O Gol se foi e a VW escolheu seu provável sucessor, o Novo Polo Track, que inclusive ocupou o lugar do veterano popular na fábrica de Taubaté, construída para o 27 vezes campeão de vendas.
Releitura de baixo custo do Novo Polo, o Track surgiu com uma missão bem difícil, ocupar literalmente o lugar do Gol e estar entre os carros mais vendidos do país. Será que ele conseguiu?
Aparentemente sim, por fazer o Polo ser o terceiro mais vendido do mercado, cumprindo assim sua missão. Mas o que tem esse Polo Track 2024 para vender tanto, além de preço, que não é tão baixo assim?
Equipado com motor 1.0 de até 84 cavalos, o Polo Track é a simplicidade extrema que a Volkswagen conseguiu fazer por altos R$ 81.370, o que assusta quem procura algo como o 208 Style, por exemplo.
Por fora…
Todo preto, o Polo Track exibe seu conjunto ótico escurecido com faróis e luz diurna com lâmpadas amarelas, integrados com a grade simples que porta o logotipo novo da VW.
Grandes, os faróis e a grade exclusiva criam um visual distinto para o Polo Track, assim como seu para-choque com grade diferenciada, adotando elementos próprios e até mais chamativa.
Com lanternas escurecidas, o Polo Track exclui o nome do modelo e deixa apenas a versão na tampa, como o GTS faz no topo de linha do hatch, tendo ainda para-choque exclusivo.
As rodas de aço aro 15 polegadas apresentam calotas pretas e simples, que expõe os parafusos comuns, que se unem aos retrovisores sem pintura na mensagem da proposta do Polo Track.
Por dentro…
Se por fora a ideia é ser realmente simples, porém, diferente, no interior a coisa segue mais ou menos o mesmo caminho, com ambiente escurecido e bancos em tecido com costuras contrastantes.
Tendo apoios integrados na frente, os bancos têm acabamento simples e tecido que suja fácil, enquanto o painel apresenta acabamento preto e uma textura leve na parte central.
O volante tem comandos de mídia e telefonia no pacote Media Plus II, que traz rádio FM com USB e comandos um tanto confusos de tão simples, além de duas entradas USB-C.
O pacote tem ainda quatro alto-falantes, indicador multifuncional e antena no teto, que reforça a imagem do frugal Track, mas poderia incluir uma coluna com ajuste em altura.
Nesse caso, a direção até que fica em uma posição que não atrapalha uma pessoa de estatura alta, com 1,85 m, por exemplo. Além disso, o vão da coluna sob o painel expõe os mecanismos internos.
Já o quadro de instrumentos é simples e de boa visibilidade, com computador de bordo bem funcional, com o suficiente, enquanto a partida tem chave tipo canivete com controle remoto.
Console simples, porta-luvas com tampa que cai e pouco espaço, bem como porta-copos e objetos generoso no túnel se destacam no Polo Track, que penaliza com detalhes esperados.
Os retrovisores, por exemplo, são manuais como no passado, assim como os vidros das portas traseiras, ainda que o travamento seja central e a abertura da tampa do bagageiro por um botão.
As portas dianteiras possuem um acabamento texturizado, mas isso não ajuda a disfarçar o baixo custo do projeto, que tem ainda luz interna centralizada e espelhos sem iluminação.
Com espaço mediano atrás e 300 litros no bagageiro sem iluminação, o Polo Track não é tão versátil, já que nem banco bipartido possui, mas, como se imagina, sem surpresas.
Por ruas e estradas…
Se o visual externo até agora e o acabamento decepciona, pelo menos na mecânica, o Polo Track não tem do que reclamar, afinal, este Volkswagen, na categoria, está bem-servido.
O propulsor EA211 1.0 12V de três cilindros e construção em alumínio, se beneficia de tecnologia para ter uma boa resposta e torque aceitável em baixa rotação.
Com duplo comando variável de válvulas, duplo circuito de refrigeração e uma arquitetura leve (bloco pesa 12 kg), o 1.0 MPI tem injeção multiponto flex e ajuste para maior frugalidade.
São 77 cavalos na gasolina e 84 cavalos no etanol, no combustível vegetal colocado no tanque do Polo Track avaliado (adeus gasolina E10…), alcançados a 6.450 rpm.
Parece muito e é, porém, os 9,6 kgfm no derivado de petróleo e 10,3 kgfm no derivado da cana, são obtidos a apenas 3.000 rpm e isso nos faz lembrar dos clássicos EA111 e EA113.
Estes motores 1.6 e 2.0, ambos 8V, tinham torques a 2.500 rpm e 2.250 rpm, sendo aspirados, como este 1.0 MPI, que abastecido com álcool, rende muito melhor que o Fiat, quer dizer, Peugeot 208 Style.
Mostrando certa elasticidade, o 1.0 MPI do Polo Track tem boa calibração e isso permite que o câmbio não seja extremamente curto nas primeiras marchas, dando mais conforto ao dirigir.
O giro sobe rápido, mas não se intimide em trocar as marchas aos 2.500 rpm, pois, o 1.0 MPI não fraquejará. O indicador de mudança mostra que se pode rodar com muita folga.
Sem perder o “gás”, pode-se rodar tranquilamente a 1.500 rpm e ver a frugalidade atuar, mas antes disso, o Polo Track consegue boas respostas nas saídas, sendo bem ágil para um 1.0 simples.
