Falar em Rolls-Royce é mencionar o ultra luxo em sua essência, personalificada pela imagem do misterioso “Spirit of Ecstasy”, que domina o grande radiador cromado da marca inglesa.
Símbolo de status, a Rolls-Royce é a marca de carros mais exclusiva do mundo.
Raros nas ruas do Brasil e da maioria dos lugares, mesmo em países ricos, um carro da Rolls-Royce, seja antigo ou novo, mexe com as pessoas.
Para a Rolls-Royce, cada carro é uma obra de arte individual feita à mão.
Com tempo de produção de 450 horas de intervalo entre um carro e outro, o sofisticado e silencioso complexo de Goodwood, no sul da Inglaterra, é considerado no Reino Unido de última geração.
Leia também sobre a história e os detalhes das limousines.
Rolls-Royce – história
O passado da Rolls-Royce é ligado ao prestígio do Império Britânico, no início do século XX, que dominava o mundo não só militarmente, mas também economicamente e culturalmente.
Essa história de luxo e status, começou no dia 4 de maio de 1904, no Hotel Midland, em Manchester.
Charles Stewart Rolls, um aristocrata galês, amante de corridas de carro e aventureiro aeronáutico, conheceu o 1º Baronete Sir Frederick Henry Royce.
Este era um engenheiro eletricista que havia desenvolvido versões elétricas de outros fabricantes.
Sendo eles De Dion – famoso pelo conceito de suspensão do Honda Fit AWD – e Decauville, fabricante francês que fazia também mini-locomotivas usadas em fazendas do Brasil.
Com a disposição de Rolls em apostar nos carros, assim como de Royce, a nova empresa ainda teria a participação importante de Claude Goodman Johnson.
Desconhecido por muitos, ele se descrevia como o hífen do nome da empresa: Rolls–Royce.
Rolls-Royce – modelos antigos
Iniciando a produção em 1906, então Rolls-Royce Limited começou fazendo os modelos 40/50, mas Goodman batizou o novo carro de Silver Ghost, como se fosse um iate de tão luxuoso para a época.
Em 1921, a Rolls-Royce chegou aos EUA para fabricar carros de luxo, com o Ghost (apelidado da Springfields Ghost) e Phantom. Quase 3 mil carros foram feitos em 10 anos de existência da Rolls-Royce of America.
Já nos anos 20, a Rolls-Royce descobriu por si só que seu legado seria sempre aristocrático ao fracassar em vender carros para clientes que não tinham motoristas.
Este foi o caso do Rolls-Royce Twenty, um modelo pequeno, cujos donos tinham condutores particulares.
Nos anos 30, a Rolls-Royce se envolveu na compra da Bentley, a marca oficial da Família Real, unindo os portfólios.
Nessa mesma década surgiu o Wraith, um modelo feito para receber carrocerias de fabricantes independentes e famoso num seriado de TV.
Com a Segunda Guerra, a Rolls-Royce voltou-se para a aeronáutica e carros de luxo voltaram em 1949, com o Silver Dawn, que “substituiu” o Wraith dos anos 30, sucedido pelos Silver Cloud.
O Wraith, contudo, continuou a ser produzido após a Segunda Guerra.
Um deles, com carroceria conversível da Muliner, é visto geralmente no dia 7 de setembro em Brasília, em uso pela Presidência da República, presente da Rainha Elizabeth II.
Os modelos Phantom IV, V e VI mantiveram as linhas clássicas dos anos 30, sendo o último feito de 1968 a 1992, mas com apenas 374 feitos.
Por isso o Wraith da presidência do Brasil tem aquele estilo dos anos 30, apesar de ter sido feito em 1953.
Já o sucessor do Cloud, o Silver Shadow, foi feito em Crewe, na fábrica da Bentley. Então, nos anos 80, surgiu o Silver Spirit, com linhas mais retilíneas.
Paralelamente, existiu o Rolls-Royce Corniche, em carrocerias cupê e conversível, assim como a perua Silver Shadow Estate e sua versão furgão Krug.
O Corniche foi feito de 1971 até 1995 sem mudanças de carroceria. No começo dos anos 2000, o novo Corniche usou as linhas “New Age” do Silver Seraph, mas só 374 foram feitos em dois anos.
