Em 24 de outubro de 2016, sofri uma pequena batida com meu carro, um Volkswagen cross up! Já escrevi sobre esse carro aqui no NA.
Acionei o seguro, que me cedeu um carro reserva por 7 dias. Findo esse prazo, comecei a pesquisar sobre aluguel de carros para utilizar nos fins de semanas, que é quando mais uso carro.
Durante minhas pesquisas, qual não foi minha surpresa ao verificar que algumas grandes locadoras ofereciam carros premium para locação 24 h, não só aquelas locações para “passeio”, e a preços relativamente acessíveis.
Segue relato de aluguel de dois Audi A3 e uma BMW 320i Sport GP.
Ao me deparar com a possibilidade de alugar carros premium, a emoção foi quase tão grande quanto a surpresa. Primeiro, pesquisei onde sairia mais em conta. E achei a Localiza, quem em 2015 colocou carros premium na sua frota.
Possuem Audi A3, Volvo S60 T5 e BMW 320i Sport GP, todos bem novos (modelos 2015 em diante).
O primeiro que peguei foi um Audi A3 preto, com 12.600 mil km rodados, versão attraction de entrada, modelo 16/16 já brasileiro, com cheirinho de novo. Para alugar o Audi A3 você tem que optar pelo grupo L-executivo especial.
Porém, fica aqui a ressalva que a Localiza não garante um carro específico: você aluga um grupo e vai depender da disponibilidade na hora.
Nesse grupo, além do A3, também há Cruze 1.8, Sentra 2.0, Focus Sedan 2.0, Corolla 2.0, Fluence 2.0 e o Jetta 1.4 TSI, esse último disponibilizado muito recentemente para locação, acho que até vai substituir o Audi A3 futuramente.
Veja também: quanto custa alugar um carro
Talvez, por sorte, consegui o Audi A3. A diária promocional saiu por cerca de 150 reais, mais o seguro de 39 reais que é opcional. Optei pelo seguro, pois fiquei com receio de dirigir um carro de mais de 100 mil reais sem proteção.
Um adendo: a Movida também tem o A3 para alugar, mas te obrigam a pagar o seguro de 60 reais. Se você não quiser seguro, o preço da locação triplica.
Moro no RJ capital e a intenção do aluguel foi viajar para Teresópolis, há cerca de 150 km da capital, onde tenho parentes, e curtir o potencial carro na estrada. Contudo, no dia estava chovendo, o que me frustrou um pouco.
Ao pegar o carro na cidade, você já sente a diferença no “tratamento” dos outros motoristas. É fácil pedir passagem para uma troca de faixas, quase todo mundo é muito simpático ao ver as quatro argolas.
Hora de por o pé na estrada. A chuva intensa serviu para mostrar a estabilidade do carro. O câmbio automático Tiptronic de 6 marchas possui a opção S, a qual acionada, deixa o motor girar mais alto e até mesmo o ronco muda.
Não senti que a perda de suspensão multilink desse modelo brasileiro tenha comprometido muito. Mas talvez só comparando com o modelo anterior para tirar maiores conclusões.
Na estrada, o carro é suave e exceder os limites de velocidade é muito fácil, pois aos 120 km por hora, é imperceptível a sensação de velocidade. Por ser versão de entrada, há poucos mimos. Não há bancos de couro, nem volante multifuncional, tampouco paddle shift.
Há uma telinha multimídia (sem USB), freio de mão eletrônico, start stop ( que funciona mesmo com álcool, coisa que a BMW não faz).
Ajustes dos bancos são manuais e nem mesmo os vidros sobem pelo controle da chave.
Os pontos positivos são som de boa qualidade, o painel emborrachado como botões inspirados em aviação, quadro de instrumentos com alguns mostradores digitais, a posição de dirigir e a excelente ergonomia: os controles do som, ficam todos posicionados perto do apoio do braço, não é necessário esticar o braço para atender ao telefone via bluetooth ou mexer no som.
