocupação no transitar e na opção de poder viajar em qualquer hora do dia, inclusive de madrugada, sem medo de acertar um buraco e correr riscos tendo que parar para trocar um pneu.

Quanto ao conforto de rodagem, em termos de picape, é opinião predominante entre os proprietários de picapes, e também minha, que a Amarok é a melhor em termos de conforto e estabilidade. Neste assunto tenho certeza que serei criticado, mas para isto existem os comentários.

Na família temos uma S10 2013, Triton 2010, Ranger 2013, Actyon Sports 2012, também já dirigi Hilux e Frontier. Nenhuma delas supera a Amarok, nem mesmo a Actyon, que utiliza suspensão com molas helicoidais na traseira.

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Bom, para não dizerem que estou beneficiando meu carro, vamos ao motor. De início, já adianto que a minha nunca teve problemas mecânicos, conforme fama que ela adquiriu em razão de problemas de correia dentada, incompatibilidade com diesel S500, etc.

Conversei com um técnico da marca, que trabalha na fábrica em São Bernardo do Campo, pouco tempo antes de adquirir a minha e ele me disse que, de fato, havia problemas, mas que foram solucionados com os novos modelos.

Porém, o conjunto mecânico escolhido pela marca é apenas suficiente para o veículo. Tanto para viagens, quanto para carregar peso. O torque, sem análise técnica de dados, me dá a impressão que é disponível com vitalidade apenas após os 2000 rpm e até, no máximo 3500 rpm.

Com o tempo se aprende que de nada adianta engatar quarta marcha para ultrapassar se ela já está embalada, melhor iniciar a manobra em quinta marcha mesmo.

Resumindo, em minha opinião, a Amarok deixa a desejar em baixas rotações – leia-se, antes de entrar em ação o turbo – e, para quem não está acostumado, deixar o motor morrer em arrancadas no início é normal.

Na estrada, o ideal é andar a 100 km/h, velocidade em que sobra torque e potência para manobras, acima disso os 180 cv sofrem um pouco em ultrapassagens rápidas ou com o veículo carregado. Acredito que o recentemente anunciado V6 diesel atenderá melhor a proposta da picape.

Hoje ela está com 39.000 km, quilometragem baixa para um veículo a diesel, mas a única manutenção extraordinária foi um vazamento da bateria, solucionado em garantia. Deixei três dias na concessionária, para que fosse repintado o para-lama interno, que havia entrado em contato com o líquido de bateria.

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Em razão de tudo isto, faço as revisões na autorizada e até o momento não tenho reclamações. Geralmente são rápidas, em um turno, e solucionam as minhas queixas. A primeira revisão custou em torno de R$450,00, a segunda R$500,00 e a terceira aproximadamente R$1.600,00.

O quesito acabamento, infelizmente, chama atenção pela simplicidade. Cartões de porta e painel de plástico duro, tecido dos bancos de baixa qualidade, saída de ar de Gol G5, console central sem trava (achei até que tivesse vindo com defeito), porta-luvas que “despenca” ao abrir e sem luz de cortesia, e por aí vai.

Ponto positivo para o tamanho dos porta objetos e interior acarpetado daqueles localizados nas portas, bem como para a leveza dos cintos de segurança.

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Para mim, que havia saído do Golf, foi um belo contraste. Apesar do excesso de plásticos até o momento ela não desenvolveu muitos barulhos internos, e olha que sou bem chato nesta questão. Para finalizar e para deleito do lucro da marca, o estepe possui roda de ferro ao invés das de liga leve normais (imagino como deve ficar “interessante” com o estepe rodando).

Em termos de equipamentos, merece destaque o excelente sistema de som, que apesar de simples, tem boa qualidade, com quatro alto-falantes e dois tweeters, entrada para USB e cartão SD, e conectividade Bluetooth para telefone e música. Sinto falta apenas de um computador de bordo (ela possui apenas indicador de temperatura externa e aviso de manutenção preventiva).

