Não há idade nem classe social certa para ser amante de carros, mas uma coisa é fato: a maioria de nós não tem condições de comprar aqueles carros sobre os quais a gente lê e se interessa bastante.
Uma saída que muitos adotam são os colecionáveis, as versões em escala reduzida desses objetos de desejo.
Muitas vezes, não é preciso gostar e entender de carros para ver que os “carrinhos” têm seu valor e, infelizmente, eles o tem em todos os sentidos. Digo isso porque muitos são realmente caros e difíceis de encontrar.
Com um pouco de dedicação, porém, é possível iniciar e manter uma coleção de carros em miniatura, um “trabalho” que às vezes é quase tão prazeroso quanto a própria aquisição.
Resolvi falar sobre isso porque tenho minha própria coleção, mas noto que é um assunto pouco abordado. Vou tentar explicar um pouco como funciona esse processo todo, compartilhando um pouco da minha experiência.
Escala das miniaturas
Acho que uma coisa legal é definir uma escala, isso possibilita uma maior “integração” entre a coleção, pois os modelos são proporcionais entre si. Sim, isso limita as opções, pois é normal você encontrar um modelo pelo qual sempre procurou, mas em escala diferente do que você está acostumado.
Eu, de uns anos para cá, venho comprando apenas os de escala 1:24. Antes disso, eu não tinha um padrão. Estabeleci esse por causa da oferta. Moro numa cidade média, e certo dia (acredito que em 2010) inauguraram as Lojas Americanas por aqui. Lá, só vendiam essa escala, apenas da Maisto, mas por ótimos R$ 30,00 nos primeiros tempos.
Hoje penso que deveria mudar para 1:43, a chamada “escala de colecionador”. Ela leva esse título pois, apesar de pouco maior que os 1:64 (a escala Hotwheels), não é feita para ser um brinquedo.
Os modelos são tão bem detalhados quanto os 1:24, e têm uma maior oferta de opções. Algumas fabricantes os vendem já em caixas de acrílico, o que reitera o fato: não são brinquedos!
As miniaturas 1:32 são bem conhecidas, pois estão presentes em muitas lojas, inclusive em camelôs. Essas, porém, são mais “brinquedo” do que as 1:43, pois tem menor detalhamento e poucas opções.
Outro problema dessa faixa de escala são as variações. É preciso estar atento, pois as mesmas fabricantes que vendem 1:32 costumam vender 1:28, 1:30, 1:34, 1:36 e 1:38, o que eu considero um problema, novamente por causa da proporcionalidade.
Isso acontece pois alguns modelos seriam muito maiores ou menores que os outros 1:32, caso fossem dessa escala. Entre os 13 da minha coleção que se encontram nessa faixa, apenas 6 realmente são 1:32.
Os outros são diversos, como o Cadillac Series 62 que tem quase o comprimento dos 1:24, sendo 1:34, enquanto o Fiat 500, apesar de ser 1:28, é bem menor.
Entre as mais famosas, há ainda a 1:18, também adorada por colecionadores, pelo alto nível de detalhes (algumas abrem os vidros, têm carpetes, bancos que imitam couro, etc.). Por outro lado, elas são realmente caras e demandam bastante espaço e cuidado no manuseio.
Dessa escala, só tive um Corvette 1998 da Maisto. Quando ganhei (o carro devia ser lançamento ainda), eu era uma criança. Hoje posso dizer que meu único 1:18 é uma sucata, pois só tem duas rodas e várias partes estão quebradas.
Fabricantes e modelos de miniaturas
Como a maioria dos meus modelos (todos os atuais) são 1:24, posso dar mais dicas a respeito de fabricantes e modelos sobre essa escala do que as outras.
A Maisto é a fabricante mais famosa e mais fácil de ser encontrada. Tem vários modelos nas escalas 1:24 e 1:18, alguns em cartelas entre 1:32 e 1:43, além dos 1:64, também em cartelas. As três primeiras têm boa qualidade, enquanto a última é mais simples que os Hotwheels.
Alguns deslizes não têm desculpa, como unidades 1:24 com lanternas que são apenas pintura no metal, sem partes plásticas encaixadas. Em termos de modelos, os clássicos são quase sempre os mesmos (todo ano é lançada uma “nova” coleção) e os modernos costumam ser esportivos caros.
Eu sou da opinião de que, quanto mais popular, melhor. Eu trocaria sim uma miniatura de Ferrari por uma de um Fiat Uno.
Há a Welly e a Bburago que são semelhantes à Maisto. Também a Kinsmart e a Saico, que oferecem vários modelos da faixa 1:32. Outra que gosto bastante é a MotorMax. Tenho apenas dois modelos (1:24), mas ambos são muito detalhados, a ponto de serem pesados demais.
Ambos têm volantes que giram as rodas, o que é raro nos outros dessa escala, além de abrirem tanto o porta-malas quanto o capô, enquanto a maioria abre apenas um deles. Além disso, são enormes.
Tenho um Chrysler 300 1995 e um Bel Air 1950, dois modelos bastante compridos e que, assim como a Kombi e a RAM da Maisto, que são 1:25, era de se esperar que fossem de uma escala ligeiramente menor.
Para se ter mais noção, o Chrysler é quase tão comprido quanto o Corvette 1:18. Apesar de não ter em minha coleção, o mesmo ocorre com os 1:18 dessa fabricante.
Ainda sobre a MotorMax, podemos dizer que ela se destaca nos modelos antigos. Entre as poucas opções de carros atuais, metade é da Pagani, o que, para mim, é o mesmo caso da Ferrari que citei acima.
