Em setembro de 1994, aconteceu algo que para alguns parecia impensável, dada a longevidade do Gol oferecido no mercado: o lançamento de uma nova geração do Gol.
A Volkswagen anunciou o Gol G2, a segunda geração de seu best-seller momentâneo (pois ele ainda não havia superado o Fusca), líder desde 1987.
Nesta matéria, vamos contar a história dessa famosa geração do Gol, que fez a primeira ser conhecida apenas como “Gol quadrado” a partir de então e deu os passos iniciais para as gerações (atualizações, na verdade) Gol G3 e Gol G4.
Gol G2: estilo
Com um visual atraente, o Gol G2 tinha linhas envolventes e contava com uma frente “boleada” com faróis arredondados nos cantos, piscas ainda separados, para-choques reformulados e integrados ao desenho da carroceria.
As colunas C mantinham uma boa espessura, mas a traseira era mais alta e tinha lanternas compactas.
Dessa forma, a tampa do bagageiro podia descer até o para-choque, ampliando o acesso. Os retrovisores eram mais afastados da carroceria e ofereciam um arrasto menor, enquanto os vidros do Gol G2 deixavam de ser planos.
No interior, o Gol Bolinha incorporou um painel mais envolvente e moderno.
Gol G2: versões
O Gol G2 chegou inicialmente com apenas duas portas e nas versões CLi e GLi, equipadas com os motores AP-1600 de 76 cavalos e 12,3 kgfm, apenas com gasolina.
Tinha também o AP-1800, que entregava na época 90,6 cavalos e 14,3 kgfm, sendo quase uma reprodução do Golf 1.8 na Europa, que tinha potência similar.
O câmbio do Gol Bolinha era manual de cinco marchas e o modelo ainda estava anos-luz de uma caixa automatizada ou de um câmbio automático.
O Gol G2 também ganhou duas versões 1.0 com o velho motor AE-1000 (CHT da Ford) e o desejado AP-2000 que, ao contrário dos outros, tinha injeção multiponto por herança do Santana.
Assim, esse motor naturalmente serviria apenas uma versão, a GTI.
O novo Gol GTI “Bolinha” foi destaque na época. Depois do lançamento do TSi, a VW ainda resolveu ir mais longe e lançou o exagerado Gol GLS com motor 2.0 de 111 cavalos, trazendo consigo computador de bordo, cluster branco e freios ABS.
Gol G2 1000
No momento do lançamento, a Volkswagen tinha ainda o antigo Gol 1000 em produção e, para a nova geração, um equivalente deveria ser feito nos moldes da já combalida Autolatina.
Assim, o Gol 1000i vinha com motor AE-1000, que em realidade era o clássico CHT da Ford.
Com apenas 49,8 cavalos e 7,3 kgfm, seu desempenho era muito ruim, indo de 0 a 100 km/h em eternos 22,4 segundos e sem passar de 145 km/h. Para piorar, suas rodas aro 13 polegadas tinham pneus 155/80 R13. Ou seja, a estabilidade natural do Gol fora colocada à prova.
O Gol 1000i ganhou uma versão mais refinada, o Gol Plus, que era mais equipado e menos básico em seu visual.
Essa geração assistiu o fim do último Gol 1o00 quadrado e assumiu completamente sua missão de ser a porta de acesso para a gama. Mas ela continuava sendo um fruto proibido da Autolatina.
Gol G2 TSi
Em 1996, ao passo que o GTI ganhava o motor 2.0 16V, os fãs do Gol GTS continuavam órfãos.
A clássica versão de 1987, que surgiu a partir do lendário GT, já não existia desde 1994, e o salto entre o GLi 1.8 e o GTI 2.0 8V era enorme.
Assim, a VW criou o Gol TSi, que estranhamente se tornaria tão popular e igualmente famoso muitos anos depois pelo mesmo motivo que o originou em 1996.
O Gol TSi 1.8 parecia promissor. Tinha visual mais esportivo e contava com alguns itens do GTI, como faróis de dupla parábola, defletor de ar no teto e rodas de liga leve aro 14 polegadas com desenho esportivo.
Mas havia o calcanhar de aquiles, que era seu motor.
A VW não pensou em apimentar o AP-1800, que mantinha os 90 cavalos do GLi, embora o câmbio fosse do antigo GTS.
Os clientes não gostaram da ideia e, no ano seguinte, o motor 2.0 foi adicionado ao Gol TSi. Ainda assim, não teve o apelo esperado como do GTS e a VW demoraria 22 anos para se arrepender e voltar atrás com o Polo GTS, que trouxe a sigla TSI.
Gol G2 GTI
Lançado em 1995, o Gol GTI da geração G2 chegou com um motor realmente forte, o AP-2000 com injeção multiponto, de 109 cavalos e 17 kgfm.
O propulsor levava o Gol Bolinha duas portas de 0 a 100 km/h em 11,2 segundos e tinha máxima de 185 km/h. O câmbio de cinco marchas era bem curto, e o Gol G2 esportivo era bem mais atraente que as demais versões.
