Bilhete Premiado: Nove anos com Golf GTI MK7
Golf GTI 2014/2014
Azul Night
Com teto solar, bancos tartan
Fabricado na Alemanha
Sou leitor do Notícias Automotivas e as resenhas de proprietários de veículos são leitura obrigatória. Hoje em dia os testes de carros estão fartamente disponíveis na Internet, então sempre considerei mais interessantes os relatos individuais, com as percepções e experiências ao comprar e usar determinados carros.
E assim inicio meu relato, referente ao Golf GTI 14/14, foto acima, com teto e bancos Tartan, fabricado na Alemanha.
Porque o Golf GTI?
Meu primeiro carro foi um VW Voyage 1.6 a álcool, que não gerou lembranças marcantes. Dois anos depois comprei um VW Voyage GLS 1.8, ano 89, 0km, com bancos Recaro, e esse foi o carro que me levou a apreciar os carros da VW.
Depois dele vieram Parati GLS 2.0 97, Gol GTI 2.0 2000 e um Golf 2.0 2002. Todos com câmbio manual. Permaneci trocando um Golf MK4 por outro, até a chegada dos MK7, em 2012/2013. Fiz um test-drive em um Golf 1.4 MK7, e fiquei impressionado com motor, câmbio, suspensão e acabamento, a melhora frente ao MK4 era enorme. Se esta percepção positiva surgiu no Golf 1.4, como seria no Golf GTI?
Como a expectativa pelo lançamento era grande, sabia que a compra poderia ser mais favorável se esperasse a suposta correria inicial passar. No entanto, em junho de 2014 as notícias da troca de origem de fabricação, da Alemanha para o México, começaram a surgir, e isso me fez apressar a compra.
Comprei em São Paulo
Meses antes da compra, fui a Juiz de Fora/MG, para conhecer o veículo, já que não havia à pronta-entrega no Rio de Janeiro. Uma unidade branca, que me causou uma ótima impressão. Como o preço final ficaria em R$105 mil, não fechei negócio, branco não era minha cor preferida, e acreditava que pagar menos seria possível.
Aqui no Rio só ofertavam pelo valor de tabela, uns R$108 mil, e com espera de até 30 dias para entrega. Em São Paulo havia oferta à pronta-entrega, com melhor preço final, justificando a logística piorada inerente à fechar negócio em outra cidade.
Mesmo sendo morador do Rio, comprei o GTI 0km em uma concessionária de São Paulo, em julho/14, por R$101 mil. Fechei por telefone a partir de um anúncio na Webmotors, e o meu irmão, que mora por lá, foi na concessionária confirmar a existência do veículo, me enviou fotos, e após, eu paguei.
Fiquei com a impressão do carro ter sido encomendado para um vendedor da Concessionária, que decidiu revender. Impressão derivou de não ter mão de obra grátis nas primeiras manutenções previstas no plano oficial de manutenção. Não sei se procede a suposição.
Ao pegar o carro em SP, e voltar para o Rio, ele fez 16,7 Km/l na estrada (leitura do computador de bordo), em trecho plano, média de 80 km/h. Impressionante. Optei por seguir recomendação do manual, conduzir veículo civilizadamente, com giros baixos, evitando mantê-los constantes, nos primeiros quilômetros rodados. Se isso garante longevidade do conjunto? Não sei, mas acho razoável supor isso.
Antes da compra simulei valor de seguro, para ver se era viável. Me surpreendeu o valor baixo que consegui, o prêmio ficou em 2,3% do valor do veículo. E foi abaixando ao longo do tempo, para patamar de 1,7%. Muito bom. Surpreendente, em especial por toda a mídia existente na época propagandeando valores relativamente altos de seguro para o Golf.
Convivência
Sempre abasteci com gasolina de alta octanagem. Fiz todos os serviços previstos no plano de manutenção preventiva que veio com o manual do carro, sempre em concessionária VW, até hoje.
A lista de manutenções corretivas realizadas está a seguir.
