Muito se fala hoje em como os chineses estão agressivos no mercado nacional, mas quase todo mundo esquece que alguns são discretos e usam outro passaporte que, no Volvo XC60 Ultimate T8, é sueco. Há algo ruim nisso? Só lembramos disso agora…

Essa “falta” de memória não é por acaso, afinal, hoje a origem dos carros pouco importa, desde que eles mantenham sua essência e este SUV, provado e aprovado pelo mercado, é exatamente isso.

O nórdico continua a ser um dos SUVs de luxo mais vendidos e não precisa provar nada a ninguém.

Híbrido plug-in, o Volvo XC60 T8 une a velha escola com o futuro, seja nas formas robustas, quase blindadas, seja na tecnologia PHEV empregada, com as baterias logo ali, entre você e o passageiro ao lado.

Com acabamento sem exageros e minimalismo premium nos detalhes, o escandinavo, na versão Ultimate, reúne o que é necessário e o que é desejável, tudo com preço de R$ 492.950.

Caro? Pode até ser, mas esse é o custo do luxo no Brasil e nem dá para discutir isso. Quem paga já sabe o que leva para casa.

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Solidez fluída

Deve ter sido difícil para os clientes fiéis da Volvo ter visto o portfólio mudar dos quadradões para uma arquitetura fluida, porém, a marca nórdica preservou as boas características do passado num visual que ainda hoje mantém sua solidez.

Com o Martelo de Thor no conjunto ótico inteligente, que muda seu facho segundo as luzes que encontra pelo caminho, aos detalhes que refletem força, como as grandes maçanetas e retrovisores, o XC60 passa no visual a confiança que se espera de um carro.

Tendo suas lanternas em LED envolvendo sinuosamente a traseira, assim como as rodas aro 21 polegadas diamantadas do pacote Dark, que traz ainda outros detalhes em preto, o XC60 fica até mais caro (R$ 503.950), porém, mais atraente em sua forma sólida de ser.

Logo ao abrir a porta, você sente o “peso” da segurança, com um movimento que diz exatamente o que se encontra nesse caso, cujo acabamento une tecidos de primeira linha e couro devidamente aplicado.

Com poucos cromados, o ambiente foca no conjunto com guarnição metalizada no painel e partes em preto brilhante.

Claro, não dá para visitar esse habitáculo sem reparar na joia do acabamento, a alavanca de cristal Orrefors, genuinamente sueca da pequenina cidade em Kalmar, com um belo brilho tanto de dia quanto à noite.

Num ambiente tão sóbrio, esse detalhe é realmente um presente. Minimalista, o XC60 garante que o toque seja apenas na tela da multimídia com sistema do Google.

Controles manuais devidamente dispostos dão acesso às principais funcionalidades, ainda que o carro seja, de fato, todo gerido pelo infotainment, agora menos complexo que antigamente.

Aliás, para quem já conhece o XC60 “das antigas”, ver que muita coisa saiu de cena, nem é uma sensação ruim, pelo contrário, o essencial torna a vida mais simples e prazerosa.

Nada de telas diferentes no cluster, nem mesmo apresentações que distraíam a atenção do condutor ao se procurar uma funcionalidade.

Agora, tudo está claro como água limpa, sem operações ocultas que exigem treino para se operar. Tal como seu volante simplista, que muitos pejorativamente o comparam ao do antigo Fiat Uno, o Volvo XC60 é um luxuoso descomplicado.

Com seus belos bancos envolventes e confortáveis, com ajustes elétricos e memórias na frente, onde o motorista pode comandar os dois, o espaço do XC60 Ultimate Dark T8 traz ainda um ótimo sistema de som Harman Kardon, que dispensa maiores detalhes. Sem distorção, traz os sons que você quer ouvir e relaxar.

Sim, também devemos lembrar de detalhes próprios da Volvo, com coluna de direção ajustável manualmente e o espaço quase “infinito” após os pés de quem vai na frente. Você é alto, então se sentirá pequeno (no bom sentido, é claro), na frente do XC60.