Com ajustes na suspensão, o Gol GTI tinha faróis com dupla parábola, logotipo GTI na grade, faróis de neblina, rodas de liga leve de cinco raios com parafusos à mostra, saias laterais, spoiler discreto na frente e defletor de ar traseiro ampliado.
Ainda vinha com escape esportivo, antena no teto, logotipos GTI na traseira e laterais, assim como a inscrição 2000.
Por dentro, o Gol GTI tinha um volante de três raios simples, mas o cluster tinha fundo branco, mesmo tom do pomo da alavanca de câmbio.
Os bancos eram esportivos e tinham acabamento exclusivo, além de apoios de cabeça com elemento vazado. Havia até um porta-cassete no console.
No Gol G2, o GTI foi a expressão máxima de que o modelo continuaria a ser como antes, indo do extremo popular ao esportivo raiz. Em 1997, o motor 2.0 8V passaria a ter 111 cavalos.
Gol G2 GTI 16V
Quem poderia imaginar que o Gol G2, o famoso Gol Bolinha, teria uma versão tão agressiva como o Gol GTI 16V, que surgiu em 1996.
Para superar qualquer rival, a Volkswagen trouxe da Alemanha um motor novo, ou melhor, um propulsor diferente: EA-837. Com bielas mais longas e um cabeçote de fluxo cruzado, ele chegava para lançar o esportivo muito além do GTI normal.
Esse motor 2.0 tinha cabeçote de 16V e seu coletor de admissão simplesmente passava por cima do conjunto, o que contribuiu para um detalhe visual exclusivo dessa versão.
Com 145 cavalos e 18,4 kgfm, o Gol GTI 16V ia muito além de qualquer VW nacional e foi o primeiro feito no país com 16V.
O câmbio do Gol GTI 16V teve a marcha ré sincronizada e a suspensão foi recalibrada. Na traseira, ganhou uma barra estabilizadora, algo impensável para um Gol, ainda mais GTI, devido a boa estabilidade que sempre teve.
Ele ainda tinha freios a disco nas quatro rodas com sistema ABS. Até a embreagem deste Gol G2 passou a ter acionamento hidráulico, tudo para suportar a nova performance que o hatch estava oferecendo.
Visualmente, o Gol GTI 16V era completamente identificável em relação ao GTI normal por causa de uma ondulação sobre o capô, para que o enorme 2.0 16V pudesse caber.
Na época, isso gerou controvérsia também por causa da peculiar campanha publicitária da VW, que não entraremos em detalhes (mas você pode matar sua curiosidade lendo os comentários desse post).
Fora a tal protuberância, o Gol GTI 16V vinha ainda com rodas de liga leve aro 15 polegadas de cinco raios e visual mais limpo que o do GTI normal.
Essas rodas tinham pneus 195/50 R15. Na grade e na traseira, o logotipo GTI vinha acompanhado do “16V” em vermelho. Um belo Gol G2, sem dúvida.
Gol G2: séries especiais
O Gol G2 teve apenas três séries especiais em seus quatro anos de vida. Embora estas opções sejam uma forma interessante de marcar uma ocasião, acabam se tornando micos no mercado de segunda mão.
Gol Rolling Stones
Em 1995, a famosa banda de rock inglesa Rolling Stones se apresentou no festival Hollywood Rock 95. Para comemorar, a Volkswagen criou uma série especial do Gol G2, que tinha motor AP-1600 com 76 cavalos e 12,3 kgfm, bem como um adesivo alusivo à versão na tampa do porta-malas e acabamento com tecido diferenciado.
Ao contrário da banda, o Gol Rolling Stones era bem discreto, não tendo nenhum item esportivo no visual e equipado com rodas de aço dotadas de calotas integrais. Poderia passar despercebido em qualquer lugar.
Gol Atlanta
No ano seguinte, ocorreram os Jogos Olímpicos de Atlanta, no estado americano da Geórgia.
Diferentemente do Gol Rolling Stones, o Gol Atlanta foi um Gol G2 limitado com motores AP-1600 e AP-1800, este último com 90 cavalos e 14,3 kgfm. Esta série especial tinha como diferencial os faróis de duplo refletor e rodas de aço aro 14 com calotas.
O Gol Atlanta tinha direção hidráulica e ar-condicionado de série, além de volante esportivo de três raios, o mesmo do Gol GTI.
Externamente vinha com adesivo alusivo ao evento olímpico. Teve campanha publicitária com a Seleção Brasileira de Futebol, com o técnico Zagalo e o goleiro Dida.
Gol Star
O Gol Star é um repeteco de outra série especial, que surgiu alguns anos antes no anterior Gol “quadrado”.
Dessa vez, em 1998, o Gol G2 trazia o motor AP-1600 com injeção multiponto e 89 cavalos com 13,2 kgfm. Era interessante porque trazia rodas de liga leve aro 14 polegadas, além de melhor conteúdo.
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