É inegável o sucesso da BYD no Brasil e boa parte desse crédito vai para o Song Plus, um SUV de porte médio com muitas variações e gerações na China, apesar de ser um carro tão jovem.
Aqui, o Song Plus chegou como uma alternativa mais tradicional ao elétrico Yuan Plus, inclusive ostentando o mesmo preço, o que segue fazendo até agora, quando sai por R$ 229.990.
Já tendo perdido quase R$ 40 mil no valor, o Song Plus ajudou a mudar o mercado de carros eletrificados e forçou uma redução de preços na concorrência, outro mérito seu e de seu irmão.
Usando uma nova abordagem de carro híbrido, sendo plug-in, mas não como os já conhecidos, focando assim mais em eficiência energética que desempenho, já que seu motor 1.5 é mais fraco que se imagina.
Com um visual agradável e de aparência fluida, o Song Plus aborda tecnologias novas e se destaca por itens chamativos, como a multimídia Di-Link, muito espaço interno e porta-malas generoso.
Disposto a ser o carro confortável da família, o Song Plus exagera positivamente no alcance com gasolina e deixa praticamente de lado sua outra natureza, a elétrica.
Assim como outros carros da BYD, o Song Plus não quer apenas agradar, mas impressionar os clientes acostumados ao tradicional e isso, aliado a um preço competitivo, pós-venda vantajoso e tecnologia em rede, deixam-no numa posição confortável.
Song?
O BYD Song Plus tem esse nome por conta da dinastia Song, que governou a China de 960 a 1279, quando caiu perante Gengis Khan. Parte da linha Dinasty da marca chinesa, o SUV [é vendido aqui na variante DM-i da terceira geração, de 2020, lembrando que a primeira é de 2015.
Ele tem ainda uma versão elétrica na China, assim como uma variante diferente, maior, chamada Song U e a quarta geração, a Song L. Aqui, além do modelo que vemos, talvez uma dessas variantes seja nacionalizada, porém, o que você vê é o carro que será fabricado em Camaçari a partir de 2024.
Funcionando como um SUV médio tradicional na BYD, o Song Plus mede 4,705 m de comprimento, 1,890 m de largura, 1,680 m de altura e 2,765 m de entre eixos, parecendo até menor, devido ao design fluido.
Na frente, grandes faróis full LED em lentes com triplos projetores, unidos ao conjunto frontal de aparência metalizada, ainda que não seja, onde a BYD ostenta sua sigla, ainda misteriosa para muita gente. O SUV da Build Your Dreams, daí a sigla, se conecta com uma grade enorme com molduras em preto brilhante.
Com um desenho peculiar, o para-choque ostenta duas grandes entradas de ar emolduradas como se fosse um carro de alta performance, sendo o único exagero estético desse SUV tão comportado.
Correto na harmonia dos encaixes e molduras inferiores, o Song Plus não parece uma atualização de meia vida como se pode imaginar quando se sabe de outras variantes.
Tendo um visual limpo nas laterais, o BYD Song Plus exibe portas grandes, maçanetas volumosas, colunas C fluidas e uma boa linha de cintura, construindo assim uma imagem mais robusta, elegante e sofisticada.
O aplique cromado nas janelas em união com o Black Piano, além de rodas de liga leve aro 19 polegadas em desenho esportivo, formam um belo conjunto.
Na traseira, o BYD Song Plus chama atenção para o grande defletor de ar na tampa do bagageiro, mas suas lanternas horizontalizadas em LED, não conversam com a frente esteticamente, embora saídas de ar nas laterais do conjunto estejam de acordo com o frontal.
No detalhe, o significado da marca está bem estampado na tampa do bagageiro, que tem acionamento elétrico, enquanto o teto exibe um vidro panorâmico com abertura maior que o normal, sendo este posicionado mais atrás também.
Ambiente conectado
O BYD Song Plus tem um ambiente conectado não só com o estilo da marca, ainda que alguns modelos destoem dos demais por seguirem temas até certo ponto distantes, mas também por meio da tecnologia embarcada.
Bem espaçoso, o SUV chinês chama atenção não pelo painel e sim pelos assentos de design esportivo e apoios de cabeça curvados.
Outro destaque desse habitáculo é o banco traseiro, que apresenta encostos com inclinação maior que o normal, convidando os ocupantes a relaxar mais e aproveitar a viagem. Como já mencionado, o teto solar panorâmico é recuado e isso amplia a entrada de ar para quem vai atrás.
Já o acabamento das portas é mais tradicional que o exotismo visto no Yuan Plus, não pendendo para um tema singular, buscando um foco mais premium, especialmente no acabamento das maçanetas e também nos bons encaixes e qualidade dos materiais.
A porta do motorista tem ainda um acionador da tampa elétrica do porta-malas, por exemplo. O padrão é o mesmo nas quatro portas.
