Carro da semana, opinião de dono: Fiat 500 Cult mecânico

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Olá amigos do NA! Assim como a maioria, sou leitor assíduo do portal, e não passo um dia sequer sem acessar. Incrível ver como o site como um todo evoluiu.

Desde já, parabenizo a todos os envolvidos pelo funcionamento e saibam que vocês fazem o dia de um apaixonado por carro ficar um pouco mais feliz!

Queria contribuir com um relato sobre meu carro. Antes de começar, preciso dizer que, quando tinha dúvidas sobre comprar esse carro ou não, o que me fez decidir foi justamente a opinião de um dono, publicada aqui mesmo no NA, sobre o mesmo veículo.

Veja também: opinião de dono do JAC J3

Hoje, ao reler a avaliação do outro proprietário, percebo o quanto ela me foi útil, mas também revela o quanto ainda havia o fator ‘lua-de-mel’ nas palavras do outro cara.

Uma avaliação sem quase ponto negativo nenhum geralmente não retrata toda a verdade. Mas mais uma vez, digo que sem ela, eu não teria feito a minha compra.

O carro em questão é o Fiat 500 Cult. O tal grande vencedor-batedor-de-recordes d’Os Eleitos da QR. No caso do meu, trata-se da versão Cult mecânica, na cor preta e com Kit Convenience 1 (que, na época, não trazia o Pack Audio como hoje).

Antes dele, tive um Ka 1.6 (modelo 2008) – um foguetinho!, e antes disso uma moto Kansas, da Dafra. Com isso, digo que, aos 27 anos, sei que não tenho paixão por marca ou tradição, compro aquilo que tenho vontade e que acho que vai me satisfazer.

Compra e detalhes

Sobre o valor de compra do meu 500, como fiz a compra em setembro de 2012 de uma unidade 2011/2012, acabei conseguindo um desconto razoável.

A negociação começou em R$ 40 mil com emplacamento e terminou por R$ 38 mil com alarme, sensor de estacionamento, película, tapetes bordados, emplacamento total e tanque cheio.

Acho que não vale a pena citar a lista de equipamentos de série do carro. Acredito ser bastante conhecido do pessoal aqui e, quem ainda não conhece, pode consultar no site da Fiat – a lista é tão extensa que me tomaria todo o espaço cedido aqui.

Fiat 500 Cult Dualogic – Respondendo as perguntas

Pontos que se destacam

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Resolvi citar na avaliação apenas os pontos que mais se ressaltam, aqueles que acabam sendo um pouco mais decisivos na hora de escolher um carro. Para impressões mais gerais, qualquer review ou comparativo na internet pode ajudar também.

– Espaço interno: todo mundo sabe que o carro é pequeno. Minúsculo, pra falar a verdade. Mas até para o motorista, o espaço interno não é tão generoso assim. Tenho 1,75 m, mas não consigo achar posição pra dirigir mais confortável, sem que minha perna não bata no console central, ou meu joelho não esbarre na proteção inferior do volante quando vou sair.

Atrás, não senta ninguém atrás do meu banco, a não ser que eu regule o meu para uma posição já não tão prazerosa assim. O porta-malas é honesto para o porte do carro: cabem várias mochilas ou até uma mala grande. O lado bom? A posição de dirigir, incrivelmente alta, mas não naquela posição de motorista de ônibus do C3.

– Banco do passageiro: Ok, não comprei o carro pra dar carona. Sou solteiro, sem filhos (e nem pretendo ter), então espaço pra 5 pessoas é o que menos me interessa na compra de um carro. Mas um defeito que não dá pra engolir, e que vai dar muita raiva ao proprietário que de vez em quando leva um terceiro passageiro atrás, é a falta de memória de posição do banco do passageiro.

O do motorista tem, e por algum motivo a Fiat acha que sou eu quem vai descer do carro para a entrada de um carona, e não o passageiro do lado direito. Com isso, a todo entra e sai, é você quem tem que regular o banco antes de alguém poder entrar, e isso é um saco. Sério.

Sem falar na trava de abertura do banco, que até hoje NINGUÉM conseguiu abrir de primeira nesse carro, a não ser eu. Então, quando estaciono, viro chofer: preciso levantar o banco, voltar à posição inicial e ainda regular para algo parecido a como estava antes (usando a abertura lateral E o regulador do encosto, ao mesmo tempo).

E o que mais frustra é ver quando o passageiro que voltou a sentar ali percebe que o banco não tá mais na mesma posição de quando ele levantou para dar passagem. Digo a vocês: um dos piores defeitos desse carro. O lado bom? Apesar da aparência, os bancos tem relativo conforto, e faço viagens de 6 horas sem sentir tanto quanto sentia no Ka.

– Estabilidade: Tem ESC. ABS com EBD. Controle de tração. Resumindo: o bichinho é esperto nas curvas, e o controle de tração já me tirou de um ou dois apertos. Mas aqui os mais experientes podem me ajudar a entender.

