O Fiat Punto chegou ao Brasil com um sanduíche de engenharia para se dar bem nas esburacadas estradas brasileiras.
O compacto “premium” chegava em agosto de 2007 para ser o intermediário entre Palio e Stilo, mas com a plataforma Gamma modificada com elementos do Palio e suspensões dos modelos Idea e Stilo.
Com um pouco de cada, o modelo tinha DNA de parte da linha nacional.
Já estreando a tecnologia Flex, o Fiat Punto (sem Grande por aqui), mas seu estilo era exatamente igual ao europeu, mesmo com o enxerto de componentes “não originais” da plataforma Gamma.
Feito para brigar com Volkswagen Polo e Citroën C3, o hatch chegou inovando em um item de conectividade, numa época em que nascia o smartphone (iPhone).
O sistema Blue&Me foi desenvolvido pela Microsoft através do Windows Mobile para conexões de diversas funcionalidades e aparelhos por meio de comandos de voz, inclusive navegação GPS por orientação vocal.
Mas, como sempre, a Fiat usava e abusava de pacotes de opcionais que tornavam o Fiat Punto muito caro no final das contas.
A gama de opções era composta pelo motor Fire 1.4 8V com 85 cavalos de potência na gasolina e 86 cavalos no etanol, além de 12,4 e 12,5 kgfm, respectivamente.
O Fiat Punto ainda apresentava o motor 1.8 GM Família I, que tinha 8V e entregava 113 cavalos na gasolina e 115 cavalos com etanol, bem como bons 18,0 kgfm no primeiro e 18,5 kgfm no segundo combustível.
Tudo isso a 2.800 rpm. Com isso, ele ia de 0 a 100 km/h em 10,6 segundos.
Com essa dupla de motores, o Fiat Punto foi ganhando seu espaço no mercado brasileiro, mas em 2011, a gama de motores foi modificada.
A saída da GM da associação com a então Fiat Chrysler, já sobrevivente após o colapso financeiro mundial e a quase falência da General Motors, fez com que o velho Família I deixasse a marca italiana de vez.
Em seu lugar, a Fiat foi buscar uma solução bem caseira e nacional, a antiga joint-venture Tritec, que era composta inicialmente por BMW e Chrysler.
A compra da empresa sediada em Campo Largo-PR, permitiu o desenvolvimento de um motor que ainda está em uso na Fiat, o E.torQ.
Ao contrário do antigo motor, que teve versão 1.6 com compressor, o novo não tinha turbo, embora tenha preparação para isso, segundo a FPT – Fiat Powertrain Technologies.
Assim, o Fiat Punto manteve o Fire 1.4, que virou Evo e subiu para 88 cavalos com etanol, mantendo mesmos torques e potência com gasolina.
Ele passou a ser oferecido na versão Attractive, enquanto a ELX 1.4 foi substituída pela Essence 1.6.
Esta vinha com motor E.torQ com 115 cavalos na gasolina e 117 cavalos no etanol, mas com 16,2 kgfm no primeiro e 16,8 kgfm no segundo.
Apesar dos números, nem todo mundo gostou da mudança.
Isso porque havia reclamação de falta de força em baixa, lembrando que o torque era obtido ao máximo em 4.500 rpm.
Tanto o 1.6 quanto o 1.8, ambos da família E.torQ, tinha 16V mas comando único no cabeçote, herança da Tritec, que chegou a ser usado em carros chineses, especialmente da Chery.
O Punto Essence e o Punto Sporting tinham também o motor E.torQ 1.8 com 130 cavalos na gasolina e 132 cavalos no etanol. Os torques eram de 18,4 e 18,9 kgfm, respectivamente.
O câmbio automatizado Dualogic tinha mudanças manuais na alavanca.
Mas, a sensação em termos de performance era mesmo o esportivo Punto T-Jet.
Equipado com motor Fire 1.4 16V com turbocompressor, intercooler e injeção multiponto, o propulsor entregava 152 cavalos a 5.500 rpm e 21,1 kgfm a 2.250 rpm.
O câmbio era naturalmente manual, mas só tinha cinco marchas.
Com esse conjunto, o Fiat Punto T-Jet ia de 0 a 100 km/h em 8,4 segundos com máxima de 203 km/h. Abastecido apenas por gasolina, tinha consumo alto.
Fim de carreira
O Fiat Punto continuou sua trajetória após as mudanças na linha 2011.
O compacto premium tinha uma gama de opções interessantes, mas o mercado começou a mudar rapidamente com a crise econômica nacional.
Com as vendas em baixa, a marca italiana começou a acumular diversos produtos que não estavam mais rendendo em termos financeiros.
Em resumo, a Fiat passou a dispor de um portfólio grande demais para a demanda nacional e em anos recentes, a FCA começou a questionar-se sobre sua manutenção.
Já perdendo a liderança para a General Motors e disputando mensalmente com a Volkswagen, a marca iniciou um longo processo de reestruturação geral, o que incluía produto.
Então, na lista de cortes, a Fiat simplesmente tirou de cena modelos emblemáticos, como o Palio, que viveu no mercado por 22 anos e chegou a ser líder.
Com ele, a marca matou também a minivan Idea – que emprestou a suspensão para o Fiat Punto – Linea, Bravo e, é claro, o compacto premium da marca. Ainda restou por um tempo na linha o Doblò e Weekend.
A morte do Punto já era anunciada há algum tempo, conforme evoluía o projeto do Argo, novo compacto que combinaria características do Palio (segunda geração) com DNA do próprio modelo que estava saindo de cena.
De fato, o Punto empresta ao atual hatch sua plataforma, mas modificada com 70% de componentes novos e muito mais rígida.
Com ela, o Fiat Punto contribuiu para que sua sucessão ocorresse sem grande investimento por parte da empresa, que ainda possui os direitos sobre a base “Gamma” acordada com a GM.
Ela também sustenta o sedã compacto Grand Siena e o atual Cronos, este igualmente modificado para ser mais seguro, leve e eficiente. O Punto saiu de cena no Brasil antes mesmo da Europa.
Por lá, o Fiat Punto continua sendo oferecido, mas com gama reduzida e sob alvo da diretoria da FCA, que deixa claro a eliminação breve do compacto premium.
Embora rumores falem sobre um sucessor, o certo é que o modelo deva sair de cena para dar espaço ao futuro Fiat 500 com quatro portas.
Já se falou até numa versão italiana do Fiat Argo, que seria rebatizado de Argo e mesmo no Tipo turco como um sucessor em termos de proposta, mas a realidade é que não há saída para o compacto, que viu o Alfa Romeo MiTo se despedir recentemente.
Sem a produção do cupê compacto, ficará difícil sustentar a operação de produção apenas com um único produto.
Desde que surgiu em 1993, o Fiat Punto têm sido um êxito em seus 25 anos de mercado internacional. Já teve de tudo, de câmbio CVT ao motor de dois cilindros em linha com turbo.
Por aqui, foi Flex e ganhou o automatizado Dualogic, mas pecou por não ter um câmbio automático de verdade, algo que o Argo passou a oferecer.
O motor E.torQ também não ajudou, mas o compacto mesmo assim deixou saudades.
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