O bom motor 1.4 TFSI de 150 cv que equipa esse Audi nacional dá conta do recado com sobras. Os 1370 kg do carro são empurrados com facilidade pelo powertrain. Em ultrapassagens, o A3 é extremamente seguro. Um pequeno turbolag aparece ao pisar no acelerador em retomadas, mas nada que comprometa a experiência.
Há opção de desligar o controle de tração e estabilidade acionando um botão, mas na chuva não parecia ser opção inteligente. Durante o fim de semana, passeei pela Rio-Teresópolis a bordo do carro e concluí que o aluguel valeu cada centavo.
Apesar de não ser um esportivo, o carro entrega excelente prazer na condução e para quem curte dirigir é um prato cheio.
Na volta da viagem, já sem chuva pude sentir melhor o carro. Dei algumas esticadas e o carro desenvolve lindamente. Não cabe aqui dizer a quantos km/h alcancei, mas foi intenso. Na segunda-feira, na hora de entregar o carro, dor no coração, mas vida que segue.
BMW 320i Sport ou Volvo T5?
No dia que fechei o aluguel do Audi, vi também a opção do grupo LP – Localiza Prime, grupo que tem Volvo S60 T5 e BMW 320i sport GP somente.
A cotação no dia estava em 290 reais, achei muito caro. Numa promoção de Black Friday consegui um bom desconto e o aluguel do carro foi para 148 reais, menor até que do Audi. O seguro do grupo LP é 59 reais por dia, também opcional.
Como não existe almoço “de graça”, caso aconteça qualquer sinistro com o carro, mesmo pagando seguro, o usuário morrerá em sete mil reais para “despesas administrativas”.
Ao reservar, dúvida cruel. O desejo de dirigir um BMW, com tração traseira era grande, mas o Volvo S60 T5 possui um fantástico motor de 235 cv com cerca de 35 Kgfm de torque, que fazem o carro ir de 0 a 100 km/h na casa dos 6 segundos.
Apesar do Volvo ser mais potente, eu preferia pegar o BMW, sonho de criança mesmo.
Porém, mais gente deve ter o mesmo sonho e o risco de chegar na locadora e não ter o BMW era grande: numa reserva anterior, na Black Friday tentando reservar para sábado seguinte, não consegui finalizar, pois não tinha nem o BMW nem o Volvo disponíveis.
Fica a dica: tente reservar com pelo menos 15 dias de antecedência. Os preços variam bastante, quanto mais em cima da hora, mais caro, geralmente, e possibilidade de não ter o carro é maior. Ainda, o preço varia consideravelmente de loja para loja.
Se na sua cidade tiver mais de uma loja, pesquise as cotações. Reservas pela internet não são passíveis de cobrança de no show.
Chegado o dia, fui à loja e ao ver qual era a minha reserva a atendente já deu aquele sorriso maroto.
Feitos os trâmites de locação (é necessário R$ 7.000 de caução no cartão, no Audi são R$ 4.000), me deram as chaves (keyless) e fui no pátio pegar o bicho.
Uma nota curiosa é que ninguém vem te mostrar ou entregar o carro, ao contrário de locadoras pequenas. Caso você ache algum problema (arranhão ou amassado mais evidente) você deve chamar o atendente.
Minha BMW tinha uma mancha, digamos, suspeita no banco de trás que só percebi depois.
A BMW possui posição de dirigir bem colada ao chão. Ao entrar no carro, nota-se que o câmbio automático não é igual ao do Audi. No BMW, a alavanca não anda, você segura um botão e as opções D N R P são selecionadas de modo digital.
A BMW que eu aluguei estava pedindo para calibrar a pressão dos pneus, o que fiz num posto próximo.
Pneus calibrados, hora de ir para estrada. A BMW 320i Sport GP, ao contrário do A3, não é o modelo de acesso, é um pacote acima. Há muitos mimos como bancos de couro com ajuste elétrico, volante em couro costura vermelha e com controles, controle de cruzeiro com frenagem automática, GPS, teto solar elétrico, tilt down, paddle shift, dentre outras coisas.
