O Jeep Renegade é um utilitário esportivo com dupla proposta.
O diesel – já avaliado por uma semana pelo Notícias Automotivas, tem foco voltado para o off-road, contando com tração integral com vários modos de terreno, bem como motor diesel de 170 cv e transmissão de nove marchas.
O outro lado do Renegade é a versão equipada com motor 1.8 Flex. Esta é voltada mais para uso urbano e para isso, conta com tração dianteira e transmissão automática de seis marchas. Para quem prefere as mudanças manuais e o pedal de embreagem, o modelo oferece uma opção. Ou melhor, agora são duas opções: 1.8 e 1.8 Sport.
A primeira chegou essa semana e tem rodas de aço como “destaque”, partindo de R$ 68.900. Já a versão Sport, que começava em R$ 69.900, agora inicia em R$ 71.900. É esta última que foi avaliada pelo NA, mas com pacote completo, que eleva o preço para R$ 88.120, exceto pintura metálica.
Se um é valente e tem disposição para enfrentar quase qualquer terreno, o outro é pacato, urbano e carece de melhor motorização.
Robusto, o SUV compacto da Jeep mostra que veio para “causar”, brigando em julho pela liderança, porém, ficando ainda na segunda posição com pouco mais de 4 mil vendidos. Grande parte desse volume está relacionada sem dúvida à versão Flex.
Por fora…
O Renegade Sport logo de cara chama atenção por ser mais baixo do que a versão Longitude ou mesmo a Trailhawk. O efeito visual é verdadeiro, pois o Flex é em torno de 6 cm mais baixo que o diesel. A altura livre do solo é de 177 mm no 1.8 e 195 m no 2.0, indicando que o uso do Jeep bicombustível é para o asfalto ou vias de terra transitáveis.
As rodas de liga leve aro 16 polegadas com pneus 215/65 R16 também contribuem para um visual mais light. Para-choques, retrovisores, saias de rodas, saias laterais, barras longitudinais no teto, maçanetas, molduras e outros detalhes são em tonalidade preta. O estilo, por uma característica do Renegade, não aparenta ser tão de entrada em relação aos concorrentes.
Novamente, chama atenção o estilo quadradão, robusto e estranhamente compacto desse Jeep, que ainda destaca os faróis redondos, grade com as famosas barras verticais, lanternas com o “X” do tanque de gasolina do modelo clássico, entre outros.
Por dentro…
Na versão Sport, o Renegade não apresenta muita diferença visual em relação às demais opções, destacando-se mais o volante multifuncional com inúmeros botões, inclusive atrás do aro… O quadro de instrumentos é completo e apresenta um display digital mais simples, porém, este cumpre muito bem seu papel.
Detalhe em tonalidade tungstênio e o material que reveste painel e portas nos faz lembrar muito da versão anteriormente testada, a Longitude 2.0 4×4. Destaque também o freio de estacionamento elétrico, bem como a alavanca de câmbio de boa aparência, os difusores de ar centrais elevados, a alça para o passageiro e o jipinho quase escondido no para-brisa.
O ar condicionado é manual e no lugar do seletor de terreno, mais um easter egg, um dos muitos presentes no Renegade. Afinal, ele quer a todo custo remeter ao velho clássico da Willys. De forma geral o conjunto é bom, mas ruim mesmo é o visual do rádio. Ele tem aparência simples demais, embora tenha navegador e seja intuitivo. Para compensar, também reproduz imagens da câmera de ré.
O teto solar panorâmico (com persiana elétrica) e o bom acabamento interno agradam. O tecido é macio e garante boa sensação, assim como os bancos oferecem conforto, mesmo em viagens longas. Há apoio de braço deslizante na frente, luzes de leitura individuais atrás, vários porta-copos e piloto automático.
A versão Sport tem um pacote de série muito bom, que ainda inclui vidros one touch para todos e até tomada de 127V. O espaço interno é bom e condizente com a proposta. Já o porta-malas carece de um pouco mais de espaço. Tem apenas 260 litros, mas o banco traseiro é bipartido e pode ajudar na hora do sufoco.
Por ruas e estradas…
Era uma vez um motor brasileiro que a Chrysler fez com a BMW e que foi muito usado na China, mas nunca no Brasil. A Fiat foi lá e comprou, transformando-o no E.torQ. Não tendo saído de mãos americanas, mesmo que indiretamente, o propulsor 1.8 é até bom em modelos mais leves, mas no Renegade ele não agrada.
Os 130/132 cv a 5.250 rpm e 18,6/19,1 kgfm a 3.750 rpm são insuficientes para dar ao Jeep um desempenho condizente com os rivais mais fortes. Não havia outra opção para a FCA por aqui. Os 1.393 kg do SUV são perceptíveis logo de cara, exigindo que o propulsor trabalhe além do desejável.
O câmbio manual tem cinco marchas e uma relação focada no consumo, deixando assim toda a responsabilidade nas costas do E.torQ. No meio urbano até que ele apresenta alguma disposição, mas sempre indicando que não é o mundo dele. As retomadas precisam ser feitas elevando bem o giro. Em subidas íngremes ou em uma serra, por exemplo, é necessário reduzir bem as marchas.
