Avaliação completa do Volkswagen Voyage I-Trend 1.6

volkswagen voyage 2011

O segmento de sedãs compactos bem equipados ficou mais populoso em 2011. Chegaram o JAC J3 Turin, o Ford Fiesta sedã com novos preços e o Fiat Siena com novo motor.

A Chevrolet, que tem o três volumes mais vendido no Brasil, o Classic, deve voltar à briga ainda nesse ano com o Cobalt. Vendo essa disputa se formar, a Volkswagen foi rápida no gatilho. Junto com a chegada do automóvel chinês, em março, a marca alemã introduziu a configuração I-Trend dentro da gama do Voyage.

E ela veio com preço estratégico: R$ 39.670 – R$ 230 mais barato que o Turin. E, por isso mesmo, ganhou grande destaque nos anúncios de jornais e outdoors.

Uma rápida olhada nos números de carros mais vendidos mostra que o Voyage respondeu bem. Em julho, o automóvel da Volks ficou à frente do Siena na briga dos compactos com 8.547 unidades entregues.

A nova versão I-Trend teve pouca participação na ultrapassagem. A média de venda desde março foi de 700 unidades, ou cerca de 9%. Na prática, o lançamento do I-Trend bate de frente com o JAC J3, que mantém média de mil carros vendidos mensalmente.

E isso acontece apesar da versão do Voyage não ter um custo/benefício dos melhores quando comparado aos rivais. O I-Trend tem a direção hidráulica, rádio/CD/MP3/USB/Bluetooth, volante multifuncional, retrovisor na cor do veículo, rodas de aço de 15 polegadas, conta-giros e frisos de proteção na cor do carro.

Para ficar no nível de equipamentos dos rivais, com ar-condicionado, trio elétrico, airbag duplo e ABS, o carro pula para R$ 47.030. Significativos 15% de diferença em relação a média dos R$ 40 mil dos concorrentes. O trunfo da Volks é ter um carro lançado em 2008, com um projeto mais moderno do que todos os seus concorrentes.

Pelo menos o jogo vira dentro da própria linha do Voyage. Isso porque o Voyage 1.6 básico sai por R$ 36.630 e perde todos esses equipamentos, enquanto que a topo de linha Comfortline agrega regulagem de altura, faróis de neblina, vidros elétricos, frisos cromados, retrovisores com repetidor de seta por R$ 41.610. Ou seja, nesse caso, vale mais a pena levar um I-Trend.

A mecânica é a mesma. Ele é equipado com o motor EA-113 de 1.6 litro e 8V capaz de render 104 cv a 5.250 rpm e 15,6 kgfm de torque a 2.500 giros. A transmissão é manual de cinco marchas, com opcional do automatizado I-Motion.

A disputa entre os sedãs compactos “completinhos” deve ficar ainda mais concorrida nos próximos meses. A Chevrolet deve entrar com o Cobalt na faixa dos R$ 40 mil. Enquanto isso, o Fiat Siena vai ganhar nova geração na virada do ano.

Já a Volkswagen vai atualizar o Voyage (veja aqui Voyage – defeitos e problemas) para a atual identidade visual dos sedãs da marca, com faróis com linhas retas e lanternas traseiras horizontais.

Ponto a ponto

Desempenho – A principal virtude do motor EA-113 é o bom torque disponível em baixas rotações. Já aos 2.500 giros o propulsor entrega todos os 15,6 kgfm. Isso faz com que o carro reaja bem aos toques no acelerador. Mesmo com engates menos macios e precisos que no Polo, que usa a mesma transmissão, o câmbio é gostoso e bem entrosado com o Voyage. Nota 8.

Estabilidade – Como todo Volkswagen, o Voyage tem suspensão dura. Na hora de enfrentar uma curva mais fechada, o sedã mostra boa aderência. Nas retas, a precisão na direção se mantém, mesmo em velocidades mais elevadas. Nota 8.

Interatividade – A versão I-Trend adiciona importantes itens no Voyage. Entre eles, está o rádio, que conta com Bluetooth e entradas auxiliares. O volante multifuncional ajuda a vida a bordo.

Os comandos são todos intuitivos e localizados nos lugares lógicos, com exceção dos botões dos vidros elétricos traseiros, posicionados no console central. O câmbio tem bons engates e é bastante suave. Nota 8.

Consumo – Na cidade, o Volkswagen Voyage faz média de 7,1 km/l com etanol e 10,4 km/l com gasolina. Já na estrada, o sedã faz 9,4 km/l e 13,7 km/l, respectivamente, de acordo com dados do Inmetro. Nota 7.

Conforto – O Voyage é apenas correto neste aspecto. A suspensão mais dura faz com que o rodar não seja tão suave, mas nada que comprometa muito o conforto. Os bancos abraçam bem os ocupantes. Nota 7.

Tecnologia – O Voyage usa uma plataforma relativamente moderna, com itens do Fox brasileiro e a suspensão do Polo europeu. Comparado com os seus defasados concorrentes, é um bom argumento de vendas. O lado negativo fica para o já antigo motor EA-113. Nota 8.

Habitabilidade – Não há milagres no espaço interno do sedã compacto da Volkswagen. A distância entre-eixos de 2,46 metros garante um habitáculo apenas correto. Quatro adultos viajam sem maiores problemas.

