Publicamos hoje aqui no Notícias Automotivas o relato do nosso leitor Rodrigo, que está desde abril com um Nissan Kicks SL 2018 comprado zero quilômetro. Veja seu texto super completo abaixo:
Escolha do novo veículo
Depois de 8 anos de uso e 100.000km rodados com o Fiesta Sedan Rocam 1.6 (tirei 0 km), decidi trocá-lo por dois motivos:
– O veículo estava começando a fazer visitas frequentes ao mecânico particular por desgaste natural das peças.
– Com a chegada prevista de um novo membro na família, eu precisava de um veículo mais seguro, já que o Fiesta não tinha airbags frontais e não creio que a estrutura seja um primor em segurança.
Considerando os valores abusivos dos veículos 0 km, cheguei a cogitar a troca em um veículo seminovo, mas como costumo ficar bastante tempo com meus veículos, a falta de honestidade em grande parte do mercado de usados, a ausência de veículos seminovos com preços atraentes nas versões que eu desejava e o tempo que levaria até conseguir vender meu veículo para uma pessoa particular ou loja, me fizeram optar pela busca de um veículo 0 km.
O veículo novo deveria ser automático, com sistema de auxílio de partida em aclive (hill holder), ter, pelo menos, airbags frontais e laterais, sistema Isofix, porta-malas com capacidade média a grande, controle de estabilidade, volante com ajuste em altura e profundidade, central multimídia capaz de utilizar o Waze e ser “relativamente” econômico.
Como este veículo ficaria mais com a patroa, os modelos “altinhos” (crossover ou SUVs) tiveram que entrar na lista, já que ela não curte dirigir sedã.
Lista de possíveis modelos
Após avaliação minuciosa na internet, coloquei na lista os seguintes veículos:
- VW Virtus Comfortline TSI 1.0 + Tech Edition
- Nissan Kicks SV + Pack Safety 1.6
- Hyundai Creta 1.6 Pulse Plus
- Honda Fit EXL 1.5
- Honda HR-V EXL 1.8
- Peugeot 2008 Griffe 1.6
- Ford EcoSport Freestyle Plus 1.5
- Renault Captur Intense 1.6 CVT
- Chevrolet Tracker Premier
Apesar da lista acima, alguns modelos foram descartados de imediato devido aos seguintes motivos:
Hyundai Creta: Ausência de versões com motor 1.6 que tenham airbags laterais e o consumo e o preço da versão 2.0 são muito elevados.
Peugeot 2008: O controle de estabilidade só estava disponível na versão THP (que tem câmbio manual).
Ford EcoSport: O porta-malas é muito pequeno e a abertura da tampa do porta-malas é pouco prática devido ao estepe externo e à abertura lateral.
Renault Captur Intense: Vários relatos de sites especializados sobre a baixa qualidade dos materiais empregados no veículo.
Chevrolet Tracker Premier: Porta-malas muito pequeno e o preço da versão com 6 airbags superava R$105.000,00.
Chegamos a avaliar o Honda Fit EXL na concessionária, mas este foi imediatamente descartado considerando o valor elevado do veículo e a comparação do conjunto seu mecânico com o Polo ou Virtus.
Fiz o teste drive no Honda HRV EXL, entretanto dois pontos me decepcionaram bastante. Primeiro, o ruído elevado na cabine do funcionamento do motor.
Não sei se é pelo isolamento acústico deficiente ou se é o motor que eleva substancialmente as rotações a qualquer aceleração.
Percebi que em qualquer aceleração, seja leve ou mais forte, esta é imediatamente percebida no habitáculo, mesmo com os vidros fechados. Segundo, a suspensão muito firme, transmitindo muitos solavancos nas ruas com os famosos remendos.
Além disso, o HRV, nesta versão, não havia sensores de estacionamentos dianteiros e traseiros, mas apenas a câmera de ré. O preço também ultrapassava os R$100.000,00.