Na frente, o painel com aplique em preto brilhante destaca ainda os difusores de ar singulares, além do revestimento soft no topo do conjunto, sendo o mesmo visto também nas quatro portas. Já a parte inferior, em material claro, também tem boa sensibilidade e aparência.
No console, os comandos parecem confusos, mas logo você se encontra. Eles têm o mesmo posicionamento que no Seal e isso mostra que a família anda junto.
Ruim mesmo é o carregamento indutivo, já que não há uma barreira atrás dele e o smartphone simplesmente se perde no fundo do acabamento sob os difusores de ar. A manete do câmbio é legal, assim como o desenho e os comandos do volante, que permite girar a famosa tela de 15,6 polegadas da multimídia e acionar o monitoramento em 360 graus.
Já o cluster digital é confuso, assim como o modo como a BYD apresenta o consumo do veículo, sempre de forma dual e com cálculos que precisam de análise (no nosso caso) ou simplesmente massageiam o ego de quem está ao volante.
Apesar de não exibir inúmeros temas que, sinceramente, em muitos casos são inúteis, o display ainda tem um modo de “performance” similar ao do Seal, mas não com a mesma emoção…
Ela é ativada apenas no modo Sport e com o carro parado, mostrando uma “pista” para se encher o pé no acelerador e marcar seu tempo. Se o Song Plus tivesse o pacote do Seal, até seria legal, mas não…
O Di-Link é bem interessante por um lado, com um ambiente de tablet com fundo claro ou escuro (incluindo o cluster), vários ajustes do carro, da conexão e do entretenimento, sempre com base no Android, mas não se engane, o navegador GPS é como qualquer outro, ainda que lembre o Google Maps.
Melhor mesmo é integrar o Android Auto ou CarPlay, usando Waze, de preferência.
Bem completo, o sistema só peca por (ainda) não ter conexão direta com a internet, mas um aviso indica que logo isso será possível.
Com atualização OTA então, é só atualizar quando pedir. Bom mesmo é o monitoramento em 360 graus, até com a animação 3D, mas com várias câmeras individuais.
O ambiente é bem resolvido no porta-luvas, porta-objetos entre os bancos, console com elemento vazado, comandos touchscreen do teto solar, iluminação em LED, decoração em LED com cores nos modos de condução e individuais a gosto do motorista, boa sonoridade a bordo e bancos dianteiros com ajustes elétricos, mas sem memória.
Para levar bagagem, 574 litros lhe são suficientes?
Abaixo do compartimento, acessível por sensor, botão na tampa, chave ou internamente, o BYD Song Plus tem um estojo com calibrador, reparador, colete de segurança, etc.
Por que não tem estepe? Bem, abaixo do estojo fica o segredo dele ser um PHEV, a bateria de lítio do sistema, totalmente acessível. Mas, não mexa nela, por favor…
Devagar se vai ao longe
O BYD Song Plus é 8 ou 80 no que pode fazer ao pisar do pedal do acelerador, seja com uma autonomia para nenhum hypermiling botar defeito, ou pela decepção (já percebida em outra ocasião) no que se refere ao desempenho. Podemos dizer que a balança pendeu negativamente e explicaremos o motivo.
Pesando 1.700 kg, o BYD Song Plus vai oficialmente de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos, um número respeitável, assim com final de 170 km/h.
Equipado com motor 1.5 de quatro cilindros com gasolina, o SUV entrega nele apenas 110 cavalos a 6.000 rpm e 13,8 kgfm a 4.400 rpm, que serve quase que basicamente para carregador a pequena bateria de 8,3 kWh.
Já o motor elétrico de 179 cavalos e 32,2 kgfm é o que realmente toca o barco, permitindo assim uma potência combinada de 235 cavalos e 40,8 kgfm. Bom, por aí, você já imagina que ele ande mais que um Tiguan R-Line do modelo anterior, aquele que tinha 220 cavalos. Se engana se pensar assim.
Tendo os modos Eco, Normal e Sport, o BYD Song Plus não é um Volkswagen e está longe de ser qualquer outra coisa de mesmo porte que você conheça. Lembra do motor 1.5 fraquinho?
A culpa não é totalmente dele, mas sua presença é um prenúncio de um desempenho ruim. Mesmo que o motor elétrico seja respeitável, ele não entrega o que os números indicam.
Pode até ser que faça isso eletronicamente, mas não fisicamente, por bastar colocar no modo Sport (e ignoraremos os demais) e acelerar para ver como o Song Plus não responde como deveria, mesmo com aquela telinha animadora no cluster.
Ainda que entrando o motor 1.5 (e você pede por isso até), o SUV da BYD não deslancha.
