Um dos modelos mais famosos da Ford nos anos 80 e 90 foi sem sombra de dúvidas o Escort XR3.
Apresentado na Europa em 1968, o modelo compacto da Ford logo se tornou um enorme sucesso comercial e de vendas, e por aqui não poderia ser diferente, mas tivemos que esperar até 1983 quando o Escort foi apresentado de forma oficial, para então vermos o Escort XR3 nas ruas.
Vamos falar da história de grande sucesso do Escort XR3 no Brasil, e depois vamos ver a trajetória dele lá na Europa.
Vamos ao Escort XR3 no nosso país:
No Brasil
Escort XR3 1983 a 1992
Apresentado em 1983 no país do samba e do futebol, o Escort XR3 tinha outros modelos da linha Escort como acompanhantes.
O Escort tinha várias versões de acabamento, sendo elas a mais básica sem nomenclatura, a L, passando pela GL intermediária, a de luxo Ghia e a esportiva XR3.
As versões básicas e intermediárias poderiam vir acompanhadas dos motores 1.4 litro com 64 cavalos quando abastecido com álcool ou 57 cavalos nos modelos a gasolina.
E nas versões 1.6 litro com 65 cavalos para os modelos movidos a gasolina e 73 cavalos para os modelos movidos a álcool. Apenas o Escort Ghia e o Escort XR3 vinham com o motor 1.6 litro de 73 cavalos, sendo que no XR3 este motor rendia 83 cavalos por modificações no carburador e nas válvulas.
O visual do Ford Escort XR3 nacional seguia à risca o mesmo design encontrado no modelo europeu, com seus defletores aerodinâmicos e rodas de liga leve de 14 polegadas.
Outros itens faziam do Escort XR3 o sonho de consumo dos jovens dos anos 1980, como teto solar e bancos esportivos.
Já para 1985 a Ford apresenta o Escort XR3 Conversível, que foi o primeiro modelo fabricado em larga escala que tinha autorização para rodar nessa configuração, antes dele apenas o Volkswagen Karmann Ghia foi feito seguindo esses predicativos.
O motor do Escort conversível era o mesmo que da versão cupê, o 1.6 litro de 73 cavalos.
Em 1987 o Escort XR3 ganha a sua primeira atualização de estilo, chamada de nova geração Mk4, acompanhando toda a linha Escort.
O visual era praticamente o mesmo visto na versão europeia, ou seja, faróis mais retangulares e novas opções de cores, acabamento com mais requinte e alguns detalhes extras para se diferencias das versões tradicionais do Escort.
Uma das mudanças mais nítidas no Escort XR3 de 1987 era o aumento de três cavalos no motor e ausência dos faróis de neblina mantendo apenas os de milha que ficavam na mesma altura dos faróis principais.
Já em 1989 a Ford faz o seu maior contrato com outra montadora e desse acordo nasce a Autolatina – união entre a Ford e a Volkswagen na América Latina – e o Escort XR3 foi quem saiu ganhando com essa parceria.
Agora o Escort XR3 usava o famoso motor AP da Volkswagen de 1.8 litros e 99 cavalos – na versão de topo de linha Ghia o motor era calibrado para render 90 cavalos. O modelo também ganhava um câmbio manual oriundo da VW.
Escort XR3 1993 a 1995
A segunda geração do Ford Escort XR3 foi apresentada no final de 1992 já como linha 1993.
O restante da linha seguia a mesma linguagem de design e estilo. Outro benefício adquirido com a Autolatina foi a adoção do motor AP 2.0 litros com injeção eletrônica e 115 cavalos para o Escort XR3i.
No ano seguinte o Escort XR3i adotava a mesma nomenclatura do modelo europeu e ganhava um novo motor 2.0 litros AP só que agora configurado para álcool e o novo motor rendia 122 cavalos.
Em 1995 o modelo passa a receber novas rodas de liga leve e ajuste de altura no volante, item pouco comum em um modelo de passeio nessa época e mais raro ainda num modelo esportivo.
