Avaliação Novo Versa Sense: bem-vindo à simplicidade

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Precisamos começar pelo começo. Pelo start. Mais precisamente, pelo botão de start. Ao dar a partida pela manhã, o Nissan Versa demora para pegar. Você aperta o botão, solta e só após alguns longos segundos é que o motor acorda.

Como não é a primeira vez que noto isso em um carro da Nissan, fiz uma rápida pesquisa na internet, e voilà. O tema é recorrente. Há inúmeros donos de Versa, Kicks, Livina, todos unidos no mesmo problema da sonolência matinal de seus veículos.

Nosso carro de testes veio abastecido com etanol, e as manhãs de outono têm sido frias aqui na região Sudeste. Mas isso não é desculpa. Dificuldade de partida a frio em carro flex era para ser um assunto superado no Brasil, já que temos a tecnologia desde 2003. E olhe que tem gente reclamando de dificuldade de ligar mesmo com gasolina no tanque!

Ignição (finalmente) ligada, vamos começar. Até que enfim o Versa tem estilo condizente com o que o carro oferece. O antigo sedã (que continua em linha, com o nome de V-Drive) era muito bom no quesito função. Sempre foi um carro gostoso de dirigir, com espaço no banco traseiro digno de sedã médio e porta-malas amplo.

No entanto, na forma ele ficava devendo. Então, não deve mais.

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Quem pega táxi ou chama um carro pelo aplicativo não liga para estilo, e almeja apenas comodidade. Por isso, usuários até torcem para ser um Versa (eu, pelo menos, naqueles velhos tempos em que a gente saía de casa). Era uma garantia de viagem sem aperto.

Já para comprar a coisa é diferente, e nesse caso aparência conta. O modelo importado do México (o V-Drive permanece sendo feito no Brasil) traz as linhas modernas dos sedãs maiores da marca, caso do Altima e Maxima, que não são vendidos aqui mas exibem suas formas nos EUA.

O sedã manteve as qualidades anteriores e ostenta uma roupagem bem mais atraente. Não faz feio diante do Chevrolet Onix Plus e do VW Virtus, seus principais concorrentes. Tem uma dianteira vistosa, com faróis mais esticados e uma espécie de um grande “V” envolvendo a grade. As lanternas em formato de setas também são bem desenhadas. Enfim, nada que lembre o antecessor.

Avaliamos a versão de entrada, Sense, com câmbio automático CVT. No lançamento, em outubro do ano passado, ela custava R$ 77.990. Hoje, sai por R$ 85.990, alta de R$ 8 mil em sete meses, ou na média mais de R$ 1 mil por mês. E contando.

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Versa básico tem acabamento bem simples

Para começar, senhoras e senhores, sejam bem-vindos à simplicidade. Esqueçam tecnologias como alerta de colisão com frenagem automática, faróis de LED, sensores de ponto cego e câmera 360º. Todos esses avanços estão na versão de topo, Exclusive, que chegou por R$ 92.990 e já ultrapassou a barreira dos R$ 100 mil. Atualmente, custa R$ 103.490.

No Versa Sense, as rodas aro 15″ são de ferro, recobertas por calotas. Os bancos têm revestimento de tecido e não há direito a central multimídia. O acabamento de painel e portas é bem simples, com plástico rígido, embora o visual bicolor do painel cause boa impressão.

O volante também não tem nenhum revestimento sobre o plástico. Ele tem base reta, o que facilita entrada e saída do motorista e confere estilo moderno, mas a área de contato é rígida. Como o volante é o principal ponto de contato entre o motorista e a máquina, ali naquele momento o Versa já transmite sua opção pela vida sem luxos. Ainda assim, ao menos ele acomoda os comandos de som e do controlador de velocidade.

Mas não espere nem mesmo um termômetro que informe a temperatura externa. Sobre a alavanca do câmbio e nas portas há apliques plásticos com padrão que imita fibra de carbono, na tentativa de transmitir sensação de modernidade.

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Desempenho não está à altura do estilo

A combinação de motor 1.6 16V de 114 cv e câmbio automático CVT resulta em desempenho lento. É o mesmo conjunto que já equipava o Versa anterior e está também no Kicks.

Você acelera, a rotação sobe, e o carro responde sem muita pressa. A alternativa é socar o pé no pedal, mas com prejuízo para o consumo e ruído. Não há opção de borboletas no volante. Trocas manuais, com redução forçada da relação de transmissão, poderiam amenizar o sintoma. A alavanca ainda tem um botão sport, que fica praticamente escondido, mas ele não resolve a situação. Apenas ameniza.

Uma das razões para esse comportamento é que o torque máximo (15,5 mkgf) aparece a 4 mil rpm. Isso implica ter de apertar um pouco mais o pé no acelerador para ir buscar mais força. Mas, com o preço atual dos combustíveis, você fica naquele dilema.

A propósito, a Nissan divulga média de 8,0 km/l na cidade 10,0 km/l na estrada, com etanol. O jeito é se conformar e aceitar.

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Ou não. O novo Versa é tão esbelto que merecia mecânica mais moderna. Poderia ser um upgrade nesse motor ou mesmo uma opção nova, de menor cilindrada e com turbo. Só lembrando que o Chevrolet Onix Premier Midnight, com acabamento mais esportivo e motor 1.0 turbo, custa R$ 88.890. Ou seja, uma das versões mais caras do Onix briga com a opção mais barata do Versa.