Estes pontos negativos o tiraram da lista de possíveis compras.
Assim ficaram duas opções: Virtus Comfortline TSI 1.0 + Tech Edition e Nissan Kicks SV + Pack Safety 1.6
Virtus
Fomos conhecer e fazer o test-drive no Virtus.
Pontos positivos de destaque: O Motor TSI realmente é tudo aquilo que falam. Muito torque já na saída e nas retomadas. Central multimídia bem posicionada no habitáculo com Android Auto e Car Play, 5 estrelas no Latin Napa.
Espaço absurdamente grande para quem vai no banco de trás. Porta-malas generoso. Câmera traseira e sensor de estacionamento dianteiro e traseiro.
Pontos negativos de destaque: Os bancos da frente são muito baixos, mesmo com a regulagem de altura para o motorista. Particularmente não gosto da posição muito baixa para dirigir (semelhante ao New Fiesta).
O banco do passageiro é mais baixo ainda. Minha esposa, que tem estatura baixa, quase não enxergava por cima do painel. No test drive, observei que o câmbio automático não permite que você mantenha uma elevação um pouco mais elevada (ex.: 4.000 RPM) por um certo período.
Ele automaticamente sobe a marcha.
Neste caso é perceptível a pouca tolerância do câmbio para trocas manuais; porta malas com sistema de pescoço de ganso, que acaba tomando parte do espaço; ao começar a soltar o freio, o “creeping” é muito forte, o que pode ser arriscado ao fazer manobras; e ausência de alças de segurança no teto para todos os passageiros.
Kicks
Finalmente vamos ao Nissan Kicks.
Inicialmente cogitei o Nissan Kicks SV + Pack Safety 1.6, entretanto, logo ao chegar na concessionária observei que não havia central multimídia nesta versão, apenas o rádio. Assim, imediatamente, já fui conhecer a versão SL.
Nesta versão havia diversos itens de minha preferência:
Automático CVT (sem solavancos), motor considerado econômico, bom espaço interno, 6 airbags, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em aclive, porta-malas com boa capacidade, Isofix, ar condicionado digital, central multimídia, sensor crepuscular, câmera 360º, bancos em couro, porta-malas e porta-luvas iluminados, bancos dianteiros elevados (em relação ao Virtus), abertura e fechamento dos vidros pela chave, abertura e fechamento das portas e porta-malas sem a utilização da chave, sistema de ignição por botão, volante com regulagem de altura e profundidade, limpador de para-brisa com controle intermitente variável.
Eu e minha esposa fizemos o teste drive no veículo imediatamente observamos o conforto ao rodar, provavelmente pela calibração da suspensão, aliada à qualidade dos bancos, o silêncio a bordo e a excepcional funcionalidade da câmera 360º.
Mas nem tudo são flores.
Faltavam o apoio de braço para o motorista, o controlador de velocidade (piloto automático), alarme volumétrico, o Android Auto e, apesar de ter duas saídas de 12V, há apenas uma saída USB.
Negociações para a compra
Observamos que em todas as concessionárias (Nissan, Volkswagen e Honda) não havia desconto no valor do veículo novo.
A negociação estava relacionada à “valorização” do usado na troca e às “cortesias” como emplacamento, licenciamento, IPVA e acessórios.
Na concessionária da Volkswagen, obtive o maior valor do meu usado na troca, mas apenas o emplacamento e licenciamento foram oferecidos.
Na concessionária da Honda, obtive o menor valor do meu usado e apenas o emplacamento e licenciamento oferecidos.
Na concessionária da Nissan, obtive um valor intermediário no meu usado, emplacamento, licenciamento, IPVA, alarme volumétrico, parafusos antifurto das rodas, o insulfilm e o tanque cheio.
A decisão acabou sendo um pouco mais emocional que racional. O Virtus era racionalmente o carro ideal por ser um projeto melhor, além de mais barato, mas como a sensação a bordo do Kicks foi melhor, acabamos o escolhendo.
