Karmann-Ghia (1962-1975): detalhes das 2 gerações

karmann ghia 1

Karmann-Ghia é um dos nome mais famosos da história automotiva brasileira e de fato foi o primeiro carro esporte feito no país, sendo associada desde o início com a Volkswagen.

Ainda que a Karmann-Ghia tivesse fábrica própria e de fato não ser parte da VW, ela tinha um contrato de produção do carro com a Volkswagen, que assim venderia o produto como seu.

Na prática, a Karmann Ghia era fabricante de carrocerias no Brasil como na Alemanha e o modelo era essencialmente da VW, que na época produzia somente Fusca e Kombi.

Por aqui, a Karmann Ghia construiu uma vistosa fábrica nas margens da rodovia Anchieta, iniciando a produção do modelo da VW em 1962.

Este carro foi desenhado na Itália pelo estúdio Ghia, que depois caiu nas mãos da Ford, mas o projeto fora bancado pela VW, que buscava um carro esportivo para vender em mercados como dos EUA.

Karmann-Ghia Typ 14, a primeira geração

karmann ghia 5

O primeiro produto da empresa foi o Volkswagen Karmann-Ghia, um carro esporte de quatro lugares e duas portas, que tinha carrocerias de estilo cupê e conversível, que somaram 23.578 unidades vendidas.

Fabricado a partir de 1962, o modelo era conhecido como Karmann-Ghia Coupé ou Cabriolet, sendo conhecido internamente na VW como Typ 14.

O projeto era o mesmo executado na Alemanha a partir de 1955, sendo um produto que aqui recebeu o chassi do Fusca, tal como na Europa, mas o motor empregado era o 1200 a ar.

Com este propulsor, o Karmann Ghia entregava 36 cavalos e 8,4 kgfm, que lhe permitia rodar até 120 km/h.

Quando foi iniciada a produção do Karmann-Ghia no Brasil, o Typ 14 já não era mais fabricado na Alemanha, onde o Typ 34, derivado do Typ 3 alemão, estava em fabricação, mas sem o mesmo apelo estético do original.

karmann ghia 4

No Brasil, a VW decidiu ter o Karmann-Ghia para deter as marcas nacionais associadas com estrangeiras que dominavam o segmento de luxo, basicamente composto por cupês elegantes e não propriamente potentes.

Conhecido como “mille duca”, o motor 1200 a ar era o mesmo usado pela Volkswagen nos modelos Fusca e Kombi, sendo um propulsor fraco para sua proposta de luxo, mas era o que havia.

A popularidade da Volkswagen nos anos 60 fez com que as vendas do Karmann-Ghia seguissem bem, pois, era um carro robusto e agradável em estilo, bem diferente do Typ 34 alemão.

Simbolo de status, o Karmann Ghia era o VW mais caro e era oferecido nas concessionárias da marca como um produto de seu portfólio.

Feito pela subsidiária da alemã Wilhelm Karmann GmbH, o novo carro surgiu no mercado apenas como cupê, inicialmente, com produção diária de 23 unidades, chegando a 10.000 unidades em cinco anos.

Coupé e conversível

karmann ghia 7

Com 4,14 m de comprimento, 1,634 m de largura, 1,330 m de altura e 2,400 m de entre eixos, o Volkswagen Karmann-Ghia tinha motor boxer 1200 a ar com 36 cavalos (SAE), que se tornou insuficiente para o desempenho esperado do cupê.

Então, em 1967, o Volkswagen Karmann-Ghia o motor foi substituído pelo novo motor boxer 1500 a ar com carburador único, elevando a potência assim para 50 cavalos (52 cavalos na SAE) a 4.600 rpm e 9,6 kgfm a 2.800 rpm.

Na mudança, o Karmann-Ghia Coupé teve o sistema elétrico indo de 6V para 12V, bem como sendo feita uma repaginação das lanternas traseiras.