1. Aerofólio de plástico tipo “black piano” do vidro traseiro descolou, recolocado com fita dupla face 3M (2014)
2. Alarme disparou algumas vezes, sem razão aparente, após lavagem com água pressurizada, depois de secar, nunca mais aconteceu (2015)
3. Ainda na garantia, foram trocados os mecanismos dos elevadores dos vidros elétricos dianteiros (2017)
4. Foi trocado o coletor de admissão, o conserto mais caro, R$ 4 mil (2020)
5. Juntas de vedação do cárter trocadas em 2022, após rodar em dia excessivamente quente (2021)
Sobre o Golf GTI 2014
Sobre o comportamento dinâmico do carro, o GTI é o que dizem, e muito mais.
O motor é brilhante. Tem acelerações explosivas, é elástico, e o carro é relativamente leve, com 1317 Kg, então você dirige com a impressão constante de ter motor sobrando. Isso é muito especial.
A suspensão é brilhante. Considerando a potência do carro, é firme na medida do necessário. Como tem braços duplos atrás, e não eixo de torção, quando você leva caronas, diferente dos Golf MK4, o carro não afunda atrás, continua agradável.
A transmissão de dupla embreagem é incrível. Troca de marchas é feita melhor que o motorista faria, qualquer motorista, e olha que nunca gostei de transmissão automática.
Ela acompanha a inclinação do terreno, e diminui marchas, para maior força ou efeito de freio motor, e ainda possui 3 modos de condução, Drive, Sport (aumenta rotações) ou Manual (trocas de marcha sob demanda). Difícil superar essa transmissão. Não há hesitação ao sair da inércia. As rotações baixam quando se sobe a marcha, mas a força motriz nas rodas é contínua, sem trancos ou perdas.
Nunca alinhei a direção, não foi necessário. A multiplicação foi ajustada para esterçar muito com pouco giro do volante, e isso faz uma diferença enorme no conforto e esportividade ao dirigir.
Os bancos do GTI são ótimos, e com tecido tartan quadriculado, lembram as origens do carro. Originalmente eu não queria o GTI com teto solar, mas sabedor que isso valoriza, aceitei de bom grado. O teto funcionou bem, mas o tecido interno que desliza e bloqueia o sol é muito fino, e a insolação, muito forte. Um adesivo colado no exterior do teto resolveu a situação.
Em 2020 não consegui desviar de um buraco pequeno, mas com quinas nas bordas, que rasgou o pneu dianteiro esquerdo. Troquei o par dianteiro. Mesmo com 43 mil Km, os pneus ainda aguentariam muito mais, tanto é que o par traseiro continua original até hoje. Nunca troquei pastilhas ou discos de freio. O peso baixo do GTI e a condução civilizada são os responsáveis, creio.
Aliás, o peso baixo do GTI é um dos grandes responsáveis pelo brilhantismo dinâmico.
Golf ganha a companhia de um V40
Em 2019 a VW parou de fabricar o GTI no Brasil. Em 2021, para avaliar se estava à altura, e assim eventualmente substituir o GTI, comprei um Volvo V40 T5 R-Design, 18/19.
Sim, este Volvo tem um design espetacular. Mas não supera o GTI, nem de longe, pois minha prioridade não é luxo, e sim esportividade com praticidade.
Estão chegando ao mercado GR Corolla e Civic Type R, que estão, no exterior, posicionados acima do Golf GTI MK8. O espaço que o GTI ocupava, aqui no Brasil, permanecerá sem sucessor.
Conclusão
A qualidade de um carro, entre os milhares fabricados, não tem relevância estatística que permita afirmar “o Golf MK7 é um carro de qualidade superior”. Posso estar falando de um bilhete premiado, entre inúmeros outros bilhetes com pior sorte.
No entanto, o que importa é a minha percepção, de que estou usando um carro de qualidade e desempenho superiores, e a VW conseguiu isso com o GTI.
Tenho a nítida impressão de que este carro me proporcionou um valor superior àquele que eu paguei, em 2014. Saber que hoje, no mercado de usados, ele é supervalorizado, confirma isso.
Por outro lado, a “maldição do GTI” é exatamente produzir no proprietário o receio de que, ao trocar o GTI por um carro 0km, gastando alto, provavelmente acabará concluindo que ele é, no geral, pior que o GTI.
Afasto essa maldição focando no sentimento de “bilhete premiado”.
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