Para completar os itens, adquiri junto à concessionária os frisos das portas e o apoio de braço do motorista (que atende ao motorista e passageiro). Já o controle de velocidade (piloto automático) não está disponível na concessionária nem como acessório.
Apesar de já ter andado várias situações diferentes, o carro ainda está pouco rodado.
Tem 3.700 km em aproximadamente 4 meses e meio.
Nissan Kicks – Pontos positivos
1) O silêncio na cabine relacionado ao funcionamento do motor. O isolamento acústico do motor é muito bom, tanto em baixas quanto em altas rotações.
2) Os bancos dianteiros são muito confortáveis e minimizam a percepção da irregularidade das vias.
3) Suspensão bem calibrada, incluindo a atuação dos assistentes eletrônicos, proporcionando a sensação de segurança nas curvas e minimizando a percepção da irregularidade das vias. Em comparação com veículos compactos, percebe-se claramente que ele tende a deslocar menos a carroceria nas curvas com o piso irregular. Já nas vias com muitas partes recapeadas o conforto é muito maior. Apesar da suspensão estar calibrada para maior conforto, a carroceria é estável em curvas.
4) Dispor de 6 airbags e cintos dianteiros com pré-tensionador. Apesar do Latin Napa ter classificado o veículo com 4 estrelas, esta quantidade de airbags pode proporcionar maior segurança em caso de acidentes laterais.
5) Dispor de controle eletrônico de estabilidade, proporcionando maior segurança durante a direção. Apesar de não ser o ponto forte do veículo, creio que ele possua certo controle em caso de situações de emergência (vide reportagem da Autologia apresentada pelo NA).
6) Dispor de câmbio CVT que sempre utiliza a rotação mais baixa, proporcionado economia de combustível e redução de ruído externo no interior da cabine, além disso, reduz significativamente a ocorrência dos trancos, já que não há “troca de marchas”.
Seguem abaixo as rotações aproximadas que o propulsor trabalha com o ar condicionado desligado, sem bagagem e apenas com o motorista:
– 60 km/h em via plana: 1.400 RPM
– 110 km/h em descida: 1.600 RPM
– 110 km/h em via plana: 2.100 RPM
– 110 km/h em subida leve: 2.500 RPM
– 110 km/h em subida média: 3.000 a 3.500 RPM
– 110 km/h em subida forte: 3.500 a 4.000 RPM
7) Dispor de assistência de partida em subidas e descidas. O assistente funciona adequadamente independente da inclinação do aclive ou declive, desobrigando a utilização do freio de mão para manobras de estacionamento.
8) Dispor de computador de bordo com informações completas (painel multifuncional em HD com diversas funções).
9) Porta-malas com capacidade adequada (432 L), sendo superior a alguns concorrentes diretos (referindo a SUVs/crossovers).
10) Dispor de Isofix e cintos de segurança de três pontos para todos os passageiros;
11) Dispor de iluminação no porta-luvas e porta-malas.
12) Dispor de subida e descida “one touch” com sistema antiesmagamento para todos os vidros.
13) Dispor de subida e descida automática dos vidros utilizando a chave de telecomando, mesmo com o veículo desligado.
14) Dispor de chave presencial para o acesso ao veículo, desobrigando retirar a chave do bolso para abrir ou fechar o veículo. O sistema também é inteligente e evita que pessoas estranhas acessem o veículo por outra porta ou porta-malas.
15) Dispor de sistema eletrônico de ignição por botão, não havendo necessidade de retirar a chave do bolso ou da bolsa para ligar o veículo.
16) Câmera 360º. Absurdamente excepcional para manobras, principalmente em vagas visivelmente demarcadas no piso. Ela simula a posição do veículo por cima, visualizando todos os lados ao mesmo tempo.
As imagens das câmeras são projetadas na central multimídia.
