O Uno, com a sua versão 1.0 sendo posteriormente chamada de Uno Mille, chegou em 1984 ao mercado brasileiro.
Ele veio com a missão de ser a aposta da Fiat para suceder o aclamado Fiat 147.
A missão era difícil, mas o pequeno ítalo-mineiro mostrou nos seus 30 anos de experiência que teve mais do que o suficiente para suceder o 147.
Vamos ver os seus detalhes:
Fiat Uno 1984 a 1990
Antes do Uno Mille, o Uno original dos anos 80 tinha motores 1.3 e 1.5, todos movidas a gasolina.
Dois anos após seu lançamento, o Fiat Uno ganha um novo motor 1.6 litro (que trazia um ótimo desempenho se comparado aos motores menores) e assim como as demais versões, o 1.6 poderia a partir de então ser abastecido também com álcool.
Só no primeiro ano o modelo vendeu cerca de 12.899 unidades, começando a mostrar que ele não tinha vindo para brincadeira.
O design geral era simples e coeso, e com sua grande área envidraçada o Fiat Uno tinha um dos melhores aproveitamentos de espaço interno da categoria.
Na traseira, as lanternas quadradas tinham desenho simples e funcional, enquanto a placa ficava na tampa do porta malas assim como a maçaneta que dava acesso ao interior.
Uno Mille 1990 a 1994
A primeira grande mudança do Fiat Uno veio no início dos anos 1990, e aqui chegamos ao Uno Mille.
Como o modelo já estava consolidado no mercado brasileiro e já havia constituído família – no caso a perua Elba e o sedan Prêmio – o Uno passou por mudanças mecânicas por conta de novas legislações que começaram a entrar em vigor.
O então presidente Fernando Collor e a ministra Zélia Cardoso de Mello colocaram em prática uma nova lei que reduzia os impostos para veículos com motores de 800 a 1000 centímetros cúbicos de deslocamento, ou 0.8 a 1.0.
E como a Fiat não queria perder essa novidade, ela apenas pegou o que já tinha em mãos, deu uma pequena atualizada e lançou no mercado o Uno Mille. Este sobrenome significa “mil” em italiano.
A novidade agora atendia pelo nome de Uno Mille, que usava um motor de 994 cm³ com 48 cavalos e 7,4 kgfm de torque para atender às novas normas do governo.
Números tensos para quem sabe que mesmo 70 cavalos e 9 kgfm de torque não fazem milagre. Esse motor do “novo” Uno Mille já era um velho conhecido do Fiat Uno, pois ele era uma adaptação do motor Fiasa 1.0 litro de 52 cavalos que equipava o saudoso 147.
A Fiat simplesmente reduziu o curso dos pistões do pequeno motor no Uno Mille e o deixou menor ainda, mas ainda assim relativamente econômico e valente.
Mesmo com pouca potência e torque muito singelo, o Uno Mille cumpria bem seu papel de carro de entrada da marca por aqui.
O desempenho era modesto, fazendo o 0 a 100 km/h em 21 segundos e atingindo a máxima de 135 km/h, mas o Uno Mille focava mais no consumo do que na potência ou velocidade.
Por ser um modelo de entrada e tendo um motor mais simples, isso acabou por se refletir no interior do Uno Mille, que ficava mais espartano. O quadro de instrumentos não tinha marcador de temperatura e o painel do Uno Mille não tinha nem mesmo saídas de ar nas laterais.
Isso sem contar outros itens que hoje consideramos como imprescindíveis, mas que no Uno Mille de 1990 eram totalmente descartáveis.
Dentre eles podemos citar o retrovisor direito, bancos dianteiros reclináveis, lavador elétrico do para-brisas e outros equipamentos que eram vendidos como opcionais, podendo assim baratear o custo e o valor final do modelo, sendo algo mais atraente para o consumidor que queria algo barato.
Seus principais concorrentes só chegariam no final de 1991 e mesmo assim o Uno Mille ainda seguia firme e forte.
Também no final de 1991 o Uno Mille ganhava a versão Brio, que tinha um pequeno adesivo na coluna C e trazia como maior diferencial em relação ao modelo tradicional a inclusão do carburador duplo, o que aumentava a potência para 54 cavalos.
