Carro da semana, opinião de dono: Citroen C4 VTR 2007

Em dezembro do ano passado (2010) eu troquei meu antigo Chevrolet Classic 1.0 2006 (álcool) pelo Citroën C4 VTR 2.0.

O VTR, modelo 2007, estava com 53.000 quilômetros rodados, estava à venda por R$37.500,00 e veio com alguns opcionais bem interessantes.

Desde então rodei aproximadamente 3.500 quilômetros entre estrada e cidade.

Apresentação

Apresentado no Salão de Paris em 2004 e vencedor do World Car Design em 2006, o C4 VTR chama bastante atenção por onde passa até hoje por ser um modelo com poucos exemplares pelas ruas brasileiras.

Parou de ser vendido em 2009 e desde então o valor de venda caiu vertiginosamente, principalmente por que a maioria dos brasileiros torce o nariz na hora de comprar um carro de duas portas.

Eu, como sou solteiro, 20 anos de idade e tenho que me deslocar para o trabalho, faculdade e viagens com no máximo a minha namorada no banco do passageiro, as duas portas estão de bom tamanho.

Mesmo quem comprou esse carro com poucos acessórios levou para a garagem algo bastante completo.

No caso do meu, o antigo proprietário fez o imenso favor de pegar com as rodas 17″ modelo Resolfen, aerofólio e a central multimídia NaviDrive.

Ainda seria possível ter escolhido com opcionais faróis de xenônio direcionais, aquecimento dos bancos, bancos de couro entre outros.

Nos itens de série, alguns destaques: ar-condicionado digital dual zone, controles no volante, ESP, 6 airbags, sensor de chuva, sensor de estacionamento, volante revestido em couro, perfume de ambiente, retrovisor eletrocrômico e os bancos com um tecido de excelente qualidade.

Além dos mais normais dessa categoria como ABS, ajuste elétrico de retrovisores, faróis de neblina, aviso sonoro do farol, regulagem de altura dos faróis, chave canivete, apoio de braço nos bancos dianteiros e traseiros, direção assistida e bancos traseiros rebatíveis.

Senti falta de alguns itens como rebatimento elétrico dos retrovisores, sensor de mudança involuntária de faixa, porta-trecos mais úteis e sensor de estacionamento frontal.

O motor PSA 2.0 16 válvulas, movido à gasolina, possui 143 cv e torque máximo de 20.4 kgfm (4000 RPM).

O câmbio é de 5 marchas e possui freios disco rígido na traseira e disco ventilados nas rodas da frente. O carro pesa 1.279 kg na sua versão sem os itens opcionais.

Acabamento, interior e tecnologia embarcada

O acabamento do do C4 VTR é muito bom, plásticos e tecidos de alta qualidade, apoio de braço e aro do volante revestidos em couro, eu encontrei apenas uma peça com uma rebarba escondida (atrás do apoio de braço).

O tecido do banco é um show a parte, digno de carro de luxo, muito confortável, tanto que me ofereceram colocar couro nos bancos e eu recusei na hora, pois seria um pecado fazer isso.

O silêncio impera dentro do carro, mesmo nas rotações mais altas e ruas barulhentas.

A visão em manobras é um pouco problemática nesse carro.

A frente dele é baixa e fica difícil ver do lado do passageiro, as colunas do lado do para-brisa são largas, o vidro de trás é bem pequeno e como o meu veio com Insulfilm bem escuro atrapalha mais ainda.

Nesse ponto, a única coisa que eu gostei foram os retrovisores laterais que permitem uma boa visão. Nas manobras o sensor de estacionamento ajuda bastante.

O famoso mostrador digital translúcido da Citroën me agradou instantaneamente, pois é fácil de ver as informações de nível de combustível, quilometragem e temperatura do motor.

O conta-giros fica um pouco esquecido, apesar de estar no meio do volante.

O ar-condicionado é forte e gela rápido, fácil de controlar e muito útil por ser dual zone.

Ele acaba embaçando um pouco vidro do para-brisa de vez em quando e também poderia ter a regulagem da velocidade no volante.

As pedaleiras de fábrica são comuns, de borracha, poderia ter vindo algo como as do PUG 307 Feline.

O espaço interno para o motorista é excelente, vidros elétricos one touch, os comandos bem dispostos, regulagens que deixam fácil encontrar uma posição de dirigir, tanto para quem é grande quanto para os pequenos.

Eu não gostei foi da falta de regulagem da altura do cinto de segurança, algo que até o Classic e outros carros populares tem, não entendi essa economia que a Citroën fez, é muito ruim ter que ficar arrumando a gola da camisa ou a altura do banco para o cinto não ficar raspando no pescoço.

Era melhor colocar as regulagens de altura do que os inúteis “porta-qualquer-coisa” no painel.

Para os passageiros no banco de trás tem bastante espaço para duas pessoas, quando três tentam entrar a coisa fica mais apertada, a sensação de aperto aumenta mais ainda pelo fato dos vidros serem pequenos e não abaixarem.

