Automático ou automatizado? Você com certeza já ouviu falar sobre eles e sabe que ambos dispensam o pedal de embreagem, mas existem algumas diferenças entre esses tipos de câmbio.
É fundamental conhecer as distinções entre eles para que não haja arrependimento na hora de comprar um carro.
As vendas de carros automáticos no Brasil subiram muito nos últimos anos. O aumento da renda, observado no começo da década de 2010, motivado em grande parte pelos incentivos absurdos comandados pelo governo, fez com que o consumidor passasse a exigir mais na hora da compra.
Muito se fala na diferença entre automatizado, automático e CVT. Uma das principais características desses sistemas está no conforto, pois eles eliminam a necessidade de pisar na embreagem.
Algumas pessoas nem consideram o câmbio automatizado como um automático, mas em realidade o sistema cumpre o que a função designa, ou seja, permite que as marchas sem trocadas sem intervenção do motorista, que assim também não precisa acionar a embreagem para efetuar a mudança de velocidade da transmissão.
Mas vamos falar em detalhes sobre cada um dos tipos de câmbio que trocam as marchas sozinhos.
Câmbio automatizado
Resumidamente, o câmbio automatizado surgiu como uma versão mais barata do câmbio automático, pois ele é como um câmbio manual que trabalha com peça chamada atuador hidráulico.
Ele atua como se fosse nossa perna, pressionando a embreagem, e como nossa mão, trocando a marcha. Por isso é que, nesse tipo de câmbio, as trocas acabam tendo mais trancos, e sendo mais lentas, do que no câmbio automático convencional.
O nome já indica que é algo que originalmente não é automático, mas que foi adaptado para ser. Esse tipo de sistema foi popularizado no Brasil com o Dualogic e GSR da Fiat, que era feito pela divisão Magneti Marelli, que acabou por fornecer também à Volkswagen, onde ficou conhecido como Volkswagen i-Motion.
A GM também apostou nessa tecnologia com o sistema Easytronic, que não teve sucesso comercial por conta de uma característica bem ruim do dispositivo, que falaremos mais abaixo. A Renault também utilizou a tecnologia, chamada Easy’R.
O sistema automatizado de mudança de marcha é um dispositivo eletrônico que atua diretamente na alteração das marchas atrás de um módulo eletrônico e um atuador eletromecânico que, além de acionar o trambulador para acionamento das marchas do câmbio (pois ao contrário dos automáticos é mecânico), também aciona a embreagem automaticamente.
O sistema gerencia as trocas de marcha e acionamento da embreagem ao mesmo tempo e com rapidez suficiente para conferir um desempenho mediano para o carro, já que platô e disco geram uma perda de contato com o propulsor durante o acionamento.
Com isso, o desempenho não acompanha a mesma velocidade de resposta de um câmbio automático tradicional, deixando uma lacuna grande entre as mudanças, com perda de força suficiente para não agradar muita gente.
Para reduzir o feito, a tarefa fica por conta do condutor que, ao perceber o tempo da mudança, alivia o pé no acelerador. Mesmo assim, ainda não é suficiente para que a sensação desapareça por completo.
Essa tecnologia permite introduzir modos de condução, geralmente uma opção mais esportiva com o alongamento das mudanças. No recente GSR-Comfort da Fiat, empregado no Mobi, o modo Sport altera também os parâmetros do motor, acrescentando também em desempenho.
Exemplos de carros com câmbio automatizado:
A vantagem do câmbio automatizado é que ele dispensa o uso de uma caixa complexa e hidramática ou um CVT. Assim, utiliza-se o câmbio manual normal, bem como seu sistema de embreagem.
Dessa forma, adicionam-se apenas os atuadores eletromecânicos, alavanca seletora (ou botões de marcha, como da foto no alto) e módulo de gerenciamento eletrônico.
O custo menor tornava essa opção vantajosa, ficando abaixo dos R$ 5.000 que normalmente separam uma versão manual de outra automática no mesmo modelo. Atualmente em desuso, esse sistema foi aplicado por último pela Fiat e VW.