Mantendo ainda o design original do Karmann Ghia desenhado por Sergio Sartorelli, do estúdio Ghia, o modelo se destacava pelos faróis circulares pronunciados, pequeno nariz central e duas pequenas grades cromadas.

Conforme a tradição da época, o Volkswagen Karmann-Ghia não levava no capô o logo da VW e nem da Karmann, mas o brasão de armas de São Bernardo do Campo, que foi usado em outros carros da marca alemã.

karmann ghia 3

Carregando o símbolo heráldico da então Detroit brasileira, o Karmann-Ghia ostentava uma cabine pequenas, com vigia traseiras grandes e portas sem batentes dos vidros, assim como uma traseira com tampa longa.

Nela haviam lanternas verticais e afiladas, mudadas em 1967, enquanto a tampa tinha uma grade tipo churrasqueira na parte superior, carregando ainda a placa e a capa com iluminação da mesma.

Havia o nome Volkswagen cromado na base da tampa, enquanto logo acima, no lado oposto, o nome estilizado da Karmann-Ghia.

Os para-choques tinham barras laminadas duplas na frente e atrás, que combinam com os muitos cromados dos vidros, maçanetas e até do duplo escape centralizado.

As rodas de aço aro 15 polegadas com pneus diagonais, tinham calotas cromadas bem vistosas, enquanto o interior tinha originalmente dois mostradores grandes para velocímetro e relógio, além de um para o nível de combustível.

karmann ghia 2

Com volante de dois raios em cor marfim, o Karmann-Ghia Coupé era puro luxo para a época, com bancos estofados, portas revestidas em vinil com detalhes cromados e painel na cor da carroceria.

Em 1967, o painel sofreu uma mudança, empregando o acabamento jacarandá da VW e empregando o mesmo painel que seria do VW 1600L, com velocímetro central maior, relógio e nível de combustível menores, somando três mostradores.

O volante passou a ser do estilo meia-lua, ainda um clássico, mantendo assim o Karmann Ghia sem alterações até 1970, quando o motor 1500 foi trocado pelo 1600 de carburação única, mas um ano antes, a bitola traseira aumentou e os para-lamas foram cortados.

O motor 1600 entregava 60 cavalos e 10,8 kgfm, dando ao Karmann-Ghia um desempenho muito melhor. Três anos antes, a KG havia iniciado a produção do Karmann Ghia conversível, que teve somente 176 unidades feitas e hoje é um objeto de desejo de colecionadores.

Karmann-Ghia TC, a segunda geração

karmann ghia 8

As linhas clássicas do Karmann Ghia já não se sustentavam e em 1970, a Volkswagen lançou o modelo TC (Touring Coupé), que foi um projeto brasileiro, inspirado nas linhas do Porsche 911.

Com carroceria inteiramente nova, tinha quatro lugares e mais espaço interno, preservando o estilo, com faróis circulares e grades cromadas conectadas a estes, enquanto o logo da VW assumia o lugar da heráldica de São Bernardo do Campo.

Frisos paralelos, piscas nas extremidades, lanternas traseiras horizontalizadas e tampa traseira com vigia integrada, marcaram o Karmann-Ghia TC, mas o painel era praticamente o mesmo da geração anterior.

As rodas de aço tinha o estilo dos carros da VW de 1970, mas assim como estes, adotou o cubo central preto (copinho) no fim da vida.

Com seu motor boxer 1600 a ar de dupla carburação (plano), o TC tinha 65 cavalos e 12 kgfm, alcançando uma boa performance, mas durou somente cinco anos, sendo retirado de linha em 1975 com mais de 18 mil feitos.

Qual o último ano do Karmann-Ghia? O modelo durou até 1975.

google news2Quer receber todas as nossas notícias em tempo real?
Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!

O que você achou disso?

Toque nas estrelas!

Média da classificação / 5. Número de votos:

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.


Últimas Notícias



unnamed
Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 27 anos, há 16 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X