Avaliação completa do Kia Sportage 2.0 (em detalhes)

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A cada geração, o Kia Sportage cresce e aparece. A versão original, trazida em 1993, tinha personalidade bem off-road, mas com desenho redondinho e acanhado. A segunda, importada a partir de 2005, ganhou porte, trazia algumas firulas no desenho, mas ainda mantinha um aspecto levemente aventureiro.

Já a terceira e atual geração é a maior de todas. Tanto em tamanho quanto em ousadia. O novo Sportage deixa evidente a nova orientação mercadológica da Kia (confira aqui Kia Sportage 2022 convive com 2021 e parte de R$ 195.990), que tenta sofisticar sua imagem através de um design arrojado e original.

A linha de cintura é altíssima, as janelas, estreitas e colunas traseiras são bem largas. O aspecto é bem esportivo e robusto, embora tenha pouco a ver com modelos que costumam enfrentar lama.

Até agora, as vendas dessa nova geração do Sportage têm sido bastante tímidas. Desde o lançamento, em novembro, a média tem ficado em torno de 300 unidades mensais. A geração anterior conseguia comercializar exatamente o triplo disso, 900 unidades/mês.

A Kia justifica tal acanhamento pelo pequeno volume destinado ao Brasil pela matriz, na Coreia – situação que a empresa promete normalizar a partir de abril. Para o importador, com a importação regularizada, as vendas seriam de aproximadamente 2 mil unidades mensais.

Duas vezes o resultado da geração anterior. A proposta é conseguir, até dezembro, nada menos que 16 mil emplacamentos. Isso representaria 15% das 104 mil unidades que a Kia pretende vender em 2011. Coisa de 91% a mais que as 54,5 mil vendas de 2010.

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O design do novo Kia Sportage evidencia a intenção de dar um ar mais sofisticado à marca. Mas a motorização definida para o mercado brasileiro deixa o utilitário muito comportado. O propulsor 2.0 16V com comando variável na admissão e no escape, rende 166 cv a 6.200 giros e 20,1 kgfm de torque a 4.600 rpm.

É o mesmo trem de força utilizado no Hyundai iX35, modelo com o qual divide plataforma e quase todos os recursos. Só que o modelo da Hyundai conta ainda com coletor de admissão variável, o que gera 2 cv a mais. Este propulsor dá uma mobilidade relativamente limitado ao modelo da Kia, que pesa mais de 1.500 kg – a relação peso/potência fica em pouco esportivas 9 kg/cv.

A opção por este motor tem a ver com os impostos, mais pesados nas motorizações superiores a dois litros. Mas, aparentemente, a Kia não conseguiu reduzir suficientemente os custos para tornar de seu modelo comercialmente atraente.

O valor inicial da nova geração do Sportage é 30% superior ao praticado no antigo modelo. A versão mais simples do SUV da Kia, com câmbio mecânico de 5 marchas, sai por R$ 83.900 – o anterior começava em R$ 64 mil.

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Com câmbio automático de seis marchas, esta versão vai a R$ 87.900. E o preço do novo Sportage sobe consideravelmente, conforme se adiciona equipamentos, até chegar a R$ 105.900. E há muitos itens a adicionar.

O modelo básico vem apenas com o trivial para a categoria: trio, ar-condicionado, keyless, direção, rádio/CD com controle no volante, sensor de luminosidade e de obstáculos traseiro, airbags frontais e ABS.

A versão intermediária traz ainda ar dual zone, espelhos rebatíveis e com aquecimento, rodas de liga leve aro 18, ajustes elétricos para o banco do motorista, chave presencial com acionamento do motor por botão, revestimento em couro, piloto automático e controle de estabilidade e de tração. Esta configuração é vendida apenas com câmbio automático e é a única que pode receber o recurso de tração integral 4X4.

