O Civic Si sempre foi o esportivo da Honda no país desde o icônico New Civic, porém, perda de potência, aliada à mudança de produção de outro carro, nos trouxe finalmente o Honda Civic Type R, agora um carro feito no continente.
Suprassumo esportivo da família Civic, o hatchback da Honda deixou de ser feito na Inglaterra e passou a ser fabricado tanto no Japão quanto nos EU.
Todavia, é o modelo nipônico que chega ao país, porém, não sem algum corte, com preço bem alto, mas com a pegada que se espera dele.
Com 297 cavalos em vez de 320, o Civic Type R vem ao país com proposta superior ao do Civic Si, mantendo o legado de esportividade da marca por aqui, com preço sugerido de R$ 429.900. Ele atua assim numa faixa de preço de seu principal rival por aqui, outro japonês, mas este é um novato na história.
Qual é a importância do Type R?
O Type R tem um peso não só na Honda, mas no mercado mundial de hatches esportivos, sendo um dos principais players do segmento desde 1997, mas por muito tempo, se tornou praticamente exclusivo da Europa e Japão.
Com o Si como intermediário, o Type R sempre foi o suprassumo da Honda nesse segmento, com o hot hatch britânico chegando mesmo a ter 310 cavalos. Até mesmo o New Civic Type R existiu, mas não aqui.
Sem o Si no Brasil, agora a Honda tem uma proposta muito mais poderosa, que pode ser colocada em pista ou na rua, muito mais facilmente, já que o Type R tem uma preparação única para realmente entregar poder e performance num pacote mais raiz.
Muito menos discreto que o esportivo anterior, o Honda Civic Type R da atual geração não deixa de lado seu visual expressivo, correspondente ao que entrega em sua proposta. O modelo da geração 11, volta a ser derivado do sedã e sua carroceria com formas mais de fastback, é um diferencial importante para o elegante Civic Touring.
Na chamada Racing Blue Pearl, o Civic Type R logo de cara se distingue por sua cor chamativa, tendo o modelo as tonalidades Rally Red, Crystal Black Pearl e Championship White. Ostentando um logotipo da Honda em vermelho, o hot hatch tem na grade em preto brilhante e design exclusivo, o logotipo Type R em vermelho.
No pacote visual, o Type R tem ainda saídas de ar no capô, assim como faróis full LED escurecidos, devidamente em harmonia com o para-choque esportivo com defletores laterais em preto brilhante, com entradas de ar para os freios e grade estilizada.
Já nas laterais, abauladas pela bitola maior que a do sedã, o Civic Type tem saias de rodas pronunciadas, que se encaixam bem na suspensão mais baixa e nas rodas esportivas aro 19 polegadas com pneus de alta performance Michelin Pilot Sport 4S 265/30 R19. Com freios Brembo de 4 pistões na frente, são devidamente pintados de vermelho.
Tendo saias laterais com spoilers em preto brilhante, o hot hatch tem ainda retrovisores na mesma cor, assim como molduras das janelas e colunas, com antena barbatana e o imenso aerofólio traseiro em Matte Black, faz os olhos seguirem o modelo da Honda.
Ele tem ainda lanternas em LED escurecidas, saídas de ar nas laterais do para-choque e difusor de ar pronunciado em acabamento Matte Black. O escape triplo não só se destaca no visual, mas sonoramente também.
Ambientado para emoção
Dentro, o Honda Civic Type R segue a receita das gerações anteriores lá fora, num ambiente focado na emoção e com o vermelho saltando aos olhos, em contraste com o azulão da pintura externa.
O habitáculo é literalmente forrado de vermelho, com assoalho e guarnições nessa cor, assim como os tapetes e os bancos, em estilo concha, com acabamento em camurça e elementos vazados, ostentando ainda o logotipo Type R e enlaçados por cintos de segurança de mesma cor.
O painel, em preto, tem cluster digital personalizado com visual modificado no modo +R, que muda o grafismo para um conta-giros horizontalizado e velocímetro digital. Nos modos Comfort, Sport e Individual, apresentam mostradores circulares, que podem ser minimizados. Já a multimídia tem o Honda LogR, monitor de desempenho do Type R.