A entrada de um quinto passageiro, no entanto, pode sacrificar um pouco o conforto. O porta-malas comporta 480 litros, capacidade condizente com o que os concorrentes oferecem. Nota 7.

Acabamento – Em relação à quarta geração do Gol, a atual ganhou em acabamento. Mesmo assim, isso não significa muito. Os plásticos são rígidos, como era de se esperar, e os encaixes apresentam rebarbas. Pelo menos a Volks tenta passar alguma dose de requinte com apliques prateados e cromados no interior e o uso de tecido nas portas. Nota 7.

Design – A dianteira do Voyage é idêntica à do Gol e agrada. De perfil, o sedã da marca alemã também se mostra um carro bem resolvido, com uma certa harmonia entre os seus elementos. É conservador, mas faz um bom papel, principalmente quando comparado aos seus rivais. Nota 7.

Custo/Benefício – Comparado aos seus concorrentes, o Voyage I-Trend não é dos carros com mais predicados e menor preço. Mas conta com um projeto moderno, de 2008, diferentemente da maioria dos seus concorrentes.

Dentro da linha do Voyage, é a versão com melhor relação custo/benefício. Em relação ao 1.6 de entrada e o topo de linha, Comfortline, ele é a compra mais razoável, com equipamentos básicos e preço decente. Nota 7.

Total – O Volkswagen Voyage I-Trend 1.6 somou 74 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir – No embalo da dinâmica

Bem à moda alemã, o Voyage é um carro que agrada pelo comportamento dinâmico. O motor não é dos mais modernos – é um 1.6 de apenas 104 cv de potência –, mas devido a alta taxa de compressão, conta com o torque máximo em baixas rotações.

Isso deixa o carro alemão bastante esperto no trânsito urbano. As acelerações e retomadas são bem eficientes, com o zero a 100 km/h sendo completado em uma marca ligeiramente superior aos 10 segundos.

Joga a favor do Volks o ótimo câmbio manual. Com relações curtas e engates precisos, ele deixa a tarefa de trocar de marcha até divertida.

Outro aspecto dinâmico interessante do Voyage é a sua suspensão. Com um acerto duro, é possível entrar em curvas com um ânimo sem tantos problemas. Entretanto, é bom lembrar que não há equipamentos de segurança ativa para ajudar em caso de derrapagem. O lado negativo é que assim, mais solavancos são passados para dentro da cabine.

O resto não vai na mesma toada. O design, por exemplo, não é de encher os olhos. Ele é simplesmente conservador, sem nenhuma “firula”. O preço também não é dos mais em conta. A configuração testada I-Trend é um bom exemplo. Ela chegou para fazer frente ao JAC J3 Turin, mas com preço bem mais elevado.

Por dentro, o acabamento não é dos melhores. Os materiais são rígidos, como era de se esperar de um sedã compacto, mas os encaixes não são perfeitos. O desenho do painel também é simples.

Por dentro, pelo menos o veículo da Volkswagen se defende com um bom espaço interno, suficiente para quatro pessoas viajarem com algum conforto. O porta-malas tem 480 litros, uma boa capacidade de carga, e acesso fácil. Mas é realmente andando que o Voyage mostra como conseguiu alcançar a disputada liderança do segmento.

Ficha técnica – Voyage I-Trend 1.6

Motor: A gasolina e etanol, injeção eletrônica multiponto, 1.598 cm³, dianteira, quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico.

Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas, tração dianteira, direção hidráulica.

Potência máxima: 101 cv com gasolina e 104 cv a etanol, a 5.250 rpm.

Aceleração de 0-100 Km/h: 10,1 segundos com gasolina e 9,8 segundos etanol.

Velocidade máxima: 191 km/h com gasolina e 193km/h com etanol.

Torque máximo: 15,4 kgfm com gasolina e 15,6 kgfm etanol a 2.500 rpm

Diâmetro e curso: 76,5 mm X 86,5 mm.

Taxa de compressão: 12,1:1

Suspensão: dianteira independente, do tipo McPherson, suporte tubular e braços triangulares transversais. Traseira interdependente, com corpo auto estabilizante e braços tubulares longitudinais.

Pneus: 175/70 R15.

Freios: Dianteiros a discos ventilados e traseiros a tambor.

Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,23 metros de comprimento, 1,65 m de largura, 1,46 m de altura e 2,46 m de distância entre-eixos.

Peso: 1.021 kg

Capacidade do porta malas: 480 litros.

Tanque do combustível: 55 L

Produção: Taubaté, Brasil.

Lançamento no Brasil: 2008

Itens de série: Banco do motorista com ajuste de altura, antena no teto, retrovisor na cor da carroceria, chave canivete, direção hidráulica, friso de proteção lateral, conta-giros, rodas de aço de 15 polegadas, rádio/CD/MP3/USB/Bluetooth e volante multifuncional.

Preço inicial: R$ 39.670.

Opcionais: Ar-condicionado, volante com regulagem de altura e profundidade, sensor de estacionamento traseiro, vidros e travas elétricas, airbag duplo, ABS, faróis e lanternas de neblina.

Preço completo: R$ 47.180.

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.