Atrás, ótimo espaço para quem vai mais relaxado, apreciando a vista para os lados e para cima, com o bom teto solar panorâmico de sempre. Deste, só não gostamos do sensor touch, que a Volvo pecou em manter, mas tudo bem, perdoamos.

Com botão giratório de partida, saídas de ar traseiras nas colunas e comandos de rebatimento remoto dos apoios de cabeça, o XC60 tem detalhes positivos que atraem os consumidores.

No porta-malas de 468 litros, cabe muita coisa, até uma bateria de lítio, que não é a da propulsão, porém, sem um estepe. A tampa tem abertura e fechamento elétrico.

Mantenha a bateria carregada

O Volvo XC60 Ultimate Dark T8 é equipado com um conjunto interessante, de motor Drive-E 2.0 com turbocompressor e injeção direta de combustível, funcionando com uma transmissão automática de oito marchas da Aisin.

Esse conjunto fica montado na frente, provendo tração dianteira, mas como sabemos, o XC60 T8 tem tração AWD e ela é fornecida por um motor elétrico de 145 cavalos e 31,5 kgfm, montado no eixo traseiro.

Com os 310 cavalos a 6.000 rpm e 40,8 kgfm a 2.200 rpm, o motor a gasolina, combinado com o elétrico, faz o XC60 T8 entregar 455 cavalos e 72,3 kgfm.

Isso bem mais que na primeira fase dessa geração, onde se entregava até 408 cavalos, mostrando a evolução do sistema PHEV da Volvo, que nesse XC60 T8, garante aceleração de 0 a 100 km/h em 4,9 segundos com final limitada em 180 km/h, como todos os carros da marca.

Prazeroso ao dirigir, o Volvo XC60 T8 tem uma boa pegada, com os modos Hybrid, Power, Pure, Off-road e Constant AWD sendo oferecidos.

Para o dia a dia, a primeira opção é a recomendável, com boa resposta ao acelerador e muitos momentos a baixa velocidade apenas na energia.

A transição é suave e o ronco do motor mínimo, garantindo conforto ao dirigir. No Hybrid, o foco é usar ambos com menor intensidade, preservando mais a bateria, o que se consegue fazer boas médias de consumo.

Temos até 23 km/l na cidade e 12 km/l a 120 km/h, além de 15 km/l a 100 km/h e 17 km/l a 80 km/h. Tudo isso, claro, sempre com carga na bateria de lítio de 18,8 kWh.

No modo Power, tudo é entregue de forma mais eficiente e o cluster muda o medidor de desempenho do híbrido para um conta-giros, refletindo a proposta de performance e o XC60 T8 faz jus a essa opção, arrancando rápido e chegando rapidamente a 6.000 rpm.

Direção mais firme e ajustes gerais refeitos, o SUV nessa opção até carrega a bateria mais rápido, mas também consome energia como se deve. Não há hesitação entre os modos, que operam num casamento perfeito.

Já o modo Pure usa somente energia da bateria e ela não dura muito, pois, a depender do pé, não vai muito além de 30 km, mas no geral, pode-se chegar a 55 km com ela.

A bateria pode ser operada ainda no modo automático de uso, como no Hold, para preservar a carga ou Charge, onde o motor 2.0 funciona direto para carregar a célula de energia.

Nesse modo elétrico, pode-se rodar tanto na cidade quanto na estrada, com limite de 130 km/h.

O Off-road mede as forças nas rodas em situações de terreno ruim, enquanto o Constant AWD converte o XC60 num carro de tração integral permanente. Isso faz gastar mais energia, mas é ótimo para estradas sinuosas ou sob chuva.

Com estes “modus operandi”, o Volvo XC60 T8 apresenta boa eficiência energética e números de consumo no painel (em km/l) ótimos, porém, quando a bateria tem sua autonomia zerada, aí a coisa muda de figura.

Mesmo com o motor ainda carregando as células e o motor elétrico traseiro, quando necessário, o consumo é alto.