Simultaneamente à câmera 360º, também é projetada a câmera frontal (se o câmbio estiver na posição “D” e pressionado o botão “Cam” na central multimídia) ou a câmera traseira (acionada automaticamente ao colocar o câmbio na posição “R”).
Ao pressionar o botão “Cam” é possível alternar entre a câmera 360º e a câmera lateral direita para acompanhar a proximidade do veículo ao passeio, evitando a famosa “ralada na roda”.
17) A altura do solo é boa, já que o para-choque dianteiro não encosta em aclives e rampas.
18) A direção elétrica é bem calibrada. Macia em baixas velocidades e levemente firme em altas velocidades.
19) Controle de iluminação do painel e da central multimídia, sendo que esta última pode ser totalmente escurecida.
20) Regulagem de altura e profundidade do volante suficientes para conseguir a posição mais confortável.
21) O botão do modo Sport está bem posicionado na alavanca do câmbio automático sem necessidade de esforço para seu acionamento. O material utilizado é de boa qualidade.
22) O veículo já vem com bancos de couro, não havendo necessidade que este acessório seja instalado na própria concessionária para manter a “garantia” do veículo (devido ao acionamento dos airbags laterais). Além disso há presença de couro na parte central do painel e nos apoios de braço das portas dianteiras e traseiras. Pode-se escolher a cor do couro.
23) Presença de alças de segurança acima das quatro portas. Bom para quem tem dificuldade de entrar e sair do veículo.
24) Rebatimento elétrico dos retrovisores externos configurável.
25) Controle de velocidade do limpador de para-brisa no modo intermitente. Muito bom para quando a chuva possui fraca intensidade.
26) Iluminação dos acionadores dos vidros em todas as portas e da trava elétrica na porta do motorista.
27) Abertura interna do reservatório de combustível sem a necessidade de entregar a chave ao frentista.
28) Porta-luvas com boa capacidade de armazenamento.
29) O sensor crepuscular ajusta a iluminação do painel, ar condicionado e central multimídia em ambientes escuros, mesmo que o botão de acionamento dos faróis não esteja no modo automático.
30) O raio de giro do volante é excelente. As manobras são realizadas com facilidade.
31) O volante tem boa pegada e o revestimento em couro é agradável ao toque.
32) O computador de bordo mostra individualmente no painel quando existe alguma porta ou porta-malas aberto, inclusive quando está apenas mal fechado.
Nissan Kicks – Pontos negativos
1) Ausência de luz de teto/cortesia para iluminação do banco traseiro, o que torna impossível achar objetos posicionados sob os bancos dianteiros em ambientes escuros.
A “saída” é utilizar a lanterna do smartphone para iluminar a área.
2) Central multimídia Nissan Multiapp com tela touchscreen colorida 7″. Esta requer um capítulo à parte.
Observei uma falha grave no manual do proprietário. Há a descrição que a central multimídia é compatível com cartão SD, mas, na verdade, o slot é para cartão MicroSD.
Neste caso existem duas entradas para cartão MicroSD. Uma com inscrição SD e outra com inscrição MAP. O manual não cita claramente estas duas entradas.
Parece que se pode utilizar dois cartões MicroSD ao mesmo tempo, sendo que um para arquivos pessoais e outro para o mapa do sistema de navegação do veículo.
Apesar da central multimídia não possuir o Android Auto, ela permite a utilização do Waze ou Google Maps diretamente pela central multimídia sem a necessidade de se ligar um cabo USB para conectar a central multimídia ao smartphone.
Para isso, basta apenas que o serviço de internet móvel do seu smartphone esteja ligado e que seja ativado o modo Wi-Fi. Assim o smartphone serve como roteador para a central multimídia.
Ou seja, a central multimídia funciona como um “tablet”, mas possui capacidade muito limitada de processamento de dados.
Um exemplo claro é que só possuo instalado o App Waze. Percebe-se a capacidade limitada de processamento de dados ao utilizar este aplicativo, já que a tela fica lenta e as instruções de voz ficam espaçadas (o que não ocorre já nos smartphones de média capacidade de processamento).
