Carro da semana, opinião do dono: New Fiesta 1.6 SE 2014

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Prezados, três anos e meio atrás relatei meu processo de compra e primeiras impressões de meu atual carro, um New Fiesta 2014 1.6 SE manual.

O uso é principalmente em vias urbanas e rodoviárias, e como não possuo família (filhos e esposa), não tenho necessidade de muito espaço, sendo mais para caronas, amigos ou familiares.

Na época procurava um carro que buscasse aliar dirigibilidade, principal característica para um apaixonado por automóveis como eu, além de um bom consumo e se possível, bons itens de conforto. Não havia ainda a febre dos “SUVs”, o mercado não possuía tantas opções referente à esse mercado e o mesmo não me interessa muito.

O New Fiesta possui o conhecido motor Sigma 1.6 com duplo comando variável e que gera até 130/125 cv (etanol/gasolina) atrelado aos 15,5/16,0 kgfm de torque e seu preço foi de 48 mil reais.

Após três anos e meio, continua sendo meu carro principal e de uso diário, podendo relatar a opinião de dono (leia também a opinião de dono sobre o Peugeot 206 1.4 Presence), então vamos à ela.

De antemão antecipo, as ótimas primeiras impressões que o carro causou continuam sendo verdade, algumas qualidades foram inclusive exponenciadas.

Seguro ficou cotado em 2.300 reais sem perfil de condutor.

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Processo de compra

Conforme explanado anteriormente, fiz um relato sobre o processo e primeiras impressões, de forma detalhada. Aqui irei resumir tal relato para avançar para a parte principal.

Durante a época de compra, basicamente dois carros me chamaram atenção além do New Fiesta (leia também sobre o Fiesta 2006), que são:

  • HB20 1.6 Hatch: Na época, o modelo me chamou atenção principalmente pelo preço, a Hyundai me pediu 41 mil reais pelo modelo 1.6 Comfort, que já vinha com Bluetooth, airbag duplo, direção hidráulica, entradas de USB e AUX. Ótimo desempenho, bom consumo, design bonito e preço legal. Contudo, não oferecia ABS, era 2014 e os modelos equipados por lei estavam dobrando a esquina ainda.

Era um carro mais racional, o HB20 apresenta um torque maior em baixas rotações e mantém essa mesa e desenvoltura até o corte do motor, anda muito bem, mas não gostei da estabilidade.

Ele sai de frente muito cedo e a direção achei leve demais, além de o motor apresentar a força já em baixa, ótimo para uso urbano e conforto do usuário, não me instigava a dirigir, tendo em vista que a sensação do torque entrando enquanto desenvolvia velocidade era pouco.

Excelente atendimento Hyundai, com direito a visitas às oficinas e como eram feito os planos de manutenção, foi o melhor pós venda já visitado até então.

  • Peugeot 208: Design mais bonito, tanto internamente como externamente. Boa dirigibilidade, mas pós venda e preço me assustaram. Estavam pedindo 45 mil reais pela versão 1.5 8v de 90 cv, e não possuía mimos como ar digital ou controle de tração e estabilidade. Além disso, um amigo teve um 208 Griffe AT e relatou que foram diversos problemas ao longo de 2 anos em que o possuiu. Como ele mesmo o descreveu, um bom carro para um péssimo pós venda. A situação parece ter amenizado hoje em dia, com a Peugeot fazendo marketing mais agressivo frente à essa situação.

  • New Fiesta: Primeiramente fui pela versão 1.5, mas achei o interior muito pobre, desde o acabamento ao desenho do painel, além que o preço de 45 mil reais não eram nada convidativos para um carro sem muito itens de conforto, som simples e com motor que não possui o duplo comando variável. Ao ver no show room uma versão 1.6, entrei e me apaixonei pelo design do painel, ousado e arrojado, não gosto muito de painéis óbvios retilíneos, apesar de o acabamento ser predominantemente de plástico.

Ford ofereceu por 48 mil reais na versão 1.6, que já vinha equipado com controle de tração, estabilidade, Hill Holder, duplo airbag, ABS com EBD, ar digital, multimídia SYNC com controles no volante e por voz, contendo entradas USB e AUX, além de som contendo 2 tweeters, que de fato é um diferencial considerável.

Tem ainda rodas liga leve e repetidores de direção nos retrovisores. Fiz o test drive e me chamou a atenção a dirigibilidade/estabilidade. Fechamos negócio. Vale ressaltar que nessa época ainda não havia o Ka.

Convivência diária

Para quem não precisa de espaço, conviver com ele é fácil. O carro tem um rodar mais firme e colado no chão, lembrando quase a posição de um Kart, o câmbio possui bons engates, silenciosos e precisos.

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Além disso, é bem equipado para conforto do usuário no dia a dia, o mesmo lhe trata bem, particularmente, acho excelente a calibração da suspensão firme, porém, sem ser desconfortável.

