Karmann-Ghia é um dos nome mais famosos da história automotiva brasileira e de fato foi o primeiro carro esporte feito no país, sendo associada desde o início com a Volkswagen.
Ainda que a Karmann-Ghia tivesse fábrica própria e de fato não ser parte da VW, ela tinha um contrato de produção do carro com a Volkswagen, que assim venderia o produto como seu.
Na prática, a Karmann Ghia era fabricante de carrocerias no Brasil como na Alemanha e o modelo era essencialmente da VW, que na época produzia somente Fusca e Kombi.
Por aqui, a Karmann Ghia construiu uma vistosa fábrica nas margens da rodovia Anchieta, iniciando a produção do modelo da VW em 1962.
Este carro foi desenhado na Itália pelo estúdio Ghia, que depois caiu nas mãos da Ford, mas o projeto fora bancado pela VW, que buscava um carro esportivo para vender em mercados como dos EUA.
Karmann-Ghia Typ 14, a primeira geração
O primeiro produto da empresa foi o Volkswagen Karmann-Ghia, um carro esporte de quatro lugares e duas portas, que tinha carrocerias de estilo cupê e conversível, que somaram 23.578 unidades vendidas.
Fabricado a partir de 1962, o modelo era conhecido como Karmann-Ghia Coupé ou Cabriolet, sendo conhecido internamente na VW como Typ 14.
O projeto era o mesmo executado na Alemanha a partir de 1955, sendo um produto que aqui recebeu o chassi do Fusca, tal como na Europa, mas o motor empregado era o 1200 a ar.
Com este propulsor, o Karmann Ghia entregava 36 cavalos e 8,4 kgfm, que lhe permitia rodar até 120 km/h.
Quando foi iniciada a produção do Karmann-Ghia no Brasil, o Typ 14 já não era mais fabricado na Alemanha, onde o Typ 34, derivado do Typ 3 alemão, estava em fabricação, mas sem o mesmo apelo estético do original.
No Brasil, a VW decidiu ter o Karmann-Ghia para deter as marcas nacionais associadas com estrangeiras que dominavam o segmento de luxo, basicamente composto por cupês elegantes e não propriamente potentes.
Conhecido como “mille duca”, o motor 1200 a ar era o mesmo usado pela Volkswagen nos modelos Fusca e Kombi, sendo um propulsor fraco para sua proposta de luxo, mas era o que havia.
A popularidade da Volkswagen nos anos 60 fez com que as vendas do Karmann-Ghia seguissem bem, pois, era um carro robusto e agradável em estilo, bem diferente do Typ 34 alemão.
Simbolo de status, o Karmann Ghia era o VW mais caro e era oferecido nas concessionárias da marca como um produto de seu portfólio.
Feito pela subsidiária da alemã Wilhelm Karmann GmbH, o novo carro surgiu no mercado apenas como cupê, inicialmente, com produção diária de 23 unidades, chegando a 10.000 unidades em cinco anos.
Coupé e conversível
Com 4,14 m de comprimento, 1,634 m de largura, 1,330 m de altura e 2,400 m de entre eixos, o Volkswagen Karmann-Ghia tinha motor boxer 1200 a ar com 36 cavalos (SAE), que se tornou insuficiente para o desempenho esperado do cupê.
Então, em 1967, o Volkswagen Karmann-Ghia o motor foi substituído pelo novo motor boxer 1500 a ar com carburador único, elevando a potência assim para 50 cavalos (52 cavalos na SAE) a 4.600 rpm e 9,6 kgfm a 2.800 rpm.
Na mudança, o Karmann-Ghia Coupé teve o sistema elétrico indo de 6V para 12V, bem como sendo feita uma repaginação das lanternas traseiras.
Mantendo ainda o design original do Karmann Ghia desenhado por Sergio Sartorelli, do estúdio Ghia, o modelo se destacava pelos faróis circulares pronunciados, pequeno nariz central e duas pequenas grades cromadas.
Conforme a tradição da época, o Volkswagen Karmann-Ghia não levava no capô o logo da VW e nem da Karmann, mas o brasão de armas de São Bernardo do Campo, que foi usado em outros carros da marca alemã.
Carregando o símbolo heráldico da então Detroit brasileira, o Karmann-Ghia ostentava uma cabine pequenas, com vigia traseiras grandes e portas sem batentes dos vidros, assim como uma traseira com tampa longa.
Nela haviam lanternas verticais e afiladas, mudadas em 1967, enquanto a tampa tinha uma grade tipo churrasqueira na parte superior, carregando ainda a placa e a capa com iluminação da mesma.
Havia o nome Volkswagen cromado na base da tampa, enquanto logo acima, no lado oposto, o nome estilizado da Karmann-Ghia.
Os para-choques tinham barras laminadas duplas na frente e atrás, que combinam com os muitos cromados dos vidros, maçanetas e até do duplo escape centralizado.
As rodas de aço aro 15 polegadas com pneus diagonais, tinham calotas cromadas bem vistosas, enquanto o interior tinha originalmente dois mostradores grandes para velocímetro e relógio, além de um para o nível de combustível.
Com volante de dois raios em cor marfim, o Karmann-Ghia Coupé era puro luxo para a época, com bancos estofados, portas revestidas em vinil com detalhes cromados e painel na cor da carroceria.
Em 1967, o painel sofreu uma mudança, empregando o acabamento jacarandá da VW e empregando o mesmo painel que seria do VW 1600L, com velocímetro central maior, relógio e nível de combustível menores, somando três mostradores.
O volante passou a ser do estilo meia-lua, ainda um clássico, mantendo assim o Karmann Ghia sem alterações até 1970, quando o motor 1500 foi trocado pelo 1600 de carburação única, mas um ano antes, a bitola traseira aumentou e os para-lamas foram cortados.
O motor 1600 entregava 60 cavalos e 10,8 kgfm, dando ao Karmann-Ghia um desempenho muito melhor. Três anos antes, a KG havia iniciado a produção do Karmann Ghia conversível, que teve somente 176 unidades feitas e hoje é um objeto de desejo de colecionadores.
Karmann-Ghia TC, a segunda geração
As linhas clássicas do Karmann Ghia já não se sustentavam e em 1970, a Volkswagen lançou o modelo TC (Touring Coupé), que foi um projeto brasileiro, inspirado nas linhas do Porsche 911.
Com carroceria inteiramente nova, tinha quatro lugares e mais espaço interno, preservando o estilo, com faróis circulares e grades cromadas conectadas a estes, enquanto o logo da VW assumia o lugar da heráldica de São Bernardo do Campo.
Frisos paralelos, piscas nas extremidades, lanternas traseiras horizontalizadas e tampa traseira com vigia integrada, marcaram o Karmann-Ghia TC, mas o painel era praticamente o mesmo da geração anterior.
As rodas de aço tinha o estilo dos carros da VW de 1970, mas assim como estes, adotou o cubo central preto (copinho) no fim da vida.
Com seu motor boxer 1600 a ar de dupla carburação (plano), o TC tinha 65 cavalos e 12 kgfm, alcançando uma boa performance, mas durou somente cinco anos, sendo retirado de linha em 1975 com mais de 18 mil feitos.
Qual o último ano do Karmann-Ghia? O modelo durou até 1975.
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