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O limpador de para-brisa tem quatro velocidades intermitentes, os piscas tem função de um toque para mudança de faixa (piscam três vezes), há luz de estacionamento (ficam ligadas as luzes de posição somente um lado de cada vez), possui luz de iluminação da caçamba, chave canivete, alarme com função de guarda reduzida, vidros com função um toque para todos e abertura remota dos vidros pela chave.

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Senti falta das três tomadas 12V internas dos modelos Trendline e Highline (a SE vem somente com uma, e as outras encobertas por uma tampa. Pô, custava muito Volks?). Além disto tudo, a tampa traseira não trava com as portas, sendo necessário chavear ela manualmente para proteger a carga.

No quesito conforto e ergonomia, ponto positivo para o volante com regulagem de altura e profundidade de série, assim como ajuste de altura dos bancos dianteiros para motorista e passageiros.

A amplitude da cabine possibilita carregar cinco adultos com conforto, sendo que o banco traseiro central é do mesmo tamanho do demais, possui cinto de três pontos e apoio para cabeça, e o túnel central não incomoda.

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Dificuldade é encontrada somente para embarcar na caminhonete, porque ela é alta e não instalei estribos. Pessoas idosas necessitam de ajuda, apesar de ela possuir santo Antônio em todas as portas, inclusive um extra na coluna do passageiro dianteiro.

Gosto também da possibilidade de levantar o assento dos bancos traseiros, para carregar objetos altos. O encosto traseiro não chega a ter ângulo de um sedã médio, mas não incomoda, e o espaço traseiro para as pernas é muito bom.

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A vedação e o conforto acústico, proporcionado pelas borrachas duplas das portas, é surpreendente, e algumas pessoas custam a acreditar que estão andando em um veículo a diesel, salvo quando em rotações mais altas.

Assim como no Golf, repito a crítica à posição do comando de travas das portas, posicionado na lateral da porta do motorista, virado de fronte para dentro da cabine, e não para o motorista. Na Amarok é ainda pior que no hatch, pois os botões estão em posição mais baixa.

O consumo é muito bom para o tamanho dela, e mesmo com os pneus de tamanho maior faz entre 9,5 km/l e 12 km/l na estrada e 7 km/l e 8,5 km/l na cidade (lembrando que moro em cidade pequena do interior).

Só uso diesel S10, por recomendação da VW. O tanque tem 80 litros possibilita uma autonomia imensa. Interessante é o filtro de partículas que identifica diesel adulterado e imediatamente acende a luz espia no painel e, por vezes, coloca a caminhonete em modo de segurança.

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O câmbio é um caso a parte, um paradoxo, pois é bom e ruim ao mesmo tempo. Enquanto tem engates e alavanca curtos, similares a de carros de passeio, facilitando as trocas rápidas e a condução mais esportiva, é também áspero e de posições de engate difíceis de encontrar.

Aqui também é necessário “pegar o jeito” para não dar solavancos nas trocas de marcha, nem deixar o motor morrer. Com o tempo, o condutor acostuma, e começa a subir um pouco o giro antes de “cambiar”, o que deixa a condução mais suave.

O tamanho da Amarok, já comentado brevemente, é um ponto que demanda adaptação. Moro em cidade pequena, mas ainda assim, por vezes, tenho dificuldade em manobrar e achar lugar para estacionar. Acredito que se morasse em grandes cidades só a compraria e caso de necessidade.

Os retrovisores dela também são muito grandes e, no meu caso, sem rebatimento elétrico, o que dificulta manobras em estacionamentos apertados e entradas de garagem. Mesmo fechando eles manualmente, deslocam-se para cima, não reduzindo muito a largura lateral do carro.

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Falando sobre trabalho, apesar de não carregar peso frequentemente com ela, vou seguidamente para fazenda, em estradas de chão ruins e, até o momento, não tive problemas mecânicos. O único senão nestas situações são dois vincos no acabamento atrás dos bancos traseiros, que servem para facilitar o fechamento das portas, liberando a pressão da cabine, mas que deixam entrar um pouco de poeira.