Mas o Uno Mille Brio ficou pouco tempo em linha, pois em 1992 o Proconve colocava em vigor uma nova lei que obrigava todos os modelos fabricados por aqui a ter catalisador para diminuir as emissões de poluentes.
Com isso, o Uno Mille ficou mais “ecofriendly”, mas em contrapartida perdeu potência novamente. Agora o motor com catalisador passava a oferecer apenas 47 cavalos e torque de 7,1 kgfm.
As demais versões do Uno que usavam os motores 1.3 e 1.5 litro (veja também Uno 2010: versões, motor, etc) passaram a adotar injeção eletrônica para se adequar às novas normas de emissões.
Uno Mille 1994 a 2004
Para 1994 a Fiat atualizava o design externo do Uno Mille, com direito a novos faróis retangulares e frente aparentemente mais baixa, além dos para-choques pretos.
Uma carroceria com quatro portas também foi incluída na gama do Uno Mille e o ar-condicionado entrava na lista de opcionais do modelo pela primeira vez. Imagine um carro com pouco mais de 50 cavalos e ar-condicionado.
Com o surgimento de carros mais modernos, como o Chevrolet Corsa, a Fiat precisava fazer pequenas alterações no Uno Mille e deixá-lo atraente de novo.
Com isso em mente, ela apresentou a nova versão ELX para o Uno Mille, mais equipada, que trazia um painel novo, bancos novos e com novo revestimento, além de itens de conforto como vidros e travas elétricas, que eram opcionais.
Para o ano seguinte, a Fiat aposta no motor 1.0 litro com injeção eletrônica e adota uma nova nomenclatura para o modelo. O Uno Mille passa a se chamar apenas Mille e a versão Electronic passa a ser agora i.e – de injeção eletrônica – e a versão de luxo ELX agora se chamaria EP.
As mudanças no motor trouxeram mais potência para o pequeno ítalo-mineiro Uno Mille, sendo que agora o motor rendia 58 cavalos e 8,2 kgfm de torque.
O novo modelo ainda contava com rodas de liga leve – opcionais para toda a linha – bem como alarme e travamento por controle.
Como a Fiat apresentou o Palio em 1996, muito se especulava que o Mille deixaria de ser produzido, mas ao invés disso a marca o deixou em produção como modelo de entrada.
Em 1997 a marca retira de cena as versões EP e i.e e deixa apenas uma versão, o Uno Mille SX, que tinha por vez ser a versão de acesso ao Mille.
No mesmo ano o Proconve mais uma vez muda as legislações para emissões de poluentes e faz com que a Fiat tenha que se mexer também.
Agora o Uno Mille adota o catalizador e junto da injeção eletrônica o modelo perde potência, mas ganha em economia.
Pequenas alterações de estilo são feitas no modelo, fazendo com que ele chegasse até os anos 2000 e com uma nova versão chamada Uno Mille Smart, que substituía as versões mais simples do modelo.
Já para a virada do milênio, o Uno Mille adota o motor Fire, que tinha 55 cavalos de potência e 8,5 kgfm de torque. Ainda hoje as versões com motor Fire são amplamente preferidas no mercado dos usados, em comparação com os modelos de anos anteriores, por sua economia e robustez.
O Uno Mille também ganhava uma leve atualização de estilo, com pequenos retoques para se manter em voga até 2004, quando o modelo ganharia sua mais profunda mudança.
Uno Mille 2004 a 2013
Para 2004, a Fiat prepara a maior mudança desde seu lançamento em 1984. O Uno Mille, que já estava bastante consolidado e tinha vencido os pesares do tempo, chegava aos 20 anos de produção com uma reformulação relativamente profunda.
O modelo recebe uma nova dianteira, com direito a faróis com superfície complexa e para choques na cor da carroceria. A grade dianteira também é atualizada e ela recebe o novo logo da Fiat, que agora era redondo e com fundo azul.
Além das mudanças externas, o veterano Uno Mille ganha um novo quadro de instrumentos, direção hidráulica e um novo desenho do painel.
A motorização mudaria em 2005, com a vinda do motor Fire Flex para o Uno Mille, que agora tinha 65 cavalos com gasolina e 66 cavalos com etanol e torque de 9,1/9,2 kgfm, respectivamente.