Com tração simples, dianteira, sai a R$ 97.900. A tração integral acrescenta mais R$ 5.500 ao preço. Por R$ 8 mil a mais que a 4X2, a versão top agrega apenas teto solar panorâmico, airbags laterais e de cortina e câmara de ré com visor no espelho interno.

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Tudo isso deixa o Sportage em ligeira desvantagem diante de rivais de peso, como Chevrolet Captiva, Volkswagen Tiguan e Toyota RAV-4 – que têm preços semelhantes e trazem mais recursos. Já em relação a Hyundai iX35 e Honda CR-V, a briga é mais parelha.

De qualquer forma, a missão de vender 2 mil unidade mensais é muito dura. Afinal, os concorrentes que mais vendem não alcançam atualmente nem 1.500 unidades mensais.

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Instantâneas

# A primeira geração do Sportage era montada em chassis de longarinas e foi produzida entre 1993 e 2002. O projeto foi realizado em consórcio com a Ford e a Mazda, que o utilizou na pick-up Bongo. A segunda geração, de 2005, já era um projeto derivado do Hyundai Tucson.

# A Kia foi fundada em 1944. Em 1998, o controle da empresa foi adquirido pela rival Hyundai.

# A cor de lançamento do Sportage, com a qual o modelo aparece nas publicidades mundo afora, é laranja. Mas para o Brasil estão sendo trazidas apenas as cores preto, prata, branco, azul e marrom. A cor branca atualmente responde por 40% das vendas do SUV.

# A terceira geração do Sportage, em relação à segunda, ganhou 9 cm no comprimento e 1,5 cm na largura. Perdeu 6 cm na altura, mas boa parte por conta do novo rack, colado à carroceria.

# O Kia Sportage tem cinco anos ou 100 mil km de garantia.

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Ponto a ponto

Desempenho – O motor 2.0 16V do Kia Sportage é moderno, potente para a litragem que tem, mas não opera milagres. Os 166 cv a 6.200 rotações são insuficientes para dar grande agilidade ao SUV coreano. Além disso, os 20,1 kgfm só aparecem aos 4.600 giros. Mesmo com recursos como comando variável de válvulas, o motor só começa a mostrar algum fôlego acima de 3 mil rpm. O resultado disso é um carro sem vigor nas arrancadas e ultrapassagens, que exige muito uso do câmbio. A transmissão automática de seis marchas, a princípio, passaria o problema para o próprio carro. Desde que não se queira arrancar do Sportage um comportamento mais esportivo. Aí será preciso utilizar o modo manual sequencial, para evitar os momentos de indecisão da transmissão. Nota 6.

Estabilidade – Para um carro alto, com 1,64 m, o Sportage é bem neutro. Nas versões com rodas de aro 18, o SUV aderna pouco nas curvas e é estável nas retas, mesmo em velocidades altas. Por outro lado, nos pisos irregulares, vibra mais que o recomendável. Já em buraco maiores, absorve bem os choques, sem comprometer a dirigibilidade. Nas frenagens e arrancadas o Sportage se mantém firme. Nota 8.

Interatividade – No Sportage, os comandos ficam nos lugares clássicos: controle de vidros e trava nas portas, faróis e limpadores nas hastes da coluna de direção, regulagens elétricas do banco em botões nas laterais do assento, ar-condicionado no console com botões rotativos e controles de som e cruise control no volante multifuncional. A linha de cintura alta prejudica bastante a visibilidade – o para-brisa traseiro parece uma escotilha, de tão pequena. Não é à toa que há sensores de obstáculos na traseira desde a versão básica. O volante tem bons tamanho e pega e o câmbio sequencial é bem agradável de manipular. O único pecado fica por conta do computador de bordo, comandado através de dois minúsculos botões na borda do cluster e que se escondem atrás do arco do volante. Um alterna a informação mostrada no pequenino visor acima do hodômetro e o outro reinicializa o computador. E não é difícil imaginar que muitas vezes o de “reset” será apertado indevidamente. Nota 7.