Câmbio automatizado de dupla embreagem
Aqui estamos falando de uma evolução do sistema automatizado simples, com um sistema de embreagem duplo, que acopla e desacopla as marchas ao mesmo tempo.
Por isso, as trocas são bem rápidas e a sensação para o motorista é de se tratar de um câmbio automático convencional, com mais conforto nas trocas e menos trancos.
Esse tipo de câmbio existe também em modelos importados de marcas renomadas, ou seja, não se trata de algo mais simples e inferior como o câmbio automatizado que vimos acima.
Quando se fala em câmbio de dupla embreagem, muita gente se esquece que ele na verdade é um automatizado. Trata-se de uma transmissão de conceito mecânico, mas com gerenciamento totalmente eletrônico.
O motivo é simples: ao invés de um único eixo principal com as engrenagens de cada marcha, como num câmbio manual comum, ele possui dois eixos paralelos, que contêm as engrenagens das marchas.
Para fazer as trocas, ele precisa de um sistema de embreagem duplo, que acopla e desacopla ao mesmo tempo, pois utiliza dois discos de fricção, um dentro do outro, onde o contato com o motor nunca é desligado. Exatamente por isso é necessário o controle eletrônico.
Assim, não há perda de força nas trocas, fazendo com que a caixa automatizada de dupla embreagem possa ser mais rápida que um piloto manuseando um câmbio manual tradicional. Diferente do automatizado comum, o de dupla embreagem é muito mais rápido que qualquer outro tipo de câmbio automático.
Ele geralmente é usado em marcas como Ford, Volkswagen, Audi, BMW, Mercedes-Benz, entre outras, permitindo trocas imperceptíveis, suaves e rápidas.
Se o automatizado comum gera alguns inconvenientes em seu funcionamento normal, o câmbio de dupla embreagem pode apresentar ruídos, vibrações, aquecimento e outros problemas em virtude das altas temperaturas no Brasil.
Um exemplo de câmbio automatizado de dupla embreagem problemático é o Powershift da Ford. Por isso, ele foi substituído em algumas marcas por câmbios automáticos comuns.
Câmbio automático
O mais famoso e preferido de todos, o câmbio automático é conhecido há décadas, antigamente chamado de hidramático. Ele trabalha com pressão de óleo para que seja possível trocar de marcha na parte mecânica, e internamente tem o conversor de torque e pequenos conjuntos de embreagem que realizam a mudança de velocidade.
Falando em mudança de velocidade, o automático geralmente é mais elogiado devido às trocas suaves. Isso ocorre graças ao conversor de torque, que executa um acoplamento fluído.
O conversor de torque assume a função de embreagem para o momento em que você estaciona brevemente o carro deixando-o no modo “D”. Essa peça possui óleo internamente e, o melhor, não há desgaste da mesma, o que é mais um ponto positivo. Ao lado dela, ainda podemos ver o cárter, que armazena todo o óleo.
Trata-se de um sistema que utiliza engrenagens planetárias que estão conectadas entre si e são acionadas de forma hidráulica, sempre de acordo com a velocidade e rotação do motor, dentre outros parâmetros em caixas mais modernas.
O gerenciamento eletrônico permite a gestão dessas mudanças, incluindo modos de economia ou performance, alterando assim os tempos de troca.
Para a conexão com o motor, utiliza-se um conversor de torque que usa pressão hidráulica para gerenciar a transferência de energia entre motor e câmbio. Em geral apresenta um desempenho abaixo do câmbio manual, tanto em performance quanto em consumo, mas garante conforto e praticidade no dia a dia.
Carros com câmbio automático:
A tecnologia permite que não exista uma embreagem comum e assim tudo é feito pelo dispositivo. Atualmente, algumas caixas desse tipo alcançam 10 marchas ou mais.
Há muito tempo que os automáticos são populares no Brasil, e eles vêm ganhando mais preferência dos consumidores. Segundo dados recentes, mais de 50% dos automóveis novos vendidos por aqui são sem pedal de embreagem.
