A indústria automobilística mundial desenvolve muitos projetos próprios e alguns até exclusivos. No entanto, em épocas de redução de custos ou indisponibilidade de acesso a determinadas tecnologias, os fabricantes de automóveis têm colaborado entre si para preencher as lacunas..
No caso de motores, várias famílias já foram desenvolvidas por dois ou mais fabricantes com o objetivo de reduzir custos. Outros, porém, acabaram sendo compartilhados com marcas coligadas ou mesmo fornecidos de forma direta para montadoras concorrentes.
Não é de hoje que o compartilhamento existe na indústria automotiva.
Ainda assim, hoje em dia muitos fabricantes se recusam a emprestar suas tecnologias para outras marcas, o que é natural. Afinal, são milhões ou bilhões de dólares em investimentos que poderiam ajudar concorrentes no mercado mundial.
Abaixo, alguns exemplos atuais mostram que o compartilhamento existe de diversas formas.
Ford EcoBoost e Duratorq
Atualmente, o exemplo mais conhecido de compartilhamento de motores é entre a Ford e as marcas que em passado recente pertencerão ao grupo. Apesar do Duratec ter sido usado em alguns casos, os mais utilizados ainda hoje são as famílias EcoBoost e Duratorq, respectivamente com gasolina e diesel.
Modelos da Volvo, Land Rover, Jaguar e Mazda, por exemplo, ainda utilizam esses propulsores, especialmente as variantes 2.0 e 2.2, respectivamente. Unidades 1.6 do EcoBoost também chegaram à marca sueca, por exemplo.
A Ford ainda é uma “mãe”, fornecendo alguns modelos de V8 para Aston Martin, Jaguar e Land Rover. A Volvo chegou a ter um feito em parceria com a Yamaha. No caso do Duratorq, por exemplo, ele ainda é encontrado em modelos da Peugeot, Citroën, Fiat e já foi usado até nos MINI e táxi londrino.
BMW e PSA Prince
Outro exemplo de motor compartilhado, mas este desenvolvido em parceria entre dois fabricantes é o Prince. Ele foi feito pela BMW e PSA para substituir os antigos Tritec e TU, respectivamente.
Entre os tipos, o mais conhecido é o THP da Peugeot-Citroën, usado amplamente pelo fabricante francês. Nos BMW, as variantes 1.6 eram as mais populares entre as Séries 1 e 3. Mais recentemente, a nova linha modular “B38/B48” chegou para colocar um fim no “N”.
Pure Tech
Renault e PSA também compartilham o pequeno propulsor de três cilindros conhecido como Pure Tech na Peugeot-Citroën. O motor 1.2 é feito em uma fábrica igualmente comum e abastece as versões de entrada de seus modelos na Europa.
A dupla francesa já compartilhou alguns propulsores entre si, inclusive o V6 PRV nos anos 90.
Renault e Daimler
A recente parceria entre os grupos Renault-Nissan e Daimler possibilitou o compartilhamento do propulsor diesel série K, mais conhecido por dCi, entre produtos da Nissan, Renault e Mercedes-Benz.
No entanto, motores Daimler M274 2.0 e OM651 2.1 diesel podem ser vistos no Infiniti Q50, por exemplo.
Outro compartilhado entre Renault e Daimler é o Tipo H. O pequeno três cilindros 0.9 ou 1.0 pode ser visto tanto no Novo Twingo quanto no Novo Smart, já que compartilham a mesma plataforma.
Interessante é que a Daimler chegou a consultar a Ford sobre o uso do EcoBoost 1.0 nos Fortwo/Forfour. Ainda assim, o H é usado em modelos da Renault, Nissan e Dacia. Conhecido como HR na Nissan, ele passou a ser fabricado no Brasil.
Fiat Multijet
A Fiat é uma renomada fornecedora de motores. O fabricante italiano tem no diesel Multijet seu principal produto de compartilhamento. Conhecido como JTD e em tamanhos que geralmente vão de 1.3 a 2.0 litros, o propulsor é bastante popular na Europa e Índia.
Ele pode ser encontrado em modelos da Suzuki, bem como em carros da Opel e Chevrolet. Com a FCA, carros da Chrysler passaram a dispor do Multijet.
Além disso, ele é usado também pela PSA através das parcerias em veículos comerciais com a Fiat. Mesmo a indiana Tata Motors usa este modelo de motor.
Copiados
Infelizmente, alguns fabricantes mundiais acabaram vendo na China alguns de seus projetos de motores copiados (veja aqui Europa: Euro 7 pode acabar com a maioria dos motores em 2025) por montadoras locais.
Dois dos propulsores mais “compartilhados” entre as marcas chinesas são os Toyota NZ-FE (1.5/1.6) e ZZ-FE (1.8), usados na geração E120 do Corolla. No caso dos utilitários esportivos e picapes, os Mitsubishi 4G63 e 4G64 2.0 ou 2.4, por exemplo, foram amplamente usados naquele país.
Novos motores
Apesar do motor ainda ser uma parte “sensível” no desenvolvimento de automóveis, o compartilhamento ainda é uma boa forma de redução de custos. No entanto, muitos fabricantes estão apostando novamente em motores próprios. Volvo e Jaguar-Land Rover, por exemplo, lançaram recentemente seus propulsores Drive-E e Ingenium.
Na China, Chery e Changan, por exemplo, possuem os motores Acteco e BlueCore. No caso de outros fabricantes do país asiático, a facilidade para encontrar fornecedores de tecnologia tem ajudado a reduzir o uso de motores antigos de fabricantes estrangeiros, surgindo assim cada vez mais produtos próprios.
Agradecimentos ao Crysthian Kennedy pela dica.
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