Para o ano seguinte, a marca promove uma pequena atualização de estilo na grade frontal, que era um pedido dos consumidores, e o painel de instrumentos passava a contar com marcador de temperatura.
Posteriormente, o Uno Mille ganha mais uma variante que agora atendia pelo nome de Way, uma versão com aspecto mais aventureiro, como era visto na linha Adventure do Fiat Palio.
Mas ao invés de ter grandes mudanças para a nova versão, o Mille Way ganhava reforços na suspensão, que ficava levemente mais alta, e moldura nas caixas de roda para reforçar ainda mais o espírito aventureiro.
Os pneus dessa versão também eram novos, com medida 175/70 de 13 polegadas, e os para lamas também ganhavam moldura para indicar que ali existia um modelo pronto para qualquer desafio.
Já para 2008 o Uno Mille ganha uma nova versão que tem como foco o consumo de combustível. Assim era apresentado ao público o Uno Fire Economy, que vinha com pneus verdes – de baixa resistência ao rolamento – além de acertos na suspensão e um prolongamento na quinta marcha.
No quesito design, o Uno Mille Fire Economy vinha com um novo para choque onde a parte de cima (que ficava junto dos faróis) vinha em preto e a parte de baixo vinha na mesma cor da carroceria.
Além de novas rodas de liga leve – opcionais – ele continuava a ser o bom e velho Uno Mille.
No interior, o quadro de instrumentos ganhava um econômetro, que ajudava o motorista a gastar menos combustível.
Para o ano de 2010, a Fiat apresenta a segunda geração do Uno, com uma carroceria nova voltada no conceito de “round square” (ou quadrado arredondado) e nova plataforma que seria dividida com o Fiat Palio.
Mesmo com a nova geração em vigor, o veterano Uno Mille seguia firme como carro de entrada da marca até 31 de dezembro de 2013, quando entrou em vigor uma nova legislação que obrigava todos os veículos novos a terem freios com ABS e airbags frontais.
Como o projeto do Uno Mille datava de 1984, não seria tão viável do ponto de vista econômico fazer uma alteração tão grande na estrutura, até porque a nova geração já estava à venda e trazia os itens obrigatórios por lei.
Fiat Grazie Mille
Depois de mais de 3,7 milhões de unidades vendidas desde sua estreia em 1984, o Uno Mille se despede do mercado nacional com a série especial limitada a 2000 unidades, chamada Grazie Mille.
O modelo vinha de fábrica com ar-condicionado, direção hidráulica, vidros dianteiros elétricos, limpador no vidro traseiro e rádio com USB e Bluetooth.
O interior ainda contava com tapetes em carpete, forração escura no teto, rodas de liga leve, ponteira de escape cromada e faróis com máscara negra.
Opcionalmente, qualquer Mille podia ter esses equipamentos, mas a Fiat decidiu pela última vez e colocou todos como item de série.
A cor escolhida para dar adeus foi a Verde Saquarema, e ainda havia adesivos na traseira e na soleira das portas com logo alusivo da versão.
O quadro de instrumentos, assim como os tecidos nos bancos, também traziam o nome da versão.
No centro do painel, uma plaqueta de plástico no formato icônico da botinha mais adorada do país indicava a numeração da série especial.
O termo Grazie Mille significa “muitíssimo obrigado”, e esse é o sentimento que temos ao falar de um modelo que fez história na vida de tantos brasileiros país afora.
Ficha Técnica
Uno Mille 1991
Motor: | dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 994,4 cm³, carburador de corpo simples; Diâmetro x curso: 76 x 54,8 mm; Taxa de compressão: 8,5:1; Potência: 48,5 cavalos a 5 700 rpm; Torque: 7,4 kgfm a 3 000 rpm |
Câmbio: | manual de 5 marchas, tração dianteira |
Carroceria: | hatch, 3 portas |
Dimensões: | comprimento, 364 cm; largura, 155 cm; altura, 144 cm; entre eixos, 236 cm; peso, 801 kg |
Suspensão: | Dianteira: independente, McPherson. Traseira: independente, feixe de molas semielípticas transversal |
Freios: | disco sólido na dianteira e tampo na traseira com servo |
Rodas e pneus: | aço, 13 x 4,5, pneus 145 SR 13 (Pirelli P4) |
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