A central multimídia não possui a função de comandos de voz, impossibilitando a utilização desta funcionalidade pelo Google ou Apps compatíveis com esta função.
Ou seja, não é possível utilizar os comandos de voz para a busca de endereço ou informar alertas na rota pelo App Waze.
Outro problema da central multimídia é que ela não possui o Google Play Services. Para instalar qualquer aplicativo você deve obter o instalador do aplicativo pelo computador ou pelo smartphone em extensão “.apk”.
Como o Google Play não disponibiliza este formato para download, você deve entrar em sites “não confiáveis” para obter o instalador do App através do computador ou do smartphone e salvá-lo em um pen drive ou no cartão MicroSD.
Em seguida deve-se acessar este arquivo pela central multimídia para instalá-lo. Além deste procedimento não ser muito seguro, ele dá um certo trabalho, já que a cada atualização dos apps este procedimento de instalação deve ser realizado na central multimídia.
Estas características fazem com que o uso da central multimídia seja muito limitado.
Além disso, a posição baixa da central multimídia no painel do veículo prejudica a visualização da rota do navegador durante o trajeto, tornando a direção perigosa. Aí devemos nos atentar principalmente às instruções de voz.
Outro problema é que sempre que a central multimídia é ligada, a função rádio AM/FM, USB ou MicroSD é ativada automaticamente, ou seja, a música é iniciada queira você ou não.
Para desligá-la, você tem que abaixar todo o volume, pausar a música ou, no caso do rádio, procurar a opção de “Mudo” que se encontra numa tela que não é a principal, tornando o processo pouco prático.
A central multimídia deveria memorizar se o som (música ou rádio) estava ativado ou não no último desligamento e não o ligar automaticamente ao ativar a central multimídia. Aí alguém pode perguntar: “Mas por que você não deixa a central desligada?”
É importante manter a central multimídia sempre ativada (ligada) para agilizar a visualização das câmeras quando se aciona a ré e para possibilitar a visualização da câmera frontal ao pressionar o botão “Cam”, já que a câmera frontal só pode ser visualizada se a central multimídia já estiver ligada.
Ou seja, nem sempre a intenção de manter a central ligada é para ouvir o som.
Outra falha é que, se o rádio estiver no modo mudo ou a música (USB ou MicroSD) estiver pausada, ao finalizar uma ligação via bluetooth, o rádio ou a música são ativados automaticamente.
Outro ponto é a posição do botão de rádio na central multimídia. Ele está localizado no lado direito da mesma, ficando distante do motorista (pouco ergonômica).
Como esta função tende a ser mais utilizada que o App de navegação padrão da central multimídia, a posição destes botões poderia ser invertida.
Por duas vezes já houve um “bug” no rádio ao trocar as estações pelo controle no volante. Ao clicar no botão de mudar a estação, ele ia até a 4ª estação memorizada, mas não continuava e voltava para a 1ª estação. Ao clicar no botão de voltar, ele voltava para a última estação (30ª).
Para corrigir este bug, deve-se salvar novamente a 4ª estação. Assim o controle pelo volante volta a funcionar normalmente.
3) Freio motor do câmbio CVT. Apesar do veículo possuir o “Controle Inteligente de Freio-Motor”, ao começar a descer um morro entre 10 e 50 km/h, quase sempre o giro cai para 1.000 RPM e permanece assim em toda a descida, fazendo com que o veículo desça praticamente em “ponto morto”, ocasionando um desgaste maior dos freios, já que o pedal deve ser pressionado com mais força para reduzir a velocidade do veículo. O modo “Sport” acionado não altera (eleva) a rotação e a velocidade é alta para colocar o câmbio em modo “L”.
Pelas informações do manual do proprietário, o “Controle Inteligente do Freio-Motor” atua em condições de descida em curva, mas não identifiquei se este sistema funciona só acima de certa velocidade, pois em velocidades baixas o problema descrito acima ocorre tanto em descidas em linha reta e em curva.