Com exceção do Rolls-Royce Drophead, conversível de 2007, os clássicos Ghost e Phantom foram revividos a partir dessa época.
O mesmo foi feito com o Dawn como conversível e o Wraith como esportivo. Contudo, a marca rendeu-se aos SUVs com o Culinan…
Em 1971, a Rolls-Royce mudou de mãos e acabou sendo nacionalizada, como quase todas as marcas de carros inglesas. Então, em 1998, a divisão de carros foi separada e comprada pela BMW.
A Volkswagen ficou com a Bentley, enquanto a divisão industrial ficou em separado. Em 2003, a marca saiu de Crewe e foi para Goodwood, em frente ao circuito histórico.
Rolls-Royce – modelos atuais
Phantom
O topo de linha da Rolls-Royce está no mercado desde 2017 na oitava geração. Com 5,76 m de comprimento, tem uma versão longa com 5,98 m.
Maior dos sedãs, vem com portas traseiras de abertura invertida e largas colunas C.
Ostentando o radiador “Parthenon”, o Phantom tem enormes rodas aro 20 polegadas e suspensão pneumática eletrônica.
Além disso tem poltronas com todos os recursos de conforto, assim como o famoso guarda-chuva embutido nas portas.
Tal como outros da marca, o Phantom tem portas de fechamento automático na traseira e teto com “céu estrelado” em fibra ótica.
Tem faróis de laser e eixo traseiro direcional e seu V12 6.75 tem 571 cavalos, indo de 0 a 100 km/h em 5,3 segundos.
Ghost
Irmão menor do Phantom, o Rolls-Royce Ghost sedã de ultra luxo tem 5,54 m na versão padrão e 5,71 m na versão limusine, ostentando a mesma mecânica do Phantom.
Limitado a 250 km/h como o irmão, este alcança 100 km/h em 4,3 segundos.
Com faróis full LED e rodas aro 20 polegadas, o Ghost chega a ter estreladas cadentes de fibra ótica no interior, além de portas automáticas e poltronas com apoios de pernas.
O console traseiro com frigobar, taças e mesinhas de refeição são obrigatórios em muitos casos. Construído em alumínio, também tem suspensão a ar, mas sem eixo traseiro direcional.
Cullinan
O Rolls-Royce Cullinan é a vitória do modismo e a derrota da marca, que foi obrigada a fazer um SUV para disputar com o Bentley Bentayga.
Com 5,34 m, é feito sobre a base do Phantom e tem quatro ou cinco lugares.
Com suspensão a ar ajustável, tem modo off road e a obrigatória tração nas quatro rodas.
Nome do maior diamante do mundo, o Cullinan tem vidro do bagageiro elétrico, prancha traseira automática e mesas retráteis para o banco de trás.
No entanto, é alvo de muitas customizações como da Novitec e Mansory…
Usa o V12 6.75 com 571 cavalos e ostenta a suspensão com ajuste por GPS e câmera.
Wraith
Mais potente da gama, o Rolls-Royce Wraith é em realidade o esportivo da marca, com suas portas automáticas invertidas e silhueta sinuosa.
Sendo um 2+2, tem motor V12 6.6 com 632 cavalos e vai de 0 a 100 km/h em 4,4 segundos.
Feito em alumínio, ainda é preso à primeira geração do Ghost, compartilhando a base com o Dawn. Tem suspensão que pode ficar bem firme, assim como direção mais direta.
Incorpora os msmos luxos dos demais, como céu noturno, suspensão por GPS e faróis de laser. Mede 5,28 m e pesa 2,4 toneladas. Será substituído pelo Spectre.
Dawn
Conversível da gama, o Rolls-Royce Dawn tem portas invertidas automáticas e uma capota de tecido de altíssima qualidade, além de acionamento elétrica feito em poucos segundos.
Apesar de não parecer, 80% dos painéis e guarnições são próprias em relação ao Wraith.
Usando o mesmo V12 6.6 desde seu lançamento em 2015, tem 601 cavalos e vai de 0 a 100 km/h em 4,9 segundos.
Um sistema de ar quente recirculado no habitáculo garante o conforto no inverno, com a capota abaixada. Emprega as mesmas tecnologias e luxos dos demais.