Na cidade ele é bem esperto e, se apertar, parece até um 1.3 litro, mas não se iluda, subiu muito o giro, ele mostra mentalmente o gráfico de torque cair, mas como já dissemos, sem surpresas.
Na estrada, ele roda manso, sem esgoelar até uns 80 km/h, mas em cruzeiro a 110 km/h, a relação curta revela-se com 3.400 rpm indicados pelo ponteiro.
Assim, nas ultrapassagens, force a barra com uma redução para quarta ou terceira, dependendo a situação, vendo o ponteiro subir até perto dos 6.000 rpm.
Reage lentamente, mas vai, pois, os 84 cavalos lhe impõe um desempenho mediano, bom para um 1.0 “seco”, mas longe do ideal para uma condução confortável em rodovia.
Numa subida de serra, por exemplo, quarta é obrigatória e nem considere ficar atrás de um caminhão, pois será terceira e 6.000 rpm ou mais para ganhar velocidade novamente.
De qualquer maneira, o melhor do 1.0 MPI está entre 2.000 e 3.000 rpm, onde ele rende bem, não resmunga e até surpreende pela destreza em comparação com outros 1.0 aspirados.
Assim, na cidade, dada sua pegada, fizemos 9,5 km/l no álcool, enquanto a estrada registrou bons 12,1 km/l. Não é proposta para utilizar frugalmente ao extremo, mas pode-se fazer melhor.
Como tem boa resposta, muitas vezes você esquece de levantar o pé e o consumo naturalmente vai para uma média razoável, mas essa é a pegada do Polo Track.
Sem vibração excessiva, sem ruídos estranhos, além daqueles da troca de marchas com os vidros abertos, bem como tendo uma resposta mais digna, o 1.0 MPI é agradável de conduzir.
Apenas o câmbio poderia ter um trambulador melhor, pois, não é macio como os VW antigos, ainda que seja preciso, justo e não arranhe com a embreagem macia e bem regulada.
O Polo Track tem boa dirigibilidade, fruto da plataforma MQB e de seu próprio DNA, um hatch com boa pegada. Boa posição de dirigir, apesar do volante fixo, mas com banco ajustável em altura.
Ele tem ainda encostos que vestem bem o corpo e isso, somando à direção elétrica responsiva e aos freios bem dimensionados, tornam o Polo Track um carro bom para o dia a dia, apesar do câmbio.
Com rodas de aço aro 15 e pneus 185/65 R15, o Polo Track se comporta bem em curvas fechadas e desvios de direção, sendo o que se espera de um Volkswagen.
A suspensão é também bem ajustada para a proposta do carro, absorvendo bem as irregularidades do pavimento ruim e de bloquetes, praticamente não vibrando dentro.
Sem ruídos desagradáveis no habitáculo, o Polo Track será apreciado por passageiros como um carro de aplicativo, assim como para quem tiver disposição de tê-lo.
Falhando em ergonomia, com alavancas e ausência de uma delas, o Polo Track, no entanto, anda bem em sua proposta e reforça a boa imagem que o hatch tem no mercado.
Por você…
Ter ou ser? A pergunta é pertinente quando se observa duas propostas parecidas com preços próximos, como uma avaliação recente do NA, com o Peugeot 208 Style: R$ 82.990.
Se a comparação for com ele, então, podemos dizer que o Polo Track é o ser, ou seja, um carro com mecânica bem acertada e mais disposta, com uma condução mais folgada.
Peca em ergonomia e acabamento, assim como enormemente em conteúdo. Vem apenas com o suficiente ou menos, se considerarmos hoje a importância da multimídia com Android Auto ou CarPlay.
Nele, nem como opcional. Uma pena. O suporte de celular do Polo anterior, cairia bem para os motoristas de aplicativo, missão que o Track atende perfeitamente.
Assim, no lugar de ter um bom conteúdo, visual estilizado e itens de versões muito mais caras, o Polo Track apela para o DNA e, acredite, isso ainda atrai muita gente, tanto que os números corroboram.
Por R$ 82.290, com o sistema de áudio, o Polo Track fará alguns queimar a mufa, afinal, se o francês é tentador no apelo visual, o alemão aposta no que não se pode ver, apenas sentir.
Medidas e números…
Ficha Técnica do Volkswagen Polo Track 1.0 MT 2023
Motor/Transmissão
Número de cilindros – 3 em linha, flex
Cilindrada – 999 cm³
Potência – 77/84 cv a 6.450 rpm (gasolina/etanol)
Torque – 9,6/10,3 kgfm a 3.000 rpm (gasolina/etanol)
Transmissão – manual de cinco marchas
Desempenho
Aceleração de 0 a 100 km/h – 13,4 segundos
Velocidade máxima – 169 km/h
Rotação a 110 km/h – 3.400 rpm
Consumo urbano – 9,5 km/litro (etanol)
Consumo rodoviário – 12,1 km/litro (etanol)
Suspensão/Direção
Dianteira – McPherson/Traseira – Eixo de torção
Elétrica
Freios
Discos dianteiros e tambores traseiros com ABS e EDB
Rodas/Pneus
Aço aro 15 com pneus 185/65 R15
Dimensões/Pesos/Capacidades
Comprimento – 4.074 mm
Largura – 1.751 mm (sem retrovisores)
Altura – 1.471 mm
Entre eixos – 2.566 mm
Peso em ordem de marcha – 1.054 kg
Tanque – 52 litros
Porta-malas – 300 litros
Preço: R$ 81.370 (básico) R$ 82.290 (avaliado)
Polo Track 2023 – Galeria de fotos
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