Ela está no mercado desde setembro de 1982, quando surgiu com motor a ar e agora, em sua terceira geração “de jure”, se mantém como uma picape confiável. Esta é a Volkswagen Saveiro 2024, avaliada em sua versão topo de linha Extreme.
Diferente das rivais Fiat e Chevrolet, a VW decidiu pela velha máxima do mundo de futebol, ou seja, em time que está ganhando, não se mexe.
Bom, ela não vence a Fiat Strada há muitos anos, mas é a segunda picape leve mais vendida desde então e mede forças até com as recentes Fiat Toro 2024 e Toyota Hilux.
Com Strada 2024 e Montana embarcando nas quatro portas, seguindo a Oroch, a Saveiro 2024 se manteve como antes, apenas com duas portas numa cabine dupla apertada.
Para dizer que mudou, recebeu um facelift de extensão de vida criticada e um ajuste na motorização, que trouxe um resultado ruim.
Mesmo assim, a Saveiro 2024 manteve o apelo popular e de janeiro a outubro, vendeu 38.222 unidades, que a coloca como terceiro comercial leve mais vendido, bem longe das quase 100 mil unidades da Strada.
Por manter a forma de sempre, a picape está atendendo ao que seus clientes desejam, caso contrário, estaria descendo a ladeira em vendas.
O que muda então?
A Saveiro Cross é bem famosa e está até em letra de música, mas virou história na atualização, sendo substituída pela Extreme, que recebemos na cor de lançamento Cinza Oliver, que em realidade é um verde bem escuro.
Na frente, a Saveiro Extreme 2024 tem layout renovado com faróis atualizados, ainda que simples, destacados por um friso interno. Sem LEDs, o frontal da picape da VW tem uma grade estilizada e parcialmente fechada, assim como um para-choque pronunciado com molduras laterais com faróis de neblina circulares.
Nessa frente atualizada, o reforço do nome “Extreme” é visível no capô e nas laterais da caçamba. Aliás, nos lados, a Saveiro Extreme 2024 conta com novas rodas de liga leve aro 15 polegadas com pneus 205/60 R15 e um interessante emblema alusivo ao produto, nas colunas C.
Saias de rodas protegidas, barras longitudinais no teto integradas com santantônio e molduras laterais novas estão presentes na Saveiro Extreme, que também ganhou lanternas redesenhadas, mas igualmente sem LED.
A traseira ficou de acordo com a proposta, mas não inova. De resto, retrovisores pretos e a boa altura da suspensão.
Dentro, a Saveiro 2024 tem cluster analógico com grafismos novos, fora do padrão tradicional da VW, lembrando uma fase do finado Chevrolet Celta.
É bem o tipo de atualização de fim de carreira, onde a identidade do produto já começa a sofrer de senilidade. O painel com aplique texturizado não empolga, assim como a multimídia Composition Touch de 6,5 polegadas dos anos 2010.
Nesse vislumbre do passado, a Saveiro 2024 ainda exibe o volante do Golf, mas tem bons e fáceis comandos do ar condicionado, assim como pedais esportivos e uma alavanca de câmbio com pomo em preto brilhante de boa aparência.
Piloto automático na haste dos piscas, bem como porta-objetos e copos diminutos, recordam fortemente o passado. Mesmo as portas grandes já é um lembrete dos tempos em que se vendia muito carros de duas portas.
No acabamento, a VW decidiu-se por um tom de verde nos bancos com costura dupla e também nas portas, mesclando nos assentos com um tom de verde e revestimento sintético.
O velho basculamento dos bancos dianteiros chega a ser estranho quando nosso dia a dia está tão arraigado em quatro portas.
Atrás? Precisamos lembrar? Bem, é que já se sabe, apertado.
Com espaço para três pessoas de estatura logicamente pequena, o espaço traseiro é um “porta-carona” eventual, mesmo que tenha todas as obrigatoriedades da lei, como cintos. Para os saudosistas, as janelas basculantes agradam.
A Saveiro Extreme 2024 tem um pacote chamado Tech, que inclui controle de descida com modo Off-Road, retrovisor eletrocrômico, sensores de chuva e crepuscular e o piloto automático, já mencionado. Isso tudo por R$ 2.160, o que aumenta o preço da picape de R$ 114.580 para R$ 116.740.
Com uma caçamba protegida de 580 litros para diversos usos, menos para trabalho mais pesado, a Saveiro Extreme 2024 ainda conta com a capota marítima e a trava elétrica na tampa, ainda com o amortecimento que leva o para-choque para baixo, com placa e tudo.
