Diante das águas do Mar Tirreno, numa tranquila praia siciliana, a história automobilística italiana está se perdendo e com ela a última chance de emprego para milhares de trabalhadores de Termini Imerese, comuna milenar perto de Palermo.

Fechada há 13 anos, a antiga fábrica da Fiat é hoje um monumento aos tempos áureos da montadora de Turim, convertendo-se numa cápsula do tempo.

Em 1969, o governo italiano quis desenvolver o sul rural do país e Termini Imerese foi o local escolhido para uma fábrica da Fiat, onde 40% do capital era de Roma. A partir de 1977, mesmo ano em que começa no Brasil, a marca assume completamente a instalação.

Hoje, a fábrica está como a Fiat a deixou em novembro de 2011, quando a produção do Lancia Ypsilon foi encerrada e 2.200 funcionários foram demitidos. Com tudo dentro, a instalação parece pronta para voltar a ativa.

Os pátios externos vazios e com mato aqui e ali, não indicam que o interior da planta que fez Fiat 500, Fiat 126, Panda, Punto e o Ypsilon, está recheada de equipamentos, algumas peças e troféus…

Nos prédios da linha de montagem, os dispositivos que sustentavam e giravam os carros, conforme eram completados, continuam lá com sua cor amarela, assim como as estações de trabalho e ferramental necessário para a produção.

No vídeo do canal Forgotten Buildings, nenhum carro da Fiat foi visto, o que não quer dizer que unidades abandonadas não estejam pelo enorme local, que não pôde ser explorado totalmente.

Já nos escritórios, cadeiras, mesas, documentos, armários e troféus. Muitos deles foram deixados para trás em 2011 e registram a memória esportiva dos funcionários da Fiat.

Retida no tempo, a ex-fábrica da Fiat mudou de mãos várias vezes, a começar pela italiana DR Motor, que planejava fazer carros chineses da Chery e JAC no local, com a última sendo uma startup chamada Blutec.

Todavia, em 2019, uma investigação do governo italiano descobriu uma fraude na Blutec, que deveria fazer carros elétricos em Termini Imerese, mas fez apenas trocar algumas placas no local.

Foram US$ 16 milhões de dinheiro público desviado para compra de bens como uma vila de luxo no norte da Itália. Sem um futuro, a fábrica agora está sendo demolida para apagar o passado recente de problemas, embora ela conte muito mais sobre os dias em que a Sicília produzia carros populares.