Conforto – Os bancos do Sportage são ergonômicos e confortáveis, seguram bem o corpo e têm várias regulagens, inclusive lombar. O teto solar panorâmico, da versão top, também ajuda ao produzir uma sensação de amplitude bastante agradável. A suspensão – McPherson na frente e multilink na traseira – é muito bem-calibrada. Apesar de permitir que o carro role um pouco nas curvas mais fechadas, ela consegue unir estabilidade e maciez de rodagem. Com aro 18, as imperfeições da pista são mais notadas, mas a filtragem feita pelas molas faz com que não incomodem. Nota 9.

Consumo – A Kia prefere não divulgar os dados de consumo, com o velho argumento de que cada motorista vai obter um resultado diferente. No modelo testado, segundo o computador de bordo, o resultado foi o seguinte: 6,8 km/l em uso misto e 8,9 em estrada. Para um veículo somente a gasolina, este índice não é motivo de orgulho. Nota 6.

Tecnologia – A versão top é bem recheada: ABS, airbags frontais, laterais e de cortina, controle de estabilidade e tração, ar-condicionado dual zone, etc. A plataforma também é nova e tem boa rigidez torcional. Falta, porém, conexão Bluetooth para que o som funcione como viva-voz de celular – coisa corriqueira até em compactos. Nota 8.

Habitabilidade – Como um bom utilitário esportivo, a boa altura promove um espaço no interior bem generoso para todos os passageiros. Essa característica também auxilia no acesso ao interior, que tem vários porta-objetos e os quatro passageiros contam com apoio de braços – o quinto já tira o conforto de todos. O porta-malas acomoda bons 740 litros e tem bagagito recolhível. O sistema de rebatimento é muito fácil de usar e eleva a capacidade para acima de 1.500 litros. O teto solar panorâmico é um item que amplia a qualidade de vida a bordo, mas só é disponível no modelo top, que custa mais de R$ 100 mil. Nota 9.

Acabamento – Tem altos e baixos. Os painéis de porta, de instrumentos e do console misturam texturas que são agradáveis aos olhos, mas não ao toque. A não ser pelas área revestidas em couro ou tecido, todo o interior é construído com plástico rígido. Os feltros de carpetes e porta-malas também não expressam grande qualidade. Os encaixes e fechamentos são bem feitos, mas não há requinte. E nem mesmo o acabamento em couro cria uma sensação de luxo ou sofisticação. Difícil justificar tanta economia em um veículo que começa em R$ 84 mil. Nota 6.

Design – O Kia Sportage consegue unir uma certa discrição com traços bastante originais para um SUV. As linhas traçadas pelo alemão Peter Schreyer criam uma sensação de robustez, com a grande área de carroceria pela altíssima linha de cintura, e esportividade – remete aos “hot rods”, principalmente pelas janelas estreitas e a última coluna extremamente grossa. Nota 9.

Custo/Benefício – A Kia começa a abandonar a política de oferecer mais por menos – praticada desde que passou a tentar apagar a imagem de marca de utilitários de trabalho. E acredita que já conseguiu mudar de patamar. Mas isso se refletiu muito bruscamente no preço. O atual Sportage é 30% mais caro que o da antiga geração. Apesar de custar mais ou menos o mesmo que os rivais, não oferece vantagem em relação a potência, requinte ou equipamentos. Nota 6.

Total – O Kia Sportage somou 74 em 100 pontos possíveis.

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Primeiras Impressões – Utilitário de passeio

Conforme passam as gerações, mais o Kia Sportage se afasta da lama. A versão original, dos anos 90, era um carrinho pouco potente, mas bem valente para encarar estradas de terra.

A atual e terceira geração nem finge ser lameira. Está mais para um crossover. Dos utilitários esportivos ele traz a boa altura livre do solo e a capacidade de encarar os buracos e as irregularidades que infestam as cidades brasileiras. Das minivans, traz qualidades familiares como espaço interno, posição mais sentada de conduzir – melhor para encarar viagens longas – e porta-malas generoso.