Mudou também ao rodar?
Bom, a VW mantém o motor EA211 1.6 MSI com 16V, propulsor que já poderia ter deixado a linha de São Carlos há algum tempo, mas…
Como é o que tem para hoje, o motor de quatro cilindros recebeu atualização para o Proconve L7, tendo assim seus números reduzidos para cumprir níveis de emissão mais rigorosas.
Com o novo ajuste, passou a ter 106 cavalos na gasolina e 116 cavalos no etanol, ambos a 5.750 rpm, com 15,4 kgfm no primeiro e 16,1 kgfm no segundo, obtidos a 4.000 rpm.
O câmbio manual MQ200 tem cinco marchas. Nesse conjunto, a Saveiro Extreme 2024 tem uma boa resposta ao acelerador.
Mesmo com 4.000 rpm de torque máximo, há boa força em rotações mais baixas e isso ajuda a vender um carro que anteriormente tinha o mesmo número com gasolina, porém, a 2.500 rpm. Com 16 válvulas, o EA211 é um motor que permite um rápido aumento de giro e melhora a aceleração.
Com bom escalonamento de marchas, o conjunto melhorou em respostas em baixa em comparação com a Saveiro Cross, ainda que tenha perdido alguns cavalos.
Deve-se lembrar que esta versão tinha 16V também e alcançava 120 cavalos com até 16,8 kgfm. Na Extreme, o desempenho do conjunto é bom.
Passando pouco de 6 mil giros, o 1.6 MSI é o necessário para quem busca na Extreme, uma opção de lazer sem muita exigência, indo ela de 0 a 100 km/h em 10,2 segundos com máxima de 178 km/h.
Curto e preciso, o câmbio da Saveiro 2024 em parceria com a boa embreagem, permite uma tocada esportiva até, garantindo assim algo emoção ao volante.
Todavia, o lado ruim do conjunto na Extreme é o alto consumo de etanol na cidade, onde ela fez 6,5 km/l, com circuitos urbanos chegando a marcar 5,4 km/l, sem tocada esportiva, sem carga e apenas com o motorista, usando o indicador de troca de marchas. Isso é bem estranho quando deveria estar fazendo em torno de 8 km/l.
Na estrada, rodando a 80 km/h, chegou a fazer 12,4 km/l, com 10,2 km/l a 100 km/h e 8,3 km/l a 120 km/l, sendo números até bons usando o combustível vegetal, o que se presume melhor na gasolina. O contraste entre os números de cidade e estrada é enorme.
Fora isso, a Saveiro Extreme atende bem, especialmente na estrada, com giro pouco acima de 2.000 rpm e tendo a ajuda do piloto automático para garantir conforto ao volante.
Todavia, este tem ajuste apenas em altura e a assistência é hidráulica, deixando-a um pouco pesada em manobras, mas responsiva em cruzeiro.
Os freios têm boa calibração, enquanto a suspensão alta garante conforto e segurança diante das imperfeições das ruas ou fora delas, tendo bom curso e ajuste firme, que ajuda muito na estabilidade.
Com boa dirigibilidade, a Saveiro Extreme 2024 tem um conjunto que tem lá seus atributos, mas numa época em que a versatilidade das quatro portas é exigida, lhe falta esse detalhe importante.
Vale a pena?
A Saveiro tem fãs e a Extreme é para eles, pois quem já teve ou tem uma Saveiro Cross, se sentirá em casa com a nova versão. Simples, essa proposta da picape da VW não tem apelo aspiracional e não aparece como uma novidade de fato.
Montana 2024 e Strada já ganham nesse quesito, mesmo que custem mais em suas versões completas: R$ 153.900 na Montana RS e R$ 133.990 para Stradas Ultra e Ranch.
Pelo menos em relação à Montana, a Saveiro 2024 fica em um nível de preço abaixo, buscando a picape leve da VW ficar mais próxima das versões baratas da Fiat.
Sem motor turbo, sem câmbio automático, sem quatro portas e sem uma série de tecnologias que as rivais possuem, a versão Extreme viaja em seu próprio mundo, porém, no passado.
Vai mudar um dia? Os planos da VW dizem que sim, mas até lá, a Saveiro atual e sua versão Extreme ainda estarão devendo muito para as rivais, mas enquanto estiver vendendo bem, como pensa a VW, então, por que mexer mais?
Para quem quer sair dos compactos e não quer SUVs, a Saveiro Extreme não é o caminho.
Volkswagen Saveiro Extreme 2024 – Galeria de fotos
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