Apesar do modo “L” funcionar bem em descidas quando se está abaixo de 40 km/h, seu acionamento é um pouco prático, já que a alavanca é pesada, diferente do acionamento do modo “Sport” mencionado anteriormente.
Além disso, se a inclinação diminuir um pouco e o veículo perder muita velocidade, tem que voltar a alavanca do câmbio imediatamente para o modo “D”, já que se você acelerar em modo “L”, mesmo que seja pouco, o veículo eleva muito o giro e o motor dá aquela gritada.
Adicionalmente, o veículo possui o Estabilizador Inteligente de Carroceria. As informações são que este sistema funciona a partir de 40 km/h para controlar o movimento da parte superior da carroceria, a fim de diminuir o balanço da mesma. A única ocasião que consegui observar seu funcionamento foi acima de 60 km/h em declive.
Quando há depressões seguidas na pista percebe-se a elevação e redução da rotação do motor a fim de compensar o balanço da carroceria.
O problema é que este sistema não é muito eficiente, já que esta elevação e redução da rotação do motor causa um tranco leve no veículo, como se você ficasse pisando e soltando a embreagem de um carro manual em movimento.
4) Ausência de controle de velocidade de cruzeiro. Já adquiri o veículo sabendo da ausência deste equipamento, mas ele realmente faz falta, principalmente em rodovias.
5) Espaço interno para os passageiros do banco de trás é pequeno considerando o porte do veículo, tanto na distância entre os bancos dianteiro e traseiro quanto na distância entre as portas.
Consegui adquirir um bebê conforto com sistema Isofix (algo quase impossível no Brasil) e para que ele caiba no banco traseiro, tenho que puxar o banco dianteiro do passageiro quase todo para frente e inclinar o encosto um pouco para frente.
Isto quase inviabiliza o uso do banco dianteiro por um passageiro. Um passageiro que possui mais de 1,75 m encosta os joelhos na tampa do porta-luvas, ficando muito desconfortável. Neste quesito o Virtus tem espaço de sobra.
Acredito que a intenção de favorecer o espaço do porta-malas tenha prejudicado o espaço interno traseiro.
6) O retrovisor interno apresenta uma falha grave.
Ao acionar o botão de posição noturna, observei que a visão traseira sai do foco conforme escolhido na posição diurna.
Ou seja, ao acionar o botão e colocar na posição noturna, o retrovisor mostra grande parte do teto do veículo e uma pequena parte da visão traseira, obrigando que o retrovisor seja ajustado manualmente para conseguir visualizar completamente a traseira do veículo. Se eu voltar para a posição diurna, tenho que reajustar novamente o retrovisor.
Observei esta falha e levei à concessionária para avaliar se a peça do meu Kicks estava com defeito.
O mecânico que me atendeu também observou o problema. Verificamos em outros modelos Kicks 0 km que estavam na concessionária e todos apresentavam o mesmo problema, ou seja, este é um erro de projeto da peça ou falha no controle de qualidade.
Para funcionar corretamente, o botão deveria parar um pouco antes do seu curso final ao alternar entre a posição diurna e noturna.
Um retrovisor sem problemas deveria manter o mesmo campo de visão tanto na posição diurna quanto na posição noturna, mesmo que o acionamento tenha que ser de forma manual, como no caso do Kicks.
Já observei este ajuste em outros modelos de veículos e todos mantêm este campo de visão ao alternar o botão entre a posição noturna e diurna.
O mecânico da concessionária informou que não teria como resolver meu problema, já que se ele pedisse outra peça, a mesma viria com o mesmo problema.
Neste caso ele me sugeriu que eu entrasse em contato direto com o SAC da Nissan.
Entrei em contato com o SAC da Nissan e informei sobre o problema. Em 3 dias recebi uma ligação do SAC informando que minha reclamação havia sido enviada ao setor de engenharia da Nissan para verificar a situação e buscar melhorias na peça, mas que meu chamado seria encerrado. Ou seja, nada será feito no meu caso.
