A General Motors, com a Chevrolet, é atualmente a terceira marca mais vendida do país, com 236.309 unidades e market share de 15,40%, porém, mesmo assim, a montadora está demitindo. Por que?
A primeira resposta para a questão veio na forma de justificativa aos empregados para as demissões recentes na montadora americana, exclusivamente nas plantas paulistas.
Na nota, a GM diz: “A queda nas vendas levou a General Motors a adequar seu quadro de empregados. Por isso, comunicamos que a empresa decidiu pela rescisão do seu contrato de trabalho”.
Sem um número específico de demitidos, o fato causa estranheza em alguns, levando a crer que a causa vai muito além da queda nos emplacamentos.
De fato, a GM perdeu bastante espaço com a pandemia, mas de 2022 para cá, as vendas até subiram, com 203.671 unidades do ano passado contra o volume citado acima, ambos entre janeiro e setembro.
Na [época, era vice-líder e tinha 14,60%, ou seja, perdeu uma posição, mas ganhou em participação.
Então, por que das demissões? Especialistas ouvidos pelo site UOL, comentam sobre os prováveis motivos que levaram a GM a demitir funcionários.
“Pode ser que a expectativa de vendas deles fosse muito maior, o que significa uma grande diferença entre a ambição de conquista de mercado e a realidade. Ao que me parece, a GM já vinha protelando medidas de redução de equipes no estado de São Paulo”, diz Cássio Pagliarini, sócio da consultora Bright Consulting.
Como se sabe, o custo das operações paulistas seriam bem altas na região do Vale do Paraíba devido à média salarial, assim como no ABC.
Milad Kalume, diretor da Jato Informações Automotivas, comenta: “A GM passou por uma série de situações nos últimos anos. Ficou meses sem produzir o Onix por falta de semicondutores, teve que parar a produção por reajuste de estoque e ainda está com uma estratégia global de eletrificação de 100% do portfólio”.
Kalume complementa: “Acredito que essa redução no quadro de funcionários seja fruto dessa conjunção de fatores: adequação à estratégia da matriz e à situação econômica do país. Ela já passou por redução de custo na produção, agora chegou ao limite, o próximo passo é demissão”.
Para um especialista, que quis anonimato, a GM estaria, com as demissões, enviando um recado de descontentamento ao governo federal, especialmente quanto a incentivos ao Nordeste.
Coincidentemente, as demissões surgiram um dia após o governo paulista, por meio de Tarcísio de Freitas, vetar a isenção de IPVA para carros elétricos, indo à contramão das ações da GM.
Como se sabe, a montadora não investirá em carros híbridos e defende os elétricos, incluindo a manutenção do imposto zero para importação. Poderia ser isso também?
Afinal, o veto beneficia montadoras como Toyota e GWM, assim como eventualmente a VW no estado, pois a mesma irá investir em híbridos flex, tal como a Stellantis.
Aliás, uma questão importante e ainda sem resposta: como a GM passará dos carros a combustão para elétricos no Brasil?
Por ora, a nota da GM ao UOL explica as demissões após “várias tentativas atendendo as necessidades de cada fábrica, como layoff, férias coletivas, days off e proposta de um programa de desligamento voluntário. Entendemos o impacto que esta decisão pode provocar na vida das pessoas, mas a adequação é necessária e permitirá que a companhia mantenha a agilidade de suas operações, garantindo a sustentabilidade para o futuro. A GM reforça que a segurança dos empregados é nossa prioridade”.
[Fonte: Paula Gama/UOL]
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