A maior vantagem neste uso é o tamanho da caçamba, com forma quadrada, e única cabine dupla capaz de carregar um pallet, conforme propaganda noticiada pela VW quando do lançamento.

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A condução em estradas não pavimentadas é bastante auxiliada pelos sistemas eletrônicos de tração. O ESP da Amarok é muito eficiente e, mesmo em modo off-road, quando a sua atuação é retardada, não deixa a caminhonete perder a trajetória, ainda que se ande rápido em piso escorregadio.

Aliás, mesmo que seja ativado o modo off-road e desligado o ESP, em situações de derrapagem extrema (testei na grama dentro da fazenda) ela intervém na última hora para não deixar a traseira perder-se completamente.

Digo que o ESP é muito bom comparado com outros carros que já dirigi com este equipamento, que deveriam possuir uma versão mais antiga, ou mal programada, pois atuava em momento tardio e com uma violência assustadora no corte de força das rodas.

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Na esteira deste assunto, acredito que seja pertinente, corroborando com diversos comentários que já li neste site, dizer que o motorista precisa ter consciência que está dirigindo um veículo com centro de gravidade alto, de carga.

Por melhor e mais sofisticada que seja a caminhonete, nunca vai ser igual a um carro para dirigir, e quem diz que a sua “um carro para conduzir de tão confortável e segura” já esqueceu como é dirigir um. Equipamentos eletrônicos de estabilidade e segurança são essenciais em picapes.

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Tenho muita reticência em relação àqueles que compram uma Triton HPE ou uma Hilux SR automática e pensam, que por terem pagado valor de um BMW 320i, tem as mesmas qualidades nos dois veículos.

É necessário ter ciência de que caminhonetes demandam mais espaço para manobra, maior tempo de reação, maior distância de frenagem, mais suavidade nos desvios de curso, e assim por diante.

Uma crítica pontual, e talvez pessoal, que faço, é relativamente ao tanque de combustível, que apesar de volumoso, acredito não possuir repartições internas para equilibrar o líquido. Digo isto porque no trânsito urbano e em terrenos desnivelados, ao parar o veículo sente-se um “tranco”, cerca de um segundo depois.

É tão notável que até mesmo passageiros que não são interessados por carros o notam. Acredito, sem poder afirmar, que seja por causa do deslocamento do combustível, porque só acontece com meio tanque ou mais de combustível. No início pensei que fosse algo com o controle de partida em rampa, mas não.

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Agora comentando um pouco especificamente sobre a viagem a Bariloche, a Amarok serviu muito bem. Encara qualquer estrada de asfalto ou terra, por pior que seja e é exime na neve. O controle de tração é tão eficiente que não senti necessidade de acionar a tração 4×4. As vezes que acionei foi porque havia neve passando da metade do pneu, como se pode ver em uma das fotos.

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A caçamba possibilita levar qualquer tipo e quantidade de bagagem, e o espaço interno é mais que suficiente para viagens longas entre quatro pessoas, como estávamos. A maior vantagem é que ela estava em sua terra natal, e qualquer problema mecânico seria de conhecimento dos hermanos.

Interessante foi notar que os limpadores de para-brisa se adaptam à neve que cai sobre o vidro, e quanto mais acumula gelo na parte de baixo (que enrijece), mais as palhetas reduzem o curso e dão um “tranco” no final para derrubar a neve que fica acumulada nelas (até o momento que se rendem e param de vez, obrigando o motorista preguiçoso a descer e limpar).

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Chegamos a rodar a 5 graus negativos, marcados no painel, e em nenhum momento isto prejudicou a viagem, nem a VW Amarok hesitou em dar a partida.

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Para o futuro próximo pretendo instalar um sensor de estacionamento traseiro (apesar de já ter “pegado o jeito” de estacionar esses mais de 5m de caminhonete) e bancos de couro (os atuais, de tecido barato, já estão manchados). Espero que tenham gostado do relato, tentei ser o mais imparcial possível.

O leitor pediu para não ser identificado.

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.