Na Câmara dos Deputados, a “gasolina E35”, ou seja, com 35% de etanol anidro misturado ao derivado de petróleo, está sendo analisada pelos congressistas de um pacote de seis projetos do PL 528/20 e apensados, sobre o aumento expressivo da quantidade de etanol na gasolina.
Mas, não apenas a gasolina, o diesel também está incluso no pacote, onde passará de 15% para 25% de biodiesel na mistura até 2031. De volta ao derivado de petróleo para o ciclo Otto, hoje com 27,5% de etanol, a ideia era alcançar 30%.
Todavia, já se percebeu no legislativo que 30% é pouco e o ideal, por ora, é de 35%. A ideia já passou pela Mesa Diretora da Câmara e agora vai para o plenário para votação.
Bom, com uma “gasolina E35”, o governo reduz a importação de combustíveis, o que também serve para o diesel B25. Outro ponto é que a estrada para o combustível único ou talvez E85 será largamente encurtada.
Além disso, visa reduzir a emissão de poluentes e também os preços dos combustíveis, já que teoricamente produzir álcool é mais barato.
Mas, como o Brasil não é um mercado heliocêntrico, quem tem carro a gasolina, como importados e os antigos, terá de se preocupar com possíveis consequências da conversão de gasolina para “E-alguma coisa”.
A Anfavea e o Instituto Mauá de Tecnologia, por exemplo, apontam nessa direção diante da incerteza que surge ao se substituir a E27 atual pela E35 nas bombas. Não são feitos testes para avaliar o impacto e ainda hoje a tabela do Inmetro é baseada no uso da gasolina E22 e não E27.
Uma das consequências é um aumento do consumo de combustível em carros a gasolina que, ou foram projetados para um percentual menor de etanol ou simplesmente, como os antigos, para nunca provar o combustível vegetal.
A corrosão maior do etanol é outro problema, além de alteração no sistema de injeção, assim como no mapeamento do motor. Quando se pensa nos carros antigos como mais afetados, cria-se um equívoco, já que são os mais modernos a ter problemas.
Motores modernos, como aqueles equipados com injeção direta de combustível e turbocompressor, têm mais chances de sofrer com adição de etanol em quantidade acima da estimada na tropicalização.
Itens como sistema de injeção de combustível, bomba de combustível, galeria de combustível e bicos injetores podem sofrer com a corrosão do álcool em maior quantidade.
Tido como solução definitiva, o etanol avançará mais sobre o mercado e se espera vantagem nisso, mesmo que sua escassez na entressafra impacte “um pouco” no bolso dos consumidores, talvez menos que nos motores mais “puristas”.
[Fonte: Paula Gama/UOL]
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