Ford Escort XR3 1996: o Escort Racer
O fim de linha foi decretado em 1996, mas antes disso o modelo teve sua produção transferida para a fabrica da Ford na Argentina, com o intuito de abrir espaço na planta para o Ford Fiesta que estava sendo lançado na Europa e logo em seguida começou a ser fabricado por aqui.
A linha Escort perdeu nesse mesmo ano as versões Ghia – topo de linha – e as versões Escort XR3i e Escort XR3i conversível.
A alternativa restante para quem queria um Escort XR3i era se contentar com a versão Racer, que contava com o mesmo motor 2.0 litros AP, mas que não tinha o mesmo apelo visual e nem a mesma essência que o saudoso Escort XR3.
O modelo Racer era extremamente simples se comparado ao Escort XR3i, ele não vinha com bancos Recaro, dianteira com desenho exclusivo em relação as demais versões do Escort e os inúmeros itens de segurança e de conforto que o esportivo trazia desde que foi apresentado por aqui.
Sem o mesmo apelo do Escort XR3 tradicional, o Escort Racer saiu de linha poucos meses após ter sido lançado, provando que em time que está ganhando não se mexe.
A linha Escort ganhou uma nova geração em 1997 e com isso um novo motor para a linha, o moderno Zetec 1.8 litros com 16 válvulas e 115 cavalos e 16,3 kgfm de torque.
Além de um novo desenho para a carroceria e novas versões a Ford tentava emplacar agora pela segunda vez uma tentativa de ter um “esportivo” com o lançamento do Escort RS.
Já não existia Escort XR3.
A versão RS do Escort usava o mesmo motor do restante da linha, e tinha com maiores diferenciais o painel com fundo branco, aerofólio traseiro, saias laterais e novas rodas de liga leve com desenho exclusivo para a versão.
Fora isso ele era apenas e tão somente um Escort maquiado, quase que um precursor de modelos como a linha SS da Chevrolet com o Corsa, Meriva e Astra e Sporting da Fiat com Palio, Strada e Siena.
Para alguns chegava a ser blasfêmia a Ford colocar a sigla “RS” num modelo que não tinha preparação de fábrica no motor ou na suspensão que fosse realmente com o intuito de ser esportivo.
Na Europa a sigla “RS” é altamente respeitada e atualmente pode ser encontrada no Fiesta RS e no Focus RS com versões que passam facilmente dos 200 cavalos, dependendo da versão e do motor.
O XR3 Europeu
A terceira geração do Ford Escort foi apresentada em setembro de 1980 no mercado Europeu, e continuou o legado modelo que foi lançando inicialmente em 1955.
O Ford Escort XR3 foi criado para combater nomes de peso como o Volkswagen Golf GTI e outros modelos que apostavam no segmento de esportivos derivados de carros de passeio.
O motor da versão europeia era o 1.6 litro CVH, com carburador duplo, uma nova suspensão mais firme e outros detalhes mais estéticos.
Em 1982 a Ford apresentava o Escort XR3i com injeção eletrônica e câmbio de 5 velocidades.
Em 1986 o Ford Escort XR3i ganha uma variante cabriolet que rapidamente ganhou inúmeros adeptos, e se tornou uma das versões mais vendidas dentro da gama Escort.
Fora essa nova versão o Ford Escort XR3i ganhou uma leve atualização de estilo em 1985 o que deixou os faróis dianteiros mais amendoados e as lanternas traseiras quadradas e acrescentou no Escort XR3i a opção de ter luzes de milha junto dos faróis principais.
Já para 1991, a Ford apresenta a quinta geração do Escort que traz consigo novamente o Escort XR3i, com design mais jovial o modelo entra nos anos 1990 completamente renovado.
O design de modo geral era mais elegante que do modelo de 1986 e contava na versão Escort XR3i com características mais discretas que os modelos anteriores.
A única forma de perceber que ele era um XR3i era pelo discreto logo fixado na traseira.
O motor dessa geração para o Escort XR3i era o 1.8 litro Zetec, que deixava o modelo mais esperto e potente, aliado ao novo motor estava o câmbio manual de 5 velocidades.
O Escort XR3 saiu de linha no mercado Europeu em 1994 e a última geração do Ford Escort tradicional resistiu até meados de 2004, quando foi substituído pelo Ford Focus.
