Audi. O fabricante germânico de carros de luxo e desenvolvedor de tecnologias automotivas é hoje uma das três marcas que são referência mundial no segmento premium.
A história da empresa de Ingolstadt, Alemanha, poderia ser simplesmente resumida a partir de 1966, mas ela parte de muito antes disso, no longínquo ano de 1885.
Resultado da união de vários fabricantes alemães famosos, a Audi nasceu do seio da célebre Auto Union. Em 1885, a Wanderer foi fundada e passou a construir veículos automotores na época das grandes realizações que eternizaram nomes, tais como Karl Benz, Gottlieb Daimler, Rudolf Diesel, Nikolaus August Otto e August Horch. Este último teve um papel decisivo na história da Audi.
Outra empresa que um dia faria parte da Auto Union, a NSU, também surgiu na década de 1880, assim como a A.Horch & Cie, que também entrou no ramo de fabricação de automóveis.
Horch renomeou sua empresa por duas vezes por causa de associações e em 1904, um tribunal de Leipzig determinou que o nome “Horch” não poderia ser usado por pertencer ao antigo sócio. Ou seja, Horch não poderia mais usar seu próprio nome nos veículos.
O nome latino
Horch estava preocupado por causa disso e se reuniu com os amigos Paul e Frank Fikentscher para discutir um novo nome para a empresa. Quando estavam conversando sobre o assunto na sala da casa de Frank, em Zwickau, o filho deste deu uma sugestão inusitada, que direcionaria o futuro da empresa até os dias atuais.
Estudando latim no canto da sala, ele entrou na discussão dizendo: “Pai… audiatur et altera pars… Não seria uma boa ideia chama-la de Audi ao invés de Horch?” Ele explicou que “Horch” em alemão significa “Hark” ou “ouvir”. “Audi” é a forma no imperativo singular para “audire”, que significa “para ouvir” em latim. O nome foi aceito na reunião e passou a identificar a nova empresa.
Em 25 de abril de 1910, Horch e seus amigos e sócios, fundam a Audi Automobilwerk GmbH em Zwickau. Em 1915, o nome mudou para Zwickau Audiwerke AG. O Audi Typ A foi o primeiro carro produzido pela empresa, sendo seguido pelo Typ B.
Em 1920, Horch sai da empresa para ocupar o Ministério dos Transportes do Reich e em 1921, surge o primeiro carro alemão com direção “inglesa”, o Typ K.
Nos anos 20, a Audiwerke seguiu produzindo belos carros, alguns com motor de seis cilindros, até que em 1928, a DKW adquiriu a maioria das ações da empresa, que passou a utilizar motores de oito cilindros da americana Rickenbacker, também adquirida pela DKW. Nessa época, a Audi chegou a usar motores de quatro cilindros da Peugeot.
Por fim, em 1932, Audi, Horch, DKW e Wanderer são fundidas em uma única empresa, a Auto Union. A empresa passou a ter sede em Chemnitz e o logotipo da empresa passou a ser quatro anéis, que representavam as montadoras envolvidas e que hoje é marca registrada de seus carros.
O último carro com a marca “Audi” foi entregue em 1939. Depois disso, passariam 25 anos até que ela retornasse.
O retorno da Auto Union
Como a Auto Union passou a fabricar material bélico durante a Segunda Guerra Mundial, as instalações da empresa foram duramente bombardeadas. Zwickau ficou do lado oriental após o conflito e a capitulação da Alemanha. Assim, os soviéticos levaram tudo o que puderam para a Rússia.
O que sobrou foi expropriado e convertido para a fabricação de modelos da DKW rebatizados de IFA e do conhecido Trabant sob o fabricante VEB. O modelo foi feito em Zwickau até 1991, quando a produção foi encerrada e a fábrica adquirida pela Volkswagen, que já era dona da Audi, a antiga proprietária das instalações na Saxônia.
A Auto Union foi excluída do registro comercial em Zwickau em 1948, mas foi reaberta em Ingolstadt, no lado ocidental. Com financiamento do Plano Marshall e do governo da Baviera, a empresa pôde se reerguer e voltar a produzir carros, estes com motor de dois tempos da DKW.
Depois de 10 anos, utilizando antigas instalações militares e alugando prédios de terceiros, a primeira fábrica dedicada a produção de automóveis foi construída na cidade.
Em 1958, a Daimler-Benz adquire 87% da Auto Union e no ano seguinte, 100% das ações. No entanto, os motores de dois tempos não eram admirados pelo novo controlador, que deu preferência para a evolução dos carros da Mercedes-Benz, já que queria deter o avanço da Volkswagen e da Opel na promissora década de 60.
Com pouca rentabilidade, a Auto Union foi colocada à venda pela Daimler-Benz poucos anos depois. Essa ação foi considerada desastrosa e hoje teria um impacto enorme no mercado premium caso não tivesse sido realizada.
Com um novo projeto de motor de quatro cilindros refrigerado a água e uma fábrica nova em Ingolstadt. A unidade de Düsseldorf ficou com a Daimler e hoje produz veículos comerciais para a Mercedes-Benz.
Volkswagen compra 50% das ações
Em 1964, a Volkswagen adquire 50% das ações da Auto Union e mais a fábrica de Ingolstadt e os direitos sobre o nome. Nesse mesmo ano, a empresa passa a produzir carros com a marca Audi, que foi vista pela última vez 25 anos antes.
Em 1966, a VW adquire por completo a montadora e passa a fabricar 60.000 Fuscas por ano nas novas instalações.