No dia a dia, a rotação tem de estar acima de 3.000 rpm para que o Renegade Sport 1.8 tenha um desempenho bom. Isso evidentemente faz o consumo aumentar bastante. Com gasolina conseguimos 8,5 km/litro. Na estrada, o ponteiro marca 3.000 rpm a 110 km/h e o Jeep não faz mais do que 11,6 km/litro.
O câmbio manual é macio e tem engates precisos. Ele tenta salvar o consumo, mas na estrada o motor pede uma sexta que só existe na versão automática. A sensação ao manter uma velocidade de cruzeiro sem o piloto automático não é boa nessa versão, já que cada elevação parece exigir uma força maior do que o normal no pedal.
Apesar da rotação mais alta, tanto na condução urbana quanto na estrada, o nível de ruído interno é bom. A direção elétrica é confortável e o volante grande não causa estranheza, ao contrário do que acontece em alguns modelos da Fiat. A visibilidade geral é boa, mas a aerodinâmica do quadradinho provoca alguns ruídos indesejáveis. Olhando por esse lado, o Renegade não parece a vontade na estrada.
Na cidade, a suspensão robusta absorve bem os impactos dos buracos, valetas, bloquetes e paralelepípedos, mas não é macia. Seu foco é aguentar os baques das nossas vias ao invés de oferecer a maciez como de um hatch ou sedã. Ainda assim, o Sport 1.8 oferece conforto.
A estrutura é sólida e os revestimentos são resistentes, não produzindo ruídos incômodos. A estabilidade também é muito boa, reforçada ainda pelos controles de tração e estabilidade. Como é manual, o condutor pode aproveitar bem o assistente de partida em rampa, evitando assim ter que usar o freio de estacionamento caso não tenha habilidade com a embreagem. Os freios são medianos, mesmo com discos nas quatro rodas.
Por você…
O Jeep Renegade Sport 1.8 manual é uma (ex) versão de entrada muito bem acabada e equipada, mesmo sem opcionais. Completo, não fica devendo para os tops de muitos dos rivais. De R$ 71.900 a R$ 86.120, o modelo oferece uma boa quantidade de itens de conforto, segurança e um pouco de entretenimento.
Ar condicionado, direção elétrica, trio elétrico, retrovisores com rebatimento elétrico, teto solar panorâmico, navegador GPS, câmera de ré, piloto automático, lanterna de LED e alto-falantes no porta-malas, duas entradas USB, volante bem completo, rodas de liga leve, faróis e lanterna de neblina, sensores de estacionamento, entre outros, fazem parte do pacote completo. Trata-se de um conjunto generoso que tenta compensar a falta de motor.
Para o uso no dia a dia das cidades, o Jeep Renegade cumpre bem o papel, apesar da carência de força e do consumo acima do desejável. Viagens longas e aventuras no fora de estrada, ele vai sofrer um pouco mais. Em termos de manutenção, as revisões até 60.000 km, feitas a cada 12.000 km, totalizam R$ 3.429.
Vale a pena? Interessante é ver a reação das pessoas diante do Jeep Renegade. A impressão de alguns é que se trata de um carro com preço bem acima da concorrência e há quem ainda fale que é importado. Como é novidade, ele vai chamar muita atenção e, para quem gosta disso, será um motivo a mais na hora da compra. Mas o que o visual chamativo não mostra é o infeliz desempenho.
Esse jipinho é bem robusto e passa forte impressão de segurança. No dia a dia urbano ele é comportado, sendo também uma alternativa para fugir do stress da semana e curtir praia ou sítio sem grandes pretensões. Se esse é o ambiente em que você vive, então ele se torna uma opção interessante e diferenciada em relação aos demais.
Medidas e números…
Ficha Técnica do Jeep Renegade Sport 1.8 Flex Manual:
Motor/Transmissão
Número de cilindros – 4 em linha, Flex
Cilindrada – 1747 cm³
Potência – 130/132 cv a 5.250 rpm (gasolina/etanol)
Torque – 18,6/19,1 kgfm a 3.750 rpm (gasolina/etanol)
Transmissão – Manual de cinco marchas
Tração – Dianteira
Desempenho
Aceleração de 0 a 100 km/h – ND
Velocidade máxima – ND
Rotação a 110 km/h – 3.000 rpm
Consumo urbano – 8,5 km/litro
Consumo rodoviário – 11,6 km/litro
Suspensão/Direção
Dianteira – McPherson/Traseira – Multilink
Elétrica
Freios
Discos dianteiros e traseiros com ABS e EDB
Rodas/Pneus
Liga leve aro 16 com pneus 215/65 R16
Dimensões/Pesos/Capacidades
Comprimento – 4.242 mm
Largura – 1.798 mm (sem retrovisores)
Altura – 1.716 mm
Entre-eixos – 2.570 mm
Peso em ordem de marcha – 1.393 kg
Tanque – 60 litros
Porta-malas – 260 litros
Preço: R$ 71.900 (preço básico) /R$ 88.120 (versão testada)
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