7) As maçanetas das portas são pesadas para abertura e a tampa do porta-malas é muito pesada tanto para abertura quanto para o fechamento.
8) O cálculo de consumo do computador de bordo sempre indica que o veículo é mais econômico do que realmente é, ou seja, o consumo medido na bomba é sempre inferior ao computador de bordo. Isto é muito estranho considerando a precisão do sistema eletrônico de injeção eletrônica. A sensação é que a Nissan quer passar a impressão de uma economia de combustível que não existe nesta proporção.
Sempre abasteço com etanol. Devo ter rodado 60% em rodovias (com velocidade máxima permitida de 110 km/h) e 40 % urbano (alternando entre trânsito médio e pesado).
O ar condicionado deve ter sido utilizado 20% do tempo. Considerando os cálculos dos 12 abastecimentos realizados, o computador de bordo registrou uma média de 8,7 km/L. Já o consumo medido na bomba foi de 8,4 km/L.
9) Ausência de farol de rodagem diurna (DRL) ou modo automático do farol baixo que simule esta função DRL, já que o veículo possui sensor crepuscular.
10) Ausência de opção para desabilitar o desligamento automático da ignição (apenas da parte elétrica) após os 5 minutos sem ligar o motor. Apesar deste desligamento automático proporcionar economia de bateria, ela não permite que você mantenha o motor desligado e o ventilador interno ligado ou a central multimídia por mais de 5 minutos. Ou seja, se você quer ficar dentro do veículo desligado apenas com o ventilador funcionando ou escutar música enquanto lava o carro… esqueça!
Fiz o questionamento a um dos mecânicos da concessionária se havia como desabilitar este desligamento automático da parte elétrica do veículo.
Ele informou que não tinha certeza e iria avaliar, sendo que depois o consultor técnico me responderia. Até então não obtive qualquer resposta.
11) Os limpadores de para-brisa não são do tipo flat blade.
12) Com apenas 2.500 km os acabamentos das portas dianteira e traseira esquerdas começaram a apresentar ruídos (famosos grilos).
13) A porta USB e a tomada 12V localizadas na parte inferior do painel estão recuadas e não possuem iluminação. Quando o ambiente está escuro, a luz interna do veículo não é suficiente para iluminar estas entradas. Assim, para localizá-las você tem que tatear o local.
14) Com 3.000 km (4 meses) houve o entupimento dos lavadores do para-brisa. Considero o tempo muito curto para este tipo de problema, já que não trafego por estradas de terra. O problema foi prontamente resolvido na concessionária com a utilização de ar pressurizado na mangueira de passagem da água, no sentido dos pontos de esguicho.
15) Ausência de luz de cortesia nos para-sóis do motorista e passageiro.
16) Observei, em algumas raras situações, que ao iniciar subidas íngremes e longas em baixa velocidade (20 a 30 km/h, vindo com o veículo já em movimento), mesmo ao pressionar totalmente o pedal do acelerador, a rotação não se elevava.
A rotação ficava entre 2.500 e 3.000 RPM, como se o câmbio não entendesse que era para “reduzir a marcha” a fim de buscar mais torque e potência.
Neste caso, a velocidade permanecia a mesma ou reduzia neste período da subida íngreme, dando a sensação que o veículo estava ficando sem fôlego.
Creio que o câmbio “tinha a intenção” que eu alterasse manualmente a alavanca para o modo “L” para que o giro fosse elevado.
Em uma oportunidade fiz o teste em um aclive íngreme e foi exatamente isto que aconteceu.
Vindo entre 20 a 30 km/h, durante a subida com o câmbio em modo “D”, mesmo ao pisar totalmente no acelerador, o motor manteve 2.500 a 3.000 RPM. Imediatamente alterei o câmbio para o modo “L”. O giro subiu para 4.500 RPM e o motor mostrou bastante disposição.