Curiosidades
Além das versões comuns, da esportiva de verdade Escort XR3i, e da tentativa com a Racer e a RS o Ford Escort teve outras versões fabricadas por preparadoras nacionais que incrementavam o visual e a potência do modelo mais famoso da Ford no país.
Escort XR3 SE – Special Edition 75
Quando a Ford estava prestes a comemorar seus 75 anos de existência no país, ela decidiu comemorar em grande estilo e apresentou no início de 1994 o Escort XR3i SE 75, que vinha com pintura especial em preto na parte da carroceria e nos para choques em tom de dourado para simbolizar um Champagne estourando.
A versão escolhida era o conversível que além da pintura nova, contava com plaquetas nos para lamas dianteiros para distinguir das demais versões e todos os itens que eram opcionais no XR3, como os bancos Recaro, equalizador e antena elétrica.
O motor era o 2.0 litros com injeção eletrônica de 116 cavalos associado ao câmbio manual de 5 velocidades e com 17,7 kgfm de torque. Ao todo foram feitas 175 unidades construídas, e disponibilizadas para as 175 concessionárias da Ford pelo país.
Escort SR
Essa versão foi criada pelo Grupo Souza Ramos – que atua como rede de concessionários da Ford – e trazia um visual próprio para o modelo com nova grade dianteira, para choques e rodas de liga leve com desenho diferente.
A inspiração segundo a preparadora era o Ford Sierra XR4 europeu.
O motor do Escort XR3 recebia um upgrade com o auxilio de turbo Garrett e passava facilmente dos 100 cavalos que podiam levar o modelo a 180 km/h.
Além do modelo citado, a SR fez outra modificação, mas dessa vez mais profunda no Escort XR3 e o chamou de John Player Special, que trazia uma dianteira com visual exclusivo, faróis do tipo escamoteáveis e para lamas mais alargados do que as versões comuns.
Caltabiano Especial
Agora sob os cuidados de outra preparadora que também era revendedora dos modelos da Ford, a Caltabiano pegou como base um Escort XR3 de 1989 e juntou com um motor Volkswagen AP 2.0 – pouco tempo antes da Ford se juntar de fato com a Volkswagen para a criação da Autolatina – que se encaixava sem muitos problemas no cofre do motor que antes estava acostumado com o 1.8 litro.
Mas o modelo acabou que ficando meio de lado quando as duas marcas anunciaram a parceria e a criação real do modelo com o motor.
Verona SR
Você deve estar se perguntado, por que estamos falando do Verona, o sedan do Escort, mas já explico.
No início dos anos 1990 o mercado nacional abriu as portas para os modelos importados e o sonho de consumo da classe média alta brasileira era o BMW M3, mas como ele era importado e custava muito caro, a Souza Ramos decidiu tentar uma receita caseira com a versão sedan do Escort.
Na prática era apenas um Verona com um novo visual, saias laterais e rodas novas que tentavam – sem qualquer sucesso – compensar a falta de esportividade do modelo.
Ficha Técnica
Ford Escort XR3 1991 1.8
Motor | transversal, 4 cilindros em linha, 1.781 cm³, 2 válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no cabeçote, carburador de corpo duplo |
Potência | 97 cv a 6.000 rpm |
Torque | 16 kgfm a 3.000 rpm |
Câmbio | manual de 5 marchas, tração dianteira |
Dimensões | comprimento, 406,2 cm; largura, 164 cm; altura, 132 cm; entre eixos, 240,2 cm |
Peso | 990 kg |
Pneus | 185/60 hR 14 radiais |
Ford Escort XR3 1994 2.0
Motor | transversal, 4 cilindros em linha, duas válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no cabeçote, alimentação por injeção eletrônica Bosch LE-Jetronic |
Cilindrada | 1.984 cm³ |
Potência | 116 cv a 5.600 rpm |
Torque | 17,7 kgfm a 3.200 rpm |
Câmbio | manual de 5 marchas, tração dianteira |
Dimensões | comprimento, 404 cm; largura, 169 cm; altura, 130 cm; entre eixos, 252 cm |
Peso | 1.120 kg |
Pneus | 185/60 HR14, radiais |
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