Mesmo com toda essa tecnologia, sinto ele querer sair um pouco de traseira numa curva mais acentuada. Às vezes tenho a sensação de que ele se comporta um pouco pior que meu antigo Ka, que não tinha nada de tecnologia (nem ABS o coitado tinha).

Não sei se por ele ser mais estreito, ou bem mais alto que o Ka, mas a verdade é que não tenho muita coragem de deixar o piloto automático ligado a 120 km/h na estrada em toda curva. O lado bom: em velocidades menores, o carro parece grudar no chão, e faz curvas com maestria. Principalmente aquelas causadas por alces. Ou vira-latas, no nosso caso.

– Ruído interno: o isolamento acústico nesse carro é impressionante. Sério. Feche a porta, levante os vidros, coloque uma música bacana pra tocar baixinho e ande a velocidades baixas: você acabou de criar um lounge.

Agora, acelere a 100 km/h e aí a única coisa que resolve é colocar rock pra tocar a partir do volume 32. E o guitarrista vai competir de igual com o barulho do motor, que invade o carro sem pedir licença.

Ele, com o piloto automático ligado a 110 km/h numa rodovia sem trânsito pesado, faz tranquilamente 15 km/l. Ou seja, instigaria inclusive a viajar constantemente a 120 ou 130 km/h, sem que o consumo fosse uma lástima.

Mas aí você lembra como o carro berra, com 4.000 rpm a 120 km/h, e a vontade de correr, principalmente acompanhado, desaparece. Viajei num Cruze que não encostava nas 3.000 rpm na mesma velocidade. Deu saudades.

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Itens exclusivos do Fiat 500

No restante, só alegrias, principalmente nos itens que não estão presentes em muitos carros nessa faixa de preço:

01) Blue&Me, extremamente eficiente pra comandos de voz. Poucas foram as vezes que a mocinha não entendia o que eu dizia. E algo que não li em outros lugares até agora: neste um ano com o carro, testei as plataformas Android, Windows Phone e iOS no Blue&Me. E estou pra vender meu iPhone e voltar pro Lumia por conta desse recurso.

A integração entre o sistema da Fiat e o aparelho da Nokia (ambos com sistemas desenvolvidos pela Microsoft) é incrível. O carro passa até a ler seus torpedos e mensagens recebidas no Facebook (com sua permissão, claro!). Com Android e iOS, conseguia apenas efetuar e receber ligações.

02) Hill Holder. O assistente de partida em rampas acho que todo mundo já conhece. O que eu não sabia era que ele funcionava com o carro desengrenado também. E depois que você acostuma com ele, fica difícil dirigir um carro sem.

03) Função SPORT. Deve ser psicológico, mas pra mim até o ronco do motor muda com essa opção acionada. Ultrapassagens são deliciosas de fazer, e a direção mais pesada dá um ar de esportividade que não se espera em um carro deste tipo. As arrancadas ficam espertas demais, e dar umas cantadas de pneu ao sair com ele dos semáforos às vezes é inevitável.

04) Controles no volante: Blue&Me do lado esquerdo, piloto automático no direito, tudo a um toque dos polegares. Na parte de trás do volante, controle de volume, mudança de faixa e fonte de áudio.

Já testei um ou dois carros com botões no volante, e não encontrei algo até agora tão prático. Nenhum botão existe ali à toa, e não tem nada que você controle sempre que também não esteja ali.

Tamanho do Fiat 500

Pra finalizar, a razão pela qual não compraria novamente o mesmo carro: o espaço externo.

Oi?

Pois é. O carro é fantástico, mas é pequeno. Muito pequeno. Hoje, dia 27, completo um ano com ele, e até hoje rola um bullying. Incomoda, não vou mentir. O carro é pequeno, e some em qualquer estacionamento.

Deixo ele parado todos os dias ao lado de um 307 e um Tucson. E fico triste. Não sei se é porque moro no interior da Bahia, lugar não conhecido como centro da modernidade e da inovação. Mas aqui fica aquela sensação de que as pessoas olham pro 500 como olham para o Fortwo. As pessoas em geral não se importam assim com a lista de equipamentos. Elas apenas riem e acham você excêntrico.

Acho que uma coisa é ser carro de nicho, e outra é ser visto como estranho. Nem vou falar a respeito das brincadeiras sobre o carro ser feminino, porque na minha condição isso não ofende. Mas cansa, e você vai ouvir tanto, que uma hora você quer se ver em um carro “de verdade”.

Um carro tão bom quanto ele, mas que chame a atenção talvez pelos pontos certos. Ou que não chame, como é o caso do novo Golf. Uma verdadeira máquina, mas com cara de Gol por fora.

Acho que existem três tipos de compradores para o Fiat 500: aquele que quer um carro com muito mais do que qualquer concorrente na faixa de preço oferece, aquele que compra para ser visto – o carro torce pescoços até hoje, e aquele que quer as duas coisas. Eu sou o tipo 3, sem receio de admitir. Mas com o 500 aprendi que às vezes é melhor passar despercebido.

Por Renato Droguett

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.