Na cidade, por exemplo, não passa de 7,5 km/l, enquanto na estrada o melhor que se faz é 8,6 km/l.

Interessante é que esse consumo na rodovia varia pouco de 80 km/h à 120 km/h. Assim, temos uma média geral de 12 km/l para cidade de uns 13 km/l na estrada.

Para um carro com tanque de 70 litros, pode-se teoricamente rodar mais de 900 km, o que é ótimo, ainda que longe dos mais de 1.100 km normalmente obtidos pela extinta (e saudosa) versão diesel D5.

Por isso, é importante sempre manter a carga da bateria em dia, seja num wallbox doméstico ou num carregador público.

Com isso, se garante, por um tempo reduzido de carga, uma média ótima de consumo, já que os dois sistemas funcionam em paralelo para se obter maior rendimento.

Já em relação ao tempo de recarga, o XC60 T8 pode ter a bateria completa em cerca de 5h, sempre dependendo da potência da tomada 220V, que no máximo alcança 3,4 kW.

Num carregador com o dobro da capacidade, como é o padrão da Volvo, consegue-se em cerca de 2,5h. Ou seja, dá para ir à academia enquanto o carro carrega sua bateria. Na transição para a eletricidade plena, a marca não deve evoluir essa tecnologia.

No dia a dia, o XC60 T8 é bem ágil e confortável, com uma direção ajustável de acordo com o modo de condução e bem responsiva, assim como freios igualmente adequados para a proposta do SUV nórdico.

Mesmo com rodas aro 21 polegadas e pneus 255/40 R21, o comportamento deste Volvo em ruas esburacadas e pisos ruins é bom.

O conjunto filtra bem boa parte das irregularidades, mesmo sabendo que na traseira, além dos amortecedores, só existe um feixe de mola parabólica em transversal feito de um material que lembra um elastômero de tom amarelado.

Bem neutro nas curvas, o XC60 T8 tem uma pegada equilibrada e prazerosa, como tem que ser um carro desse porte e preço.

O isolamento acústico é ótimo e a rigidez estrutural garante um comportamento igualmente bom em curvas fechadas, desvios de direção e mesmo no fora de estrada, sem torções ou estalos. O acabamento também contribui para a eliminação de ruídos no habitáculo.

Com um pacote ADAS+ exemplar, o Volvo XC60 Ultimate Dark T8 vem com tudo dentro, desde o bom Pilot Assist, que centra o carro na faixa e deixa tudo mais tranquilo e seguro, até o SIPS, que te prende ao carro em qualquer situação de emergência.

O excesso de zelo, contudo, assusta quando se roda em ruas não tão largas com carros parados em locais diferentes, onde o sistema muitas vezes freia bruscamente, “imaginando” que o motorista não conseguirá desviar.

Outro ponto é quando se está em uma rua ou avenida junto ao canteiro e entra uma moto na via sem parar, onde o sistema freia novamente sem aviso, dando uma sensação incomoda, mesmo que você esteja vendo o motoqueiro.

Infelizmente num trânsito onde nem todos seguem as regras, a tecnologia da Volvo acaba agindo dessa forma em prol da segurança.

Conjunto da obra

O Volvo XC60 Ultimate Dark T8 está numa faixa de preço elevada, que exige que o carro tenha tudo e mais alguma coisa, porém, se alguém busca por “pirotecnia” visual e digitalização de nível conceitual, então o sóbrio sueco não será a escolha lógica.

Sua proposta tem mais a ver com o conjunto da obra, sendo um carro altamente seguro e confiável, que aposta no conforto em vez de entretenimento da moda, como seu rival elétrico, pelo menos na mesma faixa de preço, o Mercedes-Benz EQB, que custa R$ 502.900. Outro concorrente em preço é também elétrico: BMW iX3 por R$ 500.950.

Já os equivalentes tradicionais do XC60 custam bem mais que isso, mas a presença de dois elétricos mostra, por um lado, que a Volvo precisa eletrificar-se rapidamente. Por outro, o SUV nórdico, diante dos rivais de luxo a combustão, é uma excelente opção.