Há algumas que poucos conhecem, e que, para mim, foram uma surpresa quando as vi pela primeira (e única) vez sem nunca ter ouvido falar antes. Uma delas é a Rastar. Essa fabricante tem poucas opções e, dentre elas, optei pelo Mini Clubman, um modelo pouco falado.
Acho que nada mais prova o meu desgosto por modelos óbvios do que o fato de eu ter um Countryman, um Clubman, um Cabrio, um Cooper antigo, porém nenhum Cooper da geração atual (ou passada, em outros mercados).
A outra é a Cararama. Dela tenho uma Land Rover Defender e uma Citroën C4 Picasso. O segundo eu acho surpreendente. Sei que é carro de tia e que não está entre os carros com os quais eu sonho em ter, mas acho que poderíamos contar nos dedos quantos dos leitores do NA esperariam encontrar um carro desses em miniatura.
Esses modelos, além das características dos MotorMax (sobre capô, porta-malas e rodas), ainda têm vidros mesmo nas portas que abrem, o que é raro.
Entre as mais luxuosas, há AutoArt, Minichamps e Norev. Todas elas se concentram principalmente nas escalas 1:43 e 1:18 e têm altíssimo nível de detalhes. Dentre elas, tenho alguns modelos da última: um Uno, um Uno Way e duas Idea.
Apesar de ser uma fabricante francesa, ela tem alguns modelos nacionais por ser a escolhida de várias fabricantes de automóveis reais para fazer seus modelos em miniatura de forma oficial. As minhas, inclusive, vinham em caixas da marca Fiat, e não Norev.
E acho que justamente por isso que ela é a que mais tem opções de modelos atuais, alguns sendo lançados antes mesmo do lançamento do modelo real.
Não poderia deixar de falar de Hotwheels e Matchbox. Não há muito que se falar sobre a primeira, enquanto que a segunda é como se fosse a “versão para adultos” dos Hotwheels. Isso porque eles são vendidos como os originais, sem transformações.
São mais bem detalhados. Infelizmente não são mais importados pela Mattel para o Brasil. Em minha coleção de pequenos, iniciei com os Hotwheels em um aniversário onde ganhei uns 15. Dei continuidade nessa escala por um tempo, mas quase que apenas com os Matchbox.
Desde que essa marca não está mais presente no país, só compro algum quando ele realmente me chama atenção, como as quatro VW Brasília idênticas e lacradas, que devem se tornar cada vez mais raras.
Como em todos os outros ramos, hoje as marcas chinesas estão começando a aparecer com muita força. Entre elas, eu citaria a Checkmate (Paudi Model) e Fx Modes. Ainda é caro e difícil comprar essas marcas no Brasil, mas é incrível como as opções estão de acordo com nosso mercado.
Só para citar alguns: Cruze, Gol, Palio, Siena, EcoSport, Soul, Sportage, Tucson, I30, CR-V, Civic, entre vários outros.
Finalmente, cito a Planeta Deagostini, uma empresa que oferece coleções de vários ramos. Atualmente ela oferece a coleção “Carros Inesquecíveis do Brasil”, incluindo 75 edições, cada uma inclui uma miniatura 1:43 e um fascículo sobre o modelo, todos clássicos e nacionais.
Ela começa por Opala, passa por Simca e Gurgel e termina com a Fiat 147 Pick-Up.
Onde comprar miniaturas
Hoje em dia, a opção mais cômoda é comprar pela internet. A melhor sensação, porém, é encontrar um modelo bem legal em uma loja qualquer, sem estar esperando. Lojas como Americanas ou outras só de brinquedos são as opções para as cidades pequenas e médias. Em cidades maiores, existem as lojas especializadas.
Do ano passado para esse, infelizmente, as Americanas subiram os preços dos modelos 1:24.
Os 1:43 mais comuns costumam ser mais baratos, algo próximo dos 1:32, enquanto os 1:18 chegam facilmente aos R$ 250,00. Os Hotwheels custavam R$ 5,00, enquanto os Matchbox costumavam custar uns R$ 2,00 a mais (era um ótimo negócio).
Os Rastar eu encontrei em um freeshop em Rivera, no Uruguai, por US$ 18,00, enquanto os Cararama custaram US$ 16,00 numa loja especializada em Ciudad del Este, no Paraguai.
Aqueles das marcas mais luxuosas costumam custar bem caro, quando 1:43 e mais caro ainda na escala 1:18. A Fiat vende seus modelos fabricados pela Norev em eventos, no Brasil, por ótimos preços.
Os da Planeta Deagostini são vendidos em edições em bancas ou por assinatura. Infelizmente nunca encontrei em banca alguma e a assinatura obriga a pagar por todos os modelos.
Ao todo, a coleção custa cerca de R$ 3.400,00. Ao menos o comprador ganha de brinde uma Veraneio policial, uma Kombi ambulância e um cenário de posto.
Finalizando, há muito que se pensar e discutir quando o assunto é colecionar miniaturas. As opções são infinitas, mas os preços também assim podem ser. Eu, diferente da maioria dos colecionadores, prefiro os modelos atuais. Embora estes não tenham tido tempo de marcar a história, são meus contemporâneos, o que me permite conhecer mais de perto sua própria história.
Uma boa dica é admirar os modelos disponíveis nos sites das próprias fabricantes e estar sempre de olho na seção de brinquedos das lojas. Compartilhem nos comentários seus gostos e preferências, citem outras fabricantes, lojas e opções. As melhores fontes de informação de um colecionador são os outros colecionadores!
Por Vinicius Cesar da Costa
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