Não é à toa que o modelo da Chevrolet ocupa a liderança da categoria. No primeiro quadrimestre do ano, foram vendidas 23.976 unidades do modelo, contra 4.126 do sedã da Nissan.

A Nissan divulga aceleração de 0 a 100 km/h em 10,7 s e máxima de 180 km/h. Uma curiosidade é que o Sense com câmbio manual chega a 100 km/h em 10,8 s, portanto um décimo de segundo mais lento, de acordo com a fabricante.

A razão está no fato de que na transmissão CVT não existe troca de marcha. Ao contrário dos automáticos convencionais, em que há uma ligeira queda de rotação durante as mudanças, no CVT a aceleração é contínua. Com o pé no fundo, a rotação sobe ao limite e permanece lá.

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Rodas de ferro denunciam perfil espartano

Com rodas de ferro, calotas e pneus de perfil alto (195/65), quando visto de lado o Versa Sense fica parecido com carro “de praça”, ou de aplicativo, funções que teoricamente pertencem ao V-Drive (e que a propósito ele cumpre com galhardia).

Em movimento, há um pequeno ruído de rodagem que chega à cabine, aparentemente gerado pelos pneus. De qualquer forma, o novo Versa é mais silencioso do que o modelo anterior. Ainda sobre o mesmo tema, como não houve preocupação em forrar a base dos porta-objetos com material emborrachado, qualquer coisa deixada ali (chaves, por exemplo) transforma-se em uma desagradável fonte de ruído.

A direção elétrica é lenta nas respostas. Isso significa que você tem de esterçar mais o volante nas manobras. A coluna de direção tem ajuste apenas de altura.

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Apesar de (muito) mais bonito, a plataforma não mudou. É a mesma do V-Drive, embora pontos de fixação da suspensão tenham sido alterados, assim como alguns componentes. A Nissan informa que a parte traseira da suspensão foi reforçada, e também que os batentes de borracha foram substituídos por componentes de poliuretano, segundo a montadora mais resistentes à carga.

Na prática, não há grande evolução na dirigibilidade. O Versa não é aquele carro comunicativo, que transmite ao motorista informações sobre o que se passa ali embaixo. Nisso, o Volkswagen Virtus ainda é a referência da categoria (embora o modelo da marca alemã também seja uma referência de veículo caro. A versão básica, 1.6 MSI, parte de R$ 90.090).

Entre os principais itens de série, o Versa Sense vem com seis airbags, controles de tração e estabilidade, auxiliar de partida em rampa, chave presencial e botão de partida. Há ainda sensores de obstáculos e três portas USB, sendo uma na frente e duas entre os bancos, acessíveis para quem vai atrás. A Sense é a única versão do Versa disponível com opção de câmbio manual (cinco marchas), por R$ 80.690.

Já com o câmbio automático o modelo recebe adicionalmente o controle automático de velocidade e o apoio de braço central.

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Sense tem porta-malas menor que as outras versões

Como o entre-eixos cresceu de 2,60 m para 2,62 m, o espaço no banco traseiro permanece um dos pontos fortes do Versa. Por outro lado, um ponto negativo é que não é possível rebater o encosto, o que impede comunicação com o porta-malas (e acomodação de algum objeto mais longo).

Os três apoios de cabeça traseiros são fixos, mas não atrapalham a visão do motorista. Outra curiosidade é que a versão Sense tem compartimento de carga menor que as outras duas (Advance e Exclusive).

Enquanto a básica abriga 466 litros, os modelos mais caros têm capacidade para 482 litros.

OBS.: Sobre a diferença de capacidade do Versa, a Nissan informou que o da versão Sense é um pouco menor porque, como o encosto do banco não é rebatível, ele utiliza uma peça atrás do banco, que tirou um pouco do espaço.

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Ficha técnica – Nissan Versa Sense automático

Preço: R$ 85.990
Motor: 1.6, 16V, 4 cilindros, comando duplo, flex
Potência: 114 cv (E/G), a 5.600 rpm
Torque: 15,5 mkgf (E/G), a 4.000 rpm
Câmbio: automático, CVT
Tração: dianteira
Direção: elétrica
Suspensão dianteira: Independente, McPherson, barra estabilizadora
Suspensão traseira: Eixo de torção
Comprimento: 4,49 m
Largura: 1,74 m
Altura: 1,46 m
Entre-eixos: 2,62 m
Porta-malas: 466 litros
Pneus/rodas: 195/65 R15
Peso: 1.098 kg
Tanque: 41 litros
Freios: discos ventilados na frente (25,8 cm), tambores atrás (20,3 cm)
0 a 100 km/h: 10,7 s (E/G)
Máxima: 180 km/h

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hairton2
Autor: Hairton Ponciano Voz

Quando começou a escrever sobre carros, ainda não se falava em injeção eletrônica, e vidro elétrico era coisa de rico. Em mais de 30 anos divididos entre testes de pista e as principais redações do país, Hairton Ponciano Voz já viu muito, mas tem certeza de que ainda não viu tudo. É por isso que continua encarando cada avaliação com a curiosidade de sempre. Afinal, a tecnologia não para.