Confira como funciona a suspensão a ar? Veja se vale a pena e quanto custa.
O responsável por patentear o primeiro sistema de suspensão pneumática ou suspensão a ar parecido com o de hoje foi William W. Humphreys. Isso ocorreu há mais de 120 anos, em 1901.
Inicialmente, William batizou o sistema de “Mola Pneumática para Veículos”. O equipamento contava com duas bolsas com o mesmo sentido de comprimento (extenso). Cada uma delas contava com uma válvula de ar.
A americana Firestone, comprada pela japonesa Bridgestone em 1988, desenvolveu para o protótipo Stout Scarab Experimental a suspensão a ar mais confiável, em 1946.
Curiosamente, o Stout Scarab Experimental foi o primeiro veículo do mundo a ter carroceria de fibra de vidro.
O modelo desenvolvido pela Firestone lembra os de atualmente: quatro bolsas de ar (subintitulado as molas convencionais) e pressão controlada por compressores ligados a cada uma das bolsas.
Veja também: suspensão a rosca, como funciona, vale a pena?
Como funciona a suspensão a ar
Normalmente os itens compostos na suspensão a ar são: as bolsas, o tanque de ar, mangueiras e o compressor. As bolsas costumam ser de material elastômero, geralmente com borracha sintética trefilada ou, então, poliuretano.
O equipamento pode ser controlado por sensores que são responsáveis pelo monitoramento da pressão do ar, altura do veículo e a rigidez da suspensão. O próprio condutor também pode fazer esse ajuste quando necessário.
Se desejar, o motorista pode controlar a suspensão individualmente de cada bolsa. Na prática, cada uma delas terá uma pressão diferente da outra.
Para que tudo isso funcione, primeiramente, as molas do carro são retiradas e no lugar são colocadas as bolsas de ar, que fazem o ajuste da altura.
No momento de prender o ar, o carro é levantado. Ao acionar o equipamento novamente o ar é expelido da bolsa e nesse momento o automóvel fica rebaixado totalmente.
A suspensão a ar já está em outros veículos como nos ônibus e caminhões. Eles utilizam sensores realizando o ajustamento proporcionando mais conforto. A cidade São Paulo, por exemplo, possui muitos deles em sua frota de transporte público.
Quais as vantagens e desvantagens – vale a pena?
A possibilidade de ter mais conforto pelo fato de conseguir regular a suspensão conforme a situação é uma das principais vantagens. Ainda há a suavidade principalmente para carros de recreação, picapes, vans, além de evitar problemas com a dirigibilidade por causa de cargas pesadas.
O preço alto de instalação e manutenção, o fim da originalidade do veículo e prováveis problemas futuros são alguns dos motivos das desvantagens.
Para saber se vale ou não a pena o motorista precisa primeiro fazer uma avaliação. Analisar os prós e contras da modificação. Vale também uma conversa com um mecânico de confiança.
Em conversa com a reportagem do NA, Cátia Tappi, consultora personnalité automotivo, compartilha algumas dicas para quem deseja instalar:
“Ter um kit de suspensão que se adequa ao seu perfil de dirigir. Procure produtos de ponta. Estar sempre antenado às novidades que o mercado oferece para estar sempre melhorando seu projeto e, principalmente, fazer uma boa escolha de uma mão de obra com experiência e excelência no assunto”.
Ela também explica que a manutenção periódica é essencial para o bom funcionamento da suspensão a ar. Qualquer veículo está liberado para receber o equipamento, sem nenhuma restrição, desde que haja suspensão.
Suspensão a ar e a legislação brasileira
Desde 2014 as suspensões a ar estão liberadas no Brasil. A resolução 479 no Conselho Nacional de Trânsito (Contran) autoriza a circulação dos veículos com suspensão modificada, valendo para rebaixados ou elevados.
É preciso se atentar a legislação, pois, ao fazer a modificação, o motorista deverá incluir a alteração no documento do veículo para legalizar carros rebaixados, ou seja, no campo de observações do Certificado de Registro de Veículo, o CRV. O mesmo vale para o CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo).
Confira o que diz a resolução:
§1º Nos veículos com PBT até 3500 kg:
I – o sistema de suspensão poderá ser fixo ou regulável.
II – A altura mínima permitida para circulação deve ser maior ou igual a 100 mm, medidos verticalmente do solo ao ponto mais baixo da carroceria ou chassi, conforme anexo I.
III – O conjunto de rodas e pneus não poderá tocar em parte alguma do veículo quando submetido ao teste de esterçamento.
§2º Nos veículos com PBT acima de 3.500 kg:
I – em qualquer condição de operação, o nivelamento da longarina não deve ultrapassar dois graus a partir de uma linha horizontal.
II – A verificação do cumprimento do disposto no inciso I será feita conforme o Anexo
A nova legislação foi comemorada pelos apaixonados por carros. Utilizada principalmente para os apaixonados por tuning e por questões estéticas, a liberação conseguiu “descriminalizar” a modificação.
Quanto custa para instalar a suspensão a ar
Como informamos aqui na matéria, o custo é elevado e se torna um dos pontos negativos da suspensão a ar. Um kit completo pode sair de R$ 2.500 a R$ 4.000. Um kit simples, sem o compressor, sai de R$ 1.500 a R$ 2.500.
Lembrando que ainda há o custo extra no Detran (Departamento Estadual de Trânsito) para a inclusão da mudança no documento do veículo. No site do órgão é possível checar os valores da taxa.
————-
A suspensão a ar chegou a ser muito usada por pilotos da Stock Car na década de 50. Para os competidores, ela propiciava melhor aderência em circuitos ovais.
Na mesma época, a GM (General Motors) passou a ser uma das primeiras montadoras a adotar a suspensão a ar para a implantação em automóveis de passeio.
No ano de 1957, o clássico da GM, o Cadillac Eldorado Brougham, modelo fabricado pós-Segunda Guerra Mundial, passou a receber a suspensão pneumática de série.
Anos depois, após elogios, outros fabricantes automotivos passaram a apostar e desenvolver suas próprias suspensões a ar. A alemã Mercedes-Benz criou em 1962 o 300SE (W112), dentre outros.
Quer receber todas as nossas notícias em tempo real?Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!