Quando olhamos para os 10 modelos mais emplacados, 80% tem pelo menos uma versão automática. Como comparação, em 2011 eles representavam apenas 19,7% de todos os carros vendidos no país.
Câmbio CVT
A sigla CVT significa “Continuously Variable Transmission”, ou transmissão continuamente variável. É um câmbio que não tem marchas, e sim polias de tamanho variável.
Por isso, o carro acelera de forma gradual o tempo todo, como se tivesse apenas uma marcha. Ele ganha o aumento gradual da rotação, além disso, a economia de combustível é outro ponto positivo.
Alguns câmbios CVT simulam marchas, como é o caso do câmbio de 7 velocidades do Corolla no Brasil. Confira o seu funcionamento na matéria: carros com câmbio CVT – veja como ela funciona e quais carros têm.
Outra opção de câmbio automático é o CVT. Trata-se de uma caixa que não utiliza engrenagens para mudanças de marcha, mas uma relação infinita provida por duas polias e uma cinta de aço.
Nas polias, estas se abrem para que a relação entre as duas, conectadas pela cinta, possa variar infinitamente, fazendo com que o motor transfira seu movimento ao carro de forma linear e com aumento gradual da rotação.
Esse sistema pode utilizar a chamada embreagem de partida (multidisco banhado em óleo) ou conversor de torque, tal como nos automáticos com engrenagens.
O CVT é um câmbio ainda mais confortável que o automático comum, pois favorece um funcionamento suave e ideal do motor, o que acaba por render um nível de consumo superior, especialmente na caixa com embreagem de partida, onde a perda de energia é menor que no conversor de torque.
Carros com câmbio CVT:
Por outro lado, esse tipo de câmbio possui um deslizamento no funcionamento que o torna mais lento em resposta numa comparação com o automático. Mesmo assim é utilizado até em carros esportivos, como o Subaru Impreza STI, por exemplo.
No Japão, é o câmbio “obrigatório” em quase todo kei car. Mesmo assim, carros grandes ou com boa performance o utilizam também, como o Honda Civic Touring, por exemplo. A Audi chegou a usar o sistema, batizado de Multitronic (foto acima) e feito pela alemã Luk.
Automático e automatizado: consumo x desempenho
Sobre o consumo, o automático tende a ser maior em comparação com o automatizado. Ele depende de energia do motor para que funcione, principalmente os antigos, além disso, ele é mais pesado. Devido a isso, é bom ficar de olho.
Mesmo dependendo de informações do carro para efetuar as trocas de velocidade/marcha, o automatizado não tem muitos sistemas hidráulicos e ainda é mais leve.
Os automatizados/robotizados (modernos) também conhecidos como dupla embreagem, permitem melhor desempenho e baixo consumo.
Montadoras como Porsche, Audi e até a Ford já oferecem esses modelos. Esse tipo de transmissão proporciona troca de marcha rápida ou manuais sequenciais.
Mesmo com todas as críticas, os automatizados estão ficando cada vez mais modernos e ganhando melhorias, inclusive na redução de trancos. Claramente que, se você está acostumado com o automático, irá estranhar o automatizado e é aí que surgem as críticas em relação a ele.
Ao adquirir um carro com um desses dois câmbios, preste muita atenção, pois há muitos vendedores informando errado e dizendo que modelos automatizados são automáticos. Fique atento em especial se ele for usado, pois no final você pode ter problemas, sem ao menos conhecer direito o câmbio do seu veículo.
Lembre-se que os carros mais baratos do mercado tem câmbio automatizado, incluindo os Dualogic e GSR da Fiat, os I-Motion da VW e os Easy’R da Renault. No caso da Chevrolet ela não usa mais os automatizados, apenas automáticos.
E a Ford tem o câmbio PowerShift, que é automatizado de dupla embreagem, melhor que os automatizados simples, mas com uma fama de problemático.
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