17) O tanque de combustível com capacidade de apenas 41 litros torna a autonomia com etanol muito baixa, obrigando a idas muito frequentes ao posto de combustível (roda-se por no máximo 330 km com uma margem de segurança no tanque).
18) O farol de neblina esquerdo estava solto. Não observei se este problema estava presente quando recebi o veículo ou se ele se soltou durante o uso do veículo. Ainda vou levar à concessionária para pedir o ajuste da peça.
19) O ruído aerodinâmico do vento é elevado na cabine. Note que este ruído não está relacionado aos problemas das borrachas relatados por outros proprietários, mas sim à aerodinâmica do veículo.
O ruído das rodas em contato com o asfalto é relativamente elevado na cabine em velocidades acima de 90 km/h.
Aparentemente o isolamento acústico nas laterais e na traseira do veículo são fracas, pois o barulho é audível vindo da parte traseira do veículo. Este barulho é semelhante à de veículos compactos.
20) O protetor solar de pele se adere facilmente aos bancos de couro, sendo que as marcas não são removidas apenas pela limpeza com pano úmido.
21) Apesar do encosto do banco traseiro ser rebatível (40/60), a parte do assento traseiro não é rebatível, prejudicando o transporte de objetos com grande volume.
22) Grandes áreas de plástico rígido no acabamento das portas e parte superior do painel que não são agradáveis ao toque.
23) Botões de acionamento das luzes internas são extremamente simples e pouco agradáveis ao toque.
Nissan Kicks – Motor
Entendo que este não se encaixa como ponto positivo ou negativo. Alguns podem se perguntar porque eu não mencionei a falta de potência do motor relatada por outros proprietários.
Grande parte da minha vida fui passageiro ou dirigi carros 1.0, considerando as mais diversas situações de uso, e nunca tive preconceito. Apesar de faltar fôlego em veículos 1.0, principalmente em retomadas, este tipo de veículo sempre atendeu às necessidades e com certa economia de combustível.
O motor 1.6 16V do Kicks atende plenamente às minhas necessidades, pois costumo dirigir com tranquilidade e dentro da velocidade máxima permitida nas vias, tanto em ruas quanto em rodovias.
Nas horas que precisei exigir mais do motor, ele me atendeu a contento, apesar de ter desempenho um pouco inferior a um veículo 1.6 com câmbio manual.
Quando o veículo possui mais passageiros, bagagem e ar condicionado ligado, em retomadas ele eleva bastante a rotação, mas nada que o torne um exemplo negativo.
Conclusão
O veículo possui diversos pontos positivos, principalmente os relacionados à mecânica, segurança e tecnologia embarcada. O destaque fica para o conforto ao rodar. Superior a qualquer compacto e alguns concorrentes diretos.
A economia de combustível poderia ser melhor, mas, considerando que o veículo é automático e ainda está muito pouco rodado, torna-se aceitável.
A ausência de alguns equipamentos básicos de conforto/conveniência e outros itens descritos nos pontos negativos prejudicam a qualidade do veículo e alguns chegam a incomodar.
A central multimídia Nissan MultiApp é fraquíssima, exceto pela câmera 360º, exclusiva para a versão SL.
Apesar do preço do veículo ser compatível com a faixa de veículos semelhantes, creio que não vale o que custa (assim como praticamente todos os veículos 0 km no mercado brasileiro).
Se eu me arrependo da compra? Não! Fiz uma avaliação minuciosa dos modelos concorrentes e a situação e o tipo de uso do veículo me fizeram optar por ele. Talvez o Virtus tivesse sido uma opção melhor, mas eu só saberia se o tivesse adquirido, já que o test drive nunca é suficiente para sanar todas as dúvidas…
Nota: As informações que descrevi são exclusivas da experiência com esta unidade do modelo Nissan Kicks SL e podem não refletir às outras unidades deste modelo.
Por Rodrigo Rocha
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