Muitos consumidores, após a compra de um veículo novo, verificam que o consumo de seu carro está mais alto do que o esperado, superando mesmo o de equivalentes já usados.
Por que os carros novos consomem mais? O motivo é que o motor ainda não foi amaciado.
Essa é uma característica dos carros 0 km, que rodaram apenas alguns poucos metros ou quilômetros desde que saíram da linha de montagem. Em alguns fabricantes, tais veículos ainda são testados em pistas especialmente preparadas dentro da fábrica com o objetivo de verificar se todos os componentes foram montados conforme o padrão exigido pela marca.
Após isso, o carro é enviado para o pátio de embarque, colocado na carreta transportadora e levado para a distribuição, que pode ser direto ao concessionário ou embarcado em um navio para regiões mais distantes via navegação de cabotagem.
Nesse último caso, os carros novos ainda rodam um pouco mais, do pátio da aduana para dentro do navio e vice-versa.
Amaciando o motor
Até chegar à mão do futuro dono, o veículo novo terá rodado muito pouco. Então, o propulsor novinho mantém muito do ajuste feito na linha de produção, quando foi montado por operários ou máquinas utilizando-se as medidas padronizadas e apenas com lubrificação para facilitar o encaixe das peças.
O óleo lubrificante utilizado também foi pouco usado e não pode ajudar a reduzir o atrito maior depois que o propulsor novo começa a funcionar.
Os anéis de pistões, em especial, exercem maior pressão sobre os cilindros e isso força o motor. Da mesma forma, bronzinas (casquilhos), rolamentos e outros componentes móveis do propulsor também não estão com a devida folga para um funcionamento suave.
Trata-se de um desgaste natural que só pode ser obtido após o chamado amaciamento do motor. De acordo com o recomendado pelo fabricante, esse período varia de 1.000 km a 3.000 km. Geralmente essa informação vem no manual do proprietário.
Nesse amaciamento do motor, o consumo pode ficar mais alto que o esperado, mas não de forma exagerada, geralmente não mais do que 20%. Se for muito excessivo, é recomendado ao proprietário buscar a assistência técnica para verificar se não existe uma anormalidade no funcionamento geral do veículo, já que pode nem ser de fato o próprio motor a origem do consumo excessivo.
Outro ponto importante e que, nesse caso, tem participação direta do proprietário do carro novo no processo de amaciamento do motor é a atenção às recomendações do fabricante quanto à condução.
As montadoras geralmente recomendam não realizar acelerações bruscas ou excessivas nos primeiros 1.000 km, mas existem outras (vide abaixo). Ou seja, nada de forçar o motor.
Isso permite que o óleo lubrificante faça melhor o seu trabalho, que nessa fase do funcionamento do motor tem a missão de recolher as resíduos metálicos provocados pelo ajuste das peças móveis do propulsor.
Como é necessário existir um atrito maior nessa fase, para que todas as partes estejam assentadas conforme os parâmetros estabelecidos pelos fabricantes, o óleo lubrificante precisaria ser trocado com um intervalo menor, mas isso depende do projeto de cada motor.
No geral, atualmente os motores tem intervalos de troca de óleo de 10.000 km. Algumas vão além e chegam a 15.000 km ou mais. Isso é devido ao melhor processo de produção e ajuste de peças, que torna o propulsor mais ajustado para o funcionamento pleno imediato.
Porém, visando a durabilidade do motor, o amaciamento é recomendado não só para se poupar combustível, mas também para que o propulsor dure mais.
Mais recomendações
Poupar o motor de esforços no período de amaciamento não significa apenas evitar acelerações demasiadas nos primeiros quilômetros. É necessário outros cuidados para que o processo seja feito corretamente e o carro apresente mais adiante aquele consumo esperado.
No geral, os fabricantes recomendam também que não se utilize reboque até certa quilometragem, assim como também evitar frear bruscamente, rodar em velocidades muito altas por longos períodos de tempo e variar demais a velocidade.
Também é bom evitar partidas a frio para rodar trechos curtos, manter rotações elevadas, manter aceleração forte com o carro em marcha lenta, ultrapassar certa rotação, entre outras recomendações. De modo geral, o período varia de 300 km a mais de 2.500 km, dependendo do fabricante do veículo.
Como se vê, há mais do que simplesmente poupar o motor. Mas por que? Isso é devido ao fato – já citado acima – de que não é somente o motor que pode influenciar no consumo mais alto de carros novos.
Nesse período de amaciamento, até a injeção eletrônica mapeia e memoriza as características de condução do proprietário, o que facilita bastante o gerenciamento do consumo de combustível.
Embora não pareça, a transmissão também precisa de cuidados nos primeiros km de vida, mais especificamente os câmbios manuais, que ficarão mais suaves nos engates após 300 km rodados.
Outro item importante nesse período – que para quem já efetuou a troca é familiar – é o sistema de freios do veículo novo. Discos e pastilhas novos não conversam imediatamente e o relacionamento só vai ficar ideal após algum tempo, mas esse período de “namoro” ocorre em tempo muito menor do que no caso de simples troca de pastilhas de freio.
Então, se as recomendações de cada marca forem atendidas, o conjunto funcionará perfeitamente em menos tempo e de forma segura. De imediato, a frenagem não será tão eficaz quanto após o atendimento aos cuidados recomendados.
O mesmo serve para outros componentes do carro novo. Pneus, por exemplo, necessitam de uma quantidade de km rodados para trabalharem de forma mais eficiente em termos energéticos. Isso geralmente não passa de 500 km.
Manter a calibração do material rodante em dia e de acordo com as especificações do fabricante também ajuda a preservar a segurança e a economizar combustível.
Com isso, o amaciamento de forma geral ajuda a reduzir o consumo excessivo de início para um nível aceitável, já estimado pelo fabricante, mas que agora é de responsabilidade do Inmetro.
Apesar disso, cada montadora sabe exatamente o que seu produto faz após o período de amaciamento, mesmo em relação ao consumo. Por isso, após a compra do veículo, é necessário tirar um tempo e ler o que o manual do proprietário do carro está recomendando.
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