O porta-malas possui porta-trecos muito úteis nas laterais, é bem escuro e pequeno, mas ao rebater os bancos é fácil conseguir espaço.

Uma reclamação que eu já recebi diversas vezes foi quanto ao peso das portas e o espaço para abri-las.

Falando em portas, faltaram as luzes na parte de baixo dela durante a abertura, que além de item de um item de conforto ajuda na segurança.

Fora isso, as portas são grandes e para quem é alto, um grande auxílio na hora de entrar e sair do carro.

Quando comprei o carro, não entendia muito bem o que o Regulador e o Limitador de velocidade faziam.

Depois que eu descobri, não sabia como vivi sem isso antes. Para viagens mais longas é perfeito, basta escolher a velocidade que deseja que o acelerador eletrônico faz a tarefa de “empurrar o pedal” para você.

Os alto-falantes que vêm com ele são medianos, mas pelo menos existem tweeters separados no painel.

Eu não gostei da central multimídia que veio como opcional, pois não é touchscreen, não tem entrada USB, o GPS só funciona na França (isso mesmo, sem chances de usá-lo no Brasil), o idioma é português de Portugal e a disqueteira só lê CDs normais.

Em um futuro próximo pretendo trocá-la por algo que tenha alguma utilidade.

O ESP, o ABS, 5 estrelas na Euro NCap, cintos com pré-tensores e os 6 airbags me transmitem bastante segurança.

Ao escolher esse carro fiz questão de levar em conta esses itens, já que na maioria dos carros 0 km dessa faixa (R$ 38.000) esses itens não existem (tirando alguns compactos asiáticos).

Apesar dos problemas encontrados eu gostei demais do interior do carro.

O conjunto da obra transmite muito conforto para quem está lá dentro e comparado com os carros da mesma categoria (e faixa de preço).

Eu posso seguramente dizer que é o mais confortável de todos, melhor até que o C4 Hatch mais novo, que dirigi antes de pegar o VTR.

Comportamento na cidade e estrada

O C4 VTR definitivamente não foi feito para andar nas esburacadas ruas brasileiras, ao andar em ruas de paralelepípedo temos a impressão de que existe uma escola de samba na traseira dele.

É um defeito crônico desse modelo e a já vi outros proprietários reclamarem disso. Existem soluções para diminuir o barulho, mas isso já deveria ter vindo de fábrica. Ao passar em valetas ou lombadas é bom tomar cuidado, pois é fácil raspar a placa da frente (a minha já está toda torta).

Um problema chato do VTR é a suspensão traseira, que não tem curso progressivo, é curta e bate seco em ruas esburacadas e estradas de terra.

Eu estou achando o consumo dele bom na cidade, mas eu não abuso, pois se ficar acelerando mais do que o necessário os 9,0 km/l médios que ele têm feito caem para 7,0 facilmente.

Apesar de ser 16 válvulas consigo rodar bem em baixa rotação, as trocas de marcha normalmente não precisam ser acima de 2.000 RPM, graças ao comando variável, que entrega boa parte do torque (85%) nessa faixa.

Falando em troca de marchas, o pedal da embreagem é duro e o curso é longo, algo que outros donos desse modelo também notaram. Fôlego é algo que não falta, apesar do peso um pouco elevado, encara qualquer subida ou ultrapassagem sem problema nenhum.

Mas eu gosto mesmo do VTR na estrada. Estou sempre utilizando a Anhanguera e a Dom Pedro aqui na região de Campinas/SP e tenho que tomar cuidado para não me exceder, pois o carro exala vontade de andar mais e mais.

Em 100 km/h o motor gira próximo dos 3000 RPM, em 120 km/h ele está em 3500 RPM. É bastante estável nas retas e em curvas mais rápidas e fechadas, o banco te mantém firme, sem escorregar.

Em média, o consumo está por volta de 11,5 km/l, com o tanque de 60 litros é possível rodar bastante sem se preocupar com posto de gasolina. À noite os faróis iluminam muito bem.

Manutenção e outros custos

Um mito bastante comum é que o C4 VTR tem manutenção cara por ser importado da França. Porém ela se iguala aos outros Hatches Médios devido ao C4 Hatch e o Peugeot 307 compartilharem muitas peças.

Talvez uma ou outra peça seja um pouco mais cara, como os limpadores de para-brisa que custam em torno de R$170,00 (marca Bosch e Dyna). Alguns exemplos: pastilhas de freio EBC por R$140,00, discos de freio Fremax por R$160,00, correia dentada por R$80,00, troca de óleo e filtro por R$150,00, farol dianteiro original por R$350,00.

O óleo do motor do meu VTR é o 15w40 e o fluído de arrefecimento é o DOT3 ou DOT5.1.

O seguro no meu nome (homem, 20 anos, sem histórico de sinistros, morador de Campinas/SP) é por volta de R$ 3.000 pela Bradesco Seguros, mas poderia ser menor se o VTR não fosse considerado por muitos um “importado esportivo”.

Quer receber todas as nossas notícias em tempo real?
Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!