Os bancos abraçam os ocupantes. Sou magro, e fiquei pensando que uma pessoa um pouco acima do peso talvez ache incômodo o banco, pois parecem estreitos.
O paddle shift, ao contrário do que eu meus pueris devaneios de F-1 imaginava, não utilizei muito. Os modos de condução, ECO PRO (focado em economia) , Comfort (um pouco mais responsivo ao acelerar) , SPORT (faz trocas em giros altos, mas com controle de estabilidade ligado) e SPORT Plus (desliga parcialmente o controle de estabilidade, o carro fica mais na mão do condutor), na minha humilde opinião dão conta do recado e parecem entender o que o motorista quer/precisa, quase não sendo necessário lançar mão do paddle shift.
No modo mais extremo, SPORT Plus, o carro fica bem sensível e responde bem rápido ao comando do acelerador.
A suspensão também é alterada nesse modo, ficando com perfil ideal para curvas.
Na estrada, a estabilidade é estupenda. O carro parece estar preso a um trilho.
O ronco do motor é um tanto quanto particular. Nos modos ECO PRO e Comfort parece uma turbina de avião se preparando para decolar. Somente nos modos SPORT e SPORT Plus é que se ouve um barulho mais grave.
Na serra de Teresópolis, as ultrapassagens em caminhões são uma necessidade constante. E o BMW não foge à luta, dá para ultrapassar não só o caminhão, mas a fila de carros que se forma atrás dele.
É incrivelmente obediente, tendo menos turbo lag que o Audi A3.
A direção dos BMW, como a fama, é de fato pesada e esportiva. Na estrada é boa, mas na cidade talvez seja um pouco cansativa. O carro parece “pesadão” e falta um pouco de agilidade no trânsito para trocar de faixas.
Não por falta de potência, mas pela sensação mesmo do carro ser comprido, somada à direção pesada/ esportiva.
O motor é um 2.0 TwinPower de 180 cv e 32 kgfm de torque. Para um 2.0 não é beberrão, mas também não chega a ser muito econômico. Abasteci somente no etanol, consegui médias de 8,0 km/litro na estrada.
O Audi é bem mais econômico, na estrada consegui fazer uns 11,5 km/ litro, também no etanol.
Os angel eyes dos faróis do BMW impõem muito respeito, talvez mais do que o Audi. Todo mundo quando vê o BMW dá passagem. A sensação é interessante, pois com o meu up! TSI, obviamente, ninguém leva fé e não costumam dar passagem.
A suspensão é bem firme, mas talvez cego pelo prazer de dirigir um BMW, mesmo em estradas esburacadas não senti incomodo.
Os pneus são run flat e não há estepe. Na segunda-feira, na hora de entregar o carro, uma mistura de alívio por estar entregando o carro inteiro, se juntou ao óbvio gostinho de quero mais.
Mais A3, agora na cidade.
Em outro final de semana, aluguel mais um A3, dessa vez na cor branca. O curioso é que a Localiza não põe insulfilm nos carros e esse tinha. Indaguei ao atendente, e fui informado que alguns clientes colocam o insulfilm por conta própria.
Dessa vez não peguei estrada, fiquei pela cidade mesmo, só indo até um distrito de Niterói. A sensação de andar no “carro dos outros” dentro de uma cidade violenta como o Rio estraga bastante o prazer de dirigir.
Em qualquer sinal bate paranoia de ser assaltado. Mesmo com seguro, a taxa administrativa do A3 fica em 4 mil reais, em caso de sinistro.
Nesse sentido, o ideal para quem aluga um carro desse é pegar a estrada e ir para uma cidadezinha de interior mesmo. Podem me atirar pedras, mas depois de ter alugado outro A3, confirmei minha sensação inicial.
Se tivesse que escolher em ter um dos dois, iria de A3. Apesar de ser mais humilde, digamos, o carro entrega prazer quase igual ao BMW.
Diria que o A3 tem mais bônus do que o BMW: a manutenção dele é mais barata, mais “fácil” de dirigir, mais econômico e também transmite o status que quem compra um carro desses quer.
Agradecimentos ao Gustavo Guedes.
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