Ele apresenta diversos parâmetros de performance, como tempo de volta, aceleração, força g, análise de desempenho, dados de funcionamento do motor, entre outros, tudo para que um track day seja bem monitorado pelo piloto.
Com alavanca de câmbio curta e personalizada, assim como pedais esportivos, o Civic Type R conta ainda com plaqueta numerada e volante com acabamento em Alcantara. O hatch tem ainda sistema de som Bose, bem como freio de estacionamento eletrônico, Auto Hold e carregador indutivo.
Tendo quatro lugares definidos, o Civic Type R conta com porta-copos integrado ao banco traseiro, enquanto o acabamento dos encostos dianteiros reforça a proposta com logotipo da versão. Com porta-malas de 337 litros, com estepe de desempenho limitado a 80 km/h.
Performance raiz
O Honda Civic Type R não abandona a essência de um carro esportivo, dando ao motorista maior domínio sobre a máquina e só nisso já vale a pena estar ao volante do hatch japonês. Movido pelo poderoso K20C1, o propulsor de quatro cilindros e 2.0 litros, dá ao bólido nipônico o desempenho que se espera dele.
Com turbo e injeção direta de combustível, o K20C1 tem duplo comando no cabeçote e variação total de abertura e fechamento de válvulas, assim como uma programação mais que especial para impulsionar o Type R. Feito para ele, o motor entrega 297 cavalos a 6.500 rpm, com 42,8 kgfm a 2.600 rpm.
Essa calibração foi feita para o Brasil, já que nos EUA o Type R entrega 320 cavalos, enquanto no Japão, são 330 cavalos. Aqui, a cavalaria é pouco menor que a de seu maior rival, o Toyota GR Corolla, que dispõe de 304 cavalos e 37,7 kgfm.
Nesse caso, o Honda tem mais força e isso implica em aceleração de 0 a 100 km/h em 5,4 segundos contra 5,5 segundos do concorrente, finalizando a corrida em 275 km/h ante 230 km/h do carro da Gazoo Racing, que custa R$ 461.990, mas tem tração AWD.
Nos dois casos, transmissão manual de seis marchas, mas deixemos o comparativo de lado e, antes que alguns lembrem e comentem, andamos no GR Corolla apenas na pista de Interlagos e nem conseguimos uma volta completa.
Em contrapartida, o Civic Type R foi no dia a dia e assim, não colocaremos os dois nos pratos da balança. Bom, vamos ao esportivo da Honda, um produto muito desejado, que torna a coisa toda mais complicada quanto não se tem uma pista.
Nas ruas, além de chamar a devida atenção, o Type R exige uma saída com giro alto, sempre bem mantido acima de 3.000 rpm, ainda que até uns 2.000 rpm, ele consiga garantir um impulso sem acusar o baixo giro.
Isso apenas na calmaria de semáforos e trânsito pesado. Todavia, com caminho livre, pode-se rapidamente alcançar a faixa vermelha, pouco acima dos 7.000 rpm.
Com aceleração forte, o Honda Civic Type R permite estocadas rápidas no pedal e trocas de marchas justas, em tempo para uma resposta imediata, passando brevemente por 5.000, 6.000 rpm. Embreagem bem calibrada deixa a coisa melhor, com o ronco e o breve silvo da turbina a ajudar na aceleração da emoção.
Nos modos Comfort e Sport, assim como no Individual, o Civic Type R já responde elogiosamente, permitindo vários comportamentos ao volante sem interferências eletrônicas, o que dá ainda mais individualidade na tocada. O ganho de giro é tão rápido que é preciso atenção para evitar o corte de giro, fazendo-se perder tempo.
Com toda força nas rodas dianteiras, o Ciivc Type R oferece uma dinâmica de condução na ponta dos dedos, com direção bem direta e muito responsiva, casando excelentemente bem com uma geometria de suspensão própria para sair da estrada e entrar na pista.