Mas é no design que o Sportage tenta extrapolar. Com um estilo ousado, esportivo e sem espalhafatos, o visual do modelo não tem nada de controverso. Agrada muitos e não espanta os demais.

A esportividade prometida pelas linhas não é das mais ferozes. Melhor assim, já que o Sportage tem uma motorização muito comportada. Tanto que a Kia do Brasil prefere nem divulgar oficialmente os números, seja de desempenho, seja de consumo.

O zero a 100 km/h é feito de 10,8 segundos e a máxima fica nos 182 km/h. São números razoáveis, que não retratam o verdadeiro comportamento do carro. O fato de tanto torque de 20,1 kgfm quanto a potência de 166 cv chegaram em giros muito altos, torna o SUV bem pouco vigoroso.

No uso em estrada, qualquer ganho de velocidade exige redução de marcha. Na cidade, as arrancadas são lentas e civilizadas. Para gerar adrenalina é preciso encher o motor de verdade. O que só começa a acontecer a partir dos 3 mil giros.

Por outro lado, o Sportage responde bem às exigências reais e mais comuns do público de utilitários/crossovers: é confortável, imponente e agradável de dirigir. O conforto chega pela suspensão bem acertada, pela correta ergonomia, pelo bom nível de equipamentos e pelo revestimento em couro das versões superiores.

Aliás, o couro é o material mais nobre oferecido no interior do modelo. Pois todo o restante do revestimento é em plástico rígido – enquanto na categoria de SUV médio já o comum é contar com painéis espumados.

A imponência e o prazer de dirigir andam juntos no Sportage. A boa altura em relação ao trânsito transmite segurança. Direção tem o peso correto tanto em altas quanto em baixas velocidades e o câmbio sequencial é agradável de usar e responde aos comandos com razoável presteza.

Os comandos também estão todos nos locais corretos e tradicionais, o que facilita o processo de familiarização. Outro aspecto que torna a vida a bordo bem agradável é o teto solar panorâmico.

Contraditoriamente, o maior problema de quem está ao volante é visibilidade. Ou a falta dela. Os retrovisores externos, de bom tamanho, não são suficientes para compensar os efeitos colaterais da ousada linha de cintura alta, dos vidros pequenos e da coluna traseira larga.

Na hora de estacionar, ainda há o sensor de estacionamento e a câmara de ré, com visor no espelho interno, para facilitar o trabalho. Já no trânsito, a precariedade visual provoca excesso de pontos cegos. Mas, no final das contas, o estilo sempre cobra um preço.

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Por Eduardo Rocha – Auto Press

Ficha técnica – Kia Sportage 2.0 16V Automático

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.998 cm³, quatro cilindros em linha, duplo comando no cabeçote e 16 válvulas. Comando variável na admissão e no escape. I injeção eletrônica sequencial e acelerador eletrônico.

Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Possui controle eletrônico de tração.

Potência máxima: 166 cv a 6.200 rpm.

Torque máximo: 20,1 kgfm a 4.600 mil rpm.

Diâmetro e curso: 86,0 mm X 86,0 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson com molas helicoidais, amortecedores a gás. Traseira independente do tipo multilink com molas helicoidais e amortecedores a gás. Oferece controle de estabilidade.

Freios: Discos ventilados na frente e discos sólidos atrás. ABS de série.

Pneus: 235/55 R 18.

Carroceria: Crossover em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,44 metros de comprimento, 1,85 metro de largura, 1,64 metro de altura e 2,64 metros de distância entre-eixos. Airbag duplo frontal, laterais e de cortina.

Peso: 1.550 kg em ordem de marcha, com 480 kg de carga útil.

Capacidade do tanque de combustível: 55 litros.

Capacidade do porta-malas: 740 litros e 1.547 com os bancos rebatidos.

Produção: Gwangju, Coreia do Sul.

Lançamento mundial: 2010.

Lançamento no Brasil: Novembro de 2010.

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.