O Ar condicionado digital automático é bem legal, gela rápido e possui as funções esperadas, sendo a temperatura retratada por um visor central.

O acabamento é fraco, interior predominante de plástico, contendo tecido (o qual já está soltando) apenas nas portas dianteiras, pelo menos é bem executado e sem rebarbas. O carro está com 30 mil km e há pouquíssimas peças batendo no interior do veículo, ponto positivo.

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Modificações pessoais realizadas por mim foram os frisos laterais (que a Ford tentou me cobrar 1,4 mil reais por eles, achei por 250 reais na internet) e a antena menor, já que acho a original muito grande e feia. Infelizmente o carro tem uma batida na lateral, um motoqueiro bateu e quis arrumar confusão, achei melhor cada qual ficar com seu prejuízo, mesmo estando certo.

Os vidros são todos elétricos e de um toque, o alarme fecha automaticamente todos os vidros, caso estejam abertos, além de retrovisores elétricos. O trânsito na cidade de Fortaleza é péssimo, do tipo anda-e-para, com isso o consumo urbano é em torno de:

  • 8 a 9 km/l com ar desligado.
  • 7 a 8 km/l com ar ligado.

Aparenta ser pouco, mas é uma média boa levando em conta o quão ruim nosso trânsito é. Porém, caso venha a pegar uma avenida ou alguma via que desafogue mais, o consumo já pula logo para os 10/11 km/l.

Contudo, aqui fica minha primeira crítica, a primeira marcha é longa demais, deixando um buraco entre a primeira e a segunda, é nítido a queda de potência e necessidade de redução devido ao buraco entre as marchas.

Entendo porque a Ford fez isso, deixou a primeira marcha mais longa para não ter que ficar trocando constantemente em engarrafamentos, o que realmente ajuda, mas prejudica o desempenho do carro.

O som multimídia SYNC é alvo de críticas, por ser defasado em relação aos concorrentes, porém, acredito que cumpre o que promete e a cor azul, junto com o restante da iluminação do painel, cai muito bem.

De fato uma SYNC 3 cairia melhor, mas como não tenho muita dificuldade em manusear multimídias ou equipamentos eletrônicos, acho bem legal e completa, sinto falta apenas de GPS, que utilizo meu celular para tal.

Por ela, é possível desligar controle de tração ou hill holder, além de alguns ajustes mais interessantes, como quantos segundos dura a seta quando você da um leve toque para mudar de faixa.

Inclusive, algo que me surpreendeu bastante que não esperava quando comprei, é a qualidade do som. Os quatro alto falantes já são bons e os tweeters localizados nas portas dianteiras são de ótima qualidade, é disparado o melhor som da categoria e inclusive de categorias superiores, escutar música nele é um prazer que vale a pena!

Graves e agudos são bem definidos e é possível ajustar as configurações do mesmo pela multimídia.

Dirigibilidade

Tive que separar um tópico só para essa característica, porque tenho de dizer, é fantástica! O acerto do chassis é impressionante, o carro lhe avisa totalmente do que está acontecendo e a frente aponta e vai!

Levar o New Fiesta no limite é muito prazeroso, quando ele chega lá, ele continua afiado e com muita desenvolvetura, sendo muito recompensante para o motorista, lembrando um bom Kart. É de longe um dos carros mais divertidos que já guiei, o câmbio manual amarra bem isso e deixa o carro realmente muito na mão.

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Tive oportunidade de dirigir alguns veículos mais caros e complexos, de segmentos superiores como Civic, V40 e posso afirmar, enquanto alguns deles são mais sólidos ou mais capazes, nenhum é tao divertido quanto e recompensante de guiar. O New Fiesta (veja aqui New Fiesta – defeitos e problemas) é realmente uma referência nesse quesito e a vontade que tenho é de possuir um Ecoboost manual.

O motor 1.6 é praticamente morto até 2.500 rpm, onde a partir daí o torque começa a entrar e vai crescendo até 5.700 rpm, um valor bem alto! O corte de potência é em 6.600 rpm e gera mais força até o último segundo, e por isso instiga tanto o motorista, ele começa não desenvolvendo nada e de repente começa a empurrar você contra o banco e a acordar, é realmente muito bom!

O 0-100 fica em torno na casa dos 9,7 s a 10,5 s, e é um motor que gostar de girar bem, é bem legal. Pode não ser o mais rápido da categoria, mas o desempenho é suficiente para empurrar com vigor e dar força às retomadas/ultrapassagens, porém, a falta de força em baixa prejudica principalmente subida de serras, por exemplo, necessitando de paciência.

Além disso, em trechos urbanos é cansativo, pois a falta de força atrapalha saídas mais fortes ou cruzamentos atrapalha bastante. Em trecho rodoviário, é um conjunto espetacular, pois o motor está sempre evoluindo e atrelado ao acerto dinâmico dele, é realmente algo bem diferente e que ainda não havia presenciado.