Pior, subir uma serra como a do Mar, por exemplo, pode não ser a melhor coisa a fazer se estiver com o carro cheio e mais bagagem.
Se imagine como um piloto de avião ao decolar e notar que os motores não estão dando o empuxo necessário já dá um frio na barriga e algo semelhante também ao ver que o velocímetro mal chega a 90 km/h com o pedal já no fundo.
Nesse momento, como “piloto” treinado, você reage e busca a razão para aquilo. Limitador de velocidade? Negativo. Controle do ACC em 80 ou 90? Negativo. Modo Eco? Mudando de Normal para Sport… E? Nada… O motor gritou e só.
Com trânsito de carros mais rápidos colados na traseira e não podendo alcançar o limite da via de 100 km/h, era como se estivéssemos num carro 1.0 aspirado e isso é a melhor (?) sensação que você pode ter, pois não havia um bitrem de soja vazio logo atrás.
Nesse caso, seria aquele frio de imaginar um jato comercial lutando para pegar altitude.
Minha “copiloto” ainda sugeriu que poderia ser o ar condicionado…
Sem MayDay, seguimos na lenta ascensão pela (rodovia) Imigrantes, uma via que quando começamos a subir, acreditávamos que poderíamos andar tranquilamente a 100 km/h, claro, sem o trânsito, mas foi exatamente ele e as retomadas que nos indicaram o que aconteceu acima.
A decepção ao subir a serra foi muito maior que as ultrapassagens e retomadas nos trechos planos, com o BYD Song Plus literalmente dizendo: devagar se vai ao longe. Não queríamos ouvir isso, mas a mensagem é clara.
Pelo menos, no dia a dia do trânsito urbano, ele não decepciona e mostra a agilidade que pode fazer muitos crerem que ele anda bem na estrada.
Dos males, o menor, pelo menos (também), o BYD Song Plus é econômico e nisso ele pode recuperar sua dignidade, por nos apresentar autonomia de quase 1.100 km, com consumo urbano de quase 25 km/l sem esforço ou técnicas de economia.
Andando a 60 km/h, conseguimos algo em torno de 22 km/l, com 19 km/l a 80 km/h, 16 km/l na 100 km/h e 13 km/l na 120 km/h. Tanque grande? Apenas 52 litros. No Inmetro, é creditado 38,4 km/l na cidade e 28,1 km/l na estrada, algo muito melhor, mas que parece não refletir a realidade, ainda que em nossa visão, o que conseguimos já é realmente ótimo.
Ainda assim, com autonomia excelente e nível de combustível se recusando a descer rápido, o SUV “sugere” ser bom para uma viagem longa, o que não pudemos fazer dado o prazo (e a época) curto do empréstimo.
No mais, ele é confortável, com suspensão bem ajustada e de bom curso, assim como apresenta estabilidade digna e uma dinâmica de condução agradável. Os freios são eficientes, assim como a resposta da direção, mas o destaque mesmo fica para o nível de ruído a bordo, bem baixo, graças ao isolamento acústico que tem até vidros duplos.
O controle de cruzeiro adaptativo funciona bem e mantém o carro numa trajetória segura, enquanto os recursos de estacionamento e alerta também o deixam em uma posição muito melhor que vários concorrentes.
Ele pode ser recarregado externamente e sua autonomia é de 28 km no modo EV, que raramente é ativado, dado que a carga da bateria se vai com muita facilidade.
Vale?
O BYD Song Plus é para quem não tem pressa em chegar, mas quer ir mais longe. De fato, o carro todo parece pensado para viajar e até quem vai atrás sabe disso, mas não vencer com facilidade uma serra, não é nada agradável.
Por isso, no quesito viajar, este SUV fica devendo, mas acaba sendo útil por evitar os postos de combustível por mais tempo e só.
É bem equipado, bonito, espaçoso e pode levar muita bagagem, não, melhor, as compras do supermercado ou a bicicleta da criança para ir ao parque. Tem a vantagem de ser bem conectado, ter a tela giratória para melhor visualização (e para mostrar aos outros) e é bem econômico para seu porte e peso.
Em resumo, um pacote bom para o consumidor chinês, tradicionalmente averso a performance.
No mercado, para quem tem medo da ansiedade de alcance, o BYD Song Plus mostra que isso nunca será um problema com ele, que cobra R$ 229.900, preço similar ao do irmão e, de certa forma, concorrente Yuan Plus.
Tem ainda o Haval H6 HEV por R$ 214.000, mas como não andamos, não opinaremos. Já o Toyota Corolla Cross Hybrid alcança R$ 210.990, sendo igualmente fraco e bem menos equipado, além de ser menor.
Bom, diante da pergunta acima, melhor considerar o irmão Yuan Plus pelo conjunto da obra.
BYD Song Plus 2024 – Galeria de fotos
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