O modelo F102 da DKW, fabricado pela Auto Union, chegou a receber a designação F103, mas o nome foi substituído simplesmente por Audi e a Volkswagen deixou de se associar com a DKW.
A partir daí, surgiram modelos com a potência como ênfase no nome, tais como Audi 60, Audi 75, Audi 80 e Super 90, por exemplo.
Apesar disso, a Volkswagen não queria que a Auto Union tivesse desenvolvimento próprio, pois a intenção era apenas ampliar a capacidade produtiva. No entanto, em segredo, o Audi 100 foi criado e apresentado ao presidente da VW Heinz Nordhoff, até então hostil à ideia.
Como o carro superou suas expectativas, ele autorizou a produção.
O sucesso do Audi 100 e o motor refrigerado a água mudariam para sempre os rumos das duas empresas, especialmente da Volkswagen, que na virada da década começaria a abandonar os motores arrefecidos a ar.
Em 1969, a NSU foi fundida com a Audi. Dessa união surgiu o primeiro VW (K70) refrigerado à água e a fábrica de Neckarsulm passou a ser o lar de outros modelos da Audi, hoje os A6, A8 e as instalação da divisão Quattro.
A NSU continuou como marca independente até 1978, quando foi extinta pela Volkswagen, apesar do nome Audi NSU Auto Union AG continuar a identificar a empresa. A tecnologia incorporada do antigo fabricante de automóveis e motocicletas, enriqueceu as linhas da empresa e da Audi.
A sinergia hoje conhecida entre VW e Audi surgiu no início dos anos 70 e continua até os dias atuais, com o compartilhamento de plataformas e tecnologias.
Modelos como Audi 50 e Audi 80, por exemplo, tinham seus equivalentes nos Volkswagen Polo e Passat, por exemplo. O sucesso dos carros fez a marca decolar e em 1980, o primeiro sistema de tração nas quatro rodas foi lançado, o Quattro, que também projetou a marca nos campeonatos de rali.
Por fim, em 1985, as marcas Auto Union e NSU são extintas e a empresa passou a ser conhecida apenas como Audi AG.
Em 1989, a Audi era na era do motor V8 com o Audi V8, o precursor do Audi A8. Os modelos 90, 100 e 200 fizeram muito sucesso nos anos 80, mas a partir dos anos 90, a terminologia foi alterada. O 80 foi substituído pelo A4 e os 100/200 pelo A6. Foi nessa época que a marca chegou ao Brasil através do maior piloto de todos os tempos, Ayrton Senna.
Nessa época surgiram várias tecnologias na Audi que colocaram a marca definitivamente ao lado das famosas BMW e Mercedes-Benz.
O motor com cabeçote de cinco válvulas por cilindro e a tecnologia ASF (Audi Space Frame), que permitiu construir carros feitos de alumínio, deram grande impulso tecnológico para a Volkswagen, com a Audi como pilar em engenharia automotiva.
Outras inovações surgiram e hoje são frequentes em modelos da Audi, tais como transmissão de dupla embreagem S tronic (DSG), faróis de LED, injeção estratificada e uma gama de motores excepcional.
Vários modelos surgiram desde então, alguns através da ASF, tais como Audi A8, Audi TT e o pequeno Audi A2. A1, A3, A4, A5, A6, A7, Q3, Q5, Q7 e R8 fazem parte do lineup atual.
Hoje, a Audi tem fábricas em Ingolstadt e Neckarsulm na Alemanha. Há também plantas em Aurangabad (Índia), Bratislava (Eslováquia), Bruxelas (Bélgica), Changchun (China), Gyõr (Hungria), Jacarta (Indonésia) e Martorell (Espanha).
A história da Audi no Brasil
Oficialmente, a história da Audi no Brasil começa com Ayrton Senna em 18 de novembro de 1993, mas bem antes, nos anos 60, a marca alemã quase passou a ser uma realidade nas ruas do nosso país.
A Vemag produzia os carros da DKW por aqui desde os anos 50. No entanto, com a compra da empresa pela VW, que encampou a Auto Union, da qual fazia parte, sinalizou um possível fim do negócio.
Em 1967, a Volkswagen adquire a Vemag e deixa de fabricar os carros da DKW. No entanto, o ex-presidente da empresa Lélio de Toledo Piza, contou uma história sobre o que realmente aconteceu na época.
Em 1964, ele foi até a Alemanha tentar garantir o contrato que tinha, já que a Daimler-Benz acabara de vender a Auto Union para VW.
A VW informou que a DKW seria extinta e o contrato não seria renovado. Em troca, ofereceu um contrato para produção de carros da Audi… No entanto, a Vemag não tinha capital e maquinário suficientes para produzir os novos veículos.
Sem dinheiro e sem a DKW, a Vemag não conseguiu fabricar os modelos da Audi no país e foi comprada pela VW em 1967, por causa do temor desta de que a Fiat tivesse assinado um acordo com o fabricante nacional… Da Audi, restou apenas os quatro anéis impressos em cada peça dos populares da Volkswagen, fabricados aqui nos anos seguintes.
Depois da fase de importação com a Senna Imports, a Audi se estabeleceu no Brasil em parceria com a Volkswagen em São José dos Pinhais/PR, onde passou a produzir a partir de 1999, o Audi A3.
Em 2006, o modelo saiu de linha e só a partir de 2016, voltaria a ser feito no mesmo local, mas dessa vez na versão A3 Sedan.
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