A casa dele é a estrada, a qualidade do som, dirigibilidade e conjunto mecânico convidam qualquer pessoa que goste de viajar a dirigir ele!

Além disso, o consumo em rodovias é excelente, ao contrario dos primeiros quilômetros rodados nele, em que o consumo deixou a desejar, melhorou bastante! Hoje alcanço médias de 16/17 km/l a 110 km/h, enquanto a 120/140 km/h fica em torno dos 15/13 km/l.

Por curiosidade, uma vez fiquei a 60 km/h com ar desligado para ver o quanto fazia, e o computador de bordo acusou uma impressionante marca de 24,4 km/l, valor surreal para nossa realidade.

As rotações do motor a 120 km/h giram em torno de 3100/3200 rpm, valor relativamente alto, constatando a falta que faz uma 6ª marcha Overdrive.

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Pós-Venda

Diferentemente do consenso geral, sempre tive um ótimo atendimento pela concessionária Ford, a qual sempre me cobrou o valor tabelado e ainda informava de possíveis falhas/danos no veículo que poderiam ocorrer em um curto período.

Algo que me chamou a atenção foi quando pedi para balancear/alinhar o carro e iria pegar no outro dia, ao pegar, os mesmos disseram que não iriam fazer, pois os pneus estavam muito gastos, então iria pagar por um serviço que dentre de dois meses, no máximo, seria inutilizado por conta da troca de pneus, achei bem legal da parte deles.

Contudo, o preço de peças assusta, a cesta de peças básicas do New Fiesta gira em torno de 4.500 reais, valor bem alto para um carro compacto de entrada. Inclusive estava escutando um barulho vindo da parte proveniente do carro, na suspensão, ao passar por lombadas ou algo assim, imaginei ser alguma bucha desgastada.

Reclamei na concessionária e condenaram ambas as peças do freio que estavam com folga e precisavam ser trocadas (não lembro o nome da peça especificamente). Preço? 842 reais. Sorte que a garantia cobriu.

Contudo, apesar de ter diminuído, o barulho persiste. Mais para frente irei levar em um mecânico de confiança para checar as buchas, é realmente algo bem leve.

Hoje o carro encontra-se com 30 mil km rodados e nenhum defeito ocorreu até então, somente troca básica de itens como óleo e filtros, apesar de ter acionado a garantia duas vezes, que serão explicadas posteriormente.

Contudo, a parte elétrica do carro me chamou a atenção, ao longo desses 3 anos e meio que passei com ele, o ar condicionado disparou 3x sozinho, levei na concessionária e foram sinceros comigo, dizendo que iam ficar com o carro e rodar com ele até o ar disparar sozinho e poderem encontrar o problema.

Rejeitei por ter ocorrido muito pouco e desde a última vez, não ocorreu mais.

Além disso, o motor Sigma, ao ser ligado, faz um barulho estranho, como se fossem duas peças metálicas rangindo uma na outra, levei na concessionária e os mesmos entraram em contato com a central da Ford que disseram que era característica do motor.

Estranhei, então solicitei uma autorização deles para tal problema e guardei comigo, para caso haja um futuro problema referente a isso. Contudo, desde então passei a prestar atenção nos carros equipamentos com esse mesmo motor, e de fato escutei ele em todos, sem exceções.

Conclusão:

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É um excelente carro com um ótimo nível de equipamentos e que preza principalmente pelo motorista, com sua posição de dirigir baixa e agressiva, não deixando de lado o consumo e conforto.

Não tem pretensões esportivas, mas o excelente acerto de chassi instiga qualquer um que o dirija, arrancando elogios de todos. É um carro para quem gosta de dirigir, sendo reforçado pelo espaço interno praticamente nulo para os outros ocupantes.

Pontos negativos ficam para o pouco espaço interno, acabamento fraco e ausência de cinto de três pontos e ausência de um câmbio manual de 6 marchas, o qual acredito que poderia encurtar as marchas e deixar a 6ª como Overdrive, auxiliando desempenho e consumo do carro.

Reconheço, hoje, que o Ka é uma escolha mais racional e adequada, pois tem um chassi mais simples, nem todos precisam dessa precisão toda do New Fiesta em termos de dirigibilidade, é bem equipado, mais barato e de quebra possui um espaço interno melhor que o Fiesta.

Compraria novamente pelo puro prazer de dirigir, e só trocaria por outro carro com mesmo desempenho, só irei trocar de carro quando realmente for necessário e minha convivência com o New Fiesta, porém, não me instiga nem um pouco a trocar de carro. Recomendo a compra de um seminovo, zero está muito caro. E que carro, meus amigos!

André Studart

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Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 27 anos, há 16 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X