No modo +R, até o cluster muda e os parâmetros de desempenho se alteram igualmente, garantindo assim que haja menos assistência e, obrigatoriamente, maior domínio do jogo por parte do motorista. Direção, resposta dos freios, suspensão, motor, entre outros, tudo fica pronto para andar de forma agressiva.
Acompanhado do ronco mais grave com reduzidas e tirar a atenção de outros motoristas, assim como os sons de aumento de giro que injetam adrenalina pelos ouvidos. O Civic Type R acende luzes, toca alarme e indica a hora da troca de marcha bem acima dos 7.000 rpm, dando ao carro aquilo que pode surpreender muitos.
Com o LogR, esses e outros dados são analisados e apresentados ao motorista para o mesmo melhorar seu desempenho, sendo tudo registrado num app dedicado no smartphone. Essa telemetria reforça a missão do Civic Type R de andar bem também no circuito, o que é ótimo.
Encaixado no confortável e envolvente banco do Type R, tem-se boa visibilidade na estrada, ainda que se tenha atenção em entradas apertadas de supermercado. Não é um carro para compras, mas este Civic serve para muitos propósitos além de andar rápido, caso contrário não teria bagageiro, banco bipartido e muito menos porta-copos…
Chegando a 110 km/h, o Civic Type R tem bom cruzeiro acima de 2.000 rpm, tendo seu consumo na estrada adequado para sua missão, com 14,6 km/l a 80 km/h, 12,2 km/l aos 100 km/h e 11,4 km/l a 120 km/h.
Na cidade, fizemos até que bons 8,2 km/l. Nesse caso, jogando-se marchas altas e mantendo acima de 2.000 rpm, conseguem-se bons resultados, mas abaixo desse giro, o K20C1 perde empolgação.
A lógica, nesse caso, se apresenta bem, afinal, o Civic Type R foi feito para andar em alta rotação, aproveitando o melhor que se pode extrair dele.
Muito disposto, o hatch esportivo da Honda tem um comportamento agradável, sem ser rigidamente nervoso, permitindo até uma tocada suave, mas se for para levar a coisa a sério, garante até curvas rápidas sem que se perca a frente. Com tração dianteira apenas, o bólido se apoia bem no conjunto, que tem ainda suspensão traseira multilink.
Dotado de freios poderosos, o Civic Type R deixa que se freie na curva sem medo de ser feliz, com estabilidade digna e retomada para fazer os quatro ocupantes colarem nos assentos.
É permitido fazer curvas em alta com a destreza de um piloto treinado, sem sair do “envelope de voo”, ainda que o ideal seja estar numa pista fechada para ir mais alto.
Os largos pneus 265/30 R19 garantem a aderência impossível para um carro comum na métrica do Civic Type R, ou seja, não basta apenas ter rodas e pneus, é preciso ter o conjunto completo. Para isso, ele alcança 275 km/h… Então, não há mais o que dizer.
Vale o “investimento”?
Com 4,598 m de comprimento, 1,890 m de largura, 1,407 m de altura e 2,735 m de entre eixos, o Honda Civic Type R é um caror que se usa bem no dia a dia, não sendo exageradamente baixo, ainda que a frente possa raspar numa ou outra rampa. Por isso, em ruas ruins, é preciso atenção, sendo o mesmo em relação às temíveis lombadas.
O carro se recente fácil das vias dolorosas de nosso país, por isso, os caminhos precisam ser conhecidos, especialmente se estiver usando Waze ou Google Maps, pois os atalhos podem ser “mortais”.
Sem LaneWatch, merece atenção com o trânsito maluco, mas a sensação de poder ao volante, pronto para qualquer gracinha alheia ou provocação, é um vinho que se toma com moderação.
Mesmo ele, sendo uma proposta raiz, ainda garante um pacote Honda Sensing com controle direcional e imagens “a la Tesla” de outros carros, mas essa travessia rodoviária acaba após 47 litros consumidos.
No final das contas, não sendo beberrão, o Civic Type R é garantia de diversão perto ou longe de casa, mesmo que a brincadeira saia por R$ 429.900.
Lá na frente, bem cuidado, ainda valerá uma boa grana, se o dono quiser vender, é claro…
Honda Civic Type R 2024 – Galeria de fotos
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