Rolls-Royce – motores
Ao longo da história, a Rolls-Royce produziu inúmeros motores e até projetou um V12 diesel, contudo, nunca o usou. O propulsor mais famoso e de mais longa produção foi o Série L.
O V12 da marca inglesa surgiu em 1959, após a marca usar o V12 da Série B dos anos 30 por muitos anos. Assim, o primeiro L foi o 380 com 5.2 litros, mas foi o L410 com 6.25 litros que foi eternizado.
Feito em Crewe, esse V12 dominou a produção, ainda que o L380 tenha sido mantido até os anos 70.
O L410 usava comandos no bloco (OHV), por engrenagem e tinha concepção de cabeçotes inspirada no famoso Merlin da Segunda Guerra.
Em 1970, o L410 subiu para 6.75 litros e até ganhou uma versão turbinada, mas manteve-se como um aspirado por décadas.
Em 1998, quando houve a separação de marcas, a BMW assumiu o fornecimento de motores com seu V12 5.4 para a Rolls-Royce.
O L410 foi mantido pela VW, que não tinha um V12 na época, até 2020, mesmo quando já existia há anos o W12, por exemplo.
Na Rolls-Royce, após iniciar com motores BMW, a marca inglesa recebeu os N73 e N74.
Estes V12 de 6.6 e 6.75 litros, respectivamente, foram modificados para atender a Rolls-Royce, mas também usados no BMW Série 7.
Atualmente a potência padrão é o N74 6.75 de 571 cavalos com torque de 91,4 kgfm. Há o N74 6.6 – que também tem dois turbos – com 632 cavalos e 88,3 kgfm no Wraith.
No Dawn, o 6.6 tem 601 cavalos. Nos carros antigos da Rolls-Royce, o câmbio era GM de 3 ou 4 marchas, hoje é ZF com 8 marchas.
Rolls-Royce – curiosidades
Um carro da Rolls-Royce é, entre outros coisas, um automóvel ultrassilencioso. Cada exemplar da marca precisa deslizar sobre o asfalto e em total silêncio a bordo.
A ênfase na acústica se dá até em Goodwood, onde a fábrica precisa ser como no lado de fora, bem silenciosa.
Cada carro da Rolls-Royce leva uma camada generosa de material específico para filtrar de ruído de vento ao rodar dos pneus no pavimento.
O habitáculo precisa ser quase hermeticamente fechado, com sistema de circulação de ar ausente de ruído.
Além dos materiais nobres, um Rolls-Royce precisa ostentar o logotipo em sua posição quando a roda gira, sendo feito por contrapeso.
Na seção Coach Builder, um pintor (artista) personaliza cada carro à mão e leva três horas por exemplar.
Outro item que demanda muita de obra e tempo é a reprodução do céu noturno no teto. São 1.500 LEDs colocados a mão.
Na área de pintura da Rolls-Royce tem uma paleta com 44 mil cores disponíveis no Black Badge. Tudo é feito à mão, desde a costura do couro até o corte da madeira.
Spirit of Ecstasy
Símbolo máximo da Rolls-Royce, a “deusa” voadora que reina sobre o capô de qualquer carro da marca é chamada na fábrica de “Emily” e tem sua própria história.
Originalmente, os sócios da empresa não previram um ornamento sobre o radiador.
Contudo, o Barão de Montagu, pediu ao escultor Charles Robinson Sykes, que fizesse um mascote pessoal para seu Silver Ghost em 1909.
Sykes usou a artista inglesa Eleanor Velasco Thornton, amante do barão.
Quando a Rolls-Royce percebeu que os clientes estavam enfeitando seus carros com ornamentos inadequados, pediu à Sykes que fizesse a reprodução da deusa grega da vitória Nike.
Contudo, o escultor escolheu Eleanor novamente, mas ao contrário da anterior, com os braços esticados e um vestido esvoaçante.
Após várias mudanças, o Spirit of Ecstasy passou a fazer parte de todo Rolls-Royce, mas somente a partir de 1948.
Chegou a ter uma versão ajoelhada e a atual tem mecanismo de mola para retrair-se em caso de colisão em qualquer direção.
Os ornamentos podem ser feitos de ouro 24 quilates ou cristal fosco iluminado, e também pode ser feito de outros materiais a pedido do cliente. Normalmente é feita de aço inox polido.
Rolls-Royce – Galeria de fotos
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